30 março 2010

ABORTO

Reconhecendo-se que os crimes do aborto provocado criminosamente surgem, em esmagadora maioria, nas classes mais responsáveis da comunidade terrestre, como identificar o trabalho expiatório que lhes diz respeito, se passam quase totalmente despercebidos da justiça humana?

ANDRÉ LUIZ: Temos no Plano Terrestre cada povo com seu código penal apropriado à evolução em que se encontra, mas, considerando o universo em sua totalidade como o Reino Divino, vamos encontrar o Bem do Criador para todas as criaturas, como Lei Básica, cujas transgressões deliberadas são corrigidas no próprio infrator, com o objetivo natural de conseguir-se, em cada círculo de trabalho no Campo Cósmico, o máximo de equilíbrio com o respeito máximo aos direitos alheios, dentro da mínima quota de pena.
Atendendo-se, no entanto, a que a Justiça Perfeita se eleva, indefectível, sobre o Perfeito Amor, no hausto de Deus "em que nos movemos e existimos", toda reparação, perante a Lei Básica a que nos reportamos, se realiza em termos de vida eterna e não segundo a vida fragmentária que conhecemos na encarnação humana, porquanto, uma existência pode estar repleta de acertos e desacertos, méritos e deméritos e a Misericórdia do Senhor preceitua, não que o delinqüente seja flagelado, com extensão indiscriminada de dor expiatória, o que seria volúpia de castigar nos tribunais do destino, invariavelmente regidos pela Equidade Soberana, mas sim que o mal seja suprimido de suas vítimas, com a possível redução de sofrimento.
Desse modo, segundo o princípio universal do Direito Cósmico e expressar-se, claro, nos ensinamentos de Jesus que manda conferir "a cada um de acordo com as próprias obras", arquivamos em nós as raízes do mal que acalentamos para extirpá-las à custa do esforço próprio, em companhia daqueles que se nos afinem à faixa de culpa, com os quais, perante a Justiça Eterna, os nossos débitos jazem associados.
À face de semelhante fundamentos, certa romagem na carne, entremeada de créditos e dívidas, pode terminar com aparências de regularidade irrepreensível para a alma que desencarna, sob o apreço dos que lhe comungam a experiência, seguindo-se de outra em que essa mesma criatura assuma a empreitada do resgate próprio, suportando nos ombros as conseqüências das culpas contraídas diante de Deus e de si mesma, afim de reabilitar-se ante a Harmonia Divina, caminhando, assim, transitoriamente, ao lado de espíritos incursos em regeneração da mesma espécie.
É dessa forma que a mulher e o homem, acumpliciados nas ocorrências do aborto delituoso, mas principalmente a mulher, cujo grau de responsabilidade nas faltas dessa natureza é muito maior, à frente da vida que ela prometeu honrar com nobreza, na maternidade sublime,
desajustam as energias psicossomáticas, com mais penetrante desequilíbrio do centro genésico, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que frutescerão, mais tarde, em regime de produção a tempo certo.
Isso ocorre não somente porque o remorso se lhes entranhe no ser, à feição de víbora magnética, mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero e, por vezes, de revolta e vingança dos Espíritos que a Lei lhes reservara para filhos do próprio sangue, na obra de restauração do destino.
No homem, o resultado dessas ações aparece, quase sempre, em existência imediata àquela na qual se envolveu em compromissos desse jaez, na forma de moléstias testiculares, disendocrinias diversas, distúrbios mentais, com evidente obsessão por parte de forças invisíveis emanadas de entidades retardatárias que ainda encontram dificuldade para exculpar-lhes a deserção.
Nas mulheres, as derivações surgem extremamente mais graves. O aborto provocado, sem necessidade terapêutica, revela-se matematicamente seguido por choques traumáticos no corpo espiritual, tantas vezes quantas se repetir o delito de lesa-maternidade, mergulhando as mulheres que o perpetram em angústias indefiníveis, além da morte, de vez que, por mais extensas se lhe façam as gratificações e os obséquios do Espíritos Amigos e Benfeitores que lhe recordam as qualidades elogiáveis, mais se sentem diminuídas moralmente em si mesmas, com o centro genésico desordenado e infeliz, assim como alguém indebitamente admitido num festim brilhante, carregando uma chaga que a todo instante se denuncia.
Dessarte, ressurgem na vida física, externando gradativamente, na tessitura celular de que se revestem, a disfunção que podemos nomear como sendo a miopraxia do centro genésico atonizado, padecendo, logo que reconduzidas ao curso da maternidade terrestre, as toxemias da gestação. Dilapidado o equilíbrio do centro referido, as células ciliadas, mucíparas e intercalares não dispõe da força precisa na mucosa tubária para a condução do óvulo na trajetória endossalpingeana, nem para alimentá-lo no impulso da migração por deficiência hormonal do ovário, determinando não apenas os fenômenos da prenhez ectópica ou localização heterotópica do ovo, mas também certos síndromes hemorrágicos de suma importância, decorrentes da nidação do ovo fora do endométrio ortotópico, ainda mesmo quando este já esteja acomodado na concha uterina, trazendo habitualmente os embaraços da placentação baixa ou a placenta prévia hemorragípara que constituem, na parturição, verdadeiro suplício para as mulheres portadoras do órgão germinal em desajuste.
Enquadradas na arritmia do centro genésico, outras alterações orgânicas aparecem, flagelando a vida feminina, , como sejam o descolamento da placenta eutópica, por hiperatividade histolítica da vilosidade corial; a hipocinesia uterina, favorecendo a germicultura do estreptococo ou do genococo, depois das crises endometríticas puerperais, a salpingite tuberculosa, a degeneração cística do cório; a salpigooforite, em que o edema e o exsudato fibrinosos provocam a aderência das pregas da mucosa tubária, preparando campo propício às grandes inflamações anexiais, em que o ovário e a trompa experimentam a formação de tumores purulentos que os identificam no mesmo processo de desagregação; os síndromes circulatórios da gravidez aparentemente normal, quando a mulher, no pretérito, viciou também o centro cardíaco, em conseqüência do aborto calculado e seguido por disritmia das forças psicossomáticas que regulam o eixo elétrico do coração, ressentindo-se, como resultado, na nova encarnação e em pleno surto de gravidez, da miopraxia do aparelho cardiovascular, com aumento da carga plasmática na corrente sanguínea, por deficiência no orçamento hormonal, daí resultando graves problemas da cardiopatia conseqüente.
Temos ainda a considerar que a mulher sintonizada com os deveres da maternidade na primeira ou, às vezes, até na segunda gestação, quando descamba para o aborto criminoso, na geração dos filhos posteriores, inocula, automaticamente no centro genésico e no centro esplênico do corpo espiritual as causas sutis de desequilíbrio recôndito, a se lhe evidenciarem na existência próxima pela vasta acumulação do antígeno que lhe imporá as divergências sanguíneas com que asfixia, gradativamente, através da hemólise, o rebento de amor que alberga carinhosamente no próprio seio, a partir da segunda ou terceira gestação, porque as enfermidades do corpo humano, como reflexos das depressões profundas da alma, ocorrem dentro de justos períodos etários.
Além dos sintomas que abordamos em sintética digressão na etiopatogenia das moléstias do órgão genital da mulher, surpreenderemos largo capítulo a ponderar no campo nervoso, à face da hiperexitação do centro cerebral, com inquietantes modificações da personalidade, a raiarem, muitas vezes, no martirológico da obsessão, devendo-se ainda salientar o caráter doloroso dos efeitos espirituais do aborto criminoso, para os ginecologistas e obstetras delinqüentes.

