30 abril 2012

ESPIRITISMO NO CASAMENTO

Sem entendimento e respeito, conciliação e afinidade espiritual, torna-se difícil o êxito no casamento. Todos os pretendentes à união conjugal carecem de estudar as circunstâncias do ajuste esponsalício antes do consórcio, para isso existindo o período natural do noivado. Aspecto deveras importante para ser analisado será sempre o da crença religiosa. Efetivamente, se a religião idêntica no casal contribui bastante para a estabilidade do matrimônio, a diversidade dos pontos de vista não é um fator proibitivo da paz da família. Mas se aparecem rixas no lar, oriunda do choque de opiniões religiosas diferentes, a responsabilidade é claramente debitada aos esposos que se escolheram um ao outro. A tendência comum de um cônjuge é a de levar o outro a pensar e agir como ele próprio, o que nem sempre é viável e nem pode ocorrer. Eis por que não lhes cabe violentar situações e sentimentos, manejando imposições recíprocas, mormente no sentido de se arrastarem a determinada crença religiosa. Deve partir do cônjuge de fé sincera a iniciativa de patentear a qualidade das suas convicções, em casa, pelo convite silencioso a elas, através do exemplo. Não será por meio de discussões, censuras ou pilhérias em torno de assuntos religiosos que se evidenciará algum dia a excelência de uma doutrina. Ao invés de murmurações estéreis, urge dar provas de espiritualidade superior, repetidas no dia-a-dia. Em lugar de conceitos extremados nas prédicas fatigantes, vale mais a exposição da crença pela melhoria da conduta, positivando-se quão pior seria qualquer criatura sem o apoio da religião. Para os espíritas jamais será construtivo constranger alguém a ler certas obras, freqüentar determinadas reuniões ou aceitar critérios especiais em matéria doutrinária. Quem deseje modificar a crença do companheiro ou companheira, comece a modificar a si mesmo, na vivência da abnegação pura, do serviço, da compreensão, do bom-senso prático, salientando aos olhos do outro ou da outra a capacidade de renovação dos princípios que abraça. O cônjuge é a pessoa mais indicada para revelar as virtudes de uma crença ao outro cônjuge. Um simples ato de bondade, no recinto do lar, tem mais força persuasiva que uma dezena de pregações num templo onde a criatura comparece contrariada. Uma única prova de sacrifício entre duas pessoas que se defrontam, no convívio diário, surge mais eficaz como agente de ensino que uma vintena de livros impostos para leituras forçadas. Em resumo, depende do cônjuge fazer a sua religião atrativa e estimulante para o outro, ao contrário de mostrá-la fastidiosa ou incômoda. Nos testemunhos de cada instante, no culto vivo do Evangelho em casa e na lealdade à própria fé, persista de cada qual nas boas obras, porque, ante demonstrações vivas de amor, cessam quaisquer azedumes da discórdia e todas as resistências da incompreensão. André Luiz Título original: "O Espiritismo e os Cônjuges" Do livro "Estude e Viva" c/Emmanuel Frâncico Cândido Xavier.

28 abril 2012

MEDICINA RECONHECE OBSESSÃO ESPIRITUAL

Medicina reconhece obsessão espiritual Dr. Sérgio Felipe de Oliveira com a palavra: Ouvir vozes e ver espíritos não é motivo para tomar remédio de faixa preta pelo resto da vida... Até que enfim as mentes materialistas estão se abrindo para a Nova Era; para aqueles que queiram acordar, boa viagem, para os que preferem ainda não mudar de opinião, boa viagem também... Uma nova postura da medicina frente aos desafios da espiritualidade. Vejam que interessante a palestra sobre a glândula pineal do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico psiquiatra que coordena a cadeira de Medicina e Espiritualidade na USP: A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito. No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: Mente, corpo e espírito. Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: Biológico, psicológico e espiritual. Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora. O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença. Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença. Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual. Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios. O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura. Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (hoje obrigatória) de Medicina e Espiritualidade. Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas. Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas. Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral). Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo. Texto de Osvaldo Shimod

26 abril 2012

CRÍTICAS DE ROUSTAING A KARDEC

Disse Roustaing: “Na França, em geral, pouco se lê”. “Os espíritas, habituados, na sua maioria, a aceitar tudo, disseram: ‘- O chefe, o mestre, (Kardec) certamente aplicou a sua contraprova universal aos três volumes de J.B. Roustaing (“Os Quatro Evangelhos”). Não podemos, por conseguinte, comprar nem ler uma obra inútil’. “Máo(sic) grado ao prudente e judicioso emprego que Allan Kardec fazia do seu criterium infalível, (...) estamos certos de que esse criterium carecia de exatidão. Disse-o por escrito o sr. d’Ambel, que foi seu secretário e médium preferido. E o sr. Canu, secretário das sessões da Sociedade, homem honesto, natureza franca, não querendo aceitar a responsabilidade do que sabia ser assim, procedeu do mesmo modo, bem como outros espíritas livres, que os imitaram”. (1) ------------------ (1) Allan Kardec não era esclarecido de um modo seguro pelo seu criterium, e em muitos casos devera invocá-lo, para o ser eficazmente, o que não fez a propósito da Liga de Ensino. Lemos na Revista Espírita suas respostas um pouco autoritárias às propostas que lhe dirigiu Jean Macé, presidente e criador dessa Liga, respostas nas quais ele recusava peremptoriamente ocupar-se com uma ‘questão cuja utilidade não via’. Toda gente hoje conhece a alta importância dessa Liga. Seu criterium devera tê-lo advertido de que, sob o patronato da Liga do Ensino, se fundaram em França mais de seis mil bibliotecas populares, o que houvera dado milhões de leitores às obras espíritas. Em 1864, o Mestre proferiu o seu non possumus. Por efeito das suas idéias preconcebidas, rejeitava os argumentos e as comunicações espíritas, que, antes de Darwin, afirmavam a verdade da descendência do homem, bem como a seleção e a evolução das espécies, afastando assim da sua Sociedade os pensadores. Allan Kardec não gostava das manifestações físicas. Com ele aprenderam seus adeptos a lhes ter um santo horror. Pretendia que o corpo de um Espírito não podia ser senão uma aparência fluídica e que a nossa mão nenhuma resistência experimentaria, tocando a aparição. O que algures fosse feito sobre esse assunto interessante era atirado para a categoria das balelas ianques. Pode-se ter um criterium universal, e não se saber tudo, nem tudo prever’. (Roustaing em nota de rodapé na pág. 480) ----------- Continua Roustaing: “- O que ele (Allan Kardec) chamava de contraprova universal, corroborada por uma rigorosa lógica, lhe pregava dessas partidas. Não somente estava em desacordo com a ciência moderna, como ainda teria passado por fundas decepções, se vivêra(sic) bastante para ver provado por cientistas como R. Wallace, Hare, Varley, Crookes, Webert, Zôllner, etc., que um Espírito, sem ser um agênere, pode tomar um corpo fluídico, concretizado, tangível e no qual se observam a circulação do sangue e todas as aparências da vida; que esse corpo fluídico se desagrega tão depressa quanto se concretiza, exatamente como o fez, durante três anos o Espírito Katie King, enviado secundário, que desempenhava, no seu dizer, uma dolorosa missão, necessária ao seu adiantamento espiritual. “Allan Kardec, nas suas conversações e nos seus escritos, manifestava a pretensão de acoimar de Docetismo (Doutrina errônea, falsa e condenada) tudo o que tendesse a provar que o Cristo teve apenas um corpo fluídico, durante a sua permanência na Terra. “No jornal ‘La Vérité’, o sr. Philalétès falara de Docetismo. Allan Kardec se apoderou dessa expressão, para aplicá-la à nossa obra (“Os Quatro Evangelhos”). “Vamos responder a essa pretenção(sic), a essa insinuação, que, se não é intencional, prova que o autor do sistema preconcebido (Allan Kardec) não conhecia a Doutrina dos Docetas, pois que a considerava semelhante à nossa. “A revelação feita pelos Espíritos Superiores, tendo em vista a obra ‘Os Quatro Evangelhos’, explicados em espírito e verdade, está de conformidade com as modernas descobertas da ciência, com todas as asserções dos investigadores que vimos de citar. Allan Kardec ignorava esse fato ou o conhecia superficialmente, assim como não sabia bem o que era o Docetismo... (Grifo nosso) “Fôra um ato absurdo de incredulidade e de ignorância, elevadas à mais alta potência, aceitar o Docetismo como sendo a Revelação da Revelação, feita pelos Evangelistas e pelos Apóstolos, à guiza de explicação dos Quatro Evangelhos em espírito e verdade e também da incarnação do Cristo. “Matematicamente vamos provar à evidência o que avançamos...” (J. B. Roustaing, em “Os Quatro Evangelhos” – edição da FEB – Ano 1920, págs. 50 a 52) Explicam os redatores da editora da FEB:“- Que os espíritas e os partidários de Mirville e de Philalétès não esqueçam que Roustaing era advogado e fôra o bastonário da advocacia bordeleza, que tanto brilho deu à advocacia francesa”. E, acrescentam: “J. B. Roustaing foi um jurisconsulto sábio e profundo, advogado poderoso pela sua dialética e pela atração de sua eloqüência. Possuía também, no terreno das coisas humanas e divinas, uma ciência e uma erudição excepcionais hauridas em trabalhos imensos e em extraordinários estudos. (Nota de rodapé da pág. 52). E prosseguem: “É a esse homem, de coração simples e de espírito humilde, que Allan Kardec acusa, sem dúvida, inconscientemente, de fazer do Cristo incarnado pelo espírito um agênere, e, com o sr. Philalétès, de cujas palavras se apropriou, de resuscitar(sic) o Docetismo. Nem um nem outro havia lido Roustaing, ambos eram ignorantes e não culpados, mas espalharam escritos errôneos, o que constitui grande falta. (Nota dos discípulos de Roustaing). Prosseguindo, Roustaing, arvorando-se em mestre de Allan Kardec, (seu “honrado chefe espírita”, como declarara em carta datada de março de 1861), mostra o que é o Docetismo, distinguindo-o entre a ortodoxia e a herezia(sic), e conclui de maneira desaforada: “ – Estabelecido precisamente o em que consiste o Docetismo, aceitá-lo fôra de nossa parte dar guarida a uma absurdidade, praticar um ato de ignorância e de credulidade elevadas à mais alta potência...” (idem, pág. 56, primeiro parágrafo) Mais adiante, em nota de rodapé da pág. 66, referindo-se à aparição tangível de Katie King, descrita por William Crookes, lê-se: “- Este fato, verificado por verdadeiros sábios, prova que os adversários do Sr. Roustaing (inclusive Kardec, é claro) o condenaram a priori e que com mais acerto teriam procedido, se houvessem guardado um prudente silêncio. O criterium infalível e pessoal (de Allan Kardec) não pudera prever tudo. Esse foi o seu defeito capital...” Em nota de rodapé na pág. 67, Roustaing acrescenta: “ – Philalétès, filósofo de primeira ordem, imbuído de idéias teológicas, fruto de seus estudos, não podendo acreditar nessa operação tão rápida da formação e da desagregação de um corpo fluídico, pronunciou a palavra Docetismo, a qual foi vivamente adotada por Allan Kardec, que, até então, só falara de agênere. Os leitores deste último (Allan Kardec), englobando as duas qualificações errôneas (“docetismo” e “agênere”) disseram: “ – Nesse caso os sofrimentos de Maria, bem como os do Cristo, foram mentirosos”. A esses espíritas era indispensável um Jesus sangrento, choroso, gemebundo, andrajoso e ofegante.” NOSSO COMENTÁRIO Como um franco paladino, deixo bem claro aqui, que repudio, veementemente, todos esses qualificativos injustos e ofensivos que J. B. Roustaing dirigiu a Allan Kardec e se encontram no “prefácio” de sua obra “Os Quatro Evangelhos”, edição da FEB de 1920. E o Sr. Nestor João Masotti, Presidente da FEB, o que diz?! E os espíritas que integram esse Conselho Federativo Nacional da FEB, criado pelo Pacto Áureo de outubro de 1949, omissos e coniventes com o erro, o que têm a dizer?! E o Conselho Espírita Internacional como se pronuncia?! E os congressos espíritas como têm visto essas acusações injuriosas ao Codificador do Espiritismo?! Sim, que tem feito toda essa gente que se proclama “kardecista” e que, nos encontros, regularmente convocados, colocam nos programas previamente traçados o estudo da obra “A Gênese” de Allan Kardec, vão continuar assim, mudos, indiferentes e impassíveis, omissos?! E ainda há quem acredite que o Espírito de Allan Kardec esteve presente no II Congresso Espírita Brasileiro realizado em Brasília, em abril de 2007, quando se comemorou o bicentenário do lançamento de “O Livro dos Espíritos”!!! Santa ingenuidade!!! Eu não acredito, e, se quiserem provar que estou errado, esqueçam o conselho dado pelo Espírito do padre Manual da Nóbrega (Emmanuel) e evoquem o Espírito do glorioso Missionário de Lyon, o Sr. Allan Kardec. Devo deixar bem claro também que meu querido e saudoso pai, SEVERINO DE FREITAS PRESTES FILHO, desde 1925, quando se converteu ao Espiritismo, sempre foi kardecista, SÓ KARDECISTA. Estou seguindo o seu exemplo. Nas sessões de estudo das obras básicas da Codificação kardecista que fazíamos em casa, “A GÊNESE”, último livro do ilustre Missionário lionês, lançado em 1868, era sempre lido e comentado, principalmente o cap. XV que trata da superioridade da natureza de Jesus. Que saudades !!!

