A avançada tecnologia conseguiu construir sismógrafos ultra-sensíveis que detectam os mais leves movimentos de adaptação das placas terrestres, que podem ser medidos pela escala Richter, estabelecendo a sua intensidade. Não obstante esse extraordinário logro, não é possível à inteligência humana prever onde acontecerá o fenômeno perturbador, ou mesmo impedir a sua manifestação.
Tentando evitar tão desastrosa ocorrência, geólogos hábeis, utilizando-se de satélites especialmente equipados para o mapeamento da intimidade do planeta, recorrendo a raios infravermelhos e outros que podem alcançar as estruturas mais profundas, conseguiram identificar as falhas mais perigosas, como outras de menor monta, acompanhando com cuidadosa argúcia as alterações que ocorrem com o tempo, em tentativas de minimizar-lhes a ameaça de destruição. Todavia, periodicamente, sem qualquer prevenção, erupções vulcânicas produzem ressonâncias em várias regiões e terremotos devastadores assolam diferente áreas, reduzindo tudo a pó e destroços.
A inteligência humana, urbanizando lugares inóspitos, alteram-lhes a topografia e erguem cidades de expressiva beleza, lançando pontes grandiosas que atravessam lagos, pântanos e mares, facilitando a comunicação entre diferentes pontos terrestres.
Engenheiros civis e de cálculo constróem edifícios incomparáveis, alcançando as nuvens, e tomam providências para serem evitados desastres sísmicos, utilizando material e tecnologia invulgar.
Recentemente, as torres gêmeas Petronas, de Kuala Lumpar, na Malásia, atingiram a invejável altura de 452 metros, tornando-se o edifício mais alto do mundo...
O empenho humano para vencer as condições adversas que produzem os terremotos, como outros flagelos, é credor do maior respeito e consideração. Apesar disso, a agressão do próprio homem ao ecossistema estarrece, contribuindo para a morte, antes lenta e agora acelerada do planeta que habita, caso providências urgentes não o tornem consciente de sua responsabilidade.
Enquanto o ingente esforço de cientistas e tecnólogos, de estudiosos e trabalhadores cuida da beleza e comodidade externa da Terra, as paixões dissolventes oxidam os sentimentos, como ferrugem corrosiva emperrando equipamentos importantes.
A vulgaridade e o despudor alcançam índices jamais igualados e uma nuvem de miasmas morais intoxica as criaturas, enlouquecendo-as, atirando-as em abismos de dor e de sombra.
O materialismo e o utilitarismo dão-se as mãos e desgovernam as mentes e os corações, que perdem as diretrizes do comportamento, tombando em exaustão nas suas masmorras sem grades, porém, cruéis, de onde não há meio possível de fácil evasão...
Numa análise perfunctória, parece que o caos moral cresce ao lado das conquistas da comodidade e do poder, face à truculência, à bestialidade e ao horror que se desenvolvem e expandem, quase a passe de mágica.
É claro que não se podem ignorar, nesse, báratro, as realizações nobilitantes, as conquistas salvadoras e os passos gigantescos para o encontro com a vida fora da Terra...
São consideráveis os sacrifícios dos idealistas, de todos aqueles que promovem o progresso. No entanto, as hórridas ameaças morais vicejam ao lado, contrabalançando negativamente as elevadas realizações.
Numa revisão histórica, verificamos que, das maravilhas do mundo antigo, somente as pirâmides do Egito permaneceram até então.
O Colosso de Rodes, por exemplo, desapareceu nas águas do mar, após terremoto... e dos Jardins de Samíramis e dos Muros da Babilônia, do Farol de Alexandria, de 400 pés de altura, também varrido do solo, do Túmulo de Mausolo, do Templo de Artêmis em Éfeso, da Estátua de Zeus Olímpico, de Fídias, somente ficaram pedras calcinadas pelo tempo, demonstrando a fragilidade das construções humanas...
Na atualidade podem ser contempladas as suntuosas catedrais que foram erguidas no passado, os palácios e museus formidandos, assim como os edifícios modernos de incomparável beleza e luxo, os cassinos inigualáveis, os monumentos e obras de arte não superados, os engenhos da eletrônica e da cibernética, exaltando a glória da mente que voa no rumo do Infinito...
Concomitantemente, o despautério, a miséria, a hediondez dos vícios das drogas, do sexo, do medo e do pânico, da loucura e da insatisfação, aparecem com predominância, porque, esse ser humano, ainda não se identificou com o Herói Crucificado, o Construtor da Terra, que veio, mas não foi ouvido sequer, nem recebido.
Em Jerusalém, no passado, ante a exclamação dos discípulos emocionados pela grandeza do Templo da Salomão, suas pedras colossais, sua porta extraordinária, suas colunas majestosas seus átrios luminosos, Ele respondeu com tristeza na voz:
— Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra, que não seja derrubada.
E o vaticínio aconteceu, permanecendo a área vazia da antiga e opulenta construção, de alguma coberta com novos edifícios sagrados .
Foram as guerras que se responsabilizaram por fazê-lo, como em muitos outros lugares, qual sucedeu com a Acrópole - ainda teimosamente em pé -, o Areópago, totalmente destruído, e outros...
Sobre essa paisagem trabalhada pelo homem, no entanto, pairam profecias sobre acontecimentos desastrosos, cuja concretização poderá ser evitada, se forem alteradas as condutas mental, moral e comportamental - a força que contribuirá para o equilíbrio do planeta e movimento sem choques das suas placas -, diluindo o anúncio das terríveis tragédias que poderão ocorrer.
Graças ao Espiritismo, vem acontecendo um terremoto que os sismógrafos não conseguiram detectar, mas que o psiquismo vem captando e dando-lhe curso - o de natureza espiritual.
Suave, a princípio, depois irrompendo de forma expressiva, irá derrubar os castelos de sonhos e de pesadelos do materialismo, do utilitarismo perverso, que cederão lugar à fraternidade verdadeira, à solidariedade legítima e ao amor sem fronteiras.
Tremem os alicerces dessas antigas construções que albergam o existencialismo e a negação de Deus, da alma e da Divina Justiça, estimulando ao gozo e à anarquia dos valores éticos.
Sopra já uma brisa de esperança sobre os escombros da mentalidade desvairada, que se desconecta ante as alterações provocadas pelo terremoto espiritual, encarregado de mudar as estruturas do pensamento anterior e ainda vigente, que tem retardado o crescimento moral da sociedade.
Esse está sendo o mais notável acontecimento da humanidade, nos tempos hodiernos, que assinalará época, porque renovará por completo as bases sociais e humanas do comportamento, abrindo espaço para um mundo novo e feliz.
Esse terremoto espiritual, que decorre da vivência digna da mediunidade, pode ser considerado como ajustador das placas colossais, que se movem e se chocam nas camadas profundas do inconsciente do ser, que se libertará dos vulcões do desespero, permitindo que surjam em toda parte as planícies da paz imorredoura, sob o canto sublime das vozes dos imortais.
Enquanto o ingente esforço de cientistas e tecnólogos, de estudiosos e trabalhadores cuida da beleza e comodidade externa da Terra, as paixões dissolventes oxidam os sentimentos, como ferrugem corrosiva emperrando equipamentos importantes.
Leopoldo Machado (espírito )
*Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 01/07/1998. No Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador - BA.
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