Para melhorar a própria situação, que deve fazer a mulher que se reconhece, na atual, com dívidas no aborto provocado, antecipando-se, desde agora, no trabalho de sua própria melhoria moral, antes que a próxima existência lhe imponha as aflições regenerativas?

ANDRÉ LUIZ: Sabemos que é possível renovar o destino todos os dias. Quem ontem abandonou os próprios filhos pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, necessitados de carinho e abnegação.
O próprio Evangelho do Senhor, na palavra do Apóstolo Pedro (I Pedro, 4:8), adverte-nos quanto à necessidade de cultivarmo

28 março 2010

UM GRANDE NEGÓCIO ?

Folha de São Paulo, SP, em 03/12/2009:

Eu, Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha, e Rafael Garcia, repórter do
Jornal, decidimos abrir uma igreja. Com o auxílio técnico do Departamento
Jurídico da Folha e do escritório Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de
Figueiredo Gasparian Advogados, fizemo-lo. Precisamos apenas de R$ 418,42 em
taxas e emolumentos e de cinco dias úteis (não consecutivos). É tudo muito
simples. Não existem requisitos teológicos ou doutrinários para criar um
culto religioso, nem tampouco se exige número mínimo de fiéis.
Com o registro da Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangelho e seu CNPJ,
pudemos abrir uma conta bancária na qual realizamos aplicações financeiras
isentas de IR e IOF. Mas esses não são os únicos benefícios fiscais da
empreitada: Nos termos do Artigo 150 da Constituição, templos de quaisquer
cultos são imunes a todos os impostos que incidam sobre o patrimônio, a
renda ou os serviços relacionados com suas finalidades essenciais, as quais
são definidas pelos próprios criadores. Ou seja, se levássemos a coisa
adiante, poderíamos nos livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e de vários outros
"impostos" de bens colocados em nome da igreja.
Há também vantagens extratributárias: Os templos são livres para se
organizarem como bem entenderem, o que inclui escolher até os seus
sacerdotes. Uma vez ungidos, eles já adquirem privilégios tais como a
isenção do serviço militar obrigatório (eu já sagrei os meus filhos Ian e
David ministros religiosos) e direito até a prisão especial!
Eis alguns curiosos nomes de algumas "igrejas" no Brasil:
- Igreja da Água Abençoada
- Igreja Adventista da Sétima Reforma Divina
- Igreja da Bênção Mundial Fogo de Poder
- Congregação Anti-Blasfêmias
- Igreja Chave do Éden
- Igreja Evangélica de Abominação à Vida Torta
- Igreja Batista Incêndio de Bênçãos
- Igreja Batista Ô Glória!
- Congregação Passo para o Futuro
- Igreja Explosão da Fé
- Igreja Pedra Viva
- Comunidade do Coração Reciclado
- Igreja Evangélica Missão Celestial Pentecostal
- Cruzada de Emoções
- Igreja C.R.B. (Cortina Repleta de Bênçãos)
- Congregação Plena Paz Amando a Todos
- Igreja A Fé de Gideão
- Igreja Aceita a Jesus
- Igreja Pentecostal Jesus Nasceu em Belém
- Igreja Evangélica Pentecostal Labareda de Fogo
- Congregação J. A. T. (Jesus Ama a Todos)
- Igreja Evangélica Pentecostal a Última Embarcação Para Cristo
- Igreja Pentecostal Uma Porta para a Salvação
- Comunidade Arqueiros de Cristo
- Igreja Automotiva do Fogo Sagrado
- Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo
- Assembléia de Deus do Pai, do Filho e do Espírito Santo
- Igreja Palma da Mão de Cristo
- Igreja Menina dos Olhos de Deus
- Igreja Pentecostal Vale de Bênçãos
- Associação Evangélica Fiel Até Debaixo D'Água
- Igreja Batista Ponte para o Céu
- Igreja Pentecostal do Fogo Azul
- Comunidade Evangélica Shalom Adonai, Cristo!
- Igreja da Cruz Erguida para o Bem das Almas
- Cruzada Evangélica do Pastor Waldevino Coelho, a Sumidade
- Igreja Filho do Varão
- Igreja da Oração Eficiente
- Igreja da Pomba Branca
- Igreja Socorista Evangélica
- Igreja 'A' de Amor
- Cruzada do Poder Pleno e Misterioso
- Igreja do Amor Maior que Outra Força
- Igreja Dekanthalabassi
- Igreja dos Bons Artifícios
- Igreja Cristo é Show
- Igreja dos Habitantes de Dabir
- Igreja 'Eu Sou a Porta'
- Cruzada Evangélica do Ministério de Jeová, Deus do Fogo
- Igreja da Bênção Mundial
- Igreja das Sete Trombetas do Apocalipse
- Igreja Barco da Salvação
- Igreja Pentecostal do Pastor Sassá
- Igreja Sinais e Prodígios
- Igreja de Deus da Profecia no Brasil e América do Sul
- Igreja do Manto Branco
- Igreja Caverna de Adulão
- Igreja Este Brasil é Adventista
- Igreja E.T.Q.B (Eu Também Quero a Bênção)
- Igreja Evangélica Florzinha de Jesus
- Igreja Cenáculo de Oração Jesus Está Voltando
- Ministério Eis-me Aqui
- Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia
- Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará
- Igreja de Deus Assembléia dos Anciãos
- Igreja Evangélica Facho de Luz
- Igreja Batista Renovada Lugar Forte
- Igreja Atual dos Últimos Dias
- Igreja Jesus Está Voltando, Prepara-te
- Ministério Apascenta as Minhas Ovelhas
- Igreja Evangélica Bola de Neve
- Igreja Evangélica Adão é o Homem
- Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado
- Ministério Maravilhas de Deus
- Igreja Evangélica Fonte de Milagres
- Comunidade Porta das Ovelhas
- Igreja Pentecostal Jesus Vem, Você Fica (Você senta, Jesus levanta
- Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo
- Igreja Evangélica Luz no Escuro
- Igreja Evangélica O Senhor Vem no Fim
- Igreja Pentecostal Planeta Cristo
- Igreja Evangélica dos Hinos Maravilhosos
- Igreja Evangélica Pentecostal da Bênção Ininterrupta
- Assembléia de Deus Batista A Cobrinha de Moisés
- Assembléia de Deus Fonte Santa em Biscoitão
- "Igreija" Evangélica Muçulmana Javé é Pai
- Igreja Abre-te-Sésamo
- Igreja Assembléia de Deus Adventista Romaria do Povo de Deus
- Igreja Bailarinas da Valsa Divina
- Igreja Batista Floresta Encantada
- Igreja da Bênção Mundial Pegando Fogo do Poder
- Igreja do Louvre
- Igreja Evangélica Batalha dos Deuses
- Igreja Evangélica do Pastor Paulo Andrade, O Homem que Vive sem Pecados
- Igreja Evangélica Idolatria ao Deus Maior
- Igreja MTV, Manto da Ternura em Vida
- Igreja Pentecostal Marilyn Monroe
- Igreja Quadrangular O Mundo É Redondo
- Igreja Evangélica Florzinha de Jesus (Londrina - PR)
- Igreja Pentecostal Trombeta de Deus (Samambaia - DF )
- Igreja Pentecostal Alarido de Deus (Anápolis - GO)
- Igreja pentecostal Esconderijo do Altíssimo (Anápolis - GO)
- Igreja Batista Coluna de Fogo (Belo Horizonte - MG)
- Igreja de Deus que se Reúne nas Casas (Itaúna - MG)
- Igreja Evangélica Pentecostal a Volta do Grande Rei (Poços de Caldas - MG)
- Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia (Uberlândia - MG)
- Igreja Evangélica a Última Trombeta Soará (Contagem - MG)
- Igreja Evangélica Pentecostal Sinal da Volta de Cristo (Três Lagoas - MS)
- Igreja Evangélica Assembléia dos Primogênitos (João Pessoa -PB)
- Ministério Favos de Mel (Rio de Janeiro - RJ)
- Assembléia de Deus com Doutrinas e sem Costumes (Rio de Janeiro - RJ)