JINA MAHAVIRA

Jainismo é uma religião de grande antiguidade. Jina Mahavira Vardhamana, que foi contemporâneo sênior do Buda, foi sem dúvida o mais importante dos seus expoentes. Vindo das fileiras de guerreiros-governantes, ambos do Buda e Mahavira viu as implicações práticas imediatas do conceito fundamental Upanishadic da unidade da humanidade. Eles levantaram a sua voz em uníssono contra a prática predominante de atribuir às pessoas o seu lugar na sociedade em termos de seu nascimento e antecedentes familiares. Este foi o fundamento da estratificação de castas, que estes dois grandes mestres sentiam injustamente discriminatória. O Buda disse: "Por um nascimento não se torne um brâmane ou um intocável. Por ação e ação só alguém se torna um brâmane ou um intocável." Jina Mahavira afirmou a mesma coisa quando ele disse: "Por ação por si só não se torna um brâmane, um guerreiro, um plebeu ou um escravo." Ambos admitiram a suas ordens religiosas de todas as pessoas sem qualquer restrição ou preconceito.
Enquanto eles estavam em desacordo sobre muitos temas filosóficos, eles foram campeões da não-violência e paz, e usou um vocabulário comum para pregar um código de justiça. O Buda falou das restrições quádruplas (catuyamasamvara) do jainismo, mas observou que eles eram muito rigorosos. Isso era de se esperar do Buda, que pregava a moderação como o cerne de seu Caminho do Meio. Mahavira, por sua vez, achava que os ensinamentos do Buda refletiu inação ou descolamento da ação.
É na sua abordagem ao dogma que fizeram uma contribuição significativa para a promoção da intelectualidade livre e open-minded. Syadvada Mahavira (literalmente, "talvez a teoria ') alertou que qualquer afirmação poderia ser verdadeira ou válida apenas relativamente em relação a um contexto particular. O Buda, por outro lado, foi específica em seu conselho que não se deve acreditar em qualquer coisa, porque foi em um livro, foi ensinado por um professor de quem se gostava e assim por diante.
O tempo estes dois baluartes caminhou pelas mesmas ruas e falou de seus diferentes caminhos de libertação para as mesmas pessoas devem ter, sem dúvida, foi muito emocionante.
Juntos, suas palavras, atos e pensamentos inspiraram milhões de pessoas com mais de vinte e cinco séculos e legou à humanidade duas grandes culturas exemplificadas pelo trabalho de muitos nobre de arte, edifícios magníficos da beleza arquitectónica requintada e estimulando literaturas de criatividade admirável.

- Dr. WP Ananda Guruge
Assessor Especial Sênior
ao Diretor-Geral da UNESCO,
ex-embaixador do Sri Lanka para os EUA,
Eminent Scholar budista

12 abril 2012

O ESPIRITISMO E AS CIVILIZAÇÕES EXTRATERRESTRES

O ESPIRITISMO E AS CIVILIZAÇÕES EXTRATERRESTRES
(PUBLICADO PELA REVISTA UFO, Nº 119, DE FEVEREIRO DE2006)
Desde as mais recuadas épocas o Universo tem nos acenado com a possibilidade, cada vez mais admissível, de existência de vida fora do planeta Terra. E, ao elevarmos a fronte em direção ao firmamento, uma profunda intuição nos dá a certeza de que Deus não ergueria bilhões de corpos celestes apenas para nossa contemplação.Sob o ponto de vista estatístico, no mínimo, seria uma grave incoerência nosarrogarmos os únicos moradores deste Cosmo Infinito. Fato é que, astros como a Terra, pululam aos milhões na Via Láctea, que, por sua vez, é apenas uma dentreas mais de 400 bilhões de outras galáxias.Ademais, de 1995, até os dias atuais, foram descobertos mais de 140 (centoe quarenta) planetas situados além do sistema solar.Prestamo-nos, portanto, no presente estudo, a demonstrar, por todas ascomunicações mediúnicas até hoje recebidas, a total consonância dosensinamentos dos Espíritos, que compõem a Doutrina Espírita, com asinvestigações ufológicas, que, através dos tempos, nos têm dado provassubstanciais acerca da existência de vida extraterrena.Costumamos afirmar que o Espiritismo é o Cristianismo Redivivo, pois, comotal, nos vêm apresentar, com amplitude de entendimento, os ensinamentos deordem filosófica, com profundas implicações científicas, repletas de religiosidadecósmica, oferecidos pelo Cristo.E foi assim que, na França, a partir de 18 de abril 1857, data do lançamentode
O Livro dos Espíritos,
primeira obra basilar do Espiritismo, passamos a ter orespaldo das Inteligências Celestiais, que vinham para atestar a Pluralidade dosMundos Habitados, revivendo, na verdade, o próprio Jesus, quando assimsentenciou:
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim,eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.” (João 14 : 2).
DE CAPELA PARA O PLANETA TERRAREENCARNAÇÃO DOS EXTRATERRESTRES
Uma dessas maravilhosas moradas merece especial atenção, justamente porter marcado sensivelmente toda a história do planeta Terra.Referimo-nos a um daqueles maravilhosos planetas, submetido à orbita deuma espetacular estrela, distante da Terra cerca de 42 anos-luz, situada naConstelação de Cocheiro que, entre nós, foi batizada pelo nome de Cabra ouCapela.Aquele orbe passava por grandes transformações, sobretudo morais, que ocredenciavam a uma ascensão na escala evolutiva dos mundos.Havia, contudo, naquele planeta, como hoje na Terra, alguns milhões deEspíritos rebeldes que obstaculavam a consolidação do progresso que não mais sepoderia adiar.Conta-nos o Espírito Emmanuel, através da obra
A Caminho da Luz,
sobpsicografia de Francisco Cândido Xavier, que as grandes comunidades diretoras doCosmo deliberaram, então, por localizar aqueles espíritos pertinentes no mal aquina Terra, que à época do expurgo, encontrava-se numa posição bastante primitiva,razão pela qual passariam a animar os corpos dos homens primatas.Entretanto, ressalte-se que, muito embora decaídos moralmente, aquelafalange de exilados manteve em seu inconsciente todos os progressos intelectuais
individualmente conquistados no planeta de origem, que foram desabrochandolentamente à medida em que reencarnavam sucessivamente, o que se tornoupossível pela gradual evolução dos corpos físicos, efetivada através dos tempos.Esse despertar intelectual resultou na formação das chamadas raçasadâmicas, troncos das principais civilizações antigas, tais quais: Egito, Índia, Chinae Israel, cuja origem é, por conseguinte, indubitavelmente extraterrestre.Certamente chegaremos a tal conclusão ao analisarmos, por exemplo, asmaravilhosas contribuições deixadas pela civilização egípcia, nos mais variadoscampos do conhecimento humano. Até hoje, a propósito, temos tentado, de possede nossa “avançada” tecnologia, desvendar o mistério que ainda cerca aconstrução das grandes pirâmides, que, sem dúvida alguma, foi resultado daaplicação da mais pura
tecnologia extraterrestre.
Assim nos falou
Emmanuel
a respeito do Antigo Egito:
“Foi por esse motivo que, representando uma das mais belas e adiantadascivilizações de todos os tempos,
as expressões do antigo Egitodesapareceram para sempre do plano tangível do planeta
.
Depois de perpetuarem nas Pirâmides os seus avançados conhecimentos,

todos osEspíritos daquela região africana regressaram à pátria sideral
.” grifei (ACaminho da Luz-Editora FEB, psicografia de Chico Xavier)
Significa dizer que os
extraterrestres egípcios,
após terem cumprido comsabedoria sua trajetória expiatória na Terra, fizeram por merecer retornar ao seumaravilhoso planeta de origem. Prova disso é que o Egito de hoje é, sob todos osaspectos, um pálido reflexo do que representou outrora para toda a humanidade.Mas a realidade é que espíritos de outros planetas, ainda hoje, têmreencarnado na Terra. Na
questão 172,
de
O Livro dos Espíritos,
AllanKardec assim indagava:
As nossas diversas existências corporais se verificam todas na Terra?
Ao que responderam os Espíritos:
“Não;
vivemo-las em diferentes mundos.
As que aqui passamos não sãoas primeiras, nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantesda perfeição.” (grifei)
Estabelecida está, portanto, a indubitável existência de
vidaextraterrestre,
além da franca possibilidade de reencarnações de espíritos dediversos mundos em nosso planeta, sem que nos apercebamos dessa realidade;reencarnações essas, das mais materiais, conforme acima se observa. Isso se justifica pela análise da nota de Kardec ligada à
questão 188
daquela mesmaobra basilar, que assim nos esclarece:.
“De acordo com o ensinamento dos Espíritos, de todos os globos quecompõem o nosso sistema planetário, a Terra é onde os habitantes são menosavançados, tanto física como moralmente (...).”
Basta atentarmos para os acontecimentos diários para, de fato, atestarmos arealidade de que habitamos um mundo ainda muito primitivo; repleto de provas eexpiações, como habitualmente rotulamos, no qual, ainda que transitoriamente, omal predomina sobre o bem; onde o orgulho e o egoísmo, duas terríveis chagas dahumanidade, nos impedem de alçar vôos mais longos em direção a planetas que,certamente, não estão assim tão distantes de nós, pois fazem parte de nossafamília solar, como por exemplo: Marte.

