13 junho 2009

PARAPSICOLOGIA E ESPIRITISMO

Etimologicamente, Parapsicologia significa “ao lado da Psicologia”. Este termo foi proposto por Max Dessoir, psicólogo alemão, em 1889. Veio a substituir o termo “metapsíquica”, cunhado por Charles Richet, que significa: “além da psique”. Este termo evoca a existência de um “mais além” espiritual, haja vista a ligação que Richet tinha com o espiritismo, sendo por isso condenado nos meios científicos. O termo Parapsicologia ficou mais em uso após a publicação dos trabalhos do Dr. Rhine, que preferia o seu uso.
Em 1930, o psicólogo americano J. B. Rhine, da Universidade de Duke, iniciou uma nova modalidade de pesquisa psíquica, principalmente a telepatia (comunicação mental), a clarividência (visão à distância) e a precognição (captação paranormal de um evento futuro). Usando o método quantitativo e o cálculo estatístico das probabilidades, ele levou à demonstração científica da PES (percepção extra-sensorial).

A história do paranormal pode ser dividida em várias fases:

a) A proto-história, que vai do passado até Mesmer – relatos históricos, observações empíricas e explicações de caráter mágico ou mitológico;

b) A pré-história, que vai de Mesmer a Kardec – interesse sobre as teorias sobre o magnetismo animal enunciado por Mesmer e desenvolvimento do movimento espírita;

c) A história moderna, que vai de Gassner até Goltz – estudos sobre as funções corticais superiores, os reflexos condicionados e suas implicações na hipnose, no comportamento e nas funções paranormais.

d) A história contemporânea, que vai de Crooks até Rhine – o desenvolvimento da parapsicologia como ciência experimental e estatística.

A Parapsicologia está classificada em quatro categorias:

a) Fenômenos parapsíquicos ou psi-gama: relacionados à PES, ou seja ligados à cognição, p.ex.: telepatia, clarividência, precognição etc.;

b) Fenômenos parafísicos ou psi-kapa: relacionados à influência paranormal sobre a matéria, p. ex.: levitação, psicocinesia (influência da mente sobre a matéria), aporte (penetração de um objeto num lugar fechado), “poltergeist” etc.;

c) Fenômenos parabiológicos: manifestações mistas psi-gama e psi-kapa, p. ex.: biopausia (domínio das funções orgânicas), transfiguração (modificação espontânea dos traços faciais ou das dimensões corporais), paraterapias (curas psíquicas ou mediúnicas variadas) etc. ;

d) Fenômenos paratanáticos ou psi-teta: relacionados à pretensa influência de seres desencarnados sobre a matéria (teta psi-kapa) ou fenômenos subjetivos (teta psi-gama), p. ex.: mediunidade.

A Parapsicologia é uma nova tentativa científica para compreender certas manifestações insólitas do psiquismo humano, dando continuidade a pesquisas feitas pela já referida Metapsíquica francesa, e pela Society for Psychical Research inglesa. Como qualquer ciência, ela é neutra e não tem por objetivo dar subsídios para apoiar qualquer religião ou filosofia, mas sim, procurar reunir informações que levem à comprovação dos fenômenos paranormais.
Ela não pode, no momento, comprovar ou contradizer os postulados básicos da doutrina espírita, no entanto, os estudos iniciados por Kardec fazem parte da pré-história da Parapsicologia.
No “Livro dos Médiuns” não só estão descritos os fenômenos mediúnicos, bem como muitos dos fenômenos atualmente estudados pela Parapsicologia.
No Brasil, muitos espíritas são parapsicólogos, mostrando desta forma que o espiritismo tem uma certa proximidade com a Parapsicologia e, quem sabe, não é esta proximidade que dará um novo impulso para a confirmação de determinados fenômenos psíquicos? Mas ainda há muitos grupos de parapsicólogos antiespiríticos e materialistas, para os quais o espiritismo não é nada mais que interpretações apressadas de fenômenos desconhecidos, donde se conclui que na Parapsicologia hoje há dois grupos distintos: o dos materialistas e o dos espiritualistas.
O espiritismo quando olha para a Parapsicologia, não é de uma posição subalterna, pois tendo ao seu lado uma forte razão e uma filosofia ética e moral evoluídas, pode encarar sem medo as pretensões materialistas deste saber, com confiança de que faz parte do futuro da humanidade. E lembrando as sábias palavras de Herculano Pires: “Não importa que a Parapsicologia rejeite o espiritismo e até mesmo o despreze, o que importa é que ela prossiga nas suas investigações, pois estas a levarão fatalmente ao reconhecimento da realidade espiritual”.

Jorge Cordeiro



Bibliografia:



Aizpúrua, Jon (2000). Os Fundamentos do Espiritismo. São Paulo: CEJB.

Andrade, Hernani Guimarães (1999). Parapsicologia experimental. São Paulo: Pensamento.

Faria, Osmard Andrade (1993). Curso de Parapsicologia (as funções psi). São Paulo: Atheneu.

Valente, Nelson (1997). História da Parapsicologia e seus métodos. São Paulo: Panorama.

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