A questão é rir ou chorar? Qual a intenção, origem e motivação por trás de
tanta "diversidade"?

GANHA-SE DINHEIRO (muito), TUDO ISENTO DE IMPOSTOS; "LAVA-SE" DINHEIRO E
TUDO O MAIS QUE A SUA IMAGINAÇÃO "CRIATIVA" QUISER POR EM PRÁTICA. Financiam campanhas para manter o controle do PODER (a famosa "bancada evangélica") é
poderosíssima, criam leis que os beneficiam, fazem negociatas; enfim, o
Brasil é mesmo um "tesouro" para todos esses "religiosos"!

27 março 2010

FAZEMOS TODOS PARTE DE UMA VERDADE MAIOR

Quem é Sai Baba?

A melhor maneira de conhecer Sathya Sai Baba é praticando seus ensinamentos.
Um pequeno esforço nesse sentido irá permitir que experimentemos a Verdade de sua mensagem.
Basear-se no relato dos outros pode ser bom, mas somente a vivência pessoal irá frutificar no Amor que Baba nos inspira a descobrir.

Conforme diz Sai Baba,

"O amor não age com interesses; o egoísmo é falta de amor.
O amor vive de dar e perdoar e o egoísmo vive de tomar e esquecer."

Sua vida é um exemplo de amor desinteressado. Ele costuma afirmar "minha vida é minha mensagem".
O que podemos ver de sua mensagem em sua vida?

Com relação às religiões, Sai Baba diz:

"Deixem que existam diferentes religiões, deixem que floresçam, deixem que a glória Divina seja louvada em todos os idiomas do mundo. Respeitem as diferenças entre religiões e reconheçam-nas como válidas, sempre que estas diferenças não tratem de extinguir a chama da irmandade do homem e a paternidade de Deus."

Sathya Sai Baba

No ashram de Sathya Sai Baba, onde ele reside, no Sul da Índia, são comemoradas festividades como o Natal, o dia de Krishna, o dia de Buda, o dia das Mães, entre outras.
Ao redor de um guia espiritual, naturalmente se reúnem aqueles que querem obter experiência e conhecimento - este local, onde habitam o guia e os aspirantes, denomina-se ashram, na Índia.

No Natal, Sai Baba fala sobre a mensagem de Jesus e nos ensina sobre sua vida, com a ênfase no amor e na unidade que Jesus promovia e praticava.

No dia de Krishna, Sai Baba narra episódios em que as ações de Krishna exemplificam a conduta amorosa e sábia com a qual lidava com as situações.

Na ocasião comemorativa de Buda, Sai Baba nos explica a essência dos ensinamentos de Buda, como o cultivo das qualidades superiores pela quietude e silêncio, mas principalmente a atitude da não-violência em ação, pensamento e palavra.

No dia das Mães, assim como no dia das mulheres - e Baba estabeleceu o dia 19 de todos os meses como dia das mulheres - Sathya Sai louva o feminino nos recordando do amor maternal como manifestação mais tangível do supremo Amor divino. Um destaque muito grande é dado às virtudes e responsabilidades das mulheres que, enquanto mães, estarão educando a futura humanidade.

Com relação à educação, Sathya Sai Baba é bastante claro:

"A verdadeira finalidade da educação é a formação do caráter."

Sathya Sai Baba

Em função de sua proposta educacional centrada nos Valores Humanos universais da verdade, paz, não-violência, amor e retidão, Sathya Sai conduziu a construção de escolas e universidades, atendendo a moças e rapazes desde o jardim da infância até o nível superior.

São obras que impressionam por sua beleza e dimensão, mas cujo valor principal não pode ser visto com os olhos, por ser a conduta de seus estudantes, voltados para o serviço à sociedade, trabalhando voluntariamente com alegria e amor.

Como cultivar essas qualidades nos jovens e crianças?
Por que esses estudantes estão felizes em ajudar aos outros, sem querer nem exigir nada em troca?

A vida do próprio Sai Baba é o maior exemplo inspirador, pois é uma vida de total dedicação à melhoria de condições físicas, mentais e espirituais dos seres humanos, ali na Índia e em todo o mundo.

O que o faz agir assim? O que faz os estudantes cultivarem o mesmo espírito solidário?

Sathya Sai Baba

Conforme ensina Sai Baba, e o demonstra em suas ações, isso só é possível com a remoção da ignorância básica de que somos indivíduos separados e isolados, através do conhecimento superior da Verdade fundamental de que somos uma unidade, interligados, totalmente conectados.

