11 julho 2010

A CIÊNCIA E O ESPIRITISMO

Temos conhecimento de alguns livros espíritas que, apesar da grande contribuíção que nos vem dando acerca da união entre a filosofia e a ciência espírita, contém alguns conceitos que hoje não são mais o posicionamento atual da comunidade científica. Como entender essa situação do ponto de vista espiritual e entre nós, que pesquisamos os fundamentos científicos da doutrina espírita?

A ciência, assim como o próprio homem, evolui constantemente. Quando estamos falando destes livros espíritas escritos por pesquisadores encarnados, temos que nos lembrar que eles estão colocando para nós dados científicos do momento. Por exemplo, quando lemos uma tese científica do século passado, mesmo nos meios espíritas, temos que ver que o que está escrito é o reflexo do progresso científico da época.

Vamos dar um exemplo: no século XIX, as mulheres com distúrbio nervoso (nossa boa e velha TPM) eram submetidas a sangramento debaixo das axilas até se acalmarem, fato que ocorria porque ela perdia muito sangue. Então, era lógico: "muito sangue causa nervoso". Quando a fisiologia se desenvolveu, quando estudamos o corpo humano, vimos o que fizemos no passado. Hoje podemos até estar rindo desta prática médica, mas muitas mulheres morreram por isso.

E chegando no campo da doutrina espírita, quantos ainda não são internados, submetidos a práticas médicas radicais, porque vêem coisas, escutam, sendo que nós já temos o entendimento que são "apenas médiuns"?

Joana Darc era considerada bruxa por falar com os espíritos e depois do advento da doutrina espírita, da comprovação desta comunicação, muitos de nós escapamos do diagnóstico de loucura.

A codificação espírita, em seus livros, não contém qualquer assunto que seja desatualizado. O Liivro dos Espíritos, entre outros que têm sua base na comunicação dos espíritos superiores, não contém erros.

O que pensar de alguns companheiros que afirrmam que algumas obras da codificação estão ultraapassadas em virtude dos atuais conceitos científicos? Se estão defasados, por que estão? Temos autoridade para aperfeiçoá-los?

Quando estudamos os conceitos da doutrina espírita, vemos que não há assunto desatualizado.

Por exemplo: Quando o capitulo VI de A Gênese fala de estabilidade e harmonia permanentes, da unidade na variedade, vemos que a filosofia deste pensamento está sendo estudado na física teórica.

No capítulo X, fala-se de combinações químicas, evolução do corpo físico, que são comprovadas hoje. A questão é que muitas vezes fazemos uma leitura suuperficial do assunto e perdemos a essência do ensinamento dos espíritos.

Em O Livro dos Espíritos, questões 60 e 58, Kardec nos fala nos fala de três reinos; pois bem, em 1969, Whittaker nos trouxe uma nova divisão da classe orgânica, sendo elas: animal, vegetal, monera, protista e fungos

Só que a gente esquece de ler um trechinho pequenininho de A Gênese que diz o seguinte: "toda criatura mineral, animal, vegetal, ou qualquer outra, porquanto há muitos outros reinos naturais, de cuja existência nem sequer suspeitais"

Os espíritos estão nos dizendo: "olha, para o que vocês conhecem no momento, é isso, mas tem muito mais na frente que só vão conseguir enxergar quando seus avanços tecnológicos assim o permitir".

Como ver determinados avanços da ciência que causam polêmica à luz da doutrina espírita?

Às vezes, a nossa incompreensão sobre as leis divinas, do progresso moral do homem e sobre a utilidade das descobertas não permite que vejamos de forma neutra uma descoberta.

Um exemplo disto é a questão da cultura de tecidos, de fazer órgãos em laboratório etc.

O espírita não pode ter medo dos avanços da ciência e deve ter Plena consciência que tudo o que acontece já estava na Lei.

Hoje em dia, se um homem tem um problema de saúde qualquer e precisa de um transplante de fígado, de coração, enfim ... ele precisa que um irmão seu morra para que ele viva.

Quando a Ciência dominar a técnica de cultura de tecidos em laboratório, a clonagem de órgãos ... a Misericórdia Divina se fará presente mostrando que um homem pode ter seu transplante sem que outro morra.

A gente não pode esquecer jamais que o homem progride incessantemente, e que a moralidade se fará presente em todos os meios, inclusive acadêmicos.

Para cada assunto que a Ciência nos trouxer, vamos abrir O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo e nos perguntar em que esta descoberta irá auxiliar meu próximo.

Como pode acontecer o encontro da Ciência com o espiritismo?

A partir do momento em que nenhuma das duas partes tenha preconceito uma com a outra. O espírita não pode ter medo dos avanços da ciência e deve ter plena consciência que tudo o que acontece já estava na Lei, nós que não conseguíamos enxergar.

E a Ciência deve caminhar para o próximo. A classe científica já está caminhando para a aceitação de "algo a mais". A espiritualidade está sendo descoberta. Na medicina, vemos hospitais analisando por que as pessoas que tem fé, religião, que tem um sentido maior para a vida se recuperam melhor. A OMS inseriu no seu indicador de qualidade de vida o requisito espiritualidade. As ciências exatas estão vislumbrando a harmonia do Universo, e que o acaso não pode originar isto, enfim, para que ocorra a consolidação da visão científica na doutrina espírita temos que deixar de lado nossos preconceitos.

Os espíritas devem sair das catacumbas, ou seja, não devemos temer nos identificar como espíritas.

Como fazer para o espiritismo invadir as universidades, a fim de tornar público que é possível e mais do que plausível unir Ciência e espiritualidade?

Vou falar uma visão muito pessoal minha, como pessoa envolvida com o a pesquisa científica.

Conheci muitos homens de ciência que são espíritas ou simpatizantes, mas que têm medo de exteriorizar sua crença e ser ridicularizado. Dizem que profissão é uma coisa, religião é fora dali, mas digo que este não entendeu o espiritismo. Não entendeu que somos espíritos, em todos os momentos, que não somos diversas máscaras em eventos sociais diversos. É a mesma coisa pensarmos que somos médiuns apenas na casa espírita. Agindo assim, somos incoerenntes com nossas crenças.

Eu tenho um amigo que quando perguntam a religião dele, ele responde" sou ateu, graças a Deus!" É isso que queremos? O que nos falta é coragem.

Para encerrar, deixe-nos uma mensagem.

A Ciência não tem como estar dissociada de nossa realidade, pois ela é o agente e o reflexo de nossa sociedade. Procuremos olhar com o senso crítico que Kardec tanto nos orienta para tudo em nossas vidas, e conseguiremos ver a presença de Deus em todos os detalhes, inclusive, no auxílio aos grandes gênios da Ciência.

A CIÊNCIA E AS RELIGIÕES

A Gênese - Cap. IV - Allan Kardec

9. Por guardar respeito aos Textos Sagrados, dever-se-ia obrigar a Ciência a calar-se? Fora tão impossível isso, como impedir que a Terra gire. As religiões, sejam quais forem, jamais ganharam coisa alguma em sustentar erros manifestos.

A Ciência tem por missão descobrir as leis da Natureza.

Ora, sendo essas leis obra de Deus, não podem ser contrárias a religiões que se baseiem na verdade. Lançar anátema ao progresso, por atentatório à religião, é lançá-lo à própria obra de Deus. É ao demais, trabalho inútil, porquanto nem todos os anátemas do mundo seriam capazes de obstar a que a Ciência avance e a que a verdade abra caminho. Se a Religião se nega a avançar com a Ciência, esta avançará sozinha.

10. Somente as religiões estacionárias podem temer as destas da Ciência, as quais funestas só o são às que se deixam distanciar pelas idéias progressistas, imobilizando-se no absolutismo de suas crenças.

Rosângela Pertile - Revista Cristã de Espiritismo

Um comentário:

Paula Mello disse...

POis é, mais uma vez somos chamados ao equilíbrio, coisa que tem faltado aos espíritas na minha opinião.
A Ciência não está contra a religião, e vice-versa,são apenas dois lados da mesma moeda.
Uma semana iluminada!