17 outubro 2010

BEM-AVENTURADOS OS QUE TÊM FECHADOS OS OLHOS

Capítulo : Ninguém poderá ver o Reino de Deus se não Nascer de Novo

Tópico : Bem-aventurados os que têm fechados os olhos

20. Meus bons amigos, para que me chamastes? Terá sido para que eu imponha as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! que sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as trevas a envolveram. Pobre filha! Que ore e espere.

Não sei fazer milagres, eu, sem que Deus o queira. Todas as curas que tenho podido obter e que vos foram assinaladas não as atribuais senão àquele que é o Pai de todos nós. Nas vossas aflições, volvei sempre para o céu o olhar e dizei do fundo do coração: “Meu Pai, cura-me, mas faze que minha alma enferma se cure antes que o meu corpo; que a minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve ao teu seio, com a brancura que possuía quando a criaste.”

Após essa prece, meus amigos, que o bom Deus ouvirá sempre, dadas vos serão a força e a coragem e, quiçá, também a cura que apenas timidamente pedistes, em recompense da vossa abnegação.

Contudo, uma vez que aqui me acho, numa assembléia onde principalmente se trata de estudos, dir-vos-ei que os que são privados da vista deveriam considerar-se os bem aventurados da expiação. Lembrai-vos de que o Cristo disse convir que arrancásseis o vosso olho se fosse mau, e que mais valeria lançá-lo ao fogo, do que deixar se tornasse causa da vossa condenação.

Ah! quantos há no mundo que um dia, nas trevas, maldirão o terem visto a luz! Oh! sim, como são felizes os que, por expiação, vêm a ser atingidos na vista! Os olhos não lhes serão causa de escândalo e de queda; podem viver inteiramente da vida das almas; podem ver mais do que vós que tendes límpida a visão!… Quando Deus me permite descerrar as pálpebras a algum desses pobres sofredores e lhes restituir a luz, digo a mim mesmo: Alma querida, por que não conheces todas as delicias do Espírito que vive de contemplação e de amor? Não pedirias, então, que se te concedesse ver imagens menos puras e menos suaves, do que as que te é dado entrever na tua cegueira!

Oh! bem-aventurado o cego que quer viver com Deus. Mais ditoso do que vós que aqui estais, ele sente a felicidade, toca-a, vê as almas e pode alçar-se com elas às esferas espirituais que nem mesmo os predestinados da Terra logram divisar. Abertos, os olhos estão sempre prontos a causar a falência da alma; fechados, estão prontos sempre, ao contrário, a fazê-la subir para Deus.

Crede-me, bons e caros amigos, a cegueira dos olhos é, muitas vezes, a verdadeira luz do coração, ao passo que a vista é, com freqüência, o anjo tenebroso que conduz à morte. Agora, algumas palavras dirigidas a ti, minha pobre sofredora. Espera e tem ânimo! Se eu te dissesse: Minha filha, teus olhos vão abrir-se, quão jubilosa te sentirias! Mas, quem sabe se esse júbilo não ocasionaria a tua perda! Confia no bom Deus, que fez a ventura e permite a tristeza. Farei tudo o que me for consentido a teu favor; mas, a teu turno, ora e, ainda mais, pensa em tudo quanto acabo de te dizer. Antes que me vá, recebei todos vós, que aqui vos achais reunidos, a minha bênção.

Vianney, cura d’Ars. (Paris, 1863.)

Estudo:

Vemos na lição que o que chamamos ou pensamos ser infortúnio, azar, má formação genética ou doenças de nascença seja qual for o nome dado, são expiações para as criaturas que a possuem.

Não ! Não é um castigo uma punição, muito pelo contrário é uma lição que serve para valorizar o que em passado remoto não demos muita importância com o mal uso que fizemos. Ë fácil colocarmos a culpa na genética, em Deus, mas é quase impossível nos resignarmos com o fato que foi provocado por nós mesmos.

Sabemos que nos infinitos graus de evolução em que se encontra a humanidade cada um possui sua má formação genética, seja no campo físico ou no campo moral que é sem dúvida a forma em que a grande maioria da humanidade se enquadra.

Como é fácil jogarmos os infortúnios sobre Deus sobre o acaso mas nunca sobre nossos atos e atitudes. Em nosso dia a dia praticamos atos insanos, como brigas no transito, brigas em casa por bobagens, desarmonias no trabalho, ajudamos em uma fofoquinha ali, outras vezes prejudicamos com um comentário a uma pessoa com quem não simpatizamos entre muito outros atos que praticamos.

Nesse momento muitos os que lêem essas letras diram “eu não, nunca fiz isso”, pergunto será?

Puxe na sua consciência. Uns diram “mas vou ter que esquecer para me rearmonizar?” sim irá e sabe porque ? pelo simples fato de não estar preparado ainda psicologicamente, porque se possuísse tal preparo a rearmonização viria de imediato. “Mas isso não seria mais lógico?” Não, porque por muito menos que esse fato que você pensou seu campo emocional se desequilibrou.

Deus prepara cada um de nós para o aprendizado, para como dizem na Bíblia “o fardo”, aliás na própria bíblia nos mostra que como Jesus diz “A cada um segundo suas obras” e completa amenizando dizendo “Deus não dá um fardo maior do que podemos carregar”. Por isso, os irmãos que reencarnam com certas digamos “imperfeições no campo físico” podem se sentir seres fortalecidos pelo AMOR de Deus, pois possuem a maturidade, a capacidade psicológica de se rearmonizar com esse “passado pretérito”.

“A porque ele ficou assim …porque ele ficou assado”… olha os motivos são o que menos importa, o mais importante para esses irmãos é o agora a capacidade de resignação, de se amarem, de compreenderem que não são vítimas, que o momento que atravessam é de aprendizado e resignação, isso contribuirá para sua elevação moral e espiritual.

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