28 novembro 2011

Um historiador e ex-ateu, agora espírita

Será possível um ateu mudar radicalmente de pensamento? Pode até ser inacreditável, mas acontece. Foi o caso do historiador Armando Souto Maior, conhecido nacionalmente. Ele não só mudou de ponto de vista, quando se tornou espírita, como de comportamento. Assume que, antes de sua aceitação da teoria espírita, era pouco complacente, algo vaidoso, auto-suficiente e tinha muita dificuldade em perdoar.

Relembra: “Fazia da ironia uma regra de conduta e do orgulho intelectual um escudo. Depois, é claro, minha personalidade sofreu grandes transformações. Naturalmente ainda tenho seqüelas do passado, mas quem não as tem? Percebi, contudo que havia dado um grande passo no meu processo evolutivo”.

- Mas o que levou um historiador ateu transformar-se num espírita?

- O historiador é um homem que, de certa forma, carrega sobre seus ombros as dores do mundo. Vê mais e, conseqüentemente, sofre mais do que qualquer outro profissional que questione e se espante continuamente com o ser humano. Se não tiver acesso ao Espiritismo, a atração que sentirá pelo agnosticismo ou pelo materialismo militante é então muito forte. Além disso tem vários mecanismos de fuga sempre à sua disposição, pois pode mergulhar em um tempo que não é o seu, com facilidades e técnicas especiais. Entre seu eventual alheamento, suas fugas, seus eventuais sofrimentos pessoais e desencontros com a filosofia, surgem-lhe as sedutoras propostas do ateísmo que, teoricamente, são obviamente um tanto dolorosas e ao mesmo tempo libertadoras de suas inquirições mais profundas, anestesiando-lhe seu choque diante do mundo. Não fugi à regra e percorri esta etapa.

- O que significa Deus, hoje, para o senhor?

- Deus é minha explicação existencial. Como Ele é a inteligência transcendente universal, sinto-me parte, embora infinitamente pequena, de sua eterna existência.

O caminho da conversão

O primeiro contato de professor Armando com o Espiritismo aconteceu quando certa vez, nos Estados Unidos, ele foi assistir a uma conferência de Carlos Campetti sobre o Livro dos Espíritos. atendendo ao convite de uma amiga, Fernanda Wienskoski. Conta que após a conferência, Campetti colocou-se à disposição do público para responder a perguntas sobre o assunto tratado. “Tentei encostá-lo no canto da parede. Ele respondeu com elegância e lógica. É claro que não me convenceu naquela noite, mas me induziu a uma posterior leitura de Kardec, onde aos poucos obtive respostas convincentes ao problema do ser, do destino e sua origem. O aspecto científico do Espiritismo deu-me o apoio de que eu necessitava para aceitá-lo como um fato transcendente na minha vida”.

Segundo o historiador, chega-se ao Espiritismo através de três caminhos: pelo amor, pela dor ou pela necessidade intelectual de se obter uma explicação racional para transcendentes perguntas: quem somos, por que somos, de onde viemos e para onde vamos. Observa que a filosofia tentou oferecer respostas a essas perguntas e o resultado foi uma verbalização erudita não explicativa. “Aqui e ali houve clarões que se anteciparam à teoria espírita. Sócrates e Platão, acessíveis somente a pessoas de certo nível intelectual são exemplos clássicos desses clarões, porém a concepção sistêmica de um todo que respondesse logicamente àquelas perguntas a qualquer pessoa só se tornou possível nos meados do século XIX”.

Pré-histórico intuía sobrenatural

O historiador Armando Souto Maior nos revela que até o homem pré-histórico percebia, embora não pudesse explicar como e por que, a existência de uma outra realidade além do ambiente físico, material e concreto que o cercava. E justifica sua tese: “Ao colocar junto aos mortos alguns objetos, adornos e armas demonstra sua concepção empírica da existência de uma outra vida. Os egípcios, os gregos, os romanos e os judeus intuíram a idéia da realidade transcendente. Na Índia, essa idéia é absorvida pela teoria búdica, mas todos esses mecanismos teóricos careciam de base científica e foi somente no século XIX, quando a ciência passou a nortear os grandes questionamentos humanos, que a revelação feita a Kardec tornou-se viável. Cristo já havia dito, em sua época, que muitas outras coisas poderiam ser explicadas mas os homens de então não poderiam compreendê-las”.

A resistência histórica

De acordo com o que acompanhou o historiador, a revelação da verdade espírita enfrentou – e ainda enfrenta – barreiras poderosos tais como cleros organizados de diversas crenças, com fortes motivações econômicas, antigas tradições religiosas e pautas culturais sedimentadas há séculos e completamente alheias ao conhecimento científico. Criaram-se, portanto, ‘establisments’ religiosos que, somente com o tempo serão paulatinamente modificados.