Esta sabedoria é o alicerce de todas as virtudes. Quando eu sei que o que faço ao outro, estou fazendo a mim mesmo, inevitavelmente estarei fazendo o melhor bem possível a todos. Se não tenho a sabedoria mais elevada, holística e transcendental da unidade de toda vida, estou iludido em meu egoísmo, agindo maleficamente com o outro, por não perceber que somos como células de um corpo só.

É este conhecimento fundamental que, ensinado desde cedo por educadores que amam seus alunos, naturalmente germina em seres humanos que trabalham felizes pelo bem de todos.

CORRENTES MENTAIS

"No cérebro humano, gabinete da alma erguida a estágios mais nobres na senda evolutiva, a corrente mental não se exprime tão só à maneira de impulso necessário à sustentação dos circuitos orgânicos, com base na nutrição e reprodução. É pensamento contínuo, fluxo energético incessante, revestido de poder criador inimaginável." - André Luiz

CORRENTES DE ELÉTRONS MENTAIS - Dentro de certa analogia, temos também as correntes de elétrons mentais, por toda a parte, formando cargas que aderem ao campo magnético dos indivíduos, ou que vagueiam, entre eles, à maneira de campos elétricos que acabam atraídos por aqueles que, excessivamente carregados, se lhes afeiçoem à natureza.
Recorrendo à imagem da caneta-tinteiro, em atrito com o pano de lã, e da máquina eletrostática, em que os elétrons se condicionam para a produção de centelhas, lembraremos que toda compressão de agentes mentais, através da atenção, gera em nossa alma estados indutivos pelos quais atraímos cargas de pensamentos em sintonia com os nossos.
A leitura de certa página, a consulta a esse ou àquele livro, determinada conversação, ou o interesse voltado para esse ou aquele assunto, nos colocam em correlação espontânea com as Inteligência encarnadas ou desencarnadas que com eles se harmonizem, por intermédio das cargas mentais que acumulamos e emitimos, em forma de quadros ou centelhas em série, com que aliciamos para o nosso convívio mental os que se integram a ideações analógicas às nossas.
Não nos propomos afirmar que o fenômeno da caneta-tinteiro ou do aparelho eletrostático seja igual à ocorrência da indução mental no cérebro.
Assinalamos apenas a analogia de superfície, para salientar a importância dos nossos pensamentos concentrados em certo sentido, porque é pela projeção de nossas idéias que nos vinculamos às Inteligências inferiores ou superiores de nosso caminho.
E para estampar, com mais segurança, a nossa necessidade de equilíbrio, perante a vida, recordemos que à maneira das correntes incessantes de força, que sustentam a Natureza terrestre, também o pensamento circula ininterrupto, no campo magnético de cada Espírito, extravasando-se para além dele, com as essências características a cada um.
Queira ou não, cada alma possui no próprio pensamento a fonte inestancável das próprias energias.
Correntes vivas fluem do íntimo de cada Inteligência, a se lhe projetarem no "halo energético", estruturando-lhe a aura ou fotosfera psíquica, à base de cargas magnéticas constantes, conforme a natureza que lhes é peculiar, de certa forma semelhantes às correntes de força que partem da massa planetária, compondo a atmosfera que a envolve.

CORRENTES MENTAIS CONSTRUTIVAS - Assim como a Natureza encontra, na distribuição harmoniosa das próprias energias, o caminho justo para o próprio equilíbrio, sustentando-se em movimento contínuo, o Espírito identifica, no trabalho ordenado com segurança, a trilha indispensável para o seu clima ideal de euforia.
Quanto mais enobrecida a consciência, mais se lhe configurará a riqueza de imaginação e poder mental, surgindo portanto mais complexo o cabedal de suas cargas magnéticas ou correntes mentais, a vibrarem ao redor de si mesmo e a exigirem mais ampla quota de atividade construtiva no serviço em que se lhe plasmem vocação e aptidão.
Seja no esforço intelectual em elevado labor, na criação artística, nas obras de benemer6encia ou de educação, seja nas dedicações domésticas, nas tarefas sociais, nas profissões diversas, nas administrações públicas ou particulares, nos empreendimentos do comércio ou da indústria, no amanho da terra, no trato dos animais, nos desportos e em todos os departamentos de ação, o Espírito é chamado a servir bem, isto é, a servir no benefício de todos, sob pena de conturbar a circulação das próprias energias mentais, agravando os estados de tensão.

CORRENTES MENTAIS DESTRUTIVAS - Os referidos estados de tensão, devidos a "núcleos de força na psicosfera pessoal", procedem, quase sempre, à feição de nuvens pacíficas repentinamente transformadas pelas cargas anormais de elétrons livres em máquinas indutoras, atraindo os campos elétricos com que se fazem instrumentos da tempestade.
Acumulando em si mesma as forças autogeradas em processos de profundo desequilíbrio, a alma exterioriza forças mentais desajustadas e destrutivas, pelas quais atrai as forças do mesmo teor, caindo freqüentemente em cegueira obsessiva, da qual muitas vezes se afasta, desorientada, pela porta indesejável do remorso, após converter-se em intérprete de inqualificáveis delitos.
Noutras circunstâncias, considerando-se que o processo da obliteração mental, ou "acumulação desordenada das nuvens de tensão no campo da aura" se caracteriza por imensa gradação, se as criaturas conscientes não se dispõem à distribuição natural das próprias cargas magnéticas, em trabalho digno, estabelecem para si a degenerescência das energias.
Nessa posição, emitem ondas mentais perturbadas, pelas quais se ajustam a Inteligências perturbadas do mesmo sentido, arrojando-se a lamentáveis estações de aviltamento, em ocorrências deploráveis de obsessão, nos quais as mentes desvairadas ou caídas em monoideísmo vicioso se refletem mutuamente.
E chegadas a semelhantes conturbações, seja no arrastamento da paixão ou na sombra do vício, sofrem a aproximação de correntes mentais arrasadoras, oriundas dos seres empenhados à crueldade, por ignorância - encarnados ou desencarnados -, que, em lhes vampirizando a existência, lhes impõem disfunções e enfermidades de variados matizes, segundo os pontos vulneráveis que apresentem, criando no mundo vastas províncias de alienação e de sofrimento.

(Mecanismos da Mediunidade, cap. XV, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)

PARTÍCULA ELÉTRICA X PARTÍCULA MENTAL - Em identidade de circunstâncias, apesar da diversidade dos processos, toda partícula da corrente mental, nascida das emoções e desejos recônditos do Espírito, através dos fenômenos íntimos e profundos da consciência, cuja estrutura ainda não conseguimos abordar, se desloca, produzindo irradiações eletromagnéticas, cuja freqüência varia conforme os estados mentais do emissor, qual acontece na chama, cujos fótons arremessados em todas as direções são constituídos por grânulos de força cujo poder se revela mais, ou menos intenso, segundo a freqüência da onda em que se expressam.

