Paranaense de Marilandia, Rodrigo D'Oliveira desde os 13 anos descobriu sua vocação para as artes cênicas e acreditando na sua vocação para o teatro nunca mais parou.
Teve em sua formação profissional, orientadores de grande relevância para a dramaturgia brasileira, como Oraci Gemba, Jaime Barcelos e Paulo Autran, que muito contribuiram para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Uma das experiências mais marcantes de sua vida foi quando em 2000 ao fazer a adaptação para o teatro do livro Nosso Lar descobriu o Espiritismo, a partir daí sua forma de enxergar a vida e o mundo se transformou. Desde então Rodrigo tem usado o seu talento e a sua arte para levar ao grande público a mensagem consoladora e esclarecedora da Doutrina Espírita.
A equipe da Terra Espiritual conversou com Rodrigo D'Oliveira sobre algumas de suas experiências e sobre a peça Nosso Lar e abaixo transcrevemos o teor da entrevista.
TE - Quando foi seu primeiro contato com o Espiritismo e como você resolveu tornar-se espírita?
RO - Faz cinco anos que eu freqüento uma casa espírita em Curitiba, o centro ''Abibe Isfer'' estou muito feliz por fazer parte desta casa que me ensinou muito. Mais tudo começou enquanto eu fazia a adaptação para teatro do livro Nosso Lar, eu comecei a freqüentar um centro espírita que tem sede no campo universitário espírita de Curitiba para fazer um laboratório para montar as cenas da peça, no começo eu ficava muito assustado com tudo o que eu via lá, as manifestações dos espíritos desencarnados, aquilo me deixava apavorado, mais também muito emocionado quando ouvia as palavras de esclarecimentos que os médiuns dirigiam aos desencarnados, eu saía de lá às vezes me sentindo tão despreparado para estar trabalhando numa obra como Nosso Lar, por muitas vezes pensei em deixar isso de lado, demorei muito tempo para terminar, mais eu sentia estar sendo inspirado para continuar depois de tantas duvidas, acabei entrando de cabeça neste trabalho e deixei as coisas acontecerem e realmente aconteceu.
TE - Como nasceu a idéia de montar peças espíritas?
RO - Bem, na verdade a idéia não era montar especificamente peças espíritas, a idéia era abrir um espaço cultural que levasse ao publico peças de boa qualidade, acho que é um dever de quem trabalha com arte, ajudar na educação do mundo, e quando falamos em educação, acho que a educação espiritual esta em primeiro lugar, Quando li as obras espíritas percebi que eu tinha encontrado exatamente que eu queria encenar em meu teatro
TE - Por que escolheu exatamente montar Nosso Lar?
RO - Nosso Lar foi o segundo livro espírita que li o primeiro foi Violetas na Janela eu ia montar violetas mais a editora já tinha cedidos os direitos para a atriz Ana Rosa. Fui a federação espírita do Paraná eles me indicaram Nosso Lar, eu me apaixonei pela obra vi que daria um excelente espetáculo, comecei a adaptação. No inicio tive um pouco de medo achei que as cenas ficariam muito pesadas, também tive medo que a peça se tornasse uma coisa muito doutrinária e isso não poderia acontecer eu tinha recentemente inaugurado meu teatro e isso poderia mudar o rumo das coisas, mais graças a Deus nada disso aconteceu a peça ficou linda e deixou a critica especializada impressionada
TE - A fato das apresentações terem iniciado em 2002 tem alguma relação com o fato de esse ter sido o ano do desencarne de Chico Xavier?
RO - Este fato foi realmente muito marcante no momento em que Chico partiu a gente estava ensaiando e no final do ensaio nos tivemos uma reunião e o assunto principal era a viagem que fazíamos até a casa do Chico para receber dele suas bênçãos para nosso trabalho, o ensaio neste dia era para ser cancelado o Brasil tinha ganhado a copa e estava uma festa na frente do teatro, o barulho estava atrapalhando a concentração dos atores, mais eu senti que algo não deixou que a gente cancelasse o ensaio passamos a peça inteira com a musica da seleção e os gritos das pessoas interagindo com as cenas da peça depois quando chequei em casa liguei a tv e a primeira imagem que vi foi a do adeus ao Chico...e o telefone não parava de tocar era amigos e pais de atores me ligando para saber como eu estava, eles percebiam que havíamos ficado órfãos.
TE - Qual a emoção de encenar uma peça baseada na obra de Chico Xavier e André Luiz?
RO - Nem tenho palavras ... Ainda bem que não esta sendo uma entrevista para tv... Não consigo parar de chorar... Só espero que o Chico e o André estejam tão satisfeitos e felizes o quanto eu estou
TE - O que representa a figura do Chico para você?
RO - Luz para o mundo.
TE - Como a peça influenciou o grupo?
RO - Quando comecei a escolher a equipe que ia trabalhar comigo neste projeto, foi tudo muito difícil, ninguém acreditava no projeto, a classe artística achava uma loucura eu estar inaugurando um teatro com uma peça deste gênero, não consegui diretor, o que consegui foi apenas um assistente de direção e ainda evangélico, acabou me largando sozinho e ainda levando todo o meu elenco, tive que recomeçar tudo de novo. Visitei vários grupos espíritas mais nem um deles aceitou, eu percebia que eles ate sentiam vontade de fazer, mais questionavam muito o trabalho por ser em um teatro independente e não estar filiado a nem um grupo espírita, acabei montando a peça com pessoas que não tinham nem um conhecimento espírita hoje eu compreendo que a espiritualidade maior assim o quis. temos muita disciplina respeito e dedicação pelo que estamos fazendo.
TE - Você tem algum fato curioso sobre a peça para contar?