Observou também que a fé e a ciência percorreram, ao longo da história, caminhos separados, muitas vezes antagônicos. “É com o advento do Espiritismo que esse secular desencontro está sendo atenuado, com tendência natural ao desaparecimento. William Crookes é um conhecido exemplo no século cientificista, e o superficial conhecimento que tinha do espiritismo levava-me sempre ao falacioso raciocínio de que a teoria espírita era demasiadamente bem organizada para corresponder à realidade. O homem, para mim, sempre se havia revelado um espanto de maldade, e nada indicava que tivesse sido criado por uma entidade superior, personificação de bondade e justiça. As religiões onde ela se inseria, numas mais noutras menos, eram simples portões para uma fé irracional, sem nenhum compromisso com a lógica”.

Por fim, atesta que o Espiritismo, historicamente, contrariou interesses econômicos poderosos e suas implicações políticas. E analisa: “A Igreja Católica e as diversas igrejas protestantes, refugiadas na sacralização da Bíblia, supostamente ‘a palavra divina’, viram-se, com o Espiritismo, ameaçadas em suas posições como intermediárias entre Deus e os homens. Todos os absurdos dos teólogos medievais foram incorporados pela teologia protestante. O empirismo religioso judaico, embasado por uma tradição sacralizadora, teve também guarida no pensamento da Reforma, isso em relação ao Antigo Testamento. Em relação aos Evangelhos é visível uma grande miopia intelectual, mas em todo esse processo anti-espírita, a força econômica foi de extrema importância, alimentada pela antiga e lucrativa prática do dízimo e uso do poder social decorrente da acumulação de capital. Muito tempo ainda decorrerá antes que o Espiritismo se transforme, como já foi previsto, no grande futuro de todas as religiões. Mas isso inexoravelmente acontecerá”.

Destaques

“Deus é minha explicação existencial... Sinto-me parte de sua eterna existência”

“A Igreja Católica e as diversas igrejas protestantes, refugiadas na sacralização da Bíblia, supostamente ‘a palavra divina’, viram-se, com o Espiritismo, ameaçadas em suas posições como intermediárias entre Deus e os homens”

“Muito tempo ainda decorrerá antes que o Espiritismo se transforme, como já foi previsto, no grande futuro de todas as religiões. Mas isso inexoravelmente acontecerá”.

Publicada na revista Tribuna Espírita.

fatimafarias@bol.com.br

26 novembro 2011

UMBANDA NÃO É ESPIRITISMO

Origem, conteúdo doutrinário e prática ritual, estabelecem as diferenças fundamentais entre o Espiritismo e Umbanda. Apesar da clareza dessas distinções, isso não deve ser razão impossibilitante para que entre Espíritas e Umbandistas haja respeito mútuo, espírito de compreensão e sensatez, embora essa tolerância não deva resultar em conivência ou omissão.

Deolindo Amorim, em seu livro "O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas" (1), conclui, afirmando: "O Espiritismo é uma doutrina que se basta a si mesma, sem empréstimos nem acréscimos artificiais.".

A luz dessa precisa orientação, observamos que nem mesmo nos arraiais espíritas essa diferença é feita, especialmente pôr aqueles que não se dão ao trabalho de estudar a Doutrina, sem falar em parte da imprensa leiga que, de propósito ou não, anuncia tudo o que ocorre nas tendas e terreiros, como sendo Espiritismo, disso se beneficiando os opositores sistemáticos da Doutrina Espírita que esperam levar vantagem com a confusão estabelecida.

Fala-se em "baixo Espiritismo" e "alto Espiritismo"; em "Espiritismo de mesa" e "Espiritismo de terceiro", etc., como se houvesse mais de um Espiritismo!

Quanto a origem, sabemos que Espiritismo, doutrina codificada pôr Allan Kardec, recebida de vários Espíritos Superiores no século passado, caracteriza-se pôr um conjunto de princípios de ordem científica, filosófica e religiosa, que objetiva o progresso espiritual do homem, com a implantação da fraternidade entre todas as criaturas na Terra.(2)

A Umbanda se deriva, fundamentalmente, do culto religioso da raça negra da velha África. Os seus princípios doutrinários são realmente frutos do "folclore", dos provérbios, aforismos, das lendas, crenças populares, canções e tradições do negro africano.

Com referência ao conteúdo doutrinário, sabemos que o Espiritismo se assenta em postulados científicos, filosóficos e éticos, o que não se dá na Umbanda, que não tem doutrina codificada, embora seus adeptos aceitem a imortalidade da alma, a reencarnação e a lei de ação e reação (carma), como fazem os espíritas (2).

