07 novembro 2010

BHAGAVAD GITA , O SOM DE DEUS

TEORIA E PRÁTICA DE KARMA-YOGA
Você tem o controle sobre os feitos apenas da sua responsabilidade, mas não controle ou
reclamação sobre os resultados. Os frutos do trabalho não devem ser seu motivo, e você
nunca deverá ser inativo. (2.47)
A reta visão do mundo se desenvolve quando nós entendemos plenamente que nós
possuímos habilidade para colocar o melhor dos nossos esforços dentro de tudo; nós não
devemos escolher o resultado (da ação) do nosso trabalho. Absolutamente, nós não
temos o controle sobre todos os fatores que determinam o resultado. As coisas do mundo
não se desenrolariam se a todos tivesse sido entregue o poder de escolher os resultados
das suas ações, ou para satisfazer os seus desejos. A alguém é dado o poder e a
habilidade de fazer a sua respectiva responsabilidade na vida, mas ninguém está livre
para escolher os resultados. O trabalho sem a expectativa de sucesso, ou bons
resultados, pode ser sem sentido, mas para estar plenamente preparado para o
inesperado será uma importante posição para qualquer planejamento. Swami
Karmananda disse: “A essência do Karma-yoga é realizar o trabalho para a satisfação do
Criador; mentalmente renunciar os frutos de todas as ações; e deixe Deus tomar conta
dos resultados. Seu dever é viver – no melhor da sua habilidade – como um servo
pessoal de Deus sem qualquer recompensa para o gozo pessoal dos frutos do seu
trabalho”.
O medo do fracasso, causado por ser emocionalmente apegado aos frutos do
trabalho, é o grande impedimento para o sucesso, porque ele rouba a eficiência pelo
distúrbio constante do equilíbrio da mente. Portanto, as obrigações devem ser feitas com
desapego. O sucesso em qualquer tarefa torna-se fácil se o trabalho é feito sem a
perturbação do resultado. O trabalho é realizado mais eficientemente quando a mente
não está continuamente – consciente ou subconscientemente - perturbada pelo resultado,
bom o mal, de uma ação.
Deve-se descobrir este fato pessoalmente na vida. Uma pessoa deve trabalhar sem
o motivo egoísta, conforme a sua responsabilidade, para uma grande causa, auxiliando a
humanidade particularmente, do mesmo modo que a si mesmo, a uma criança, ou a
pouco indivíduos. Tranqüilidade e progresso espiritual resultam do serviço desapegado,
enquanto que o trabalho motivado pelo egoísmo cria o cativeiro do Karma, bem como
uma grande decepção. O serviço desapegado e dedicado por uma grande causa conduz
para a paz eterna aqui e para o futuro.
O limite da jurisdição de alguém termina com a realização da obrigação; ela jamais
cruza o jardim do fruto. Um caçador tem controle sobre a flecha apenas, nunca sobre o
veado. Harry Bhala disse: “um lavrador tem controle de seu trabalho sob suas mãos,
apesar disto ele não tem controle sobre a colheita. Mas ele não pode esperar a colheita
se não trabalhar em sua terra”.
Quando alguém não deseja por prazer ou vitória ele não é afetado pela dor ou
derrota. Questões de prazer ou sucesso, ou de dor ou fracasso não são levantadas
porque um karmayogi está sempre no caminho servil sem esperar pelo gozo dos frutos da
ação, ou mesmo as flores do trabalho. Ele ou ela descobrem o prazer do serviço. A
miopia de curto prazo, ganho pessoal, causado pela ignorância da metafísica, é a raiz de
todos os males na sociedade e no mundo. O pássaro da retidão não pode ser aprisionada
na gaiola do ganho pessoal. Dharma e egoísmo não podem permanecer juntos.
O desejo pelos frutos aprisionam alguém no beco escuro do pecado e o impede do
real crescimento. A ação realizada apenas pelo interesse próprio é pecaminosa. O bem
estar individual repousa no bem estar da sociedade. O sábio trabalha para toda a
sociedade, enquanto o ignorante trabalha apenas para si mesmo ou seus filhos e netos.
O conhecedor da verdade não permite a sombra do ganho pessoal atacar o caminho do
dever. O segredo da arte de viver uma vida significante é ser intensamente ativo sem
qualquer motivo egoísta, como declarado a baixo:
Faça as suas ações no melhor de suas habilidades, Ó Arjuna, com sua mente ligada ao
Senhor, abandonando a preocupação e o apego egoísta para os resultados,
permanecendo calmo tanto no sucesso como no fracasso. O serviço sem egoísmo traz
paz e tranqüilidade da mente, que conduz a união com Deus. (2.48)
O Karmayoga é definido como “fazer as obrigações enquanto mantêm-se a
tranqüilidade”, sob todas as circunstâncias. Dor e prazer, nascimento e morte, perda e
ganho, união e separação são inevitáveis, estando sob o controle de alguma ação
passada, ou Karma, do modo como se sucedem o dia e a noite. O tolo se regozija na
prosperidade e se aborrece na adversidade, mas um karmayogi permanece tranqüilo sob
todas as circunstâncias (TR 2.149.03-04). A palavra “yoga” pode também ser definida nos
seguintes versos do Gita: 2.50, 2.53, 6.04, 6.08, 6.19, 6.23, 6.29, 6.31, 6.32, 6.47.
Qualquer técnica prática de entendimento da Realidade Suprema, e unindo-as com Ele
(Krishna), é chamada prática espiritual ou Yoga.
O trabalho feito com motivo egoísta é inferior e está longe do serviço desapegado.
Portanto, seja um trabalhador desapegado, Ó Arjuna. Aqueles que trabalham apenas para
o gozo dos frutos dos seus trabalhos são infelizes (porque não se tem controle sobre os
resultados). (2.49)
Um Karmayogi, ou uma pessoa desapegada, torna-se livre tanto da virtude como do vício
em sua vida. Portanto, esforce-se por serviço desapegado. Trabalhar o melhor das suas
habilidades, sem apegar-se egoisticamente pelos frutos do trabalho, chama-se
Karmayoga ou Seva. (2.50)
Paz, compostura, e liberdade do cativeiro kármico aguarda aquele que trabalha por
uma nobre causa, com um espírito de desapego e que não procura qualquer recompensa
ou reconhecimento. Tais pessoas regozijam-se no serviço desapegado que no final das
contas os conduz para a bem-aventurança da salvação. Karma yoga purifica a mente e é
muito poderosa e uma fácil disciplina espiritual que alguém pode praticar enquanto vive e
trabalha na sociedade. Não há melhor religião do que o serviço desapegado. Os frutos do
vício e da virtude crescem somente na árvore do egoísmo, não na árvore do serviço
desapegado. Geralmente, aquele pensamento trabalha arduamente quando se está
profundamente interessado neles, ou apegado a eles, os frutos do trabalho. Portanto,
Karmayoga ou serviço sem egoísmo (desapegado) talvez não conduzam ao progresso
material individual ou social. Este dilema pode ser resolvido pelo desenvolvimento da
atividade do serviço desapegado por uma nobre causa de alguém escolha, jamais
permitindo que a ganância pelos frutos dilua o pureza da ação. Habilidade e experiência
no trabalho é não atar-se pela obrigações do karma de alguém ou a obrigações
mundanas.
Os Karma Yogis estão livres do cativeiro do renascimento, devido a renúncia do serviço
desapegado aos frutos de todo trabalho, alcançando um divino estado de salvação ou
Nirvana. (2.51)
Quando seu intelecto perfurar completamente o véu da confusão a respeito do Ser e do
não-Ser, então você irá tornar-se indiferente para o que foi dito e o que é para ser
escutado das escrituras. (2.52)
As escrituras tornam-se dispensáveis após o esclarecimento. De acordo com
Shankara, este verso significa alguém que teve arrancado em partes o véu da ignorância
e realizado a Verdade, tornando-se indiferente aos textos védicos que prescrevem em
detalhes a realização de rituais para o alcance dos frutos do desejo.
Quando o seu intelecto, que está confuso pelo conflito de opiniões e pela doutrina
ritualística dos Vedas, ficar firme e sólido, centrando-se no Ser Supremo, então você irá
ser iluminado e irá se unir completamente com Deus em transe. (2.53)

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