Qual a posição do homem no Universo? A de “simples pó”, como proclamou o Eclesiaste? A de “medida de todas as coisas”, como pretenderam os surfistas? A de um “deserto da Natureza”, como afirmou Nietzche? A de “uma paixão inútil”, como querem Sartre e os seguidores? Não. Para a Filosofia Espírita, posição do Homem no Universo decorre do próprio objetivo da encarnação, qual seja, o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. E para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as leis de Deus. É assim que, concorrendo para a sua obra geral, ele próprio se adianta (O Livro dos Espíritos) ou, por outras palavras, a posição do Homem no Universo é a de um autêntico co-criador em plano menor, isto é, alguém condições de, conscientemente, contribuir para a efetivação do Plano da Criação.
O Homem não é, então, segundo a Filosofia Espírita, nem princípio nem final de jornada, mas um momento de inexcedível significação. Consciente, conhece as próprias possibilidades; consciente, sabe que pode e deve mudar as coisas (incluindo-se entre elas). Tal consciência, porém, abre ao Homem perspectivas quase divinas, atribuindo-lhe grande dose de responsabilidade, dono que toma o próprio destino e do mundo que ajuda a construir. Em que se baseará, todavia, para a garantia da execução de sua praxes? Onde o timoneiro seguro para a sua ação? Na Lei Natural, a única verdade para a felicidade do Homem. Ela lhe indica o que deve fazer ou não fazer, e ele só será infeliz porque dela se afasta. E tal Lei Natural, segundo preceitua a obra básica da Doutrina Espírita, se inscreve na nossa Consciência. Por isso que, acreditando (o Homem) poder organizar a Lei de Deus na Terra, para depois refazê-la a seu modo. Com esse ente de razão baseado no orgulho não desorganiza senão a si mesmo e ao próprio mundo!
Resulta indiscutível que a posição do Homem no Universo assume uma grandiosa importância. No mundo é o Homem um Espírito em evolução, que necessita dele para evoluir. Por outro lado, também o mundo não prescinde do Espírito para o seu progresso. O mundo existe, é fora de dúvida. Nós existimos nele, Homem e mundo, porém, não se confundem; interdependem-se. Mas o mundo não é escravo do Homem e o Homem não pode tornar-se escravo do mundo, tanto quanto deve saber usá-lo corretamente. Em síntese: nem escravizá-lo a si, nem escravizar-se a ele.
Carlordo Bernardo Loureiro
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