Quanto a prática ritual, a umbanda difere, essencialmente, do Espiritismo, porque aquela atua no plano da natureza e este no do pensamento, pois que só o Espírito conta, realmente. Aliás o Espiritismo não tem ritual de nenhuma espécie, pois não admite corpo sacerdotal hierarquizado ou não, cerimônias (batizados, casamentos e quaisquer outras); não se utiliza de fórmulas, invocações, ou promessas de qualquer natureza; repele a adoração de imagens, símbolos, amuletos; rejeita crendices e superstições e não admite pagamento pela prestação de assistência espiritual ou de qualquer auxílio, que conceda aos necessitados. (2)

As tentativas para fundamentar a introdução de rituais, incensos, imagens e outros objetos de culto material no meio espírita invocam, sempre, um pressuposto espiritualista, como generalidade, ou fazem apelo à tolerância. Não há, entretanto, razão alguma para tais pretextos, uma vez que o Espiritismo, pelas suas disposições doutrinárias, dispensa completamente qualquer forma de ritual ou peças litúrgicas. (1)

Assim sendo, onde houver qualquer manifestação de culto exterior, não existirá a verdadeira prática espírita.

Apesar do louvável entusiasmo de alguns espíritas para a comunhão de seitas religiosas no seio da doutrina, a mistura heterogênea sempre sacrifica a pureza íntima da essência! A qualidade de substância espírita reduzir-se-ia pela quantidade da mistura de outros ingredientes religiosos, mas adversos!

O Espiritismo, não é doutrina separativista, nem ecletismo religioso à superfície do Espirito imortal! É, principalmente, um movimento de solidariedade fraterna entre todos os homens! Pode ser ecletismo espiritual unindo em espírito todos os credos e religiões, porque, também firma suas doutrinas e postulados na realidade imortal. Mas seria insensato a mistura heterogênea de práticas, dogmas, princípios e composturas devocionais diferentes, entre si, para construir outro movimento espiritualista excêntrico.

A missão da Doutrina Espírita, enfim, é libertar o homem e não prendê-lo ainda mais às fórmulas e superstições do mundo carnal transitório.

Finalizamos, fazendo nossas, as observações sensatas do Espírito Emmanuel, através do médium Francisco Cândido Xavier, na mensagem "Doutrina Espírita", extraída do livro "Religião dos Espíritos", concitando os Espíritas a zelarem pela doutrina que professam:

"... Porque a Doutrina Espírita é em si a liberdade e o entendimento, há quem julgue seja ela obrigada a misturar-se com todas as aventuras marginais e com todos os exotismos, sob pena de fugir aos impositivos da fraternidade que veicula.

Dignifica, assim, a Doutrina que te consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade, para que não colabores, sem perceber, nos vícios da ignorância e nos crimes do pensamento.

"Espírita" deve ser o teu caráter, ainda mesmo te sintas em reajuste, depois da queda.

"Espírita" deve ser a tua conduta, ainda mesmo que estejas em duras experiências.

"Espírita" deve ser o nome de teu nome, ainda mesmo respires em aflitivos combates contigo mesmo.

"Espírita" deve ser o claro adjetivo de tua instituição, ainda mesmo que, pôr isso, te faltem as passageiras subvenções e honrarias terrestres.

Doutrina Espírita quer dizer Doutrina do Cristo.

E a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento moral em todos os mundos.

Guarda-a, pois, na existência, como sendo a tua responsabilidade mais alta, porque dia virá que serás naturalmente convidado a prestar-lhe contas. (3)

Benedito da Gama Monteiro

Bibliografia:

Amorim, Deolindo - "O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas";

Barbosa, Pedro Franco - "Espiritismo Básico";
Xavier, Francisco Cândido - "Religião dos Espíritos", mens. "Doutrina Espírita", pág. 229, 4a edição FEB - Rio de Janeiro - RJ.
Artigo publicado em Manaus, no jornal A Crítica de 09.10.1989, no jornal A Crítica de 26.08.1995, no Rio de Janeiro em OReformador (FEB) de Abril de 1996, no Acre, no Jornal Acre Espírita de Junho de 1996.

21 novembro 2011

SAÚDE ESPIRITUAL

É comum na cultura ocidental, especialmente em nosso país, em relação à questão da saúde, vivermos, quase sempre, procurando combater a doença, haja vista o número de remédios, farmácias, hospitais equipados com alta tecnologia para diagnóstico e tratamento, UTls móveis, médicos de inúmeras especialidades, planos de saúde, etc. existentes no mercado, que buscamos no sentido de nos libertarmos de nossos males e, no entanto, continuamos doentes e mais ansiosos por nos vermos livres das doenças, num círculo vicioso. Saímos de uma doença e surge outra e assim sucessivamente.

Novas doenças aparecem a cada dia, doenças milenares ressurgem com toda força. Tudo isso acontece num momento em que a medicina conta com recursos avançadíssimos de diagnóstico e tratamento das doenças. Por que isso acontece?

Talvez este seja um momento para começarmos a refletir sobre qual é o verdadeiro significado da doença em nossas vidas.

Em uma visão holística, espiritualista, a doença, seja ela física ou mental, é apenas um sinal de que alguma coisa não vai bem com a pessoa que está doente. Normalmente o organismo nos sinaliza através de disfunções em determinados órgãos que são mais frágeis, órgãos estes que variam de pessoa para pessoa.

Em uma pessoa essa disfunção pode acontecer no fígado, em outras no coração, em outras nos rins, etc. Outras vezes as disfunções acontecem na mente, como é o caso de doenças como a depressão, a ansiedade, o transtorno do pânico, a esquizofrenia, etc.

A doença é um processo de bloqueio nas energias que compõem o ser humano. Esses bloqueios são causados por fatores espirituais, psíquicos e emocionais, que são somatizados e terminam por desarmonizar a mente.

Todos nós possuímos determinados conflitos que, normalmente, não tratamos adequadamente.

Resultado: esses conflitos vão se acumulando como se estivessem numa panela de pressão na qual tapamos a válvula de escape do vapor. Chega um momento em que a pressão é tanta que estoura.

Isso vai acontecer no corpo físico, onde o conflito é somatizado na forma de doenças físicas as mais diversas, ou na mente, onde o conflito acumulado se transforma em um transtorno neurótico (depressão, ansiedade, etc.) ou num transtorno psicótico (esquizofrenia, parafrenia, etc.).

Torna-se fundamental, portanto, desenvolver uma nova postura em relação às doenças que possuímos.

Por isso, em uma abordagem profunda, querer se livrar da doença não significa a mesma coisa que buscar a saúde. Podemos utilizar remédios, cirurgias, e outros métodos para conseguir saúde, mas qualquer método que venha de fora para dentro, por mais valioso que seja esse recurso, vai apenas aliviar a doença, mas jamais poderá nos dar a saúde.

Desenvolver a saúde requer todo um movimento do indivíduo em direção à ela. Não é possível nos livrar da doença de fora para dentro. Muito menos, através de uma atitude doentia de ansiedade, inquietação no sentido de arrancá-la de nós, através de recursos externos, pura e simplesmente. Isso pode nos trazer um alívio temporário para que, posteriormente, possamos agir de uma outra maneira.

É necessário desenvolver uma postura saudável, onde, com serenidade, vamos buscar a causa da doença, e assim, com base nessa causa, poder transformá-la e, com isso, conquistar a saúde.

A causa das doenças, tanto as mentais, quanto as físicas, estão no Espírito doente que ainda somos. Portanto, somente uma ação visando a Saúde Espiritual nos libertará definitivamente das doenças, que em si mesmas, são caminhos para a conquista da saúde do Espírito, conforme veremos adiante.

Com a presente obra iniciamos uma coleção que denominamos Saúde Espiritual, na qual vamos abordar as causas profundas das doenças do Ser Humano, visando desenvolver a sua cura profunda, de modo a contribuir com todos aqueles que buscam desenvolver a saúde integral: do corpo, da mente e do Espírito.

Alírio de Cerqueira Filho

19 novembro 2011

A CONSCIÊNCIA COLETIVA


A consciência coletiva, segundo Émile Durkheim (sociólogo francês, 1858-1917), é a força coletiva exercida sobre um indivíduo, que faz com que este aja e viva de acordo com as normas da sociedade na qual está inserido.

Assim como na vida mental, a consciência coletiva é feita de representações que transcendem a esfera individual, por sua superioridade e atua com força sobre as consciências individuais. A consciência coletiva é fruto de pequenas contribuições individuais, que juntas, formam o todo, não sendo fruto de teorias metafísicas, mas defatos sociais reais.

Segundo Durkheim, existem duas consciências distintas em cada indivíduo: uma é aquela que se confunde com o todo da sociedade e ajuda a formá-la, a outra é a que cada pessoa tem de particular e que a faz um indivíduo diferente dos demais, apesar de fazer parte do todo. Nessa concepção, fica claro que em uma sociedade o todo não é apenas o resultado da soma de cada uma de suas partes, mas algo distinto delas.

Para Durkheim, a consciência coletiva é o conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média da população de uma determinada sociedade, formando um sistema com vida própria, que exerce uma força coercitiva sobre seus membros, como o devoto que, ao nascer, já encontra as crenças e práticas religiosas estruturadas e em plena atividade. Se estas práticas já existem, é porque estão fora dele, mas mesmo assim, exercem influência sobre seu comportamento e crenças. É um sistema que existe fora do indivíduo, mas que o controla pela pressão moral e psicológica, ditando as maneiras como a sociedade espera que se comporte.

A própria educação dada às crianças consiste, ainda segundo Durkheim, em um sistema de consciência coletiva, uma vez que as forçamos a comer, beber, vestir-se e falar de acordo com as normas e padrões vigentes na sociedade em que estamos inseridos. Qualquer desvio dos padrões dessa sociedade, pode provocar o isolamento do indivíduo, comparável a uma pena imposta por lei. Essa pressão sofrida pela criança, é a pressão da sociedade tentando moldá-la à sua imagem e semelhança.

O indivíduo se submete à sociedade e é nessa submissão que ele encontra abrigo. A sociedade que o força a seguir determinados padrões, é a mesma que o protege e o faz sentir-se como parte de um todo estruturado e coeso. Essa dependência da sociedade traz consigo o conforto de pertencer a um grupo, um povo, um país. Nesse sentido, não há contradição alguma na relação submissão-libertação


Por Geraldo Magela Machado

11 novembro 2011

Pinga Fogo com Chico Xavier

O ano é 1971. Chico Xavier é entrevistado pelo programa Pinga Fogo, da TV Tupi, parecido com nosso atual "Roda Viva", onde ele foi sabatinado por entrevistadores e pelo público, ao vivo, durante mais de duas horas. Foi a maior audiência da TV brasileira na época, maior do que a da Copa de 70, e um marco para o espiritismo no Brasil. A partir daí a figura de Chico Xavier ganhou a simpatia e respeito de todos no Brasil (menos do padre Quevedo). Com certeza estes programas foram e são o melhor cartão de visitas que o espiritismo pode oferecer, pois Chico estava assessorado nas respostas por Emmanuel (por mediunidade auditiva), e as perguntas foram todas de alto nível, difíceis de responder "na lata".

Uma delas foi de um repórter da Globo que estava na platéia, e perguntou "se ainda em nossa civilização o homem poderá entrar em contato com civilizações de outros planetas". Chico, intuído por Emmanuel, respondeu:

Se não entrarmos numa guerra de extermínio nos próximos 50 anos, então poderemos esperar realizações extraordinárias da ciência humana, partindo da Lua. Emmanuel lembra que quando Colombo saiu pedindo recursos para achar uma rota mais fácil para as Índias, muita gente considerou o programa dele caro demais e absolutamente inútil para a humanidade, até que ele conseguisse o apoio de Fernando e Isabel. Hoje, quatro séculos depois, sabemos da importância do feito dele. Portanto não podemos acusar nossos irmãos que estão se dirigindo à Lua para pesquisas que devem ser considerada da máxima importância para o nosso progresso futuro, pois as despesas serão naturalmente compensadas com, talvez, a tranqüilidade para uma sociedade mais pacífica na Terra, porque se não entrarmos num conflito de proporções imensas, é possível que o homem construa na Lua cidades de vidro - cidades estufa - onde cientistas possam estabelecer pontos de apoio para observação da nossa galáxia.

Tais cidades não são sonhos da ciência, e com muito sacrifício da humanidade poderão ser feitas, e com elas poderão obter azoto, oxigênio, usinas de alumínio e formações de vidro e matéria plástica na própria Lua, e a água será fornecida pelo próprio solo lunar.

Teremos, quem sabe, a possibilidade de entrar em contato com outras comunidades da nossa galáxia, então vamos definitivamente encerrar o período bélico na evolução dos povos terrestres, pois vamos compreender que fazemos parte de uma grande família universal, pois não somos o único mundo criado por Deus.

Portanto nós precisamos prestigiar a paz nos povos, com a delegação máxima para a ciência, para que possamos auferir esses benefícios num futuro talvez mais próximo do que remoto, se nós fizermos por merecer.

Nesta época o programa espacial norte-americano estava entrando em descrédito. Viagens à Lua já eram comuns, e não davam mais audiência, e seus custos exorbitantes eram constantemente criticados pelos contribuintes (como se a evolução da ciência dependesse de entreter os norte-americanos na frente da TV...). O que Chico falou, nas entrelinhas, foi que, se gastarmos fortunas indo ao espaço, não estaremos gastando em armas, contribuindo assim para a paz e o nosso progresso. Isso provou ser bem verdade não apenas na guerra fria, mas explicitamente na guerra do golfo, onde um dos maiores motivos para a entrada na guerra foi a pressão da indústria de armamentos, que estava estagnada e iria começar a demitir em massa (vejam no documentário Fahrenheit 9/11). Principalmente a McDonnell Douglas, que fabrica caças. Ora, essa empresa era um dos pilares no programa espacial, e se fosse investido grandes recursos em pesquisa aeroespacial, já teríamos um novo ônibus espacial há anos e os astronautas não precisariam usar aqueles modelos ultrapassados - como a lata velha da Discovery - que, pelos planos da NASA, já deveria ter sido aposentado e só não o foi por falta de dinheiro.

07 novembro 2011

GRANDEZA DA ORAÇÃO

"De essência divina, a prece será sempre o reflexo positivamente sublime do Espírito, em qualquer posição, por obrigá-lo a despedir de si mesmo os elementos mais puros de que possa dispor." André Luiz

Observamos em todos os momentos da alma, seja no repouso, seja na atividade, o reflexo condicionado (ou ação independente da vontade que se segue, imediatamente, a uma excitação externa) na base das operações da mente, objetivando esse ou aquele gênero de serviço.
Daí resulta o impositivo da vigilância sobre nossa própria orientação, de vez que somente a conduta reta sustenta o reto pensamento e, de posse do reto pensamento, a oração, qualquer que seja o nosso grau de cultura intelectual, é o mais elevado toque de indução para que nos coloquemos, para logo, em regime de comunhão com as Esferas Superiores.
De essência divina, a prece será sempre o reflexo positivamente sublime do Espírito, em qualquer posição, por obrigá-lo a despedir de si mesmo os elementos mais puros de que possa dispor.
No reconhecimento ou na petição, na diligência ou no êxtase, na alegria ou na dor, na tranqüilidade ou na aflição, ei-la exteriorizando a consci6encia que a formula, em efusões indescritíveis, sobre as quais as ondulações do Céu corrigem o magnetismo torturado da criatura, insulada no sofrimento educativo da Terra, recompondo-lhe as faculdades profundas.
A mente centralizada na oração pode ser comparada a uma flor estelar, aberta ante o Infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz.
Aliada à higiene do espírito, a prece representa o comutador das correntes mentais, arrojando-as à sublimação.

(Mecanismos da Mediunidade, XXV, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)

05 novembro 2011

XIFÓPAGOS E REENCARNAÇÃO

Os chamados xifópagos, conhecidos a nível popular como gêmeos siameses, são aqueles que apresentam seus corpos unidos por um segmento físico. Comumente se observa o uso indevido do termo xiPÓfago, ao invés da designação correta xifópago.A nomenclatura provém de xifóide que é o apêndice terminal do osso esterno (com s ), situado na frente do tórax onde se unem as costelas, isto porque muitos dos xifópagos estudados eram unidos por esta parte do corpo. As ligações (físicas) podem se efetuar por diversos órgãos ou segmentos corporais , inclusive inviabilizando a gestação ou a sobrevivência de ambos os recém-natos.

Nas situações onde DUAS ENTIDADES ESPIRITUAIS se ligam à esfera espiritual materna e posteriormente ao fluido vital do óvulo, ocorrendo a fecundação, o óvulo fecundado (zigoto) sob a influência de duas energias espirituais diferentes tende a se bipartir. No início da embriogênese quando o ovo inicia sua multiplicação, há pela presença de dois espíritos, a separação em duas células que desenvolverão dois organismos filhos.

No processo normal quando há duas entidades espirituais ligadas ao ovo (óvulo fecundado), a dita separação determina o surgimento de gêmeos univitelineos (idênticos). No entanto, no caso dos xifópagos , permanecem unidos durante a gestação originando a ligação física entre os dois corpos. Ligação esta que pode se efetuar, inclusive, por órgãos vitais impossibilitando a intervenção cirúrgica especialmente em determinadas áreas do planeta onde os recursos são ainda rudimentares na área médica.

Do ponto de vista da CIÊNCIA ESPÍRITA , temos a informação que as pessoas se vinculam energeticamente a outras pela sua postura mental. Há casos, onde esta fixação atinge níveis patológicos de ligação e intercâmbio energético-vibratório.

Espíritos que se odeiam mutuamente, por exemplo, mantém um fluxo de energia entre si prendendo-se reciprocamente.

Em muitas circunstâncias, não há possibilidade ,a curto ou mesmo a médio prazo, de se dissolver estas ligações para a recuperação psíquica dos envolvidos. À medida que os anos passam, a imantação se acentua atingindo níveis graves de comprometimento do corpo astral (perispírito) de ambos.

A anestesia temporária, pela terapia da reencarnação, poderá servir de impulso renovador na reconstituição da normalidade.

Considerando sempre que os pais são co-participes do processo, os vínculos comuns do pretérito é que os leva a vivenciar esta situação. Não são portanto vítimas inocentes de uma lei natural injusta e arbitraria. O reencontro comum pelas afinidades que os atraem por sintonia energética nada mais é que o merecimento ou lei natural de causa e efeito a qual se opera automaticamente.

