Já que a vista espiritual não se efetua por meio dos olhos do corpo, a percepção das coisas não ocorre por meio da luz ordinária. Efetivamente, a luz material é feita para o mundo material. Para o mundo espiritual, existe uma luz especial, cuja natureza é desconhecida, mas que é, sem dúvida, uma das propriedade do fluido etéreo destinada às percepções visuais da alma. Há, portanto, a luz material e a luz espiritual. A primeira tem focos circunscritos nos corpos luminosos; a segunda tem seu foco em toda parte. É a razão por que não existe obstáculo para a vista espiritual. Ela não é sustada nem pela distância, nem pela opacidade da matéria. Para ela não existe escuridão. O mundo espiritual é, pois, iluminado pela luz espiritual, que possui seus efeitos próprios, assim como o mundo material é iluminado pela luz solar. A alma envolvida por seu perispírito carrega consigo o seu princípio luminoso. Penetrando a matéria, em virtude de sua essência etérea, para sua vista não há corpos opacos.
No entanto - adverte Kardec -, a vista espiritual não tem, em todos os Espíritos, nem o mesmo alcance, nem a mesma penetração. Somente os Espíritos superiores a possuem. Nos Espíritos inferiores, ela é enfraquecida pela relativa grosseria do perispírito, que se interpõe como uma espécie de bruma. Manifesta-se em diferentes graus nos Espíritos encarnados mediante o fenômeno da segunda vista, ou dupla vista, quer no sonambulismo natural ou magnético, quer no estado de vigília. É com o auxílio dessa faculdade que certas pessoas vêem o interior do organismo (psicoscopia), e descrevem a causa das moléstias. Destaca-se, neste particular, a faculdade do sensitivo norte-americano Edgar Cayce, que realizou inúmeros e admiráveis diagnósticos de doenças cuja etiologia a ciência médica não conseguia estabelecer.
A psicoscopia (equivocadamente rotulada de “autoscopia externa”), é um dos fenômenos mais raros e inexplicáveis no campo das pesquisas psíquicas. Em “Obras Póstumas”, Alllan Kardec trata do especioso assunto, valendo-se das informações contidas na obra “Os Fenômenos Místicos da Vida Humana”, de autoria do pesquisador alemão Maximilien Perty, publicado nos idos de 1861, aí colhendo o seguinte exemplo:
Um proprietário rural foi visto por seu cocheiro, no curral, olhando o gado, no mesmo momento em que estava comungando na igreja. Contou o fato mais tarde a seu pastor, que lhe perguntou em que ele estava pensando no momento da comunhão. “Para dizer a verdade”, respondeu ele, “eu estava pensando no meu gado”. “Então está explicada a sua aparição”, replicou o eclesiástico.
Kardec, em seguida ao relato, esclarece que o sacerdote estava com a verdade, “porque, sendo o pensamento atributo essencial do Espírito, este deve achar-se no lugar onde se encontra o pensamento”. A questão é saber-se, no estado de vigília, o desprendimento do perispírito pode ser suficientemente grande para produzir uma aparição, do qual uma parte animaria o corpo fluídico e a outra, o corpo material. Nada haveria de impossível nisso, se considerarmos que, quando o pensamento se concentra em um ponto distante, o corpo age de modo maquinal, sob uma espécie de impulso. Só anima a vida material; a vida espiritual acompanha o Espírito. É, pois, possível que o homem em questão tivesse passado por grande distração naquele momento, e que seu gado o preocupasse mais que a sua comunhão.
* Bibliografia:
1) KARDEC, Allan – Codificação Espírita
2) LOUREIRO, Carlos Bernardo in Perispírito, Natureza, Funções e Propriedades, ed. Mnêmio Túlio, São Paulo-SP
3) LOUREIRO, Carlos Bernardo in Fenômenos Anímicos e Seus Mecanismos, ed. Mnêmio Túlio, São Paulo-SP
2 comentários:
Olá Dalailam
Obrigado pela visita e pela inscrição nos meus (per)seguidores. Já fiz o mesmo contigo.
Costumo dizer que fui católico - e curei-me. Não é uma figura de estilo; é a verdade, ainda que com ironia. Por isso, não ia ter uma «recaída»
Daí que não seja crente em nenhuma religião, o que não me faz falta nenhuma. Porem, respeito quem o é, naturalmente. É isso a Liberdade. E é por isso a Democracia.
Olha, Amigo: volta quantas vezes quiseres, muitas, e deixa cumentários (com o...) E diz aos teus Amigos para irem também até à Travessa. 'tobrigado.
Abs = abrações
Aproveitando a frase do seu post :"porque, sendo o pensamento atributo essencial do Espírito, este deve achar-se no lugar onde se encontra o pensamento” será que essa seria a explicação para o fenômeno "dejà vu"? ou seja da pessoa enviar o seu pensamento e consequentemente seu espírito para algum lugar e depois quando fisicamente passa nesse lugar, sem nunca ter estado e o reconhece?
Um abraço
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