CORRENTE MENTAL SUB-HUMANA - Nos reinos inferiores da Natureza, a corrente restringe-se a impulsos de sustentação nos seres de constituição primária, a começar nos minerais, preponderando nos vegetais e avançando pelo domínio dos animais de formação mais simples, para se evidenciar mais complexa nos animais superiores que já conquistaram bases mais amplas à produção do pensamento contínuo.
Em todas as criaturas sub-humanas, os agentes mentais, na forma de impulsos constantes, são, desse modo, empregados na manutenção de calor e magnetismo, radiação e atividade química nos processo vitais dos circuitos orgânicos, de maneira a sedimentarem, pouco a pouco, os alicerces de inteligência, salientando-se que nos animais superiores os impulsos mentais a que aludimos já se responsabilizam por valioso patrimônio de percepções avançadas.

CORRENTE MENTAL HUMANA - No homem a corrente mental assume feição mais elevada e complexa.
No cérebro humano, gabinete da alma erguida a estágios mais nobres na senda evolutiva, a corrente mental não se exprime tão só à maneira de impulso necessário à sustentação dos circuitos orgânicos, com base na nutrição e reprodução. É pensamento contínuo, fluxo energético incessante, revestido de poder criador inimaginável.
Nasce das profundezas da mente, em circunstâncias por agora inacessíveis ao nosso conhecimento, porque, em verdade, a criatura, pensando, cria sobre a Criação ou Pensamento Concreto do Criador.
E, após nascida, ei-la - a corrente mental - que se espraia sobre o cosmo celular em que se manifesta, mantendo a fábrica admirável das unidades orgânicas, através da inervação visceral e na inervação somática a se constituírem pelo arco reflexo espinhal, bem como pelos centros e vias de coordenação superiores.
E, assim, percorre o arco reflexo visceral, vibrando:

1) nas fibras aferentes, cuja tessitura celular permanece nos gânglios das raízes dorsais e dos nervos cranianos correspondentes;

2) nas fibras conectoras mielínicas que se originam na coluna intermédio-lateral;

3) nas fibras motoras originadas nos neurônios ganglionares e que terminam nos efetores ou fibras pós-ganglionares.

Acima do nível espinhal, vibra, ainda:

1) na integração pontobulbar em que se hierarquizam reflexos importantes, como sejam os de pressão arterial;

2) no conjunto talâmico e hipotalâmico, em que se mecanizam os reflexos do Espírito;

3) na composição cortical.

A corrente mental, segundo anotamos, vitaliza, particularmente, todos os centros da alma e, conseqüentemente, todos os núcleos endócrinos e junturas plexiformes da usina física, em cuja urdidura dispõe o Espírito de recursos para os serviços da emissão e recepção, ou exteriorização dos próprios pensamentos e assimilação dos pensamentos alheios.

(Capítulo completo em "Mecanismos da Mediunidade", X,
André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)

23 março 2010

A CONVERSÃO DE COELHO NETO AO ESPIRITISMO

Sobre a conversão do notável e saudoso escritor Coelho Neto ao Espiritismo, eis a entrevista publicada pelo "Jornal do Brasil", de sete de julho de 1923 que ora transcrevemos:

"Sim, tens razão. Combati, com todas as minhas forças, o que sempre considerei a mais ridícula das superstições. Essa doutrina, hoje triunfante em todo o mundo, não teve, entre nós, adversário mais intransigente, mais cruel do que eu.

Em casa, onde a propaganda, habilmente insinuada, conseguira fazer prosélitos, todos temiam-me, apesar da minha conhecida tolerância em matéria de fé, porque eu não deixava passar um só dos livros de preparação e opunha-me, com energia, às tais sessões reveladoras. Mas que queres?

Não tiveram os cristãos inimigo mais acirrado do que Saulo até o momento em que, na estrada de Damasco, por onde ia para a sua campanha de perseguição, o céu abriu-se em luz e uma voz do Alto o chamou à fé. E de inimigo que era não se tornou, o tapeceiro de Tarso, o mais fervoroso e abnegado apóstolo do Cristianismo, saindo a pregar a Palavra suave ao gentio pagão? Pois, meu caro, a minha estrada de Damasco foi o meu escritório e, se nele não irradiou a luz celestial, que deslumbrou S. Paulo, soou uma voz do Além, voz amada, cujo eco não morre em meu coração.

Sabes que, depois da morte da pequenina Ester, que era o nosso enlevo, a vida tornou-se sombria. A casa, dantes alegre com o riso cristalino da criança, mudou-se em jazigo melancólico de saudade. Passei a viver entre sombras lamentosas.

Minha mulher, para quem a netinha era tudo, não fazia outra coisa senão evocá-la, reunindo lembranças: roupas que ela vestira, brinquedos que a acompanharam até a última hora, entre os quais a boneca, que foi com ela para a cova, porque a pobrezinha não a deixou até expirar.

Júlia... coitada! Nem sei como resistiu a tão fundos desgostos; seis meses depois do marido, a filha.

Pensei perdê-la. Todas as manhãs lá ia ela, para o cemitério, cobrir o pequenino túmulo de flores, e lá ficava, horas e horas, conversando com a terra, com o mesmo carinho com que conversava com a filha. Ia depois ao túmulo do marido e assim vivia entre mortos, alheia ao mais, indiferente a tudo.

Propus mudarmo-nos para Copacabana. Opôs-se. Insistiu em ficar na casa em que fora feliz e desgraçada, mas onde perduravam recordações do seu tempo de ventura.

Temi que a seduzissem para o Espiritismo, que a lançassem ao turbilhão do mistério em que se agitam as almas do nosso tempo, como endemoninhados da Idade Média corriam ao sabbat, nos desfiladeiros sinistros. No estado de abatimento moral em que ela se achava, seria arriscado perturbar-lhe a razão com práticas nigromânticas.

As minhas ordens, dadas em tom severo, foram obedecidas. Júlia passava os dias no quarto, que fora da pequena, e de fora ouvíamo-la falar, rir, contar histórias de fadas, exatamente como fazia durante a vida da criança.

Tais ilusões dolorosas eram bálsamos que mitigavam o sofrimento da alma, como a morfina alivia as dores. Cessada a ilusão, o desespero irrompia mais acerbo.

Uma noite, minha mulher entrou-me pelo escritório, lavada em lágrimas, e disse-me, abraçando-se comigo, que a filha enlouquecera.

- Por quê?! perguntei.

- Está lá embaixo, ao telefone, falando com Ester.

- Que Ester?

- A filha...

