| O Espiritismo e a Ufologia têm pontos de intersecção significativos que atingem tanto os objetos de seus estudos individuais, quanto as conseqüências diretas de tais práticas no dia a dia | José Marcelo Gonçalves Coelho, escritor convidado
Em 1854, o renomado pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, que mais tarde adotaria o pseudônimo Allan Kardec, recebia a visita do senhor Fortier, seu amigo pessoal, que lhe falava sobre os fenômenos impressionantes que vinha presenciando. Os objetos inanimados, como mesas, cadeiras e copos, ao influxo de um magnetizador, se movimentavam de um lado para outro. E mais, “falavam”, por assim dizer, quando indagados sobre alguma questão. A princípio, Kardec mostrou-se cético, não quanto à movimentação dos objetos, mas quanto ao fato deles se expressarem de maneira inteligente, pois, em suas palavras, não possuíam cérebro para pensar.
Foi numa certa noite de maio de 1855, na casa da senhora Plainemaison que, pela primeira vez, assistiria aos fenômenos das chamadas mesas girantes e da escrita mediúnica. Após aquela noite, de posse de seu feeling investigativo, afirmaria ter visto naquelas aparentes futilidades algo de mais profundo, como uma nova lei que resolvera estudar firmemente. O Espiritismo, como afirmaria Kardec, é uma ciência de observação, com profundas conseqüências filosófico-morais. E, como tal, requer daqueles que se declarem espíritas um estudo aprofundado de tudo que lhe seja apresentado como possibilidade de experimentação. Decorrente desse exame podemos dizer que o caráter religioso do Espiritismo é conseqüência das observações científicas e das questões morais e filosóficas que a ele se apresentam. Fatalmente, esse conjunto nos conduz a uma maior aproximação da Inteligência Suprema, a que chamamos Deus – princípio de toda religião.
A ciência espírita e o crivo da razão
Allan Kardec, em 1859, em meio à obra O Que é o Espiritismo [Federação Espírita Brasileira, 1990], definia a doutrina como sendo uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de sua relação com o mundo corporal. Essa é a chamada Ciência Espírita, propriamente dita, que cuida especificamente de tudo o que se refere ao intercâmbio mediúnico entre encarnados e desencarnados, que configura a influência dos espíritos sobre a humanidade. Ao assumir as rédeas da chamada codificação espírita, que consistiu em reunir em livros os ensinamentos dados pela equipe do Espírito Verdade, Kardec implementou determinados procedimentos racionais que lhe permitiram assegurar a legitimidade das comunicações recebidas. Podemos dizer que ele adotou algumas diretrizes principais, no intuito de nortear o seu trabalho e chegar ao fim com uma bom resultado.
Para isso, escolheu colaboradores insuspeitos. E assim, o fez tanto do ponto de vista moral quanto da pureza das faculdades, por entender que a mediunidade em si, como manifestação dos espíritos desencarnados, não dependeria exclusivamente do aspecto moral do médium. Mas esse aspecto certamente definiria – como define – as companhias espirituais vinculadas ao sensitivo, que o estariam influenciando no decurso das mensagens canalizadas e registrando no papel as suas idéias. Kardec fez, então, uma análise rigorosa das comunicações recebidas. Todas elas, independente da assinatura que identificava o espírito comunicante, eram criteriosamente confrontadas com os avanços científicos da época. Tanto assim que em 1863, ao fazer um balanço das comunicações até então recebidas, chegou ao número de 3.600 mensagens, das quais 3.000 tinham moralidade irretocável, mas somente 300 delas foram consideradas dignas de publicação pelo conteúdo apresentado.
O codificador não parou aí, buscou nas mensagens um consenso universal, por assim dizer, de outros médiuns e outros espíritos, externando um mesmo pensamento evoluído. E somente adotou como princípio doutrinário as informações sobre as quais havia obtido um amplo consenso. Assim o fez, repetindo os questionamentos através de correspondências com diversos médiuns, espalhados por toda a Europa, que jamais tinham entrado em contato entre si. Fez um rigoroso controle dos espíritos comunicantes e de suas mensagens. Não se deixou iludir pelos nomes famosos que as subscreviam, mas verificava, essencialmente, o teor intrínseco das comunicações, ou seja, se o conteúdo era digno de crédito para divulgá-lo. Tais critérios, elaborados de modo científico, ditaram a tônica de seu trabalho. Constantemente, Kardec afirmava que os espíritos, desde o mais simples até o maior, tinham sido para ele meios de informação, e não os reveladores predestinados da verdade oculta.
Hoje, esses critérios racionais, adotados de modo científico, são aplicados nas instituições espíritas, com o fim de não se aceitar comunicações pseudo-sábias, absurdos espirituais ou frutos de crenças infundadas do médium, mensagens destituídas de lógica, de bom senso e de racionalidade. Os registros de médiuns imprevidentes, que se deixam dominar por forças espirituais inferiores, são rejeitados quando se encontram em confronto com os postulados espíritas. E não é incomum que tal procedimento seletivo faça aflorar no médium alguns melindres, como a vaidade ferida pela indignação de ter sua mensagem rejeitada ao crivo do método kardecista. Como registrara Erasto, “melhor rejeitar dez verdades do que aceitar uma só mentira”. É que a verdade firma-se por si só, a qualquer tempo, mas a mentira derruba o divulgador e lança sua obra ao ridículo. Mesmo que aflore no médium os amuos da vaidade, para dar crédito aos seus registros é preciso usar o crivo de Kardec. Leia esta matéria da íntegra adquirindo a UFO Especial 55 nas bancas |
sensato o artigo do escritor José Marcelo, eu acho que ele é o mesmo (pelo menos o nome é o mesmo) que já proferiu algumas palestras na Sociedade Colatinense de Estudos Espíritas (Colatina-ES), conforme link: http://scee-online.blogspot.com/search/label/Jos%C3%A9%20Marcelo%20Coelho um abraço Carlos Pretti
ResponderExcluir