Inúmeras já foram as especulações que apontavam para o fim do mundo. Quando eu era criança, o maior temor dizia respeito à Guerra Fria, disputa travada entre Estados Unidos e União Soviética pelo controle do mundo, então dividido em dois blocos: socialistas e capitalistas. Grandes potências, detentoras de bombas atômicas e tecnologia nuclear, poderiam destruir o mundo num simples “apertar de botão”. Bem, a Guerra Fria acabou, o famoso muro de Berlim, que separava a Alemanha dentro desse contexto, foi derrubado, mas a ameaça do fim do mundo não terminou.
Vieram a aids, o ebola, a doença da “vaca louca”, a gripe aviária e outras doenças que poderiam destruir a raça humana em pouco tempo. Mais isso não é recente. A História nos conta os casos de lepra (hanseníase), peste negra e tantas outras doenças que assustaram nossos antepassados.
Com o final do século XX, temíamos não só a concretização das previsões de Nostradamus, mas também o imprevisível Bug do Milênio. Especulou-se, ainda, que a Terceira Guerra Mundial estaria a cargo dos terroristas ou de um outro anticristo qualquer.
Hoje, o que tem sido foco de nossas preocupações é o aquecimento global. Pela primeira vez, uma provável causa do “fim do mundo” está relacionada aos nossos próprios atos e não a um agente aterrorizante externo, que independe de nossa vontade e que nos atingiria como vítimas. Todos nós somos responsáveis. A imprudência da raça humana e o desrespeito com que tratou a vida no planeta é que estão tornando-o um ambiente inóspito. Em nosso dia-a-dia, utilizamos produtos e facilidades que, direta ou indiretamente, poluem o meio ambiente, prejudicam a camada de ozônio e colaboram para o agravamento do efeito estufa e todas as suas conseqüências.
Uma coisa precisa ficar bem clara em nossas mentes: o mundo não vai acabar no futuro. A cada dia, nossa postura já o tem direcionado ao seu fim, pelo menos da forma como o conhecemos.
E um fato inédito na história da humanidade acontece: para mudar essa situação, não há como protegermos apenas aqueles que desejamos. O individualismo regente em nossa sociedade não tem mais como privilegiar pequenos grupos. A força que move essa mudança deve ser individual (o ser), mas o beneficiado será o grupo (a humanidade).
Cada um de nós deve realizar sua própria tarefa de conscientização para benefício, não exclusivo, mas coletivo. Para isso, será preciso uma profunda modificação na postura vigente em nossa sociedade. E essa mudança deve começar em casa. Será que estamos educando nossos filhos para esse tipo de postura? Afinal, são os pequenos de hoje que terão de “agarrar o bastão” do coletivo e passá-lo adiante. Infelizmente, muitas crianças e adolescentes são condicionados a terem seus próprios “mundos”, fechados em seus quartos, com seus próprios banheiros, travando muitas vezes brigas com seus irmãos pelo controle da tevê. Seus pais, para evitar essa disputa, em vez de ensiná-los a compartilhar, compram um televisor para cada um.
Assim, eles se isolam, cada vez mais, em seus “universos”.
Se desejamos evitar o aquecimento do mundo, devemos, antes de mais nada, prestar atenção à educação que damos aos cidadãos que estão sendo “criados” em nossas casas. Esse é o único caminho para melhorarmos o mundo. Dessa forma, diminuímos não só o aquecimento global, mas a violência, a criminalidade e outras mazelas da sociedade. Se cada um fizer a sua parte, o planeta agradece.
No livro Rindo e Refletindo com Chico Xavier, encontramos uma passagem interessante, onde perguntaram ao Chico o que seria de nós se acabassem com o planeta. Ele, com sua tranqüilidade característica, respondeu ao irmão que não se preocupasse, pois certamente Deus arranjaria outro lugar para a gente morar. Em O Livro dos Espíritos, escrito em 1857, encontramos, na questão 55, a explicação de que o planeta Terra não é o único habitado no universo.
Como vemos, a nossa preocupação não deve ser com a falta de moradia, se o mundo acabar. Muitas são as moradas do Pai e, como sabemos, a vida continua fora da matéria. Mas, quais serão os comprometimentos envolvidos na destruição dos recursos que nos foram amorosamente fornecidos por Deus? Estamos cientes de todo sofrimento moral que essa conduta pode nos ocasionar? Para que tipo de moradia seremos encaminhados diante de tamanho desrespeito para com a vida?
Certamente, o fim do mundo é um motivo de preocupação, mas não pelas razões habitualmente apresentadas. E só existe um jeito de nos protegermos: fazendo o nosso melhor, hoje e sempre, para que nossa consciência não nos condene, no futuro, seja ele onde for.
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