Encarei-a demoradamente, certo que a louca era ela, não Júlia.

Como se compreendesse o meu pensamento, ela insistiu:

- Lá está. Se queres convencer-te, vem até a escada. Poderás ouvi-la.

Fui. Como sabes, tenho dois aparelhos: um no "hall", outro, em extensão, no meu escritório.

Ficamos os dois, minha mulher e eu, junto à balaustrada do primeiro andar.

Júlia falava baixo, no escuro.

Por mais esforço que fizéssemos, não conseguíamos ouvir uma palavra. Era um sussurro meigo, cortado de risinhos. O que me pareceu (por que não dizê-lo?) foi que a conversa era de amor.

Tive ímpetos de violar o segredo de minha filha, mas o escrúpulo do meu cavalheirismo conteve-me.

- Por que dizes que ela fala com Ester? perguntei à minha mulher.

- Por quê? Porque ela mesmo me confessou e não imaginas com que alegria!

Fiquei estatelado, sem compreender o que ouvia. De repente, numa decisão, entrei no escritório, desmontei lentamente o fone do aparelho, apliquei-o ao ouvido e ouvi.

Ouvi, meu amigo. Ouvi minha neta. Reconheci-lhe a voz, a doce voz, que era a música da minha casa... Mas não foi a voz que me impressionou, que me fez sorrir e chorar, senão o que ela dizia.

Ainda que eu duvidasse, com toda a minha incredulidade, havia de convencer-me, tais eram as referências, as alusões que a pequenina voz do Além fazia a fatos, incidentes da vida que conosco vivera o corpo do qual ela fora o som...

Mistificação? E que mistificador seria esse que conhecia episódios ignorados de nós mesmos, passados na mais estreita intimidade entre mãe e filha? Não! Era ela, a minha neta, ou antes, a sua alma visitadora que se comunicava daquele modo com o coração materno, levantando-o da dor em que jazia para consolação suprema.

Ouvi toda a conversa e compreendi que nos estamos aproximando da grande era; que os tempos se atraem - o finito defronta o infinito, e das fronteiras que os separam, as almas já se comunicam. E eis como me converti, eis porque te disse que a minha estrada de Damasco foi o escritório onde, se não fui deslumbrado pelo fogo celestial, ouvi a voz do céu, a voz do Além, da outra Vida, do mundo da Perfeição...

- Ouviste-a ao telefone... E por que não a ouves no ar, como a ouviu... São Paulo, por exemplo?

- Por quê? Porque o espírito precisa de um meio em que se demonstre. Para viver conosco, encarna-se. O próprio Espírito de Jesus encarnou-se. O lume precisa de um combustível para arder e o lume é luz, eternidade: o som precisa de um órgão para vibrar. Todo o imaterial carece de um veículo para agir.

- Uma pergunta, apenas: - Como consegue Dona Júlia pôr-se em comunicação com o espírito da filha? Não me consta que a "Companhia Telefônica" tenha ligação com o Além.

- Respondo-te. Quando Júlia - disse-me ela própria - deseja comunicar-se com a filha, invoca-a, chama-a com o coração, ou melhor: com o amor, e ouve-lhe imediatamente a voz. Falam-se, entretêm-se, continuam a vida espiritual. A que está lá em cima é feliz na bem-aventurança, e a que ficou na orfandade já não sofre, como dantes sofria, porque o que era esperança tornou-se certeza...

- Certeza de quê?

- De uma vida melhor e maior, de vida puramente espiritual, como a claridade, vida sem dores, sem os tormentos próprios da carne, que não é mais do que um cadinho em que nos depuramos em sofrimento para alcançarmos a Perfeição."

FONTE: Revista Espírita Allan Kardec, ano XII, nº 44


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19 março 2010

AMAR AO PRÓXIMO

O testamento de Léon Tolstoi (1828 - 1910)

Publicado por Caibar Schutel na Revista Internacional de Espiritismo de 15 de abril de 1936

Eu não poderia me deter nem contemporizar mais. É inútil vacilar e pensar mais sobre o que tenho que dizer. A vida não espera. Minha existência declina e de repente posso desaparecer. Se me é dado ainda prestar alguns serviços aos homens, se posso fazer-me perdoar os meus pecados, minha vida ociosa e material, não será senão fazendo saber aos homens meus irmãos o que me foi dado compreender mais claramente que eles; o que me tortura e martiriza o coração há muitos anos.

Todos os homens sabem, como eu, que nossa vida não é o que deveria ser e que nos fazemos mutuamente desgraçados.

Sabemos que para ser felizes e fazer ditosos os outros, é preciso amar o nosso próximo como a nós mesmos; se nos é impossível fazer ao nosso semelhante o que quiséramos que ele nos fizesse, pelo menos não lhe façamos o que não queremos que ele não nos faça.

É isto que ensinam as religiões de todos os povos; é o que mandam que façamos, a nossa razão e a nossa consciência.

A morte do invólucro corporal que nos ameaça a cada instante, recorda-nos o caráter efêmero dos nossos atos; assim, a única coisa que podemos fazer e que pode levar-nos à felicidade e à serenidade, é obedecer a cada instante o que nos ordenam a nossa razão e consciência, se não crermos na revelação ou no ensino do Cristo.

Em outros termos: se não podemos fazer ao nosso próximo o que quiséramos que ele nos fizesse, ao menos não lhe façamos o que não desejamos para nós.

Embora todos conheçamos há muito tempo esta verdade, em vez de realizá-la, os homens se matam, roubam, violentam. E assim, em vez de viverem na alegria, na tranqüilidade, no amor, sofrem, penam e não sentem senão ódio e medo uns dos outros. Por toda a parte, em toda a superfície da Terra, os homens tratam de dissimular sua vida insensata, esquecerem-se de si mesmos, sofrear seu sofrimento, sem poderem conseguir; o número dos desgraçados que perdem a razão e se suicidam aumenta todos os anos, porque é superior às suas forças suportar uma vida contrária à natureza humana.

Mas, dir-se-á, talvez, é necessário que a vida seja assim; é necessária a existência dos imperadores, dos reis, dos governos, dos parlamentos que mandam milhões de homens, providos de fuzis e de canhões, atirarem-se uns sobre os outros; necessárias as fábricas e os estabelecimentos que produzem objetos inúteis e prejudiciais, e onde milhões de homens, mulheres e crianças são transformadas em máquinas, sofrendo 10,12 e 15 horas por dia; necessário o despovoamento crescente das cidades e a invasão das mesmas com asilos noturnos, seus refúgios de crianças, seus hospitais; necessário o aprisionamento de milhares de homens.