A VIDA NO PLANETA MARTE — SEGUNDO O ESPIRITISMO
No ano de 1935 vinha a lume a obra
Cartas de Uma Morta (EditoraLAKE)
,
uma coletânea de mensagens psicografadas por Francisco Cândido Xavier,na qual o
Espírito Maria João de Deus,
sua mãe natural, descrevia aspectosinteressantes e surpreendentes sobre a vida marciana.Mais tarde, em crônica datada de
25 de julho de 1939
, integrante da obraintitulada
Novas Mensagens (Editora FEB)
,

o
Espírito Humberto de Campos,
também sob psicografia de Chico Xavier, nos trazia informações complementares,corroborando o relato anterior.Analisemos, comparativamente, as comunicações recebidas sob o mesmotema:
ASPECTOS GERAIS:

Vi-me à frente de um lago maravilhoso, junto de uma cidade, formada deedificações profundamente análogas às da Terra.”
(Maria João de Deus— Cartas de uma Morta)
“Ao longe, divisei cidades fantásticas pela sua beleza inaudita, cujos edifícios, dealgum modo, recordavam a Torre Eiffel ou os mais ousados arranha-céus de NovaYork (...). Ante os meus olhos atônitos, rasgavam-se avenidas extensas e amplas,onde as construções eram profundamente análogas às da Terra.”
(Humberto de Campos — Novas Mensagens)
“Percebi que a vida da humanidade marciana é mais aérea. Poderosas máquinas,muitíssimo curiosas na sua estrutura, cruzavam os ares, em todas as direções”
(Maria João de Deus — Cartas de uma Morta)
“Máquinas possantes, como se fossem sustidas por novos elementos semelhantesao “Hélium”, balouçavam-se, ao pé das nuvens, apresentando um vasto sentido deestabilidade e de harmonia, entre as formas aéreas.”
(Humberto de Campos — Novas Mensagens) ASPECTOS GEOGRÁFICOS
“Percebi, perfeitamente, a existência de uma atmosfera parecida com a da Terra,mas o ar, na sua composição, afigurava-se-me muitíssimo mais leve. Assegurou-me, então, o Mestre, que me acompanhava (na excursão) que a densidade emMarte é sobremaneira mais leve, tornando-se a atmosfera muito rarefeita. (...) Apenas a vegetação era ligeiramente avermelhada, mas as flores e os frutos particularizavam-se pela variedade de cores e de perfumes. (...). Vi oceanos,apesar da água se me afigurar menos densa e esses mares muito pouco profundos. Há ali um sistema de canalizações, mas não por obras de engenhariados seus habitantes, e sim por uma determinação natural da topografia do planetaque põe em comunicação contínua todos os mares (...).”
(Maria João de Deus — Cartas de uma Morta)
“Dentro da atmosfera marciana experimentamos uma extraordinária sensação deleveza (...).A vegetação de Marte, educada em parques gigantescos, sofria grandesmodificações, em comparação com a da Terra. É de um colorido mais interessantee mais belo, apresentando uma expressão de tonalidade avermelhada em suascaracterísticas gerais. Na atmosfera, ao longe, vagavam nuvens imensas,levemente azuladas, que nos reclamaram a atenção, explicando-nos o mentor dacaravana que se tratava de vapor d’água, criadas por máquinas poderosas daciência marciana, a fim de que sejam supridas as deficiências do líquido nas
regiões mais pobres e mais afastadas do sistema de canais, que ali coloca osgrandes oceanos polares em contínua comunicação uns com os outros.”
(Humberto de Campos — Novas Mensagens) ASPECTO FÍSICO DOS HABITANTES:
“Vi homens mais ou menos semelhantes aos nossos irmãos terrícolas, masos seus organismos possuíam diferenças apreciáveis. Além dos braços tinham aolongo das espáduas ligeiras protuberâncias à guiza de asas que lhes prodigalizavam interessantes faculdades volitivas.”
(Maria João de Deus — Cartas de uma Morta)
“Tive, então, o ensejo de contemplar os habitantes do nosso vizinho, cujaorganização física difere um tanto do arcabouço típico com que realizamos asnossas experiências terrestres. Notei, igualmente, que
os homens de Marte nãoapresentam as expressões psicológicas da inquietação em que semergulham os nossos irmãos das grandes metrópoles terrenas.
Uma aurade profunda tranqüilidade os envolve. É que, esclareceu o mentor que nosacompanhava, os marcianos já solucionaram os problemas do meio e já passaram pelas experimentações da vida animal, em suas fases mais grosseiras. Nãoconhecem os fenômenos da guerra e qualquer flagelo social seria, entre eles, umacontecimento inacreditável”.
(Humberto de Campos — Novas Mensagens)
Vê-se, portanto, tratar-se de uma coletividade extremamente evoluída sob oponto de vista moral, desfrutando de suas conquistas individuais elaboradas aolongo das encarnações. E, como planeta totalmente equilibrado, estando seushabitantes plenamente consciente de suas funções no Plano Divino, o progressocientífico assumiu semelhantes feições, que os tornaram aptos, por exemplo, aconstruir poderosos telescópios, capazes de perscrutar a Terra, aumentando-lhe aimagem mais de 100.000 vezes, chegando ao extremo de examinar, inclusive, asvibrações de ordem psíquica, que, a próposito, são motivos de grande preocupaçãopara os marcianos, razão pela qual, muito constantemente, têm nos enviado, comsolicitude divina, diversas mensagens através de ondas luminosas que seconfundem com os raios cósmicos, cuja presença no mundo, por vezes, têm sidoregistradas, muito embora, por enquanto, não tenham podido ser decifradas acontento.
A VIDA EM SATURNO — SEGUNDO O ESPIRITISMO
Ainda na obra
Cartas de Uma Morta,
encontramos a descrição da vida noplaneta Saturno, afirmando-nos, a autora espiritual, ser um mundo constituído deuma população extremamente mais evoluída que a nossa, cuja constituição físicanão guarda qualquer semelhança com o hominídeo.Dotados da mais alta sabedoria, desconhecem as guerras, as sensaçõesanimalizantes, os vícios, enfim, dedicando-se à constante intensificação do poderintelectual. Possuem amplo domínio sobre os poderes da natureza que canalizampara as mais nobres realizações. Guardam, ainda, pleno conhecimento dasdificuldades pelas quais passamos no planeta Terra, enviando-nos, constantementesuas mais puras vibrações.
AS CONTRIBUIÇÕES DA CIÊNCIA
Ante tudo o que expusemos, alguém poderá questionar: Que populações sãoessas que habitam tais planetas, cuja existência, as mais variadas incursões

científicas não foram capazes de atestar?Poderão, certamente, citar as diversas sondas enviadas até o planeta Marte;desde a missão fracassada da
Marsnik 1,
enviada pela URSS em 1960, até a bemsucedida
Pathfinder,
fruto do investimento de milhões de dólares que, tendopousado em solo marciano em 04/07/1997, liberou, dois dias após, o veículoteleguiado denominado
Sojourner.

Durante meses diversas imagens nos foramtransmitidas, entretanto, em momento algum foram encontrados quaisquerindícios de vida orgânica, como a temos na Terra.Por extensão de raciocínio, poderíamos dizer: Se nos é defeso, enquantoencarnados, visualizar aspectos da civilização marciana, mesmo de posse dos maishodiernos recursos da tecnologia astronômica, a que espécie de vida, afinal, sereferiram os Espíritos Humberto de Campos e Maria João de Deus em suasrevelações?Primeiramente devemos dizer que, em decorrência da alta tecnologiapraticada em Marte, é provável que os nossos aparatos tecnológicos visualizem tãosomente aquilo que eles permitam, em virtude de nossa inferior condição moral.Mas pode ser também que os corpos e as edificações de Marte tenham umaconstituição bastante deferenciada da nossa.Recorramos à
questão 181,
de
O

