26 abril 2012

CRÍTICAS DE ROUSTAING A KARDEC

Disse Roustaing: “Na França, em geral, pouco se lê”. “Os espíritas, habituados, na sua maioria, a aceitar tudo, disseram: ‘- O chefe, o mestre, (Kardec) certamente aplicou a sua contraprova universal aos três volumes de J.B. Roustaing (“Os Quatro Evangelhos”). Não podemos, por conseguinte, comprar nem ler uma obra inútil’. “Máo(sic) grado ao prudente e judicioso emprego que Allan Kardec fazia do seu criterium infalível, (...) estamos certos de que esse criterium carecia de exatidão. Disse-o por escrito o sr. d’Ambel, que foi seu secretário e médium preferido. E o sr. Canu, secretário das sessões da Sociedade, homem honesto, natureza franca, não querendo aceitar a responsabilidade do que sabia ser assim, procedeu do mesmo modo, bem como outros espíritas livres, que os imitaram”. (1) ------------------ (1) Allan Kardec não era esclarecido de um modo seguro pelo seu criterium, e em muitos casos devera invocá-lo, para o ser eficazmente, o que não fez a propósito da Liga de Ensino. Lemos na Revista Espírita suas respostas um pouco autoritárias às propostas que lhe dirigiu Jean Macé, presidente e criador dessa Liga, respostas nas quais ele recusava peremptoriamente ocupar-se com uma ‘questão cuja utilidade não via’. Toda gente hoje conhece a alta importância dessa Liga. Seu criterium devera tê-lo advertido de que, sob o patronato da Liga do Ensino, se fundaram em França mais de seis mil bibliotecas populares, o que houvera dado milhões de leitores às obras espíritas. Em 1864, o Mestre proferiu o seu non possumus. Por efeito das suas idéias preconcebidas, rejeitava os argumentos e as comunicações espíritas, que, antes de Darwin, afirmavam a verdade da descendência do homem, bem como a seleção e a evolução das espécies, afastando assim da sua Sociedade os pensadores. Allan Kardec não gostava das manifestações físicas. Com ele aprenderam seus adeptos a lhes ter um santo horror. Pretendia que o corpo de um Espírito não podia ser senão uma aparência fluídica e que a nossa mão nenhuma resistência experimentaria, tocando a aparição. O que algures fosse feito sobre esse assunto interessante era atirado para a categoria das balelas ianques. Pode-se ter um criterium universal, e não se saber tudo, nem tudo prever’. (Roustaing em nota de rodapé na pág. 480) ----------- Continua Roustaing: “- O que ele (Allan Kardec) chamava de contraprova universal, corroborada por uma rigorosa lógica, lhe pregava dessas partidas. Não somente estava em desacordo com a ciência moderna, como ainda teria passado por fundas decepções, se vivêra(sic) bastante para ver provado por cientistas como R. Wallace, Hare, Varley, Crookes, Webert, Zôllner, etc., que um Espírito, sem ser um agênere, pode tomar um corpo fluídico, concretizado, tangível e no qual se observam a circulação do sangue e todas as aparências da vida; que esse corpo fluídico se desagrega tão depressa quanto se concretiza, exatamente como o fez, durante três anos o Espírito Katie King, enviado secundário, que desempenhava, no seu dizer, uma dolorosa missão, necessária ao seu adiantamento espiritual. “Allan Kardec, nas suas conversações e nos seus escritos, manifestava a pretensão de acoimar de Docetismo (Doutrina errônea, falsa e condenada) tudo o que tendesse a provar que o Cristo teve apenas um corpo fluídico, durante a sua permanência na Terra. “No jornal ‘La Vérité’, o sr. Philalétès falara de Docetismo. Allan Kardec se apoderou dessa expressão, para aplicá-la à nossa obra (“Os Quatro Evangelhos”). “Vamos responder a essa pretenção(sic), a essa insinuação, que, se não é intencional, prova que o autor do sistema preconcebido (Allan Kardec) não conhecia a Doutrina dos Docetas, pois que a considerava semelhante à nossa. “A revelação feita pelos Espíritos Superiores, tendo em vista a obra ‘Os Quatro Evangelhos’, explicados em espírito e verdade, está de conformidade com as modernas descobertas da ciência, com todas as asserções dos investigadores que vimos de citar. Allan Kardec ignorava esse fato ou o conhecia superficialmente, assim como não sabia bem o que era o Docetismo... (Grifo nosso) “Fôra um ato absurdo de incredulidade e de ignorância, elevadas à mais alta potência, aceitar o Docetismo como sendo a Revelação da Revelação, feita pelos Evangelistas e pelos Apóstolos, à guiza de explicação dos Quatro Evangelhos em espírito e verdade e também da incarnação do Cristo. “Matematicamente vamos provar à evidência o que avançamos...” (J. B. Roustaing, em “Os Quatro Evangelhos” – edição da FEB – Ano 1920, págs. 