Inimigos que estabelecem vínculos expressivos e desequilibrantes, retornam juntos e unidos. Não conseguem se separar, jungidos pelo laço extrafísico que se expressará pela equivalente ligação biológica.

Em outros casos, por exemplo obsessões de naturezas diversas onde a dupla se realimenta por vias anormais , e mútuas, só a drenagem para a periferia física dessa ligação extrafísica , poderá facilitar o rompimento energético estabelecido. Renascem então, ligados.

A visão espiritual do processo , além de poder contribuir cientificamente em futuro próximo, para a compreensão da gênese do problema, serve desde já, também, para alertar com relação as conseqüências das fixações monoideísticas desequilibradas. A terapia da prece, no sentido da doação energética, é o recurso ideal e indispensável para suavizar as dores bem como para apontar soluções. Soluções que em futuro próximo para eles (xifópagos) se descortinará: A reconciliação, levando a união pelo vínculo normal e saudável do amor... (maiores detalhes no livro Gestação sublime intercâmbio, de minha autoria )

Dr. Ricardo Di Bernardi

02 novembro 2011

GÊMEOS XIFÓPAGOS

Existem alguns casos na medicina tradicional que nos impressionam, qual o motivo da criação de dois seres num mesmo corpo como os gêmeos siameses?
Quais são os conflitos e as expiações que estes espíritos semearam?
O que leva estes indivíduos ficarem encarcerados em único corpo e o porquê?

Estes conflitos só podem ser compreendidos e analisados por uma doutrina reencarnacionista aliada com a ciência terrena para explicar, algumas anomalias e monstruosidades, que nos surpreendem no espetáculo da vida, aonde os atores principais são os espíritos imortais com a capacidade e a vontade de progredir perante as leis divinas ou desorganizar e desarticular estas mesmas leis, ocasionando dor e sofrimento.

Gêmeos siameses ou Xifópagos são indivíduos gêmeos que nascem com os corpos grudados ou, até mesmo, com certos órgãos em comum. Tendo duas cabeças pensantes, é que ali estão dois espíritos habitando uma mesma estrutura física.

Sendo o xifóide o apêndice terminal do osso esterno, encontrado na frente do tórax onde se ligam as costelas, muitos dos xifópagos pesquisados eram ligados por esta parte do corpo. As uniões físicas podem se concretizar por diversos órgãos ou segmentos corporais, inclusive inviabilizando a gestação ou a sobrevivência de ambos dos recém nascidos.

Aos olhos da medicina terrena, os casos de gêmeos siameses traduzem o espetacular capítulo da embriologia chamado “teratologia”. Aonde se estudam as deformidades e anomalias anatômicas causadas em um único indivíduo ou em dois, existindo várias classificações e subclassificações. Na classificação principal os “deformes” de eixos corporais paralelos (teratópagos), os em forma de “Y”, “Y” invertido e os parasitários.

Os toracópagos são ligados pelo tórax, os esternópagos são ligados pelo osso esterno, os cefalotoracópagos são ligados pela cabeça e tórax, os metópagos são ligados pela face e os pigópagos que são ligados pelo dorso.

Aqueles que formam um "Y", há uma bifurcação a partir de um ponto do eixo do corpo, isto é, duas cabeças e dois troncos para um par de pernas. Nos "Y" invertidos, há uma cabeça e tronco e pares de membros duplos.

Na categoria dos parasitas, na visão da doutrina espírita, é o grupo que merece mais atenção, um dos indivíduos é atrofiado e parasita o outro, que, em geral, é bem desenvolvido e proporcionado. Que é o caso da menina indiana Lakshmi Tatma, que tem dois anos e, segundo os especialistas que a atendem em um hospital de Bangalore, ela era ligada pela pelve a uma gêmea siamesa que não se desenvolveu completamente.

Os mais de 30 cirurgiões trabalharam em turnos para separar a coluna vertebral e os rins de Lakshmi daqueles da sua gêmea. Em seguida, fecharam a cavidade pélvica da menina, reposicionando a bexiga e órgãos genitais, e colocando enxertos de pele sobre os locais onde ficavam os membros retirados.

Analisando a luz da doutrina espírita são dois espíritos ligados pelo ódio extremo ou por afinidade, comparsas que comungaram das mesmas idéias, pensamentos e sentimentos, gerando uma simbiose negativa entre os dois, ambos foram alimentando-se da mesma energia produzida, às vezes foram séculos vivendo neste circuito repetitivo, a idéia fixa e a transformação dos seus corpos perispirituais numa única massa, perdendo a individualidade dos seus corpos temporariamente.