Livro dos Espíritos
, na qual o mestre deLyon indagava:Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aosnossos?A que os Espíritos respondem:
“Sem dúvida possuem corpo, porque é preciso que o Espírito esteja revestidode matéria para agir sobre a matéria. Porém, esse corpo é mais ou menosmaterial, de acordo com o grau de pureza a que chegaram os Espíritos. E é issoque diferencia os mundos que devem percorrer; porque há muitas moradas nacasa de nosso Pai e, portanto, muitos graus (...)”.
E mais adiante,
à questão 186,
Kardec questionaria:
“Há mundos em que o Espírito, deixando de habitar um corpo material, temapenas como envoltório o perispírito?
Tendo obtido o seguinte esclarecimento:
-Sim, há. Nesses mundos até mesmo esse envoltório, o perispírito,
torna-setão etéreo que para vós é como se não existisse
. É o estado dos Espíritos puros (grifei).
Percebemos, destarte, que os Espíritos que ora habitam o planeta Marte,ainda que não se encontrem num patamar evolutivo de absoluta pureza,certamente se fazem revestir de um corpo de matéria tão sutil que nossa visão nãose encontra aparelhada para captar.Importante ressaltar que quanto mais evoluídos forem os habitantes, maisequilibrados, em todos os sentidos, serão os planetas que lhes servirão de moradae menos grosseiros os corpos de que se revestirão em suas encarnações.E foi por respeitar profundamente as investigações científicas a respeito dotema, que Kardec, certamente orientado pelos Espíritos Superiores, assim,estatuiu:
“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais seráultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em
erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se umaverdade nova se revelar, ele a aceitará”
(Kardec, A Gênese, capítulo I,item 55).
INTERCÂMBIO COM EXTRATERRESTRES
Cremos, portanto, na existência, para nós comprovada, dos extraterrestres,pois que os consideramos espíritos eternos que habitam conosco o Universo, nosmais variados graus evolutivos.Bem sabemos que, na escala dos planetas, existem aqueles ainda inferiores à Terra, moral e intelectualmente. Outros, certamente, se encontram num patamarsuperior, em todos os sentidos, não porque sejam seres de exceção, criados purosou melhores, mas, sim, porque souberam conquistar essa condição ao longo dassucessivas encarnações a que estamos todos sujeitos. Tornaram-se, portanto,inteligências atuantes, capazes de construir os mais avançados aparatostecnológicos que lhes permite deslocar-se no espaço em velocidades até agorainimagináveis pelos terráqueos. Em vista disso, não há que se negar apossibilidade de contato com nossos irmãos de outros sistemas planetários, nosdiversos graus catalogados pela Ufologia, com base em registros históricosfidedignos espalhados por todo o mundo.
DA COMUNICAÇÃO MEDIÚNICA COM EXTRATERRESTRES
Estando os habitantes de outros orbes submetidos às mesmas leis universais,que eles compreendem num grau mais elevado ainda, não podemos negar,também, a possibilidade de intercâmbio mediúnico desses conosco, guardadas asdevidas possibilidades mediúnicas inerentes a cada ser e as dificuldades de setransformar, no inconsciente do médium, pensamentos em palavras que possamser compreendidas por nós. Além, é claro, da utilidade e urgência da mensagemque se pretende transmitir.É importante ressaltar que as ondas mentais estão no domínio de todos osprocessos de comunicação mediúnica, e, portanto, pode se dar que o contato sedesencadeie pela telepatia, em que um desencarnado transmite suas idéias queserão codificadas pelo médium, na medida de sua sensibilidade e aptidão. Por isso,nos afirma Kardec que somos todos médiuns em maior ou menor grau. Vivemos,portanto, num oceano de mentalizações que não conhecem obstáculos.Imaginemos, outrossim, a questão da psicografia: Quando um espíritodesencarnado, que tenha ou não vivenciado sua experiência reencarnatória na Terra, deseja se manifestar, ele o faz agindo, não sobre a mão do médium, como seestivesse a tomá-la, mas, sim, atuando na região psicomotora do cérebro, que,então, desencadeará o movimento da escrita.Poderá ocorrer, em tese, que a comunicação se dê pela psicofonia, quando odesencarnado fala através do médium, ou, poderá se dar, ainda, umamaterialização plena ou parcial de um extraterrestre que tenha se despojado deseu corpo físico, como o entendemos na Terra, ainda, que esse tipo demanifestação seja raro nos dias atuais.Queremos por fim, ressaltar que não há qualquer impedimento para que seprocesse um contato mediúnico de fora do planeta para a comunidade terrestre,até porque, pela sutileza dos corpos de que são dotados alguns extraterrestres,não deverão estar necessariamente “desencarnados” para que se cumpra ointercâmbio a nível mediúnico.
A OPINIÃO DE CHICO XAVIER


Em 1971, Chico Xavier submeteu-se a uma entrevista no programa PingaFogo, da TV Tupi. Através da mediunidade auditiva, conforme declararia mais tarde,Chico foi totalmente assessorado por Emmanuel em suas respostas.E a pergunta que nos interessa lhe foi feita nos seguintes termos:
“Será possível, ainda, em nossa civilização, o homem entrar em contato com civilizaçõesde outros planetas?"
Ao que obteve a seguinte resposta:
"Se não entrarmos numa guerra de extermínio nos próximos 50 anos, então poderemos esperar realizações extraordinárias da ciência humana, partindo daLua. (...)Portanto não podemos acusar nossos irmãos que estão se dirigindo à Lua para pesquisas que devem ser consideradas da máxima importância para o nosso progresso futuro, pois as despesas serão naturalmente compensadas com, talvez,a tranqüilidade para uma sociedade mais pacífica na Terra, porque se nãoentrarmos num conflito de proporções imensas, é possível que o homem construana Lua cidades de vidro — cidades estufa — onde cientistas possam estabelecer pontos de apoio para observação da nossa galáxia.Tais cidades não são sonhos da ciência, e com muito sacrifício dahumanidade poderão ser feitas, e com elas poderão obter azoto, oxigênio, usinasde alumínio e formações de vidro e matéria plástica na própria Lua, e a água seráfornecida pelo próprio solo lunar.Teremos, quem sabe, a possibilidade de entrar em contato com outrascomunidades da nossa galáxia, então vamos definitivamente encerrar o períodobélico na evolução dos povos terrestres, pois vamos compreender que fazemos parte de uma grande família universal, pois não somos o único mundo criado por Deus.Portanto nós precisamos prestigiar a paz nos povos, com a delegaçãomáxima para a ciência, para que possamos auferir esses benefícios num futurotalvez mais próximo do que remoto, se fizermos por merecer."
Entretanto, infelizmente, enquanto humanidade ainda desviada do caminhodo bem, preferimos despender grandes recursos econômicos e morais no poderiobélico, em busca das guerras fratricidas que alimentam os interesses financeiros,embalados pelo personalismo inferior e a vaidade avassaladora.Pretendemos encerrar nossa modesta contribuição para a temática falandobrevemente de Jesus, que, para nós espíritas, foi, e será sempre, o Espírito maisperfeito que Deus nos concedeu como Guia e Modelo. Não foi, absolutamente, umser de exceção, criado à revelia das Leis Naturais, pois que viveu inúmerasencarnações até chegar ao patamar em que se encontra. Não as viveu na Terra,mas em outros planetas, onde construiu sua autoridade moral e intelectual comesforço próprio desencadeado ao longo dos séculos.Segundo as tradições espirituais, há bilhões de anos, Ele já fazia parte deuma Comunidade de Espíritos Puros, responsabilizando-se pela formação desteorbe, desde os seus primeiros momentos.Espíritos da qualidade de Jesus encontram-se em toda parte do Universo, aconvidar, num apelo constante, todas as coletividades planetárias para que seunam em torno de uma sublime determinação, que é a solução para toda aproblemática humana, pois que resume plenamente a
Religião Universal
, a serpraticada em todos os cantos e recantos do Universo e que foi magistralmenteeternizada pelo Cristo Planetário, com as seguintes palavras:
“Amarás, pois, aoSenhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teuentendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E osegundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não háoutro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12 : 30 e 31).


(PUBLICADO NA REVISTA UFO, nº 119, EDIÇÃO DE FEVEREIRO DE2006)José Marcelo Gonçalves Coelho
josemarcelo.coelho@ig.com.br
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
XAVIER, Francisco CândidoNovas Mensagens, Editora FEB; pelo Espírito Humberto de CamposCartas de Uma Morta, Editora LAKE; pelo Espírito Maria João de DeusA Caminho da Luz, Editora FEB; pelo Espírito Emmanuel.KARDEC, AllanO Livro dos Espíritos, editora da Federação Espírita BrasileiraA Gênese, editora da Federação Espírita BrasileiraRevista Espírita, Ano I, agosto de 1858, número 8 JESUS, Novo Testamento, Evangelho de João, cap.14 e Evangelho de Marcos cap.12

11 abril 2012

ESPIRITISMO E HOMEOPATIA

Com o conceito de que o “semelhante cura o semelhante”, o alemão Samuel Hahnemann desenvolveu por volta de 1800 a homeopatia. Segundo o princípio de semelhança, também chamado de Lei de similitude, ‘e que são desenvolvidos os tratamentos homeopaticos. Isto quer dizer que a homeopatia usa para curar uma doença, uma substância capaz de provocar sintomas semelhantes ao da doença. Esse princípio se opõe exatamente ao utilizado pela alopatia, que se utiliza de uma substância a qual ira agir de forma contrária à enfermidade, ou seja um medicamento tradicional tem a finalidade de combater o agente causador da doença. Assim, diante de uma insônia, enquanto o método alopático prescreve uma droga de efeitos soníferos, a Homeopatia indicará uma substância que pode produzir a mesma insônia que o paciente sofre. No entanto, para que o medicamento não sobreponha seus efeitos aos da própria enfermidade, ele é submetido a uma diluição e agitação, processo chamado dinamização, de forma a ser empregado em doses mínimas e infinitesimais, chegando a máxima que quanto mais diluído a substância, maior será o seu poder de cura. Desta maneira perde a substância todo e qualquer efeito tóxico e passa a agir estimulando o organismo a reagir contra a sua própria enfermidade. Portanto, podemos considerar que a Homeopatia age dentro dos princípios de ação e reação, estimulando o organismo a reagir contra o seu próprio mal.

Na Homeopatia a ação dos medicamentos não é de natureza material ou química, mas sim de ordem dinâmica, “fluídica”. E este ‘e o fator que liga a homeopatia ao espiritismo. ‘E verdadeiramente imaterial, decorre não de um principio ativo da substância medicamentosa, mas de um dinamismo próprio de algo que, no seu âmago, se encontra com a sua potencialidade de ação como que reprimida e oculta, sendo que a substância natural que lhe serve de base (extrato natural de plantas) seja submetida a um processo especial de desmaterialização, que trata-se da diluição com dinamização por agitação molecular, que ‘e realizada até a inexistência de qualquer resíduo físico presente no medicamento. Transformam-se em essência depois de atingido a 12ª diluição centesimal (12CH), quando se ultrapassa o limiar de dispersão molecular. Por isso eles podem atuar na unidade sutil do ser.

Tal a razão de afirmar-se: “mente sã, corpo são”.

Para o tratamento homeopático não interessa a doença e sim o doente, como um todo, todos seus sintomas mentais, espirituais e físicos.

Na infância aprendemos que o corpo humano é dividido em cabeça tronco e membros. Está certo... Mas, é apenas um resumo. Somos constituídos de corpo físico, corpo etérico, corpo astral (perispírito), corpo mental e espírito. Assim fica mais fácil entendermos que a homeopatia age fundamentalmente sobre o “perispírito” (transformação do fluido universal, a fim de se poder unir o espírito à matéria). Como o Perispírito está ligado átomo a átomo, célula a célula ao corpo físico, tudo o que passa num, repercute imediatamente no outro. Nesse sentido, o equilíbrio funcional do perispírito pode ser perturbado por agentes fluídicos, da mesma natureza portanto que ele, e essa perturbação, repercutindo no corpo físico, torna-o também enfermo. Do mesmo modo, pela ação de elementos também fluídicos, porém, salutares, pode normalizar-se o perispírito e, consequentemente, o organismo material, intimamente ligado a ele, volta ao seu normal funcionamento.

