21 junho 2009

O DÍZIMO

Um questão interessante é que cada passagem bíblica sobre dízimo sempre contêm instruções cerimoniais. Agregados aos dízimos lá estão as ofertas alçadas, os bodes, os sacerdotes, os levitas, o templo, etc.
O dízimo não éra dinheiro, em coerência com todos os textos bíblicos sobre o assunto, o dízimo era alimento.
O povo trazia animais perfeitos para a casa do tesouro com três utilidades básicas: ser consumido pelo próprio dizimista perante o Senhor (Deut. 14:23), sustentar o clero (Num. 18:24) e socorrer os necessitados (Deut. 14:28,29).
Advertências ao clero sobre o dízimo aparecem em muitos trechos da Bíblia: "Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel... Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos. Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura e vestis-vos de lã. Degolais o cevado, mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes... a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes, mas dominais sobre elas com rigor e dureza... As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes... Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor..."

3 - Um garfo de tres pontas

Os defensores da doutrina do dízimo interpretam muito mal o texto das escrituras, afirmando que Casa do Tesouro corresponde à Igreja e que os dízimos são dez por cento das rendas pessoais.
Pode o homem comprar uma benção? É triste a situação daqueles que dão dez por cento de sua renda para uma igreja e fica aguardando por uma benção, geralmente de abastança.
A superstição é uma ferramenta perfeita nas mãos de líderes religiosos. Sempre foi assim. Na idade média as pessoas acreditavam que comprando indulgências iriam diretamente para o céu. Quanto dinheiro o clero medieval amealhou explorando a crendice supersticiosa de milhões de sinceros. Hoje líderes religiosos árabes enganam jovens humildes com a Doutrina da Guerra Santa. Eles criaram a superstição que garante o Céu aos que morrerem em combate. Ser um homem bomba suicida é passaporte garantido para o paraíso eterno.
Hoje, cristãos sinceros, deixam de comprar gêneros de primeira necessidade, dexam seu filhos sem leite e voltam à pé para casa, para pagar dízimos às suas igrejas. Põe dez por cento de seus salários num envelope, participam de correntes disso e daquilo, lançam-no na salva de ofertas e saem aliviados. "Agora Deus vai me abençoar. Já cumpri minha parte". A superstição é tão forte que alguns chegam a pagar dízimos com cheques pré-datados afim de se livrarem da maldição.
A superstição é a contramão da graça. A superstição manda cumprir exigências a fim de se livrar das conseqüências. A graça já nos fez conseqüências do amor de Deus. Ele tomou a iniciativa na cruz declarando que somos livres.
Na maioria das vezes o dizimista que mal alimenta seus filhos, instigado pela pregação tendenciosa que toma textos do Velho Testamento e através de um seqüestro cerebral cria uma base supersticiosa, é levado a contribuir para o alto salário do "Pastor" e com o luxo das igrejas. Não é ensinado que o dízimo biblico eram os dízimos aceitos somente em forma de animais e grãos como nos textos biblicos abaixo:
"Certamente darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que cada ano se recolher no campo. Perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher para ali fazer habitar o seu nome, comereis os dízimos do teu cereal, do teu vinho e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias. Mas se o caminho for longo demais, de modo que não os possas levar, por estar longe de ti o lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali pôr o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado, então vende-os e leva o dinheiro na tua mão e vai ao lugar que o Senhor teu Deus escolher. Com esse dinheiro comprarás tudo o que deseja a tua alma, por vacas, ou ovelhas, ou vinho, ou bebida forte, ou qualquer outra coisa que te pedir a tua alma. Come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te tu e a tua familia" Deuteronômio 14:22:29
"Trareis a este lugar os vossos holocaustos e os vossos sacrifícios, os vossos dízimos e as vossas ofertas especiais, os vossos votos e as vossas ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas. Ali comereis na presença do Senhor vosso Deus e vos alegrareis com as vossas familias por todo o bem que vos abençoar o Senhor vosso Deus. Então, ao lugar que escolher o Senhor vosso Deus... para ali trareis.... vossos dízimos" Deuteronômio 12:6,7,11
Os dízimos deviam ser comidos pelos dizimistas na presença do Senhor, no local que Ele ordenasse. Na dificuldade de explicar este e outros textos onde Deus manda o próprio dizimista consumir seus dízimos, alguns pastores ignoram o texto, e de acordo com sua conveniencia, colocam outras doutrinas, numa atitude muito difícil de se sustentar, pois a Bíblia não as declara no contexto geral.
Em Números 18:23, 24, 31 lemos: "Mas os levitas farão o serviço da tenda da congregação, e levarão sobre si a sua iniquidade. Este será estatuto perpétuo pelas vossas gerações. No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão. Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, dei-os por herança aos levitas, pois eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão. Vós e a vossa casa o comereis em todo o lugar, pois é vosso galardão pelo vosso serviço na tenda da congregação"
A primeira coisa a se observar neste texto tão utilizado pelos teólogos dizimistas hoje, é que os dízimos, destinados a sustentar os levitas, eram dados ao Senhor como oferta alçada. Porque a Bíblia condena a coerção nos destinos dos dízimos. (I Samuel 8:16 e 17; Isa 1:11-17; Amós 5:21-25; 8:10,11). Não havia nenhuma obrigatoriedade sistemática. A Bíblia não afirma que os dízimos eram exclusivamente para o sustentar o clero, mas também contribuíar para um maior equilíbrio social, pois todos os pobres comiam com o dizimista..
A Bíblia fala de três aplicações ao dízimo: O dízimo podia ser comido pelo dizimista. O dízimo deveria socorrer órfãos, viúvas e necessitados. O dízimo deveria alimentar os levitas. As opções do uso do dízimo autorizava o dizimista a comer seus próprios dízimos ou dá-los aos necessitados, nesta época os levitas representantes do clero (que não podiam erdar propriedades), estavam em igualdade social com os excluídos. Os órfãos, as viúvas e os pobres. Havia uma identificação do clero com as pessoas humildes. Pertenciam ao mesmo padrão social.
Nem todos os levitas atuavam em tempo integral ao sacerdócio, por isso vemos as instruções para os levitas em Número 18 e em Deuteronômio 14, que apenas quando em atuação no Templo estavam aptos a comer dos dízimos, juntamente com os órfãos e as viúvas.
Com o passar do tempo o uso dos dízimos foram deturpados tomando destino exclusivo para os levitas e sacerdotes.
Os dízimos entregues nas igrejas cristãs hoje estão anos-luz do ideal bíblico, sendo portanto espúrio, um verdadeiro estelionato sobre a fé alheia. Esse falsos mestres que assim procedem são como lobos devoradores entres as ovelhas, abusavam de sua condição de sacerdotes para obter parte das ofertas às custas do sacrificio dos necessitados, estão incorrendo nos pecados dos filhos de Eli o sumo sacerdote:

28 E eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel para ser o meu sacerdote, para subir ao meu altar, para queimar o incenso, e para trazer o éfode perante mim; e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos de Israel.
29 Por que desprezais o meu sacrifício e a minha oferta, que ordenei se fizessem na minha morada, e por que honras a teus filhos mais de que a mim, de modo a vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo Israel?
34 E te será por sinal o que sobrevirá a teus dois filhos, a Hofni e a Finéias; ambos morrerão no mesmo dia (I Samuel 2: 28,29,34).
Surge no denominacionalismo a figura do hipócrita social representando um papel que ele mesmo não crê. Líderes financistas, guardiães de um institucionalismo ferrenho, criado para perpetuar seus próprios interesses corporativistas, ludibriam multidões de sinceros.
Nossos dízimos hoje não tem nenhuma correlação com o dízimo bíblico. Não temos o Templo, nem os sacerdotes levitas (da tribo de Levi). Não vivemos numa sociedade teocrática. A lei cerimonial acabou. Não existe mais a "Casa do Tesouro", depósito central para aquela quantidade enorme de alimentos e animais.

4 - Conclusão

Nós cristãos não pedemos concordar com essa prática abusiva. A inteligência e a elevação espiritual de Jesus nos libertou de velhos dogmas. Os que buscam a Deus hoje o fazem em espírito e em verdade.
O dízimo é a nobreza do sentimento do amor, cabe a cada um contribuir de acordo com seu coração, com sua benção, daquilo que teve em abundancia, para que possa comer o próximo carente, para não haver na congregação o faminto e o necessitado. "Não com tristeza ou por necessidade, pois Deus ama o que dá com alegria". (II Cor. 9:7)
Onde está a vedadeira classe sacerdotal para dizer à igreja toda a verdade? "Mas vós desviastes do caminho e a muitos fizestes tropeçar..." (Mal 2:8).
A autonomia de ditar regras e percentuais, baseadas em manipulações tendenciosas de textos bíblicos fora do seu contexto original para amealhar renda ou riqueza, é uma abominação.
O homem de baixa renda que deveria receber de acordo com suas necessidades, geralmente nas igrejas ele contribui com dízimos e ofertas para salários que são muitas vezes maior que o seu. Os diaconos (lobos devoradores), falsos pastores recebendo muito à custa do sacrificio do pobre é um desrespeito as escrituras.

Um comentário:

Laguardia disse...

Prezados amigos
Há muito venho lendo e vendo o que tem acontecido no Brasil com relação aos nossos políticos. Não passa um dia sem que haja uma denuncia de atos de corrupção, falta de ética, e imoralidade por parte de nossos governantes.
O Presidente Lula recentemente em defesa do Senador José Sarney definiu que no Brasil existem dois tipos de cidadãos. Aqueles para os quais não existe lei ou Constituição e os demais que estão submetidos aos rigores da lei.
Aqueles que sofrem nas filas do SUS, ficando internados em macas nos corredores dos hospitais e aqueles que se tratam nos melhores hospitais do país com a melhor equipe médica. Em ambos os casos o contribuinte paga.
É chegada a hora de parar de reclamar e partir para a ação antes que seja tarde demais.
Minha proposta e que comecemos em conjunto a pensar numa ação coordenada para o dia 7 de setembro de 2009. É o dia em que comemoramos a independência de nossa pátria, a libertação de nosso povo. Não há momento melhor do que este para um protesto contra a pouca vergonha, os desmandos do governo e o fato de que pouco a pouco estamos perdendo nossa liberdade e democracia.
Sugestões para o email laguardia,luizf@gmail.com