10 abril 2010

CONCEITO DÍNAMO-GENÉTICO DA VIDA


“Estamos muito longe da perfeição” – disse Oliver Lodge (“Evolução Biológica e Espiritual do Homem”) – “e cada um de nós é, individualmente, um artigo inacabado... O Homem é, inegavelmente, um ser imperfeito, e está, todavia, em vias de desenvolvimento; mas não se deve perder de vista que nós partimos da idéia de que a criação é uma operação contínua perpetuamente em curso, em movimento, exigindo tempo para atingir a maturidade e dentro da qual todas as coisas aspiram um fim designado e desejado anteriormente”.

A história da Terra e a história da Humanidade estão igualmente sujeitas a um processo contínuo de movimento e de transformação, a um perpétuo vir-a-ser, apresentando, destarte, aspectos variados e distintos, cambiantes, completando-se uns aos outros relacionando-se entre si e sucedendo-se no curso dos séculos.

“A substância (vivente) – disse Leon Denis – é um Proteu que reveste mil formas inesperadas... Todos os seres estão unidos uns aos outros e se influem reciprocamente. O Universo inteiro está submetido à lei da Solidariedade” (“O Grande Enigma”).

Aristóteles, adiantando-se à sua época (antes de Cristo) concebeu também a unidade e continuidade da vida, não apenas no encadeamento das formas, mas também nos seus caracteres psicológicos e morais.

Em razão dessa monumental e silenciosa progressão evolutiva reconhece-se a necessidade de uma influência que se exerce de uma maneira constante para conduzir os seres e as coisas das fases rudimentares aos estádios mais aperfeiçoados.

Esta influência provém, indiscutivelmente, de uma Causa única, de um dinamismo psíquico superior que abraça e une todas as coisas e seres viventes, a todos os dínamos-psiquismo particulares em sua casualidade e movimento proteiforme. Causa ativa, eficiente, infinitamente sábia, centralizadora e diretriz das distintas atividades universais.

“No Universo” – disse o pensador espírita argentino Manuel S. Porteiro (“Espiritismo Dialético”) – “e como causa essencial de sua existência, há, fora de toda dúvida, um princípio inteligente ativo criador e transformador perpétuo.”

Assim o têm estabelecido, ainda que de diversas maneiras e sob distintos nomes, todos os filósofos dialéticos, à exceção, entenda-se, dos materialistas, que só admitem a matéria como substância única, como única realidade e causa determinante da vida e do pensamento.

Heráclito, que fora o primeiro filósofo que pensou dialeticamente, que concebeu uma concepção dínamo-genética da Vida e do Universo, afirmou que:

“(...) tudo passa, que nada é, que tudo chega a ser, que nenhum homem se banha duas vezes nas mesmas águas de um rio.”

Ele admitiu o princípio do movimento e da transformação constante de tudo o que existe.

Diria, a propósito, Gustave Geley, o genial metapsiquista francês:

“A vida é movimento, a evolução é movimento. O progresso é movimento, movimento ascendente, de transformação, de perfeição e eterno rejuvenescimento.”

Leibnitz (Gottfried Wilhelm), o grande filósofo dinamista-espiritualista e sutil dialético, sustentava que há uma tendência em tudo quanto existe trabalhar, modificar-se uma aspiração a um fim mais ou menos permitido:

“O futuro está cheio de presente... Tudo que não se movimenta e se transforma, morre.

Ou mais exatamente, não existe (Quo non agit nee existit).”

E completou o autor de “Novos Ensaios sobre a Compreensão Humana”:

“Tudo marcha, tudo move, evoluciona e progride senão em linha reta, mas em ciclos espirais de avanços e recuos, de auroras de acasos, de primaveras e outonos, de vida e de mortes, que, por sua vez recobram nova vida, num caudal de espiritualidade, de consciência infinitamente.”

A evolução em geral e em particular, em cada ordem das coisas, tem suas revoluções seu aceleramento e suas rupturas de forma, como resultado do progresso gradual que, ao chegar ao máximo de desenvolvimento cíclico, rompe a resistência das forças que a pressionam e produz mudanças e transformações, não apenas quantitativas, mas, também, qualitativas. Cada vez que há uma mudança na progressividade gradual, produz-se um salto, sem que por isto se origine descontinuidade no progresso da vida, nem alterações biopsíquicas essenciais.

Os trabalhos de Hugo de Vries e de Armando Gautier confirmam, na área da Biologia, como os de Cope, na Paleontologia, a teoria das transformações bruscas ou por saltos, que concebeu o gênio dialético de Hegel, de que se utilizaram Marx e Engels para a formulação do conceito materialista da História, e que o espiritismo, com Gustave Geley, redimensionava-o com o sentido espiritualista da evolução.

Em conclusão: Na Natureza tudo está em contínuo movimento; é um constante devenir, que não há nada absolutamente estático; nada isolado ou desvinculado da causalidade universal e do princípio psicodinâmico que a rege.

Carlos Bernardo Loureiro



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