Como a homeopatia visa curar o doente e não a doença, o medicamento homeopático trabalha na nossa essência energética, ou fluído vital e vai interferir na causa mais profunda da doença antes mesmo que ela se manifeste. Adoecemos, quase sempre, pelo desequilíbrio psíquico o qual provoca uma alteração energética (fluídica) que irá repercutir no corpo físico.

Como a maioria de seus contemporâneos, Hahnemann acreditava que a saúde era uma questão de equilíbrio e harmonia, mas para ele era a força vital, o espírito contido no corpo, que produziam o balanceamento e a harmonização, ou seja, a cura.

Os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de substancias naturais provenientes dos reinos Animal, Vegetal e Mineral. No seu preparo são usadas tanto substancias que possuem ação tóxica, como as consideradas não tóxicas, ou inertes. Através de um processo de diluições e dinamizações sucessivas, a força curativa das substancias fica armazenada nas moléculas de água ou álcool da solução utilizada para o preparo dos medicamentos.

Os medicamentos sintetizados apartir de matéria natural, são considerados vivos, e cada ser vivo emite vibrações em forma de energia vibratória, produzindo a energia vital. Por isso devemos considerar alem da homeopatia a fitoterapia e os florais de Bach como formas de tratamento que envolvem energia vital, mas sem esquecer que apenas na homeopatia ocorrem as dinamizações que tornam o medicamento “fluídico”, podendo este então atuar no perispirito do individuo doente.

A maioria dos extratos ativos utilizados na homeopatia, tem sua base diluída em água que é um ótimo condutor de força eletromagnética, e proporciona a absorção dos fluidos sobre ela projetados, os conserva e os transmite ao organismo doente quando ingerida.

Basta ter amor e acreditar, dentro do potencial de nossa própria fé, lembrando que Deus nos deu essa imensa natureza para que dela nos sirvamos como a um bálsamo de alívio e cura a todos os males.

Uma importante característica da Homeopatia é o conhecimento da maneira como o organismo reage ao estímulo do medicamento. O organismo irá responder com uma série de reações que em seu conjunto compõem o que chamamos de Lei de Cura. De modo geral podemos dizer que haverá inicialmente uma etapa de piora dos sintomas para se seguir uma melhora duradoura e abrangente. Essa etapa de piora mostra que, ao retornarem, as doenças na verdade não haviam sido curadas levando então a conclusão de que a doença, não é o que se vê e se analise por meios materiais, mas sim a projeção de uma energia mórbida proveniente da mente ou espírito, sendo então absorvida pelo órgão em uma tentativa de aliviar ou curar os planos mais profundos. Então concluiu-se que um órgão poderá se ver livre do processo mórbido sem que na verdade se cure a sua doença, ou seja, ela pode ser simplesmente suprimida. A supressão dos sintomas físicos, faz o organismo lançar o adoecimento em um lugar mais profundo, e cada vez que se aprofunda a doença, o sistema emocional irá piorando, até o ponto em que somente ele adoecerá. O processo se aloja então na própria mente. Dessa forma vemos que as doenças físicas são, na verdade, mecanismos defensivos da mente ou espírito. Devemos lembrar também que a cura verdadeira deve partir do próprio doente, pois ele é quem se deixa contaminar com a enfermidade.

A homeopatia se une assim aos ensinamentos espíritas, que nos informa ser a doença um mecanismo de cura do espírito imortal. Somos levados a concordar com o nobre mentor André Luiz que na obra Entre a Terra e o Céu, nos relata: “A carne é assim como um filtro que retém as impurezas do corpo perispiritual, liberando-o dos males nela adquiridos. [...] Compreendemos, assim, que as enfermidades complicadas e longas guardam função específica [...] O corpo físico funciona como um abafador da moléstia da alma, sanando-a, pouco a pouco” – não é preciso maior clareza para compreendermos, enfim, que toda doença cumpre um papel no ordem do destino individual e não é obra de mero acaso ou fracasso biológico, como a ciência materialista nos induziu a pensar. E isso requer modificar nossos parâmetros terapêuticos diante dela. Para isso veio ao mundo a Medicina Homeopática.

Mas não podemos nos deixar influenciar pela cultura na qual vivemos, de que o tratamento deve ser anestésico e imediatista, no qual a minoria das pessoas buscam uma cura profunda, pois esta requer um processo, nem sempre agradável, de auto-conhecimento, e não muito fácil, de auto-burilamento. Esta minoria sabe que existem cápsulas e comprimidos para dores de cabeça, mas cápsulas ou doses homeopáticas de carinho, confiança, forca de vontade e fé em Deus, - não existem.

09 abril 2012

O ESPIRITISMO INDEPENDENTE.

Uma carta, que nos foi escrita há algum tempo, nos falava do projeto de dar a uma publicação periódica o título de Journal du Spiritisme indépendant. Esta idéia, sendo evidentemente o corolário daquela do Espiritismo sem os Espíritos, vamos tentar colocar a questão sobre seu verdadeiro terreno.

Primeiro, o que é o Espiritismo independente? Independente de quê? Uma outra carta o diz claramente: é o Espiritismo livre, não só da tutela dos Espíritos, mas de toda direção ou supremacia pessoal, de toda subordinação às instruções de um chefe, cuja opinião não pode, tendo em vista que não é infalível.

Esta é a coisa mais fácil do mundo: ela existe de fato, uma vez que o Espiritismo, proclamando a liberdade absoluta de consciência, não admite nenhum constrangimento em matéria de crença, e que jamais contestou a ninguém, o direito de crer à sua maneira em matéria de Espiritismo como em toda outra coisa. Deste ponto de vista, nós mesmos nos achamos perfeitamente independentes, e entendemos aproveitar dessa independência. Se há subordinação, ela é, pois, toda voluntária; bem mais, não é a subordinação a um homem, mas uma idéia que se adota porque ela convém, que sobrevive ao homem se ela é justa, que cai com ele ou antes dele, se é falsa.

Para se libertar das idéias dos outros, é preciso necessariamente ter idéias em si; essas idéias, procura-se naturalmente fazê-las prevalecer, sem isto se as guardaria para si; proclamasse-as sustentasse-as defendesse-as, porque se as crê a expressão da verdade, porque admitimos a boa-fé, e não o único desejo de derrubar o que existe; o objetivo é reunir quanto mais partidários possível, e eis que aquele que não quer chefe se coloca ele mesmo em chefe de seita, procurando subordinar os outros às suas próprias idéias. Aquele que diz, por exemplo: "Não é preciso mais receber as instruções dos Espíritos," não emite um princípio absoluto? Não exerce uma pressão sobre aqueles que as querendo, delas desviam em receber?

Se funda uma reunião sobre essa base, dela deve excluir os partidários das comunicações, porque, se estes últimos estiverem em maioria, eles farão a lei. Se as admite, é que recusa obtemperar ao seu desejo, atenta liberdade que têm contra a de reclamar. Que inscreva sobre seu programa: "Aqui não se dá a palavra aos Espíritos," e então aqueles que desejarem ouvi-los ter-se-ão por dito e ali não se apresentarão mais.
Sempre dissemos que uma condição essencial de toda reunião Espírita é a homo-geneidade, sem o que há dissenção.

Aquele que a fundasse sobre uma base de rejeição das comunicações estaria em seu direito; se ali não admite senão aqueles que pensam como ele, faz bem, mas não é fundado dizer que, porque não o quer mais, ninguém o deve querer. Certamente, é livre para agir como o entende; mas se quer a liberdade para si, deve querê-la para os outros; uma vez que defende suas idéias e critica a dos outros, se for conseqüente consigo mesmo, não deverá achar mau que os outros defendam as deles e critiquem as suas.

Em geral, esquece-se muito de que acima da autoridade de um homem há uma à qual quem se coloca como representante de uma idéia não pode se subtrair: é à de todo o mundo; a opinião geral é a suprema jurisdição que sanciona ou derruba o edifício dos sistemas; ninguém pode se livrar da subordinação que ela impõe. Esta lei não é menos onipotente em Espiritismo. Quem fere o sentimento da maioria e a abandona deve esperar por isto ser abandonado; aí está a causa do insucesso de certas teorias e de certas publicações, abstração feita do mérito intrínseco destas últimas, sobre a qual freqüentemente se tem ilusão.

Não é preciso perder de vista que o Espiritismo não está enfrentado nem num indivíduo, nem em alguns indivíduos, nem num círculo, nem mesmo numa cidade, mas que seus representantes estão no mundo inteiro, e que entre eles há uma opinião dominante e profundamente recomendada; crer-se forte contra todos, porque se tem a aprovação dos que o cercam, é se expor a grandes decepções.

Há duas partes no Espiritismo: a dos fatos materiais, e a de suas conseqüências morais. A primeira é necessária como prova da existência dos Espíritos, também é aquela pela qual os Espíritos começaram; a segunda, que dela decorre, é a única que pode levar à transformação da Humanidade pela melhoria individual. A melhoria é, pois, o objetivo essencial do Espiritismo. É para o que deve tender todo espírita sério. Tendo deduzido essas conseqüências segundo as instruções dos Espíritos, definimos os deveres que essa crença impõe; o primeiro inscrevemos sobre a bandeira do Espiritismo: Fora da caridade não há salvação, máxima aclamada, em seu aparecimento, como o facho do futuro, e que logo deu a volta ao mundo em se tornando a palavra de união de todos aqueles que vêem no Espiritismo outra coisa do que um fato material.

Por toda a parte ela foi acolhida como símbolo da fraternidade universal, como uma garantia de segurança nas relações sociais, como a aurora de uma era nova, onde devem extinguir os ódios e as dissenções.
Compreende-se-lhe tão bem a importância, que já se lhe recolhem os frutos; entre aqueles que dela fazem uma regra de conduta, reinam a simpatia e a confiança que fazem o encanto da vida social; em todo Espírita de coração, vê-se um irmão com o qual se é feliz em encontrar-se, porque sabe-se que aquele que pratica a caridade não pode nem fazer nem querer o mal.

Foi, pois, de nossa autoridade particular que promulgamos esta máxima? E quando a tivéssemos feito, quem poderia achá-la má? Mas não; ela decorre do ensino dos Espíritos, que eles mesmos a hauriram nos do Cristo, onde ela está escrita com todas as letras, como pedra angular do edifício cristão, mas onde restou enterrada durante dezoito séculos.

