12 maio 2009

PROTEGIDO DO PAPA NEGA HOLOCAUSTO

Reabilitação papal de bispo que nega o Holocausto revolta judeus
PULLELLA - A reabilitação concedida pelo Papa Bento XVI a quatro bispos tradicionalistas pode curar uma ferida na igreja católica ao custo de abrir outra com os judeus, já que um dos prelados nega o Holocausto.
Os quatro bispos readmitidos na Igreja neste final de semana lideram a ultra-direitista Sociedade de São Pio X (SSPX), que possui cerca de 600 mil filiados e rejeita modernizações do culto e da doutrina católicas.
Um deles, o britânico Richard Williamson, fez declarações negando a amplitude total do Holocausto nazista de judeus europeus, como aceito pelos historiadores.
Em comentários feitos na quarta-feira a uma rede de TV suíça, Williamson disse: "Acredito que não existiram câmaras de gás" e que somente cerca de 300 mil judeus pereceram nos campos de concentração nazistas, ao invés de 6 milhões.
Se por um lado a anulação das excomunhões que os afastaram da Igreja Católica deixou muitas questões internas em aberto, não há dúvida de que provocou o que alguns classificam como o maior abalo nas relações entre católicos e judeus em meio século.
Sediado em Israel, o rabino David Rosen, chefe de assuntos interreligiosos para o Comitê Judeu Americano e figura de destaque em décadas de diálogo com o Vaticano, disse: "O falecido papa João PauloII chamou o antissemitismo de pecado contra Deus e o homem. A negação da farta documentação da Shoah (Holocausto) é o mais descarado antissemitismo." Fontes diplomáticas disseram que a disputa pode colocar em dúvida a viagem do Papa à Terra Santa, planejada para maio. Um porta-voz do Vaticano disse que se por um lado os comentários de Williamson estão "sujeitos a críticas", por outro são "totalmente desligados" da anulação das excomunhões.
Mas líderes judeus não aceitaram a explicação. Eles questionaram por que o Vaticano não emitiu uma declaração explícita condenando Williamson, e um deles disse em particular que o decreto representa "um prego no caixão de 50 anos de diálogo".
As relações entre católicos e judeus já eram tensas por causa do papa Pio XII, acusado pelos judeus de fazer vista grossa ao Holocausto. Os judeus solicitaram ao Vaticano, que nega as acusações, a congelar os procedimentos que podem levar à sua santificação, ainda pendente de mais estudos de registros dos tempos da guerra.

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