Acaso é necessário que a doutrina do Cristo, que ensina a concórdia, o perdão das ofensas, o amor ao próximo, ao inimigo; seja inculcada aos homens por sacerdotes de várias e numerosas seitas em luta contínua, e sob fórmulas de fábulas estúpidas e imorais sobre a criação do mundo e do homem, sobre seu castigo e sua redenção pelo Cristo, e sobre tal ou qual rito, tal ou qual sacramento? Talvez, semelhante estado de coisas seja natural ao homem, como é natural às formigas e às abelhas viverem em seus formigueiros e em suas colmeias em contínua luta e sem outro ideal. Assim, de fato, é que dizem muitos.

Mas o coração humano não quer crer. Sempre se sobrelevou contra a vida mentirosa e tem sempre convidado aos homens a se deixarem levar pela razão e pela consciência; e nos nossos dias faz tal chamamento mais urgente do que nunca.

Já sabemos demasiadamente que nossa vida não abarca séculos, milhares de anos, uma eternidade, e entretanto, nos achamos na Terra vivendo, pensando, amando, gozando a vida...

E agora podemos passar estes setenta anos - se chegarmos a tal idade, porque podemos não viver senão alguns dias, algumas horas - no desgosto, no ódio, ou na alegria e no amor; podemos viver com a consciência de estar fazendo o mal, ou bem, de realizar, ainda imperfeitamente, o que podemos crer que seja nosso dever.

" - Andai preparados, andai preparados, andai preparados" - dizia, aos homens, João Batista.

" - Andai preparados" - dizia o Cristo.

" - Andai preparados" - diz a voz de Deus, tanto como a voz da consciência e da razão.

Entretanto, distingamos as nossas ocupações, cada um dos nossos prazeres, e perguntemos a nós mesmos: fazemos o que devemos, ou gastamos inutilmente nossa vida, (...)

Bem sei que basta uma vista de olhos, como um cavalo que faz voltear uma roda; nos parece impossível deter-nos para refletir um instante, dizendo:

"Nada de tantas reflexões; atos sim".

E outros afirmam:

"Não é preciso, cada um pensar em si mesmo, em nossos desejos, quando a obra, a cujo serviço nos achamos, é a nossa família, a arte, a ciência, a sociedade, tudo pelo interesse geral".

Outros garantem:

"Tudo está pensado e experimentado há muito tempo e ninguém encontrou algo melhor; sigamos, pois, nossa vida e nada mais".

Outros, enfim, pretendem:

"Refletir ou não refletir, tudo é a mesma coisa; vive-se e depois se morre; o melhor é, pois, viver para o prazer. Quando se quer refletir, vê-se que a vida é pior do que a morte e atenta-se sobre os seus próprios dias. Assim, basta de reflexões, vivamos como pudermos".

Não ouçais essas vozes; para todos aqueles raciocínios, responderei simplesmente:

"Atrás de mim vejo a eternidade, tempo em que eu ainda não existia; diante de mim pressinto a mesma noite infinita na qual a morte pode, repentinamente tragar-me. Agora vivo e posso, eu sei que posso, fechar voluntariamente os olhos para uma existência cheia de misérias; mas sei que abrindo-os para olhar em redor de mim, posso escolher o melhor e o que é mais belo. Assim, digam o que quiserem as vozes, sejam quais forem as seduções que me atraem, forçado que esteja à obra que tenha começado e arrastado pela vida que me rodeia; eu me detenho, examino e reflito".

Eis o que eu tinha de lembrar aos meus semelhantes antes de passar para o infinito...

Léon Tolstoi

CONHECE-TE A TI MESMO


Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

"Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo."

a) - Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?

"Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: "Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?"

"Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.

"O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhosos julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na poderia ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm. em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.

"Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta exatamente a idéia que estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Por isso foi que primeiro chamamos a vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que agora vos damos instruções, que cada um de vós se acha encarregado de espalhar. Com este objetivo é que ditamos O Livro dos Espíritos." SANTO AGOSTINHO.

Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se, efetivamente, seguindo o conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais amiúde a nossa consciência, veríamos quantas vezes falimos sem que o suspeitemos, unicamente por não perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos. A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas categóricas, por um sim ou não, que não abrem lugar para qualquer alternativa e que são outros tantos argumentos pessoais. E, pela soma que derem as respostas, poderemos computar a soma de bem ou de mal que existe em nós.

Questão 919 do livro dos espíritos (Allan Kardec )







17 março 2010

O MAL NÃO EXISTE

Nós espiritas não acreditamos em céu muito menos em inferno, pois acreditamos que nossos erros e acertos fazem parte de nossa trajetória evolutiva. O" mal" que nos fazem devemos retribuir com o bem nos ensinam os espíritos mais evoluídos. Eu sem querer ser presunçoso penso que o mal não existe , o que existe é o bem desagradável e o bem agradável. Nós aprendemos com a experiência que quando nos acontece uma coisa" má ",tiramos sempre dela uma boa lição e como por definição uma coisa "má"não pode gerar uma coisa boa , então mal não existe.

16 março 2010

"Como atua o mecanismo da Justiça no Plano Espiritual?"

ANDRÉ LUIZ: No mundo espiritual, decerto, a autoridade da justiça funciona com maior segurança, embora saibamos que o mecanismo da regeneração vige, antes de tudo, na consciência do próprio indivíduo.
Ainda assim, existem aqui, como é natural, santuários e tribunais, em que magistrados dignos e imparciais examinam as responsabilidades humanas, sopesando-lhes os méritos e deméritos.
A organização do júri, em numerosos casos, é aqui observada, necessariamente, porém, constituída de Espíritos integrados no conhecimentos do Direito, com dilatadas noções de culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências sociais, a fim de que as sentenças ou as informações proferidas se atenham à precisa harmonia, perante a Divina Providência, consubstanciada no amor que ilumina e na sabedoria que sustenta.
Há delinqüentes tanto no plano terrestre quanto no plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemente desencarnados são entregues a julgamento específico, sempre que necessário, mas também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas, se deixam, muitas vezes, arrastar a paixões e caprichos inconfessáveis.
É importante anotar, contudo, que quanto mais baixo é o grau evolutivo dos culpados, mais sumário é o julgamento pelas autoridades cabíveis e, quanto mais avançados os valores
culturais e morais do indivíduo, mais complexo é o exame dos processos de criminalidade em que se emaranham, não só pela influência com que atuam nos destinos alheios, como também porque o Espírito, quando ajustado à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que reconhece indispensável à própria restauração.

André Luiz

14 março 2010

ANDRÉ LUIZ : CRUZ OU CHAGAS?

