08 dezembro 2008

O LOUCO

Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: "É um louco!". Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: "Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!"Assim me tornei louco.E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.Quem é louco, e quem não é louco?E o que é a loucura? Uma estupidez e uma cegueira ou uma compreensão mais profunda da vida?"Creio que a loucura é o primeiro passo para a sublimação divina. Sejas louco, e diga-nos o que há por trás do véu da razão. O objetivo da vida é aproximar-nos desses mistérios".Gibran Khalil Gibran

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