"O Mundo como Vontade e Representação"
Arthur Schopenhauer nasceu em Dantzig, a 22 de fevereiro de 1788 e faleceu a 21 de setembro de 1860. Aos cinco anos mudara-se com a família para a cidade de Hamburgo, onde cresceu em um ambiente de negócio e finanças que o marcou com uma certa profundidade. Sua mãe, uma romancista que conseguiu uma relativa notoriedade, ao ficar viúva transferiu residência para Weimar, onde passou a viver com extrema liberalidade. Schopenhauer não concordava com as atitudes da mãe. Schopenhauer deixa Weimar, retornando muito raramente, em rápidas visitas. Ambos, porém, mantém correspondência, onde deixam transparecer seus contraditórios sentimentos: "A senhora é insuportável e fatigante; todas as suas boas qualidades são estragadas pelo orgulho e tornam-se inúteis para o mundo unicamente porque a senhora não pode coibir-se de atormentar toda a gente". ("Life of Schopenhauer" – Wallace).
A passagem de Schopenhauer pela Universidade foi fulgurante. Depois de seus atritos com o amor e o mundo, tornou-se sombrio, cínico, suspeitoso, obcecado por temores e manias. Não podia ouvir barulho. Diria, a propósito, em sua obra "O Mundo como Vontade e Representação" (Die Welt als Wille und Vorstelling): "O barulho é uma tortura para os homens de pensamento".
Schopenhauer possuía a certeza de seu talento. Não lhe sobrevindo , de pronto, a fama e sucesso, sentiu-se frustrado, introvertendo-se profundamente. Não possuía família, nem pátria. Nietzsche, em "Schopenhauer como Educador", afirma que ele fora "absolutamente só, sem sequer um simples amigo". Em 1813, deixa-se contagiar pelo entusiasmo de Johann Gottlieb Fichte (1762-1814), autor de "Teoria da Ciência", pela guerra contra Napoleão e pensa em alistar-se. Recua, porém; em vez de ir para a guerra resolve escrever uma tese de filosofia, a que deu o título de a "Quádrupla Raiz do Princípio da Razão suficiente".
O "Princípio da Razão Suficiente" é a "Lei de Causa e Efeito", em quatro ângulos:
– Lógica, como a determinação pelas premissas;
Física, como a determinação do Efeito pela Causa;
Matemática, como a determinação pela estrutura pela leis da matemática e da mecânica; e
Moral, como a determinação da conduta pelo caráter.
As Universidades votavam ao grande filósofo a às suas obras uma flagrante indiferença. Com o tempo, porém, lhe reconheceram o valor. Ele esperava por isso há muito tempo. Lia tudo que lhe dizia respeito. Em 1854, Richard Wagner (1813-1883) ofereceu-lhe um exemplar do "Eer Ring der Nibelungen" em que escreveu algo sobre o juízo do filósofo sobre a música. Aos setenta anos de idade ele era famoso em todo o mundo.
A PREOCUPAÇÃO DE SCHOPENHAUER PELOS FENÔMENOS ESPIRITUAIS
Os críticos do imortal autor de "O Mundo como Vontade e Representação", raramente referem-se a sua inclinação ocultista. É aí, entretanto, em que o Schopenhauer que tanto anseio por aplausos, se posiciona amadurecidamente, numa sadia expectativa de identificar as causas reais e transcendentes da existência, escrevendo, com inusitado espírito de percepção, o ensaio "Experiência Concernente à Visão de Fantasmas e Assuntos Afins".
Schopenhauer admitia (como Emmanuel Kant), que o mundo a nossa volta deve ser visto "como o resultado subjetivo da percepção do homem". Ele chegou a afirmar que qualquer um que "ainda duvida dos fatos relativos ao magnetismo animal (mesmerismo) e à clarividência, não deve ser encarado como alguém que duvida, mas sim como um ignorante".
O Professor Hans Bender, da Universidade de Freiburg (citado por Martin Ebon), afirma que Schopenhauer "encarou os acontecimentos ocultos como estando entre as experiências humanas incomuns, que permitem ao homem penetrar em direção à natureza do Universo".
Em sua introdução à obra de Schopenhauer, "Parapsychologische Schriften" (Escritos Parapsicológicos), o Prof. H. Bender esclarece que o filósofo discordava da ilustração presunçosa do século XVII que procurava banir todo o ocultismo para a cesta de papéis da estupidez pré-científica do homem.
No "Ensaio Relativo a Indestrutibilidade de Nossa Verdadeira Personalidade, pela Morte", conclui que se deve encarar a personalidade interior do homem como não podendo ser ferida pela morte e como existindo ora do tempo e do espaço.
Ao examinar a momentosa questão paligenésica, reporta-se a Platão (teoria das reminiscências) e às tradições hindus, admite que "unificar todas as suas contradições é: em essência, tarefa da filosofia".
E foi justamente o que aconteceu, com o advento da Filosofia Espírita, ainda quando o grande pensador alemão tentava, neste plano, desvendar as mistérios da Ser. Três anos antes de desencarnar saíra a lume, em Paris (França), "O Livro dos Espíritos", onde as cogitações e expectativas dos grandes construtores de idéias, como Schopenhauer, Locke, Voltaire, Kant, Hegel encontraram lógicas, amplas e irrefutáveis certezas.
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