50 a 52) Explicam os redatores da editora da FEB:“- Que os espíritas e os partidários de Mirville e de Philalétès não esqueçam que Roustaing era advogado e fôra o bastonário da advocacia bordeleza, que tanto brilho deu à advocacia francesa”. E, acrescentam: “J. B. Roustaing foi um jurisconsulto sábio e profundo, advogado poderoso pela sua dialética e pela atração de sua eloqüência. Possuía também, no terreno das coisas humanas e divinas, uma ciência e uma erudição excepcionais hauridas em trabalhos imensos e em extraordinários estudos. (Nota de rodapé da pág. 52). E prosseguem: “É a esse homem, de coração simples e de espírito humilde, que Allan Kardec acusa, sem dúvida, inconscientemente, de fazer do Cristo incarnado pelo espírito um agênere, e, com o sr. Philalétès, de cujas palavras se apropriou, de resuscitar(sic) o Docetismo. Nem um nem outro havia lido Roustaing, ambos eram ignorantes e não culpados, mas espalharam escritos errôneos, o que constitui grande falta. (Nota dos discípulos de Roustaing). Prosseguindo, Roustaing, arvorando-se em mestre de Allan Kardec, (seu “honrado chefe espírita”, como declarara em carta datada de março de 1861), mostra o que é o Docetismo, distinguindo-o entre a ortodoxia e a herezia(sic), e conclui de maneira desaforada: “ – Estabelecido precisamente o em que consiste o Docetismo, aceitá-lo fôra de nossa parte dar guarida a uma absurdidade, praticar um ato de ignorância e de credulidade elevadas à mais alta potência...” (idem, pág. 56, primeiro parágrafo) Mais adiante, em nota de rodapé da pág. 66, referindo-se à aparição tangível de Katie King, descrita por William Crookes, lê-se: “- Este fato, verificado por verdadeiros sábios, prova que os adversários do Sr. Roustaing (inclusive Kardec, é claro) o condenaram a priori e que com mais acerto teriam procedido, se houvessem guardado um prudente silêncio. O criterium infalível e pessoal (de Allan Kardec) não pudera prever tudo. Esse foi o seu defeito capital...” Em nota de rodapé na pág. 67, Roustaing acrescenta: “ – Philalétès, filósofo de primeira ordem, imbuído de idéias teológicas, fruto de seus estudos, não podendo acreditar nessa operação tão rápida da formação e da desagregação de um corpo fluídico, pronunciou a palavra Docetismo, a qual foi vivamente adotada por Allan Kardec, que, até então, só falara de agênere. Os leitores deste último (Allan Kardec), englobando as duas qualificações errôneas (“docetismo” e “agênere”) disseram: “ – Nesse caso os sofrimentos de Maria, bem como os do Cristo, foram mentirosos”. A esses espíritas era indispensável um Jesus sangrento, choroso, gemebundo, andrajoso e ofegante.” NOSSO COMENTÁRIO Como um franco paladino, deixo bem claro aqui, que repudio, veementemente, todos esses qualificativos injustos e ofensivos que J. B. Roustaing dirigiu a Allan Kardec e se encontram no “prefácio” de sua obra “Os Quatro Evangelhos”, edição da FEB de 1920. E o Sr. Nestor João Masotti, Presidente da FEB, o que diz?! E os espíritas que integram esse Conselho Federativo Nacional da FEB, criado pelo Pacto Áureo de outubro de 1949, omissos e coniventes com o erro, o que têm a dizer?! E o Conselho Espírita Internacional como se pronuncia?! E os congressos espíritas como têm visto essas acusações injuriosas ao Codificador do Espiritismo?! Sim, que tem feito toda essa gente que se proclama “kardecista” e que, nos encontros, regularmente convocados, colocam nos programas previamente traçados o estudo da obra “A Gênese” de Allan Kardec, vão continuar assim, mudos, indiferentes e impassíveis, omissos?! E ainda há quem acredite que o Espírito de Allan Kardec esteve presente no II Congresso Espírita Brasileiro realizado em Brasília, em abril de 2007, quando se comemorou o bicentenário do lançamento de “O Livro dos Espíritos”!!! Santa ingenuidade!!! Eu não acredito, e, se quiserem provar que estou errado, esqueçam o conselho dado pelo Espírito do padre Manual da Nóbrega (Emmanuel) e evoquem o Espírito do glorioso Missionário de Lyon, o Sr. Allan Kardec. Devo deixar bem claro também que meu querido e saudoso pai, SEVERINO DE FREITAS PRESTES FILHO, desde 1925, quando se converteu ao Espiritismo, sempre foi kardecista, SÓ KARDECISTA. Estou seguindo o seu exemplo. Nas sessões de estudo das obras básicas da Codificação kardecista que fazíamos em casa, “A GÊNESE”, último livro do ilustre Missionário lionês, lançado em 1868, era sempre lido e comentado, principalmente o cap. XV que trata da superioridade da natureza de Jesus. Que saudades !!!

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