Com a primeira reunião do Grupo Familiar do Espiritismo, realizada em 17 de setembro de 1865, às 22h30, temos a primeira sessão registrada nos anais da doutrina espírita no Brasil. Sob a batuta de Luís Olímpio Teles de Menezes, após uma hora do início dos trabalhos, veio a primeira mensagem psicografada no Brasil e divulgada de forma oficial. Estava assinada por “Anjo de Deus”. Mais tarde tarde (1884) a Federação Espírita Brasileira, começou a receber mensagens de um anjo chamado Ismael.
A religião católica era dominante, daí, não haver nenhuma anormalidade neste comportamento eivado de pieguice, pois vários sacerdotes católicos também participavam de sessões magnéticas espíritas. O historiador Melo Moraes quando convertido ao Espiritismo, não abandonou o catolicismo e continuou fiel aos seus amigos monges franciscanos e fiel comungante todos os domingos. Também Luís Olímpio Teles de Menezes aceitava o Juízo Final e a ressurreição dos mortos nos fins dos tempos, demonstrando, assim, sua insegurança filosófica.
No folheto “O espiritismo: carta ao reverendíssimo senhor arcebispo da Bahia, d. Manuel Joaquim da Silveira”, Teles de Menezes em resposta a Pastoral do arcebispo da Bahia, consegue irritar o clero e os católicos e inicia assim, a primeira polêmica de vulto na história do Espiritismo no Brasil. O arcebispo atendendo ao apelo dos fiéis e auxiliares, não querendo descer da sua dignidade, indica o padre Juliano José de Miranda, de 25 anos, para a tarefa de arrasar com os argumentos do líder do movimento espírita baiano. A resposta não tarda a chegar na “Breve apreciação da carta do Sr. Luís Olímpio Teles de Menezes” publicada no segundo semestre de 1867.
O ponto alto do folheto do padre Juliano, é sem dúvida, quando ele resolve atacar na sua artilharia verbal, o pretenso catolicismo de Teles de Menezes, pois, este, em seu folheto, reivindicara com insistência a sua condição de católico “de nascimento e de crença”, asseverando que “o espiritismo e o catolicismo são a mesma Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo: somente estão mudados os tempos e as palavras: o espiritismo é o tradutor fiel, pelos enviados de Deus, das doutrinas do Evangelho”.
O apego e respeito dos primeiros espíritas brasileiros pela Igreja, era tanto na época (1865), que vale a pena transcrever um trecho da carta de Teles de Menezes, dirigido ao arcebispo d. Manuel Joaquim:
“A dignidade de um homem, a fé do católico e a obediência, que prestamos a V. Exa., como humilde ovelha do seu rebanho,impõe-nos o sagrado dever de patentear a razão, que nos levaram a esposar a salutar e evangélica doutrina do espiritismo”. Colocamos algumas palavras em itálico, para melhor realçar a confissão do líder baiano.
O evangelismo católico dos primeiros espíritas , deveria ficar sepultado no passado, mas, lamentavelmente, a FEB com seu roustainguismo e evangelismo extremado, dá continuidade a esse processo quando divulga e defende a unhas e dentes, a obra do roustainguismo, isto é, “Os Quatro Evangelhos” de Roustaing, onde encontramos absurdos como este:
“Quando o cetro do “príncipe da igreja” houver cedido lugar ao cajado do viajor, quando a púrpura houver caído e o burel cobrir os ombros daquele a quem os homens chamam o “Santo Padre” e os príncipes da igreja, o que sucederá, pois que todos hão de voltar à humildade de que jamais deveriam ter apartado, então a fé, evolando-se dos vossos corações, se elevará grande e forte, para dominar ainda na Igreja do Cristo, e o “Sucessor de São Pedro” estenderá sua santa mão para abençoar o universo”.
Diante de tanta pieguice e roustainguice e evangelismo católico, Kardec é esquecido e o espiritismo corre sérios riscos. Não podemos esquecer que o que nos torna espíritas não é o fato de frequêntarmos centros, mas sim o conhecimento.Para nos considerarmos espíritas é necessário que, pelo menos tenhamos a certeza do nosso esfoço na busca deste conhecimento, para que possamos ter a nossa opinião o mais próximo possível da opinão de alguns gênios que se coverteram ao espiritismo a custa de muita pesquisa.
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