14 abril 2010

O DEVER ESTRITO E SAGRADO DA DOR

O sofrimento é condição inexorável do existir terreno, isto é, atinge e pensa inflexivelmente sobre todas as criaturas que, nesta vida ou em vidas passadas, faltaram ao cumprimento dos preceitos renovadores das leis divinas, e não têm ou não tiveram uma vida limpa de erros, ou seja, a perpetração de atos e de posturas mentais contrários às regras de uma vida equilibrada e justa.

Ambições desmedidas, invejas turvas, orgulho impertinente, ódio transformado em vinganças, egoísmo sustentáculo da cobiça, tudo isso constitui, nas almas, disposições para a maledicência: produto da inveja; para ofensa e espezinhamento dos outros como produto do orgulho; para a prática dos mais degradantes crimes, como produto do ódio; para a prática do roubo e de todas as extensões, que é o caminho sempre percorrido pelos ambiciosos e egoístas.

De todo este estendal de misérias psíquicas resultam desarmonias entre os prevaricadores e suas vítimas, possibilitando quadros obsessivos pertinazes, horrorosos.

Nestas condições, o sofrimento é um providencial estádio de reabilitação das almas, levando-as a refletir sobre os justos ditames da Lei de Deus...

A dor tem levado o homem à elaboração das mais diversas filosofias. Quer dizer que o tem obrigado a pensar. Ora, pelo pensamento, a maior força do Universo, porque força essencialmente divina, é que nos libertamos do escuro cárcere a que nós mesmos nos condenamos, quando cega trazemos consciência. O pensamento, só ele, é exclusivamente nosso, porque cada um de nós é uma mente a atuar no plano das vibrações correspondentes.

De certo, portanto, o pensamento que levou o homem primitivo, maravilhado com o espetáculo da Natureza, a soltar o seu primeiro grito de assombro.

Rodeava-se o mistério e ele, impotente para criar uma que fosse das maravilhas que se lhe ostentavam, pensou num ente superior, oculto à sua vista, e entoou, num arroubo espontâneo de admiração, o seu primeiro hino ao Criador.

Mais tarde, com o conhecimento da própria natureza lhe fosse desvendado as atitudes da Divindade, tornando-a infinitamente maior e, por isso, afastando-lha da retina, acabou confundindo a obra com o artífice.

A própria Natureza, todavia, mostrou-lhe que a dor a todos acompanha, qual sombra do berço ao túmulo ele inquiriu:

“- Mas, como! Se Deus é bom, como pode ter-nos condenado à dor?”

Por outro lado, conceber a onisciência e a onipotência associados à maldade, à iniquidade, à justiça fora absurdo. Mais lógico seria negar-lhe a existência. Tudo descamba no nada!

A dor, porém, continuou, calma e serenamente, a espiritualizá-lo, como quem cumpre dever estrito e sagrado.

Carlos Bernardo Loureiro

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