Foram várias reencarnações compartilhando e atraindo como imã as formas de pensamento, nutrindo-se da mesma sintonia vibratória, o que fundiu seus corpos Espirituais como o aço derretido, tornando-se, muitas vezes, algo indefinido e sem forma, e que acabam renascendo nestas condições deploráveis, não pelo próprio livre arbítrio ou por castigo do Criador, mas, por uma espécie de determinismo originado na própria lei de causa e efeito.

Estes Espíritos, agora, unidos por algo em comum e ligados pelo perispírito, projetam no novo corpo físico, muitas vezes pela reencarnação compulsória, através do corpo espiritual, as lesões que danificaram, destruíram e desorganizaram os átomos, as moléculas, as células e até seus órgãos que fazem parte da constituição dos seus perispíritos, moldando o novo corpo físico de acordo com as impressões gravadas em suas consciências, gerando a ligação material pela pele ou por algum órgão vital, denominando-se gêmeos siameses.

Os espíritos se unem ao corpo espiritual da futura mãe e depois se ligam ao fluido vital do óvulo, ocorrendo à fecundação, o óvulo fecundado (zigoto) sob a influência de duas energias espirituais diferentes tende a se bipartir. No início da fecundação quando o zigoto inicia seu desenvolvimento, há pela presença de dois espíritos, a divisão em duas células que desenvolverão dois organismos filhos.

Nos casos normais quando existem dois espíritos unidos ao zigoto (óvulo fecundado), o processo da separação determina o surgimento de gêmeos univitelinos (idênticos).

Nos gêmeos xifópagos, ficam unidos na fase da gestação formando a união física entre os dois corpos. Podendo ser ligada por órgãos vitais dificultando a cirurgia médica para separar os corpos.

O Dr. Ricardo Di Bernardi diz que, se a troca de energias desequilibradas for profunda e principalmente na parte intelectual, ocorre um intenso desequilíbrio dos centros de força perispiritual coronário de ambos. Esta fusão energética pode formar como modelador de uma única cabeça para dois troncos (Y - invertido). Quando a desarmonização acontece nos sentimentos, haveria o envolvimento dos centros de força cardíaco e gástrico, formaria gêmeos xifópagos "Y", ligados ao tórax.

Invertendo as posições, através da reencarnação, obsedado e obsessor revezam os papéis, ora um se torna o algoz, ora se torna a vítima, tanto no plano físico como no plano Espiritual, atraídos sempre pelo ódio e o desejo de vingança, como pela afinidade nas mesmas atitudes, sonhos e ideais, acabam encontrando-se em circunstâncias difíceis e dramáticas, obrigando-os a compartilhar do mesmo sangue vital, do mesmo alimento e do ar que respiram.

Em muitos casos não existe a possibilidade de reabilitação, a curto ou mesmo em médio prazo, de resolver estas uniões para a recuperação psíquica e emocional dos envolvidos.

Quanto mais se prendem nesta obsessão, a energia gerada entre ambos se alastra chegando a uma situação gravíssima de comprometimento do corpo espiritual (perispírito) das duas criaturas.

Somente a reencarnação ajuda anestesiar temporariamente estas consciências transtornadas, o que poderá servir de incentivo regenerador na construção da real trajetória.

Esta expiação, também, serve para os pais que participaram de um modo ou de outro pela queda destas almas, os vínculos do passado levam a vivenciar esta difícil experiência, sendo que ninguém é vítima do acaso ou de uma lei injusta e arbitrária.

A formação de uma nova família, atraídos pelas mesmas afinidades e sintonia energética, é o despertar das leis divinas operando em nossas vidas a lei natural de causa e efeito.

Estes Espíritos retornam juntos e unidos pelo mesmo corpo físico. Não conseguem se separar, ligados por laços extrafísicos que se manifestará pela união biológica.

O sofrimento e as dificuldades por causa das limitações físicas e as dores morais do convívio compulsório, da exposição à curiosidade pública e as energias deletérias encharcadas em seus corpos espirituais serão expurgadas vagarosamente no corpo físico. A trajetória destes dois espíritos num mesmo corpo criará, ao longo do caminho, laços de amizade e carinho, despertando sentimentos de amor, de compreensão e será o início da regeneração pelo amor e pelo perdão.

Terão que lapidar suas almas e as tendências inferiores que cada um possui, revivendo em seus íntimos o evangelho simbolizado na prática da caridade, começando entre eles no exercício do amor restaurador. Dependerão somente de seus esforços, sendo orientados pelos bons espíritos e amparados pela família no carinho e zelo dos pais, formando um novo caráter edificado na transformação de suas personalidades, reeditando as suas memórias perispirituais na projeção de novos corpos sadios e na liberdade construída nas dores e no sofrimento físico.

Ruy Freitas