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13 junho 2010
DEPOIS DA MORTE
O homem é um ser complexo. Nele se combinam três elementos para formar uma unidade viva, a saber:
O corpo, envoltório material temporário, que abandonamos na morte como vestuário usado;
O perispírito, invólucro fluídico permanente, invisível aos nossos sentidos naturais, que acompanha a alma em sua evolução infinita, e com ela se melhora e purifica;
A alma, princípio inteligente, centro da força, foco da consciência e da personalidade.
A alma, desprendida do corpo material e revestida do seu invólucro sutil, constitui o Espírito, ser fluídico, de forma humana, liberto das necessidades terrestres, invisível e impalpável em seu estado normal. O Espírito não é mais que um homem desencarnado. Todos tornaremos a ser Espíritos. A morte restitui-nos à vida do espaço.
Que se passa no momento da morte?
Como se desprende o Espírito da sua prisão material?
Que impressões, que sensações o esperam nessa ocasião temerosa?
É isso o que interessa a todos conhecer, porque todos cumprem essa jornada. A vida foge-nos a todo instante: nenhum de nós escapará a morte.
Deixando sua residência corpórea, o Espírito purificado pela dor e pelo sofrimento, vê sua existência passada recuar, afastar-se pouco a pouco com seus amargores e ilusões; depois, dissipar-se como as brumas que a aurora encontra estendidas sobre o solo e que a claridade do dia faz desaparecer. O Espírito acha-se, então, como que suspenso entre duas sensações: a das coisas materiais que se apagam e a da vida nova que se lhe desenha à frente. Entrevê essa vida como através de um véu, cheia de encanto misterioso, temida e desejada ao mesmo tempo. Após, expande-se a luz, não mais a luz solar que nos é conhecida, porém uma luz espiritual, radiante, por toda parte disseminada.
Pouco a pouco o inunda, penetra-o, e, com ela, um tanto de vigor, de remoçamento e de serenidade. O Espírito mergulha nesse banho reparador. Aí se despoja de suas incertezas e de seus temores. Depois, seu olhar destaca-se da Terra, dos seres lacrimosos que cercam seu leito mortuário, e dirige-se para as alturas. Divisa os céus imensos e outros seres amados, amigos de outrora, mais jovens, mais vivos, mais belos que vêm recebê-lo, guiá-lo no seio dos espaços. Com eles caminha e sobe às regiões etéreas que seu grau de depuração permite atingir. Cessa, então, sua perturbação, despertam faculdades novas, começa o seu destino feliz.
A entrada em uma vida nova traz impressões tão variadas quanto o permite a posição moral dos Espíritos.
Léon Denis
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