09 julho 2010

O ESPIRITISMO E OS DISCOS VOADORES

Perguntam-nos o que a Doutrina Espírita ensina sobre discos voadores. Desde quando estamos autorizados a falar em nome dela? Fruto de nossa observação pessoal, o Espiritismo jamais se manifestou sobre isso. Não encontramos sequer um livro espírita sério voltado para esse assunto. Se valesse a pena, os espíritos superiores já teriam se preocupado com ele.

Nos anos 60, apareceu A Vida no Planeta Marte e os Discos Voadores, atribuído ao espírito Ramatis, um indiano, e assinado por Hercílio Maes. Com muitos e fervorosos leitores, a obra descrevia cidades futuristas no solo marciano, no melhor estilo de ficção científica, habitantes adiantadíssimos em tecnologia e ética, a empreender constantes visitas à Terra em seus maravilhosos discos voadores. A Federação Espírita Brasileira (FEB) nunca aceitou esta e outras publicações de ambos, considerando Hercílio Maes um médium intuitivo e não psicógrafo. Os psicógrafos permitem a escrita diretamente pelo espírito, enquanto os intuitivos apenas recebem sugestões e, na maioria das vezes, misturam idéias do comunicante com as suas próprias, antes de passá-las ao papel. Hoje, com tantos satélites e naves, a superfície inteira de Marte está fotografada, filmada, mapeada e segue estudada pelos cientistas da Terra, que jamais encontraram nela o menor indício desses prodígios.

Não é possível, contudo, que tantos registros de aparições de objetos voadores não- identificados (ældquo;VNIs) sejam ilusórios. São milhares e milhares, nos cinco continentes. Mesmo que a grande maioria esteja relacionada a fenômenos meteorológicos, naturais e conhecidos da ciência, um número incalculável segue sem explicação. Pilotos e passageiros de aviões, astronautas em lançamentos ou em órbita, relatam a presença desses corpos luminosos indiferentes às leis da física, muitas vezes acompanhados pelos radares e por outros instrumentos sofisticados, que confirmam e registram suas presenças.

O homem ainda não tem a menor condição de construir discos voadores assim. Por conclusão lógica, tais máquinas não seriam daqui e, tecnologicamente, estão séculos ou milênios à nossa frente. Mantêm-se intocáveis e, quando se aproximam, nunca chegam perto demais. Dão evidentes sinais de que nos vigiam. Os contatos de terceiro grau, cara a cara com os terráqueos, só acontecem no cinema e na televisão.

O filósofo Huberto Rohden, no século XX uma das cabeças pensantes mais lúcidas deste País, vinha constantemente ministrar curso de Filosofia Univérsica em Goiânia e, numa tarde de sábado, oferecemo-nos para o transportar, a fim de ouvi-lo diretamente, conhecedor que já éramos de muitos dos seus cerca de 60 livros. Iniciamos o diálogo surpreendente:


– O senhor acredita em disco voador?
– Não como você acredita. Ele não é uma máquina voadora, como um avião. Encontra-se em outra dimensão, aparece e desaparece quando deseja.
Ante nossa expectativa, explicou:
– Nossa civilização tem apenas seis mil anos e já ensaiamos os primeiros passos no espaço. Imagine uma civilização com 100 mil ou um milhão de anos. Não temos, sequer, condições de imaginar do que ela é capaz...

Só sendo fanático ou retardado mental para achar que, num universo infinito, existe vida apenas num planeta como o nosso, um grão de areia no meio de todas as praias do mar. A Igreja Católica, com seu geocentrismo, caiu do cavalo ao impor a Terra como centro do cosmos e condenando à fogueira, na Inquisição, quem a contestasse. Há poucos anos, assistimos ao papa João Paulo VI pedir perdão a Galileu Galilei, execrado, condenado e perseguido porque construiu o primeiro telescópio e anunciou o que os gregos sabiam na antiguidade: o centro é o Sol, e apenas do seu sistema. Ele não passa de ponto microscópio de luz e calor numa Via Láctea de 200 bilhões de estrelas, rodeadas de bilhões de outros mundos.

Francisco Cândido Xavier, em diferentes oportunidades, afirmou acreditar na existência de naves interplanetárias, como na entrevista publicada no jornal Estado de Minas, em julho de 1980. Em outra matéria – O Espírita Mineiro, número 171, fevereiro/abril de 1977 –, ele afirma que se nós fôssemos mais evoluídos e pacíficos, as humanidades de outros planetas já teriam entrado em contato conosco. Foram suas palavras textuais:
– Uma evolução espiritual iluminada pelo amor fraterno, consoante os ensinos de Jesus, devidamente praticados, nos colocaria em condições de receber os seres superiores de outros campos cósmicos para os compreender e assimilar-lhes as lições de progresso que nos pudessem ministrar.
Voltando a Huberto Rohden, o grande pensador cristão escreveu em sua obra O Homem:

“Estamos em vésperas de sofrer um golpe maior ainda do que aquele da nossa vaidade cosmocêntrica. Não somos a única humanidade, nem a mais evolvida das humanidades do cosmos. Tudo faz crer que somos uma espécie de jardim da infância no Universo, corporalmente, mentalmente, espiritualmente. As palavras do Cristo sobre as ‘muitas moradas na Casa do Pai’ assumem aspecto cada vez mais plausível.”

Jávier Godinho

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