O egoísmo dos homens evitou que saísse do esquecimento para pô-la em luz, porque teria proclamado sua própria condenação; preferiram procurar sua salvação nas práticas mais cômodas e menos incômodas. No entanto, todo o mundo havia lido e relido o Evangelho, e, com muito poucas exceções, ninguém tinha visto esta grande verdade relegada ao segundo plano. Ora, eis que pelo ensino dos Espíritos ela é subitamente conhecida e compreendida por todo o mundo.

Quantas outras verdades encerra o Evangelho, e que ressaltarão em seu tempo! (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XV.)
Inscrevendo no frontispício do Espiritismo a suprema lei do Cristo, abrimos o cami-nho para o Espiritismo cristão; fomos instituídos, pois, em desenvolver-lhe os princípios, assim como os caracteres do verdadeiro espírita sob esse ponto de vista.

Que outros possam fazer melhor do que nós, não iremos ao encontro, porque jamais dissemos: "Fora de nós não há verdade." Nossas instruções são, pois, para aqueles que as acham boas; são aceitas livremente e sem constrangimento; traçamos um caminho, segue-o quem quiser; damos conselhos àqueles que no-los pedem, e não àqueles que crêem poder passar sem eles; não damos ordens a ninguém, porque não temos qualidade para isto.

Quanto à supremacia, ela é toda moral e na adesão daqueles que partilham nossa maneira de ver; não estamos investidos, mesmo por aqueles, de nenhum poder oficial, e não solicitamos nem reivindicamos nenhum privilégio; não nos estipulamos nenhum título, e o único que tomamos com os partidários de nossas idéias é o de irmão em crença; se nos consideram como seu chefe é em conseqüência da posição que os nossos trabalhos nos dão, e não em virtude de uma decisão qualquer.

Nossa posição é aquela que todos podiam tomar antes de nós; nosso direito, aquele que todo o mundo tem de trabalhar como entende e de correr a chance do julgamento do público.

De que autoridade incômoda aqueles que querem o Espiritismo independente entendem, pois, se livrar, uma vez que não há nem poder constituído, nem hierarquia fechando a porta a quem quer que seja, uma vez que não temos sobre eles nenhuma jurisdição, e que, se lhes apraz sé afastarem de nosso caminho, ninguém pode constrangê-los a nele reentrar? Nós nos fizemos passar por profeta ou messias?

Tomariam, pois, a sério os títulos de grande sacerdote, de soberano pontífice, de papa mesmo com o qual a crítica aprouve nos gratificar?
Não só não nos os outorgamos, mas os Espíritas não no-los deram jamais. - É do ascendente de nossos escritos? O campo lhes está aberto, como a nós, para conquistarem as simpatias do público. Se há pressão, ela não vem, pois, de nós, mas da opinião geral que põe seu veto sobre o que não lhe convém, e que ela mesma sofre o ascendente do ensino geral dos Espíritos.

É, pois, a estes últimos que é preciso se prender, em definitivo, o estado das coisas, e é talvez muito o que faz que não se quer mais escutá-los. - São as instruções que damos?
Mas ninguém é forçado a elas se submeter. - Têm eles a se lamentar de nossa censura?
Nunca nomeamos a ninguém, a não ser quando temos a louvar, e nossas instruções são dadas sob uma for-ma geral, como desenvolvimento de nossos princípios, para o uso de todo o mundo. Aliás, se elas são más, se nossas teorias são falsas, em que isto pode ofuscá-los? O ridículo, se ridículo há, será para nós. Têm eles, pois, de tal modo no coração os interesses do Espiritismo, que temem vê-los periclitar entre nossas mãos? - Somos muito absolutos em nossas idéias?

Somos um obstinado com o qual nada se pode fazer? Pois bem! meu Deus, todos têm seus pequenos defeitos; nós temos o de não pensar ora branco, ora negro; temos uma linha traçada, e dela não nos desviamos para agradar a ninguém; é provável que assim o sejamos até o fim.

É nossa fortuna que se inveja? Onde estão nossos castelos, nossos carros de luxo e nossos lacaios? Certamente, se tivéssemos a fortuna que se nos supõe, não seria no entanto dormindo que ela teria vindo, e se bem que muitas pessoas amontoem milhões por um trabalho menos rude. - Que fazemos, pois, do dinheiro que ganhamos? Como não pedimos conta a ninguém, não temos a dá-las a ninguém; o que é certo é que não serve aos nossos prazeres. Quanto a empregá-lo para assalariar agentes e espiões, retornamos esta calúnia ao seu endereço.

Temos que nos ocupar de coisas mais importantes do que saber o que fazem tais ou tais; se fazem bem, não têm a temer nenhuma investigação; se fazem mal, isto os vê. Se é que ambicionam nossa posição, é no interesse do Espiritismo ou no seu?
Que a tome, pois, com todas as suas cargas, e, provavelmente, não acharão que isso seja uma sinecura tão agradável quanto o supõem. Se acham que conduzimos mal o barco, quem os impediu de tomar-lhe o governo antes de nós? e quem os impede ainda hoje? - Se lamentam de nossas intrigas para nos fazer partidários? Esperamos que se venha a nós e nós não vamos procurar ninguém; não corremos mesmo atrás daqueles que nos deixam, porque sabemos que podem entravar a marcha das coisas; sua personalidade se apaga diante do conjunto.

De um outro lado, não somos bastante vão para crer que seja por nossa pessoa que se liga a nós; evidentemente, é pela idéia da qual somos o representante; é, pois, a esta idéia que reportamos os testemunhos de simpatia que se quer muito nos dar.
Em resumo, o Espiritismo independente seria aos nossos olhos um contra-senso, uma vez que a independência existe de fato e de direito, e que não há disciplina imposta a ninguém. O campo de exploração está aberto a todo o mundo; o juiz supremo do torneio é o público; a palma é para aquele que sabe conquistá-la. Tanto pior para aqueles que caem antes de terem atingido o objetivo.

Falar dessas opiniões divergentes que, em definitivo, se reduzem a algumas individualidades, e não fazem corpo em nenhuma parte, não é, talvez dirão algumas pessoas, dar-lhe muita importância, amedrontar os adeptos em lhes fazendo crer em cisões mais profundas do que elas o são? não é também fornecer armas aos inimigos do Espiritismo?

É precisamente para prevenir esses inconvenientes que delas falamos. Uma explicação clara e categórica, que reduz a questão ao seu justo valor, é muito mais própria para tranqüilizar do que para amedrontar os adeptos; eles sabem a que se prenderem e nisto encontram ocasião dos argumentos para a réplica. Quanto aos adversários, eles muitas vezes exploraram o fato, e é porque lhe exageram a importância, que é útil mostrar o que ele é. Para mais ampla resposta, remetemos ao artigo da Revista de outubro de 1865, página 297, e mais especialmente à página 307.
_________________
REVISTA ESPIRITA 1866

07 abril 2012

COMENTÁRIOS SOBRE O LIVRO A DANÇA DO UNIVERSO, DE MARCELO GLEISER

COMENTÁRIOS SOBRE O LIVRO
A DANÇA DO UNIVERSO, DE MARCELO GLEISER

Valdemar W.Setzer
vwsetzer@ime.usp.br – http://www.ime.usp.br/~vwsetzer
Campos do Jordão, 23/6/00 - versão 2.1 de 30/6/00

Introdução

Acabei de ler o excelente livro de Marcelo Gleiser, A Dança do Universo – dos Mitos de Criação ao Big-Bang (São Paulo: Companhia das Letras, 1997), que há muito estava em minha lista. Recomendo-o a todas as pessoas, pois trata-se de texto que aborda com escrita fascinante, simples e didática a importante história da Física e da Astronomia, que também é em grande parte a história do pensamento humano. Gleiser soube compor relatos claros sobre os mais importantes avanços científicos nessas áreas, abrangendo a história, interessantes aspectos biográficos de pensadores e cientistas que foram responsáveis por esses avanços, cobrindo desde a Grécia antiga até os tempos modernos, e uma tentativa de traçar paralelos entre as visões cosmogônicas atuais e os antigos mitos da criação. Coloco aqui algumas das anotações que fiz durante a leitura, que servem de comentários e críticas; creio que os assuntos são suficientemente relevantes para torná-los públicos através de meu "site". Tenho esperança que o autor venha a ler estas linhas, interesse-se por comentá-las e tenha tempo para isso. Nesse caso, obviamente comprometo-me a colocar suas opiniões ao lado destas. Aproveito também para escrever alguns dos conceitos de minha visão de mundo, certamente não comum e que não constam de outros artigos em meu "site".

É interessante que de há muito tenho me interessado pela história da Física e da Astronomia, e pelo pensamento científico a elas ligado, no sentido de conhecer esse pensamento, compreender melhor o mundo por meio dele, localizar seus problemas, entender sua influência sobre a visão de mundo da humanidade e buscar e desenvolver alternativas que o aperfeiçoem e ampliem. Acho que posso localizar a origem desse interesse quando, aos 21 anos (em 1961), cursando uma disciplina de Física Moderna, vi o mundo que eu esperava conhecer e compreender através da Física ruir no quadro-negro à minha frente. Foi a época em que comecei a procurar possibilidades de expandir a visão insatisfatória dada pela ciência tradicional, que havia buscado na escola de engenharia brasileira de maior prestígio na época, na tentativa de compreender - quem sabe, juvenilmente dominar o mundo. Dois anos depois, já no último ano da faculdade, fui um dos que tomou uma disciplina optativa de pós graduação sobre Mecânica Quântica, oferecida a alguns alunos de graduação, dada por Newton Bernardes. Curiosamente, ultimamente tenho me dedicado muito ao estudo de questões ligadas à biologia, no intuito de desmistificar as afirmações indevidas que estão sendo feitas em torno do DNA e do genoma, que abordarei muito sucintamente aqui, justamente devido à visão de mundo imposta por essas afirmações: a de que os seres vivos, e o ser humano em particular, são máquinas, com o que nunca pude concordar. Claramente, a Biologia está nesse caminho por influência da Física, que a precedeu nessa visão. Nesse sentido, foi muito interessante ler o capítulo de Gleiser "O Mundo como Máquina". Esta minha volta a antigos interesses na Física e na Astronomia representa um agradável interlúdio.

