05 abril 2010

POR QUE NÃO DISCUTIR OS MISTÉRIOS?

Há alguns anos, a pesquisadora Elsie Dubugras escreveu um interessante arquivo, divulgado na Revista O Assunto É..., da Editora Três, de São Paulo, sobre uma série de questionamentos ligados à religião. Ela inicia o referido artigo com esta indagação: “O que é salvação?”. Durante muitos anos procurou o significado dessa palavra, tão freqüentemente usada pelos religiosos. E repete: “Que seria salvação?”. E ela tenta responder com as seguintes perguntas: “Das doenças? Das dificuldades do dia-a-dia? Dos sofrimentos?”

Como não ficasse satisfeita com sua própria tentativa de encontrar a solução do “mistério”, foi em busca da opinião daqueles que julgava capacitados a responder: os religiosos. Com variações na forma de dizer, mas com idêntico conteúdo, afirmavam-lhe “que seria o resgate das penas eternas causadas pelos pecados cometidos”. Ela admitiu que a resposta chagara, em princípio ,a lhe causar certa impressão, todavia, ao submetê-la ao crivo de criteriosa e serena reflexão, percebeu o paradoxo, suscitando-lhe a seguinte indagação: “Por que Deus onipotente, onisciente, criador de todas as coisas teria criado seres humanos tão frágeis – seres que forçosamente errariam – e, ao mesmo tempo, criado um inferno onde lançaria por toda a eternidade, a não ser que fossem “salvos” de seus erros através de um esquema que Ele também criara?” Responderam-lhe, prontamente: “É preciso ter fé.” E ela: “Mas, como se faz para ter fé? – “É uma graça que Deus concede”. E insistiu a pesquisadora, com aquela inquietude própria dos que admitem Deus como a Inteligência suprema – como conseguir esta graça? – Finalizaram, taxativamente: Isto é um mistério”. Se as respostas eram, até certo ponto prosaicas, a saída às perguntas da articulista, fora, realmente, inteligente... Justificava-se a explicitação: “Mistério não se discute. Não se deve procurar desvendá-los. E duvidar é pecado. Jamais ela conseguiu, nesse sentido, uma resposta satisfatória, coerente e justa.”

“Ante essas dificuldades – declarou – acabei por penetrar no deserto da descrença; mergulhei num vácuo filosófico – religioso onde permaneci durante muito tempo, até que a curiosidade ou o impulso interno renasceu, e resolvi procurar a resposta a essas questões”. Lia tudo que lhe caia nas mãos, entrando em contato com pessoas que professavam doutrinas não dogmáticas. Não tardou em vislumbrar uma pálida luz no fim do túnel. Aprendeu, nessa trajetória, e, que prevaleceu o bom senso, “que não é possível barganhar com o Todo Poderoso. Ele não aceita intermediários nem tolera, no seu relacionamento com indivíduos, expedientes tipo “solução brasileira”, com o emprego do tão falado “jeitinho” ou “quebra galho”. Outra coisa que aprendeu é que milagres não existem. O que chamamos milagre é simplesmente o fruto de certas leis que foram sabiamente acionadas. A “graça”, longe de ser um presente arbitrário que o Criador concede a alguns privilégios, é, na verdade, o produto da fé que nasce do conhecimento da razão. E o que parece ser uma “graça” é, por certo, um teste para o qual poucos estão em condições de responder. A verdadeira fé é essencialmente ativa e não absurdamente passiva. A pesquisadora Elsie Dubugras, nas suas últimas pesquisas, penetrou no terreno sempre fértil do Espiritismo. Não sei se ela percebeu...




Nenhum comentário: