29 janeiro 2012

A DEPRESSÃO NA VISÃO ESPÍRITA

Nossa formação acadêmica e experiência profissional não nos credencia a abordar o assunto tema dessa nossa reunião de estudo pelo lado profissional.

Mas nossa experiência com o atendimento fraterno e com o tratamento de saúde na Casa Espírita ao longo de alguns anos, nossos estudos pessoais (através das obras de autores como Joanna de Ângelis, Miramez, Divaldo P. Franco, Dr. Izaias Claro, Dr. Jason de Camargo, Dr. Milton Menezes, Dr. José Carlos Frutuoso, por exemplo) e por meio de participação em palestras com profissionais na área de Psicologia e Psiquiatria, nos dão condições, como espírita cristão que somos, de abordar perfeitamente os temas psicológicos que Jesus abordou... Afinal, o Evangelho de Jesus é público e está ao alcance de todos.

Jesus foi e prossegue sendo um psicoterapeuta por excelência. O que aconteceu ao longo da história é que o homem envolveu e atribuiu muitas vezes a uma mística e a uma pregação exclusivamente evangélica a mensagem de Jesus... Colocando-a muitas vezes alienada e longe das aflições humanas, inclusive nesse aspecto em particular que falamos hoje, ou seja a depressão.

Mas todos aqueles que fizerem uma releitura do Evangelho à luz da Psicologia moderna, perceberão que Jesus na realidade antecipou-se à própria Psicologia.


Significados no Dicionário

Melancolia

1- Estado mórbido de tristeza e depressão. Estado de languidez e tristeza indefinida.

2- Afecção mental caracterizada por depressão em grau variável, sensação de incapacidade, perda de interesse pela vida... Podendo evoluir para ansiedade, insônia, delírio de auto-acusação e até a tendência ao suicídio. Lembramos aqui Judas Iscariotes que suicidou-se devido ao sentimento de culpa por ter denunciado Jesus e por não ter estrutura psicológica para reerguer-se dessa culpa.

Depressão

Distúrbio mental caracterizado por adinamia, desânimo, sensação de cansaço e cujo quadro muitas vezes inclui ansiedade em maior ou menor grau.

Adinamia

Estado de prostração física e/ou moral.


Breve Histórico sobre a Depressão

No século passado, a depressão era chamada de “melancolia” e também de “doença da afetividade”. A pessoa perde a afetividade pelos entes queridos.

Até então se acreditava que o ser humano pensava pelo fígado e amava com o coração (hoje, nós espíritas já sabemos que o espírito é quem governa o corpo e não o contrário).

Por isso é que o mal humor era encarado como um estado físico e se aproximava das chamadas “coisas do pensamento”.

Naqueles tempos, pensava-se que o fígado dos melancólicos estava saturado de fluidos doentes aos quais dava-se o nome de bílis negra, que era segregada pelo fígado devido aos maus pensamentos.

Até hoje usamos a expressão “preciso desopilar meu fígado” (ou seja, botar pra fora o mau humor, rir um pouco, etc.). Isso é uma prova do que ficou da cultura daquela época.

Acreditava-se que para o excesso de bílis-negra, a terapêutica indicada era a sangria, a ingestão de laxantes e de vomitórios... O que gerava alto índice de desidratação chegando a ser mortal... E também não trazia nenhum resultado confiável (vemos isso nos filmes de capa e espada).

Paralelamente, a vaso-constrição (que é o aperto ou relaxamento... agradável ou desagradável) que se sente quando temos boas ou más emoções... Era confundida com os sentimentos de amor e raiva... Um aperto no coração... Daí porque acreditava-se que “o coração era a sede do amor”.

Esses fatos, idéias e pensamentos se deram na Idade Média, até a metade do Século 16, após o início do pensamento renascentista (na época, Michelangelo pintava o teto da Capela Cistina e ele já dava claras mostras de sofrer de melancolia).

Mas no século 16, pela 1ª vez se usa a palavra Depressão.

A pessoa de Shakespeare, naquela época, era famosa também pela sua melancolia (vide a peça Hamlet).


Levando o Cérebro em Consideração

Mas no Século 17, começou-se a estudar e a se levar em consideração o cérebro humano... E desde aí o enfoque dado à depressão começou a mudar muito.

Um psiquiatra americano descobre que a qualidade de irrigação dos vasos sanguíneos dos neurônios cerebrais é responsável também pelos distúrbios neuróticos, pela esquizofrenia e por outras manifestações psicóticas.

No Século 19, temos personalidades famosas e depressivas como Leon Tolstoi e Schuman (músico famosíssimo que suicidou-se em plena crise depressiva).

No século 20, a Psiquiatria classifica depressão como Unipolar e Bipolar:

Unipolar - tristeza, desinteresse pela vida, prostração;
Bipolar - delírios, alucinações visuais e auditivas, síndrome de super-homem, etc.

Em 1940, descobre-se que o ser humano possui cerca de 5 bilhôes de neurônios. A expectativa de vida era de 40 anos de idade, e com 50 anos a pessoa já era considerada velha, praticamente incapaz de aprender.

Em 1950, com a invenção do microscópio eletrônico, descobre-se que o homem possui cerca de 50 bilhões de neurônios e dos quais morrem 15.000 por dia. A espectativa de vida sobe para 50 anos, e para 60 anos a chamada “velhice”.

Em 1970, descobre-se que o ser humano possui não 50, mas 70 bilhôes de neurônios, e a Neurofisiologia conclui que por mais neurônios que percamos temos uma reserva técnica para mais 2 vidas cerebrais!

No entanto, nos dias atuais constata-se claramente que não existe a chamada “terceira idade”, mas sim a “melhor idade”, como diz com alegria Divaldo P. Franco numa de suas palestras.

No século 20, comprovamos isso, lembrando alguns exemplos de nomes tais como: Chico Xavier, Madre Tereza de Calcutá, Golda Meyer, Charles de Gaulle e tantos outros... Mas, certamente, os irmãos vão se lembrar de outros irmãos bem pertinho da gente que são exemplos de pessoas que vivem de bem com a vida...

Só é velho quem se considera velho, afirmam os bons espíritos... Ser velho é um “estado de espírito”... Confiram isso nas bibliotecas e nas livrarias das nossas Casas Espíritas...

Entre 1990 e 2000, descobre-se que o homem possui de 75 a 100 bilhôes de neurônios (Divaldo brinca que os homens possuem alguns bilhôes a mais... Mas que não servem para nada).

Conforme o Dr. Izaias Claro, as mulheres possuem fatores mais específicos do que o homem e que a predispõe à depressão... Numa abordagem muito simplista, são fatores psicológicos, fisiológicos, hormonais, emocionais...

Existe uma proporção registrada de cerca de 5 mulheres com depressão para cada homem. Mas esse número é muito relativo... Pois tem-se que considerar que as mulheres extravasam mais suas emoções, enquanto que os homens maquiam muito mais as suas próprias emoções...

Por questões sócio-culturais e outras, o homem busca compensações que mascaram a sua realidade emocional... Bares, futebol, esquinas, etc...

As mulheres buscam ajuda mais rápido... Os homens nem tanto... Os números falados e registrados são esses... Mas bem que poderiam ser outros...


A Inteligência

A inteligência nos foi dada por Deus para que pudessemos evoluir nos planos material e espiritual.

Toda essa tecnologia que estamos vendo no mundo é produto da inteligência do homem... E inteligência, nós espíritas já sabemos, é uma propriedade que pertence ao espírito e não ao corpo.

Não faz sentido evoluir somente na tecnologia e no plano material, porque isso limita a perspectiva do homem e da vida.


Um Pouco sobre os Neurônios

As teorias bioquímicas mostram o substrato bioquímico da depressão. Há hoje no mercado os antidepressivos que agem na recaptação da serotonina, por exemplo, e ela, mantendo um nível de ação mais prolongado sobre os neurônios em determinada área cerebral, equilibra o depressivo.

Por isso, vê-se por aí as pessoas falando sobre problemas cerebrais e neurônios, querendo justificar a depressão exclusivamente sob esse ângulo, colocando somente no cérebro físico a responsabilidade sobre a causa dessa doença.

Mas, no fundo, o estado bioquímico do indivíduo, é apenas reflexo da alma, reflexo de ações desta vida, ou de outras vidas, por causas diversas, como por exemplo, sentimentos de culpa, sentimentos de menos valia, covardia perante as lutas, suicídios passados, orgulho ferido, medo de enfrentar as provas, etc...

Se há alteração neuro-bioquímica, há necessidade de assistência médica especializada e de medicação, mas também de uma grande dose de esforço e vontade, para a alma voltar ao equilíbrio.

Com a medicação, temos a ação do medicamento agindo sobre o efeito que se manifesta no corpo... Mas com a perseverança da vontade, com o estudo, com a fé em Deus, com o trabalho no bem, se estará agindo sobre verdadeira causa, que está no espírito... Aí o equilíbrio retornará, o equilíbrio físico/psíquico.

A depressão, como vimos, tem a ver com humor, melancolia, emoções, sentimentos, afetos, tristeza, amor, desamor... E isso não é sentido no/e pelo cérebro... Esses sentimentos e sensações são território de domínio do espírito, e portanto requer uma revisão na conduta da pessoa e uma reforma íntima de atitudes diante da vida...

Conclusão: A Inteligência, portanto, não está no cérebro e se não está nele também não está nos neurônios em si!

Os estudos dos neurônios e das redes sinápticas (rede de conexão entre neurônios vizinhos) tem levado os cientistas a descobertas surpreendentes no conhecimento químico cerebral, chamando a atenção para os elementos neuroquímicos, porque é através deles que veiculam as mensagens não somente dentro do cérebro, mas também por todo o corpo humano!

Determinados distúrbios de comportamento são originados pelo excesso ou pela falta dessa ou daquela substância química no cérebro. Muitíssimo bem... Mas então qual o fator que determina esse excesso e a falta de substâncias químicas? O que dispara isso? Onde está o gatilho do disparo ou o freio da contenção? Quem é o sujeito que providencia excesso ou falta?

Exemplo:

Em 1984, na Universidade de Iowa nos Eua, um psiquiatra descobriu que no cérebro dos esquizofrênicos existe deficiência na metabolização (processamento) do aminoácido serina (que é encontrado na maioria dos alimentos que possuem proteínas).

Essa serina é a substância que equilibra a glicina, que regula o nível da dopamina.

A dopamina então acaba sendo produzida em excesso e surge então esquizofrenia.

Mas por que existe a essa deficiência da metabolização? A Ciência busca sempre, e cada vez mais, explicação para os fatos... E é por isso que:

- já existe a ABRAPE – Associação Brasileira dos Psicólogos Espíritas;
- já existe a AME – Associação Médico Espírita;
- o aumento de número de médicos e outros doutores na ciência que aderem a Ciência Espírita;
- já houve a fundação da UniEspírito – Universidade Internacional de Ciências do Espírito (www.uniespirito.com.br), que busca os pontos de encontro entre Filosofia, Ciência e Religião, abordando o homem de uma forma integral, ou seja, bio-psico-socio-espiritual, fundada em 25 de janeiro de 2004;
- já existem cerca de 100 hospitais espíritas no Brasil;
- o ESDE já é feito até pela Internet, e até em espanhol (www.espiritismo.cc);
- a partícula Deus já está em discussão (Boson de Higgs – átomo, elétrons, prótons, nêutrons e outras).

As provas estão aí... O Homem já começa a esbarrar fortemente com o perispírito e o espírito nas pesquisas científicas.


-> Ler parte do Livro Além da Matéria – Robson Pinheiro / Joseph Gleber


Necessidade do Tratamento Médico na Depressão

Enfatizamos com veemência que depressão requer cuidados médicos especializados... Existe necessidade de uma medicação bem dosada e muitas vezes combinada, controlada invidualmente pelos médicos para cada caso, visando a regularização do processo bioquímico do cérebro... Exigindo acompanhamento psicoterápico... Mas também requer cuidados espirituais...

Não somos só corpo... Somos espírito também... Já sabemos que o espírito comanda o corpo e que, por ser imortal, é preciso mudar pensamentos e atitudes para manter o equilíbrio da vida orgânica... Se algo estiver desequilibrado nela...

E é bom lembrar que a depressão também não está vinculada exclusivamente a quadros de influenciação externa obsessiva... (obsessão). Mas que, sem dúvida, podem e vão facilitar esse fato pelo estado de desequilíbrio vibracional em que pode ficar o paciente.


Sentimentos e Emoções

O cérebro é o veículo de expressão da mente... Ele transmite as ordens ao corpo material... Mas não é a própria mente.

Entre expressar e ser existe uma distância incomensurável.

Como sabemos, os neurocientistas vêm localizando no cérebro as regiões correspondentes à fala, à audição, à visão, ao paladar, ao controle dos movimentos, etc...

Já conseguiram descobrir o percurso até de algumas emoções, bem como o trabalho dos neurônios no comando dos agentes psíquicos resultantes dessa energética em movimento.

Descobriram também que dependendo da emoção ou do sentimento, o cérebro atua na produção de certos hormônios e substâncias químicas correspondentes ao tipo de função psíquica exercitada naquele momento.


-> Ler parte do Livro Educação dos Sentimentos (Jason de Camargo)


Força de Vontade

Essa é a mola propulsora de toda essa tecnologia que vemos no mundo, de todos os avanços médicos, informática, mecânica, espacial, eletrônica...

Ela provém do “estado de espírito”, que tanto se fala por aí... O ser humano é efetivamente o que pensa...

Vejamos o exemplo de Júlio Iglesias que há 30 anos atrás sofreu um acidente no Canadá e ficou completamente paralítico... E que hoje canta e encanta o mundo com sua voz e sua música... (força de vontade).

O mesmo aconteceu com o cantor brasileiro do Grupo "Os Paralamas do Sucesso", Herbert Vianna, cuja esposa veio a fazer seu retorno a pátria espiritual... (força de vontade).

Aliás, cada um de nós deve ter conhecimento de casos semelhantes espalhados pelo mundo... E muitas vezes tão perto da gente... Seja com vizinhos, conhecidos, amigos, parentes... (força de vontade).

Queremos deixar bem claro que quando nos referimos ao “estado do espírito” falamos de sintonia vibracional desse espírito... Quanto ao seu positivismo ou não diante da vida... Do seu otimismo ou não diante dos problemas que o afligem... Da qualidade das suas ondas cerebrais costumeiras... Qualidade dos seus hábitos... Do respeito pelo corpo e pela vida... Do seu cuidado com sua evolução espiritual... Somos carne e espírito... Não podemos relegar nenhum dos dois... Tá lá no Evangelho...

Ítens para Reflexão

Neste ponto gostaríamos de deixar, naturalmente para reflexão de todos os presentes, encarnados e desencarnados, algumas questões:

- Estamos seguindo as prescrições do maior maior tratado de psicoterapia do mundo, que é o Evangelho de Jesus?

- Que parceiros espirituais temos tido ao nosso lado, devido as nossas atitudes e pensamentos?

- Que parceiros espirituais temos sido para os outros, através de palavras e ações?

- Como estamos lidando com o próximo? Estamos fazendo a eles aquilo que gostaríamos que nos fizessem?

- Como estamos lidando com o rancor e com a mágoa? Estamos perdoando?

- Como amigos, temos emprestado o ombro para o choro de um irmão de jornada? Temos apaziguado corações?

- Estamos ajudando materialmente também a alguém?

- Como vai nossa paciência e tolerância? Temos praticado ambas?

- Precisamos policiar mais nossa maledicência?

- Temos confortado alguém doente?

- Como temos lidado com o nosso próximo mais próximo, que são os nossos familiares? Sabemos, como espíritas, que o acaso não existe, e se renascemos naquela família bom motivo há de haver...

- Temos elevado nossos pensamentos ao alto, através de prece e meditação, buscando sintonia com Jesus e com Deus?

Reinaldo M. Macedo

Fonte: Esperitismo.net

Um comentário:

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Olá!
Foi um grande prazer conhecer seu blog.Aproveito meu tempo para navegar e ler textos e poemas feitos por pessoas que gostam de escrever.
Que bom que você é uma delas.
Grande abraço
se cuida