Talvez fosse interessante colocar inicialmente minha visão de mundo, a fim de se compreender a fonte de minhas concordâncias e discordâncias em relação às idéias de Gleiser. Em primeiro lugar, devo dizer que não tenho religião, no sentido de confissão. Isto é, não sou adepto de nenhuma religião estabelecida. Isso se deve ao fato de que procuro não acreditar em nada (bem, a única coisa em que acredito é que não acredito em nada...). Com isso, não posso admitir nem dogmas nem posições de fé. Minhas posições têm todas o caráter de hipóteses de trabalho, sempre sujeitas a revisão. Uma de minhas hipóteses fundamentais é a de que existem processos no universo que não são físicos ou químicos, isto é, não sou materialista, contrariamente a praticamente todos os cientistas modernos. Vou denominar simplesmente de "mundo não-físico" a sede de processos não-físicos; esse mundo, como o mundo físico, é obviamente estruturado, e em muitos casos permeia o último. Por exemplo, plantas, animais e seres humanos têm componentes não-físicos, sendo o mais "baixo" aquele que possibilita o fenômeno "vida", comum a esses reinos. Mas, como veremos, parece-me claro pelo estudo da Física Moderna que qualquer matéria deve ter uma essência não-física por detrás, isto é, o físico seria uma espécie de "condensação" do não-físico. Assim, posso caracterizar minha visão de mundo como realista-monista: para mim, a manifestação física é real e essencial, mas por trás dela existe sempre algo não-físico que, aliás, é sua origem. Por outro lado, por trás (ou na frente, para nossos sentidos...) de todo o não-físico existe algo físico. Só para ilustrar a referida necessidade, se nós não tivéssemos corpo físico não poderíamos ter desenvolvido a auto-consciência e a liberdade, e é devido à sua existência que podemos exercê-las.

A ciência comumente praticada hoje em dia é puramente materialista, isto é, parte do princípio que somente existem um universo e processos físicos (e químicos, redutíveis aos físicos; hoje em dia há até cientistas que consideram a Biologia como um ramo da Física). Como veremos, isso restringe enormemente seu campo de pesquisa e suas teorias.

Para mim, as religiões estabelecidas são em geral outras formas de materialismo, por considerarem o não-físico uma pura abstração (tradição judaica, que teve na antiguidade uma missão absolutamente essencial no desenvolvimento da humanidade) ou darem importância indevida à manifestação física (o que leva seus seguidores a usar roupas especiais no dia-a-dia, ou preocuparem-se demasiado com a comida, ou necessitarem de um local físico especial como igreja ou templo para exercerem sua religiosidade, usarem posturas corporais para conseguirem se interiorizar e observar supra-sensorialmente o não-físico, usarem drogas para atingir outros estados de consciência onde possam fazer essa observação, etc.), por fazerem orações em benefício próprio, e assim por diante. No entanto, posso dizer que tenho religiosidade, no sentido de procurar ter uma veneração pela Natureza e pelo ser humano, procurando em sua sabedoria infinita a manifestação de forças e entidades não-físicas.

Em segundo lugar, minha formação e atividade acadêmicas e científicas levam-me a querer compreender o universo físico e não-físico, e expressá-los conceitualmente. O misticismo caracteriza-se por expressar o não-físico, e procurar atingi-lo, por meio de sentimentos e não pelos pensamentos. Assim, não me considero um místico. Admito todos os fatos científicos, mas não admito muitos dos julgamentos que são formulados baseados nesses fatos ou em meras elocubrações teóricas. Por exemplo, dizer que a Terra tem 5 bilhões de anos é um julgamento que não posso admitir; esse número é baseado em extrapolações que nenhum engenheiro (minha formação original) ousaria usar em seus projetos, e não leva em conta que o universo e a Terra tiveram outrora condições - físicas e não-físicas - diferentes das de hoje. Parece-me muita pretensão achar que as leis físicas que podemos constatar hoje foram sempre as mesmas, e o são fora de nossas condições, por exemplo, nas estrelas - apesar do seu espectro luminoso revelar a existência dos mesmos elementos aqui existentes. Quem sabe a produção desse espectro "terreniza" a radiação que vem dessas estrelas? Com isso, não posso admitir grande parte das teorias cosmogônicas modernas.

Em terceiro lugar, é preciso esclarecer que, ao admitir como hipótese a existência de processos não-físicos, e admitir todos os fatos científicos, minha visão de mundo torna-se um superconjunto próprio da visão científica materialista corrente. Isto é, admito como válido tudo o que um cientista clássico materialista puder mostrar como fato científico, mas ele, como materialista, não pode admitir as minhas hipóteses e observações sobre o mundo não-físico. É curioso que esse tipo de cientista em geral diz: "só acredito no que vejo", mas ele quer ver ou compreender apenas as manifestações físicas, colocando-se dentro de um verdadeiro poço mental. Em particular, ele admite muita coisa que não vê, pois a ciência hoje é baseada fortemente em instrumentos que influenciam as experiências, não só no nível quântico, mas também pelo fato do instrumento ser construído sempre dentro de uma determinada teoria. Portanto, o que procuro é uma expansão do pensamento e da atividade científicos.

Em quarto lugar, minhas hipóteses da existência de processos e de mundos não-fisicos derivaram inicialmente de observações interiores que qualquer um pode fazer, usando uma Lógica aristotélica para concluir pela existência daqueles processos. Por falar em Aristóteles, ele mesmo observa, em Sobre a Alma, que o ser humano é capaz de entrar em contato com verdades absolutamente objetivas (isto é, independentes do observador) e eternas, como os conceitos matemáticos (o de circunferência, por exemplo). Com isso, ele concluiu, usando sua Lógica terrena, que devemos ter dentro de nós uma "alma" perecível (onde estão, por exemplo, nossos gostos e instintos individuais, que sumirão com nossa morte) e uma "alma" eterna, com a qual entramos em contato com aquelas verdades eternas. Isso é uma elocubração mental válida, mas há algo muito mais simples para cada um vivenciar dentro de si próprio. Sugiro ao leitor uma experiência mental, como chamou Gleiser as várias "Gedankenexperimente" que ele propôs; só que a minha não é de formulação de abstrações. O leitor deve fechar os olhos, procurando criar uma calma interior, sem ter sua atenção e pensamento atraídos por ruídos ou preocupações, e pensar em 2 números, por exemplo de 0 a 9. Em seguida, escolha um desses dois e imagine-o por alguns instantes como que projetado por um mostrador. É preciso fazer um esforço interior para concentrar o pensamento, nem que seja por alguns momentos, na imagem desse mostrador com o número escolhido. Pois bem, é uma vivência interior que qualquer um pode ter de que não há nada, absolutamente nada que imponha a escolha de um ou outro número. Se o leitor reconhecer que prefere um deles, pois é o número inicial de seu telefone ou residência, pode decidir escolher o outro. Não adianta vir uma filósofa, psicóloga, pesquisadora de cognição, neurofisióloga evolucionista ou outra pessoa qualquer dizer que há algo dentro de nosso cérebro que impõe a escolha - afinal, não será possível a essa cientista e nem a qualquer outro nos mostrar o fato científico que comprove essa sua afirmação. Não é essa a vivência interior que temos. Essa vivência é de absoluta liberdade na escolha de um dos dois números e de auto-determinação no sentido de concentrar o pensamento no mostrador. Ora, liberdade não pode advir de leis físicas ou da matéria. Muitos cientistas diriam que o processo é aleatório, isto é, a escolha foi aleatória e não desejada, imposta por nós mesmos. Mas não é essa a nossa vivência interior: quem acha que seu comportamento é aleatório nessa experiência e na vida comum? Por outro lado, não conseguimos imaginar nenhuma máquina concreta ou abstrata que seja auto-determinada. Máquinas podem ser deterministas (como os computadores digitais, fonte essencial de sua utilidade, senão não poderíamos confiar em seus resultados como processadores de símbolos) ou aleatórias. No primeiro caso, seguem sempre um programa previamente determinado; elas não podem auto-determinar sua próxima instrução, estão condenadas a seguir o programa inexoravelmente. No segundo caso, o resultado é imprevisível, sendo que em alguns casos ele pertence a um conjunto finito de resultados ou estado possíveis (quando a máquina é digital).........

O restante deste texto encontra-se em
http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/danca-univ.html

04 abril 2012

ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA E ESPIRITISMO


A alimentação vegetariana é um tema que vem cada vez mais sendo alvo de discussões no meio espírita. Vários são os livros - psicografados ou não - que fazem alguma alusão a isso e antagônicas são as posições tomadas por diferentes pessoas com relação ao assunto. Mas o que realmente diz a doutrina espírita?

Analisando o Livro dos Espíritos, temos a seguinte passagem:

723. A alimentação animal é, com relação ao homem, contrária à lei da Natureza?

“Dada a vossa constituição física, a carne alimenta a carne, do contrário o homem perece. A lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e sua saúde, para cumprir a lei do trabalho. Ele, pois, tem que se alimentar conforme o reclame a sua organização.”

Esse trecho serve de base aos espíritas que se colocam a favor de uma alimentação onde a carne tenha lugar garantido. Mas não há nada mais a ser considerado sobre a resposta acima? Por exemplo: quando foi escrita? Qual era a situação do homem em termos de conhecimentos nutricionais à época em comparação com os dias de hoje? Percebe-se claramente no trecho citado que é colocada a questão da necessidade: uma palavra de grande importância para se discutir o assunto.
O Livro dos Espíritos foi publicado há mais de 140 anos atrás. Muito o homem se desenvolveu cientificamente e tecnologicamente nesse intervalo de tempo. Hoje, por exemplos práticos e não por suposições teóricas, vê-se que a necessidade de comer carne não existe. É plenamente possível viver de forma saudável sem a sua ingestão. A despeito de várias publicações espíritas que se colocam a favor da alimentação vegetariana – psicografias de Chico Xavier junto a Emmanuele André Luiz, de Yvonne Pereira, dentre vários outros – muitos se prendem à questão 723 do Livro dos Espíritos para justificar suas posições contrárias a ela.

Vejamos alguns trechos dos livros O Consolador (Emmanuel – Chico Xavier) e Missionários da Luz (André Luiz – Chico Xavier):

“A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes conseqüências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana.


É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esse valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos.

Temos a considerar, porém, a máquina econômica do interesse e da harmonia coletiva, na qual tantos operários fabricam o seu pão cotidiano. Suas peças não podem ser destruídas de um dia para o outro, sem perigos graves.

Consolemo-nos com a visão do porvir, sendo justo trabalharmos, dedicadamente, pelo advento dos tempos novos em que os homens terrestres poderão dispensar da alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos inferiores.”