RO - Uma entidade que se manifestou no final da apresentação da peça quando estávamos completando um ano de apresentação. A entidade se apresentou como sendo um médico com o nome de Dr. Renato ele subiu ao palco muito emocionado abraçou a todos do elenco dirigindo palavras de agradecimentos pelo trabalho que fazemos. Em quase todas as sessões acontecem coisas muito marcantes pessoas que se emocionam muito e saem para recepção chorar, outras que ao termino da peça abraçam os recepcionistas e choram em seus braços. Outro fato muito interessante foi uma temporada que fizemos no teatro são João na cidade da Lapa-PR. este teatro foi no passado um deposito de armas e esconderijo de soldados de guerra muitos morreram exatamente onde é localizado o palco hoje, fizemos três apresentações neste lugar o publico e o elenco se emocionou muito durante a peça sentimos que muitos desencarnados tiveram bons esclarecimentos.
TE - A peça é destinada apenas ao público espírita?
RO - Não. A adaptação foi feita par reflexão sem nem uma pretensão de levar as pessoas a serem espíritas tive o cuidado de não interferir na forma como as pessoas vêem o outro lado da vida. Mais da metade do publico que tem assistido a peça não são espíritas e saem compreendendo a mensagem.
TE - Qual a mensagem que vocês procuram transmitir através da peça?
RO - É uma reflexão, fala sobre como as conseqüências de erros podem interferir no desenvolvimento espiritual de cada um, como as pessoas vêem a vida, e sobre a necessidade de mudá-la para melhor.
TE - Qual a reação do público após a apresentação?
RO - Saem impressionados ...é um silencio total.., alguns abraçam os recepcionistas do teatro e choram em seus braços agradecidos.
TE - Nestes mais de 2 anos de apresentações quais as maiores tristezas e alegrias?
RO - A maior alegria é ver este trabalho acontecendo a tanto tempo, o que é tão raro acontecer em nosso pais principalmente quando é um trabalho feito com recursos próprios sem nem um patrocínio, também a participação do elenco que independente do que vão ganhar, nunca deixou de estar presente como é o caso da atriz Regina Bastos que interpreta o papel da mãe de André Luiz, uma atriz de renome nacional que não mediu esforço, deixou proposta de trabalho muito importante para sua carreira, preferindo estar com a gente em Nosso Lar, sem mesmo ser espírita. Tristezas acho que não tenho muito a reclamar as vezes me entristece ver um projeto como este que pode auxiliar tanto na educação de nosso pais, tendo que ser executado por conta própria sem ter encontrado nem um patrocinador.
TE - Como você avalia a contribuição da arte dentro do movimento espírita?
RO - Acho de grande importância, mais acho mais importante o espiritismo na arte... palco é um trabalho que exige muita entrega, e nem sempre encontramos gente disposta no meio para encarar um trabalho que exige tanta entrega assim, também acho que falando de espiritualidade nos palcos independentes dos meios espíritas e com profissionais da área, não passamos aquela idéia de doutrinação, coisa que muitas pessoas odeiam, é comum a gente ouvir comentários de pessoas que vieram assistir a peça por que tiveram que trazer sua esposa ou vice-versa, e saíram daqui vendo o espiritismo com outros olhos. Acho que as produções de peças espíritas independentes, não tem o compromisso de doutrinar, temos apenas o compromisso de oferecer ao publico um bom trabalho no palco, assim existe uma entrega muito maior dos atores para o entendimento daquilo que estão representando, isso exige um estudo muito profundo para uma boa interpretação.
TE - Existem muitos grupos de teatro espírita, mas poucos conseguiram alcançar o grande público. Qual sua sugestão para que estes grupos alcancem o sucesso que vocês conseguiram?
RO - Bem acho que parte desta resposta esta na pergunta anterior pra completar eu digo aos que desejam ingressar neste projeto que tudo vem a seu tempo, primeiro a semente depois os frutos, os próprios textos espíritas ensinam isso, uma frase que gosto muito é quando Lísias diz a André Luiz é preciso reconhecer que toda a realização nobre exigem três coisas fundamentas primeiro é desejar, segundo saber desejar e o terceiro merecer.
TE - O grupo vai realizar apresentações em Fortaleza e Teresina. Qual a sua expectativa e o que o público pode esperar?
R.O - Estamos viabilizando todas as condições técnicas necessária para que o espetáculo não perca nada do que é apresentado em Curitiba, além de estarmos levando um dos maiores iluminadores do pais o Beto Bruel, estamos também oferecendo tanto em fortaleza como em Teresina uma oficina que vai preparar atores para participação na peça, isso vai valorizar muito as cenas que retratamos as trevas pretendemos colocar o maior numero possível de participante
TE - O que mudou na sua vida após a Doutrina Espírita?
RO - Uma grande mudança, hoje vejo o mundo com outros olhos. Encontrei mais segurança nas coisas que eu faço.
TE - Quais são os próximos projetos?
RO - ''Os mensageiros'' estreou já no festival de teatro de Curitiba realizando 4 apresentações, levaremos depois a cidade da Lapa PR. nos dias 15 e 16 de abril depois volta para Curitiba fazendo longa temporada. É um espetáculo lindo, não tem tanto impacto como Nosso Lar mais é um espetáculo que emociona muito, em seguida quero montar o terceiro livro da série André Luiz.
TE - Pediríamos que você deixasse uma mensagem para os nossos leitores
RO - Que procuremos entender melhor os acontecimentos da vida, não querendo mudar as pessoas de um dia para outro, pois a própria experiência de cada um se encarrega disso,o mais importante é vivenciar o mandamento maior que é ''amor ao próximo''
TE – Obrigado.
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