Jornal Comunica Ação Espírita | 70ª edição | 11 de 2008.
O inesperado sucesso de “Bezerra de Menezes – diário de um espírito” Não foi possível ignorar o surpreendente sucesso da cinebiografia a respeito do chamado “Médico dos Pobres”, a figura respeitável do político e humanista cearense que adotou e declarou publicamente a sua convicção espírita em época que o assunto despertava curiosidade, mas também grande suspeita e rejeição.
O lançamento do filme em circuito nacional ocorreu no dia 29 de agosto e os maiores jornais e revistas de circulação no país como O Globo, Época, Veja e Isto É comentaram o que denominaram de inauguração do “cinema transcendental” no Brasil. Isto apesar do próprio diretor Glauber Rocha Filho afirmar que, como ele, o filme não é espírita.
A crítica da imprensa não reservou somente elogios. “Texto despretensioso, capenga e arrastado, mas capaz de levar às lágrimas pela empatia causada pelo que está no tema: o espiritismo”, escreveu Época.
“Por esta, nem os mais otimistas analistas de mercado, nem os mais crentes religiosos e nem os mais esclarecidos espíritos esperavam”, brincou O Globo, ao referir-se ao filme que, em quatro semanas de exibição e número reduzido de cópias distribuídas, já fora visto por mais de 300 mil pessoas, tornando-se a quarta produção cinematográfica brasileira mais assistida no ano, com potencial de atingir o terceiro lugar com cerca de meio milhão de espectadores.
A revista Veja, a de maior circulação no país, classificou a produção e o roteiro de “toscos”, em “75 minutos que parecem uma eternidade”, “com imagens embaçadas” e “interpretações que são um assombro”, mas reconhece que o filme tornou-se um fenômeno de público.
Tanto Veja como Época, forneceram dados sobre o filme, um projeto da Associação Estação da Luz, do Ceará. Destacaram o baixo custo de 2,4 milhões de reais – recuperados em um mês e meio - e o elenco liderado por Carlos Vereza que fez o papel de Adolfo Bezerra de Menezes – e mais Caio Blat e Lucio Mauro, todos eles espíritas. Também mencionaram vários dados biográficos do personagem-título e sobre o Espiritismo como um todo, como, por exemplo, o fato de Bezerra ter sido o primeiro presidente da Federação Espírita Brasileira, no final do século XIX.
Já Isto É, após citar que seria 30 milhões o número de espíritas no mundo, dois terços deles no Brasil, apesar do IBGE ter apurado apenas 2,3 milhões no último censo; e um rápido comentário sobre o filme, dedica espaço para a mediunidade. Com o subtítulo “Psicografia – instrumento por meio dos livros”, confere àquela faculdade o caráter de “missão programada antes de reencarnar para si e para os outros”. E classifica em cinco tipos diferentes sobre as quais tece comentários e ilustra com depoimentos: psicografia, vidência, psicofonia, psicopictografia e curas.
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