(Trecho do livro O Consolador, psicografado por Chico Xavier junto aEmmanuel)

“A pretexto de buscar recursos protéicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos.
Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração milenária e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar, com a máxima eficiência.
O suíno comum era localizado por nós, em regime de ceva, e o pobre animal, muita vez à custa de resíduos, devia criar para nosso uso, certas reservas de gordura, até que se prostrasse, de todo, ao peso de banhas doentias e abundantes.
Colocávamos gansos nas engordadeiras para que hipertrofiassem o fígado, de modo a obtermos pastas substanciosas destinadas a quitutes que ficaram famosos, despreocupados das faltas cometidas com a suposta vantagem de enriquecer valores culinários.
Em nada nos doía o quadro comovente das vacas-mães, em direção ao matadouro, para que nossas panelas transpirassem agradavelmente.
Encarecíamos, com toda a responsabilidade da ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos protéicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte.
Esquecíamo-nos de que o aumento de laticínios para enriquecimento da alimentação constitui elevada tarefa, porque tempos virão, para a Humanidade terrestre, em que o estábulo, como o Lar, será também sagrado.”
“Não nos cabe condenar a ninguém. Abandonando as faixas de nosso primitivismo, devemos acordar a própria consciência para a responsabilidade coletiva.
A missão do superior é a de amparar o inferior e educá-lo. E os nossos abusos com a Natureza estão cristalizados em todos os países, há muitos séculos.
Não podemos renovar os sistemas econômicos dos povos de um momento para o outro, nem substituir os hábitos arraigados e viciosos de alimentação imprópria, de maneira repentina.
Refletem eles, igualmente, nossos erros multimilenários. Mas, na qualidade de filhos endividados para com Deus e a Natureza, devemos prosseguir no trabalho educativo, acordando os companheiros encarnados, mais experientes e esclarecidos, para a nova era em que os homens cultivarão o solo da Terra por amor e utilizar-se-ão dos animais, com espírito de respeito, educação e entendimento.”
(Trechos do livro Missionários da Luz, psicografado por Chico Xavier junto a André Luiz)
É importante não existir o medo diante do novo. O próprio Allan Kardec, por várias vezes, colocou a importância da evolução das idéias. Não devemos pensar que tal evolução acabou na publicação de Obras Póstumas (último livro de sua autoria: uma coletânea de textos deixados por ele após sua morte física). A evolução continua. Quando surgem novas variáveis que permitam a análise de um ponto por novos prismas, assim deve ser feito. Aí está o caráter científico do Espiritismo se mantendo em equilíbrio com sua face religiosa, não permitindo que certos pontos sejam praticamente considerados como dogmas a serem aceitos.
Voltando à questão da necessidade de se comer carne, vejamos alguns fatos interessantes:
- Dave Scott é um triatleta de renome. Ele venceu o lendário Ironman no Hawaii, uma das provas mais extenuantes do planeta, por seis vezes (um recorde), entre os anos de 1980 e 1987. Esse triatlo consiste em 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida;
- Sixto Linares bateu o recorde mundial do triatlo de um dia nadando 7,72 km, pedalando por 297 km e então correndo por 86 km, sem intervalos, em 1985;
- Edwin Moses: medalhista de ouro em Olimpíada nos 400 metros com obstáculos. Passou oito anos sem uma única derrota nessa prova;
- Paavo Nurmi, o “Finlandês Voador”, conseguiu vinte recordes mundiais em corrida à distância e ganhou nove medalhas olímpicas;
- Bill Pickering estabeleceu um recorde mundial nadando no Canal da Mancha, mas a performance dessa ocasião foi pouco diante do fato de que com 48 anos, ele bateu um novo recorde mundial nadando no canal de Bristol.
O que há de comum entre as pessoas citadas acima? Todos são vegetarianos.
A situação atual apresenta diferenças muito favoráveis à alimentação vegetariana, aumentando consideravelmente as opções dessa dieta em comparação com outras épocas. Há hoje variedades vegetais com níveis produtivos mais altos, melhores processos de armazenamento e conservação, sistemas de distribuição mais eficazes. Além disso, o homem conhece mais sobre os mecanismos da digestão, as necessidades diárias alimentares e as propriedades dos alimentos. Uma dieta vegetariana bem planejada permite a qualquer pessoa viver com boa qualidade de nutrição. Isso pode ser afirmado por fatos.
Vendo-se, pelos últimos parágrafos, que na realidade a necessidade de se comer carne não existe para o homem atual, toda a questão deve ser analisada por um outro ponto de vista: é justo e correto sujeitar um animal aos sofrimentos (sim, por menor que seja a sua capacidade cognitiva, eles têm a capacidade de sofrer – fato inegável) de que é alvo e posteriormente à morte para satisfazer as preferências de nosso paladar?
O Espiritismo, em seu aspecto moral de bondade, amor e caridade em todas as relações, condena o excesso. A partir do momento que se comprova uma não-necessidade, tudo muda. A partir desse caráter moral da doutrina pode-se concluir com facilidade que a interrupção da matança que hoje é infligida aos animais será um dos passos dados pelo homem no futuro. Passo que não ocorrerá de um só instante, mas ao longo de um tempo, visto que mesmo hoje se vê o seu andamento.
Acompanhando-se a linha de evolução da humanidade, percebe-se que atualmente são considerados bárbaros – ou, no mínimo, errôneos - vários costumes tidos como absolutamente normais e corriqueiros em outras sociedades no passado: os sacrifícios animais e mesmo humanos, a escravidão, a poligamia e o canibalismo, dentre outros. Como disse Victor Hugo: “primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais”.
Um ponto importante que deve, no entanto, ser ressaltado é o pretenso nível de intangibilidade moral que alguns podem querer se colocar por terem uma dieta vegetariana. De nada adianta não comer carne, mas também não perdoar, não praticar a caridade, não ser paciente, dentre várias outras coisas de alto grau de importância que estabelecem um bom nível de caráter moral no ser humano.
Apenas cumpre ao homem não cometer excessos e comer para viver, ao contrário de viver para comer. A partir da constatação que o ser mais fraco sofre por uma desnecessidade, o ato de causar tal sofrimento torna-se fútil e repugnante.

Retirado do site Saber Espírita

Saiba mais:

www.vegetarianismo.com.br

www.sejavegetariano.com.br

01 abril 2012

GABRIEL DELANNE

Gabriel Delanne era filho de pais espíritas convictos e praticantes, sendo o seu pai um dos fundadores da Liga Parisiense de Ensino e afeiçoado amigo de Allan Kardec, fazendo parte com este da direção da Sociedade Espírita fundada por ambos. Sua mãe, portadora de mediunidade ostensiva, muito colaborou na codificação kardequiana com suas comunicações, transmitindo informações confiáveis filtradas do mundo espiritual através de seus dons. Nasceu portanto esse grande defensor do Espiritismo em ambiente espiritual propício a sua preparação, o que se fez nos moldes rigorosamente científicos e com estrita fidelidade ao seu codificador. Afirmando sempre que a sua crença inabalável era a espírita, e dedicando-se desde cedo à pesquisa experimental dos fatos presenciados dentro da sua própria casa, veio a receber da espiritualidade uma mensagem cujo teor o faria mais dedicado e disciplinado para com suas pesquisas. Dizia a mensagem: "Nada temas. Tem confiança. Jamais ser rico do ponto de vista material. Coisa alguma, porém, te faltará na vida".

Em 1883 ele fundou a revista "O Espiritismo" graças à generosidade de uma inglesa, Elisabeth D'Esperance, que lhe doou o dinheiro para as despesas. Passou então a realizar experiências com grandes médiuns. Em 1904 juntamente com Charles Richet e outros estudiosos, presenciou os prodigiosos fenômenos de materialização de Vila Cármen, em Argel. A produção literária de Delanne não se apoia em especulações imaginárias, mas em fatos por ele mesmo investigados e confirmados. Dedicando-se de maneira especial ao trabalho de demonstrar que o Espiritismo se apoia em bases científicas, escreveu essas principais obras hoje conhecidas em todo o mundo: "Pesquisas sobre a Mediunidade", "A Alma é Imortal", "O Espiritismo perante a Ciência", "O Fenômeno Espírita ","A Evolução Anímica", "As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos", "Documentos para o Estudo da Reencarnação". e finalmente "A Reencarnação". Em "O Espiritismo perante a Ciência", ele traça com rara maestria um quadro completo dos dados que o psiquismo pode apresentar para merecer o respeito dos cientistas. E como demonstração da admirável segurança de sua argumentação, basta que se lance os olhos sobre suas páginas e verifique-se, que desde a época já distante em que apareceu a primeira edição desta obra, o seu autor teve a satisfação de verificar que algumas das mais importantes teorias expostas tiveram a consagração da Ciência.Em sua luta para estabelecer a verdade espírita, sabedor dos males gerados pela ignorância, pelo fanatismo e pela paixão desregrada escreve: "A luta é inflamada e provavelmente será longa, de vez que os prejuízos religiosos e científicos se mostram obstinados. Insensivelmente, porém, a evidência acaba impondo-se. Temos agora a convicção de que a certeza da imortalidade se tornar uma verdade científica, cujas conseqüências benfazejas, fazendo-se sentir no mundo inteiro, mudarão os destinos da humanidade". Homem de mentalidade politécnica, afeiçoado desde cedo aos estudos exatos, às observações frias, às deduções rigorosas, foi o chefe supremo da parte experimental do Espiritismo à qual deu o maior desenvolvimento,ainda nãosuplantado. Delanne fez ver através de suas obras que a Física moderna, o magnetismo, o hipnotismo, a sugestão verbal ou mental,a clarividência, a telepatia e o Espiritismo, todos esses conhecimentos novos são convergentes para as fronteiras espirituais. Tornou evidente que as provas das comunicações dos espíritos, sendo tão numerosas quão variadas tornariam o Espiritismo uma demonstração científica da imortalidade. Em sua luta incessante iniciada aos 13 anos, publicou aos

68 anos de idade uma obra de incomparável valor intitulada "A Reencarnação", última de seu gênio privilegiado. Pela solidez apresentada, pelo rigor de sua lógica, pelo valor de sua argumentação, pela escolha de suas provas, pela superioridade de sua tese, e pela imparcialidade com que

apresenta os fatos, essa obra ‚ a primeira da coleção delanneana. Abordando todas as angulações elaboradas pela codificação, Delanne sempre respondia com

humildade sobre sua própria obra: "Nada tenho dilatado. Tudo que há é de Kardec. Apenas tenho feito constatações. Mostrei-as em meus livros e demonstro-as na prática diária. Nada acrescento". Excesso de modéstia dele. Sua obra complementa e solidifica os ensinamentos de Kardec,abordando temas correlatos e aprofundando outros onde o grande codificador não dispusera de tempo para considerações maiores. Delanne foi o pesquisador que de maneira incansável soube aproximar a ciência da religião, certo que ambas teriam que caminhar unidas para uma compreensão lógica do universo e dos seus

habitantes, os espíritos. O insigne pesquisador dedicou toda a sua vida à propagação do Espiritismo, pelo qual se sacrificou inutilmente aos olhos daqueles que só vêem no imediatismo a verdadeira razão do viver humano e por isso não podem compreender que, por força desse desprezo pelas vaidades e ambições terrenas, ele se cobriu de glórias espirituais pelo trabalho bem conduzido, sem vacilações e fielmente executado até seu derradeiro instante da vida corpórea.

Fonte:

http://www.febnet.org.br