Jáder Sampaio

"Embalde os companheiros encarnados procurariam o médico André Luiz nos catálogos da convenção. Por vezes o anonimato é filho legítimo do entendimento e do amor. André precisou, igualmente, cerrar a cortina sobre si mesmo." - Emmanuel (Prefácio do livro "Nosso Lar", FEB)

1. Introdução

A revista "Isto É" de 18 de setembro de 1991 publicou uma reportagem especial sobre Chico Xavier onde, na página 34, traz o presente tema da seguinte forma: "pelo sim, pelo não, quando o espírito Carlos Chagas apareceu pela primeira vez para ele, pediu para ser chamado de André Luiz, para evitar novos problemas com os herdeiros."

Temos visto bons expositores da doutrina abordarem o tema afirmando ser o sanitarista Oswaldo Cruz o instrutor desencarnado, e outras, Carlos Chagas. Nada temos contra a comparação biográfica visando identificação de personalidades, como as faz o nosso prezado Hermínio Miranda em alguns de seus trabalhos como: "Hannemann, O Apóstolo da Medicina Espiritual", "Eu sou Camille Desmoulins" e "As Marcas do Cristo". Acreditamos, entretanto, que a afirmativa gratuita, feita de oitiva e supostamente atribuída a um médium ou a um espírito, depõe contra a seriedade que devemos ter para com o conteúdo do Espiritismo.

Fizemos, então, uma pesquisa rápida, consultando algumas enciclopédias e artigos biográficos que tratassem de dados pessoais dos dois cientistas. Pesquisamos também os livros "Nosso Lar" e "No Mundo Maior", de onde retiramos alguns dados da encarnação pregressa de André Luiz. Obtivemos, então, as seguintes informações que passamos a analisar.

2. "Causa Mortis"

A "causa-mortis" de André Luiz é descrita pelo médico espiritual Henrique de Luna. Ele teria desencarnado no hospital, após "duas cirurgias graves devido a oclusão intestinal" que, por sua vez, derivava de "elementos cancerosos". Luna cita ainda sífilis, o comprometimento de rins e fígado e do aparelho gástrico. (Nosso Lar, p.32, 33, 41).

A biografia de Cruz fala em "crises renais complicadas por problemas respiratórios" e as de Chagas citam "ataque cardíaco" e "morreu de infarto sobre a mesa de escritório, trabalhando".

3. Genitor

Do pai de André Luiz, sabemos que ficou "12 anos numa zona de trevas compactas do umbral" e que era comerciante. André dá-lhe o nome Laerte em seus escritos. (Nosso Lar, p.91 e 190 a 194). Como a narrativa se dá no ano de 1939, se o dado se referir a todo o período post-mortem do genitor de André Luiz, inferimos como ano possível da desencarnação o ano de 1927.

O pai de Cruz chamava-se Bento, era médico e desencarnara em 1892, ou seja, 35 anos antes da data estimada para Laerte.

O pai de Chagas chamava-se José Justiniano, era fazendeiro e plantador de café e desencarnou em 1901 ou 1902, ou seja, cerca de 25 anos antes da data estimada por nós para Laerte.

4. Irmãos

A mãe de André Luiz fala em três irmãs do autor espiritual. Duas que ela chamou de Clara e Priscila e que estavam presas à região do umbral, e uma outra, chamada de Luísa, que havia desencarnado quando André Luiz era pequenino e auxiliava a mãe em suas atividades. É possível que ele tivesse mais irmãos, não citados naquela oportunidade. (Nosso Lar, p. 92)

Oswaldo Cruz era primogênito e possuía mais cinco irmãs. Chagas possuía cinco irmãos, Maria Rita (que era meia-irmã, filha do primeiro casamento do pai), Carlos, José (que desencarnou com menos de quatro anos de idade), Marieta e Serafim.

5. Filhos

Ao revisitar sua casa, André Luiz encontra a filha mais velha casada (primogênita) e uma outra filha mais jovem conversando sobre "seu único filho varão" que estaria " por aí, fazendo loucuras" (Nosso Lar, p. 272 e 273). Ao se referir à sua família o instrutor fala em "uma esposa e três filhos". (Nosso Lar, p.275)

Cruz teve seis filhos. Um deles, Bento, seguiu-lhe a carreira e chegou a trabalhar com ele.

Chagas teve dois filhos legítimos, Evandro e Carlos, que lhe seguiram a carreira e diplomaram-se antes da sua desencarnação. (Evandro em 1926 e Carlos em 1931).

6. Vocação para Medicina

André Luiz atribui sua carreira ao avô, que lhe deixara uma quantia significativa para fazer o curso. "Em muitas ocasiões manifestei o desejo que ele se consagrasse à medicina". (No Mundo Maior, p. 234).

O biógrafo de Cruz atribui o interesse pela medicina ao pai de Oswaldo, Bento. O biógrafo de Chagas (que é o próprio filho, Carlos) atribui a vocação à influência do tio de seu pai, Calito, que formou-se em medicina na corte e organizou uma casa de saúde em Oliveira - MG.

7. Época da Desencarnação

André Luiz não nos dá uma data para a sua desencarnação, mas é possível inferi-la com precisão de cerca de um ano, a partir dos seguintes trechos de seus escritos:

André Luiz permanece "mais de oito anos consecutivos" nas esferas inferiores, após sua desencarnação. (Nosso Lar, p. 47)

Em recuperação, na colônia, cita um episódio ocorrido em agosto de 1939 (Nosso Lar, p. 132) e ele não havia ficado ainda por um ano na colônia espiritual (Nosso Lar, p.253). Temos então como época possível de sua desencarnação o ano de 1930 (1939 - 8 - 1), com uma faixa de erro de dois anos, ou seja, entre 1929 e 1931.

Oswaldo Cruz desencarnou em 11 de fevereiro de 1917, aos 44 anos. Carlos Chagas desencarnou um 8 de novembro de 1934, aos 55 anos.

8. Algumas Conclusões

Apesar de termos feito inferências que alguns leitores podem não considerar como exatas (o período da desencarnação do pai de André Luiz e do próprio André Luiz), os dados biográficos são muito discrepantes. Será possível que o autor espiritual tivesse alterado fatos de sua vida como o número, sexo e destino dos filhos, profissão paterna, seu período de permanência nas regiões inferiores, sexo dos irmãos e doenças que levaram à desencarnação, para preservar oculta sua identidade? Teria o autor espiritual tecido tantos comentários sobre ficções? Consideramos pouco provável.

Cabe-nos adotar a posição rigorosa do codificador do Espiritismo, rejeitando nove verdades para não aceitar uma mentira.

9. Referências Bibliográficas

ANDRÉ LUIZ. Nosso Lar.(23ª ed.) Rio de Janeiro: FEB, 1981.Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Primeira edição em 1944.

____________ No Mundo Maior. (9ª ed.) Rio de Janeiro: FEB, 1981. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Primeira edição em 1947.

CHAGAS FILHO, Carlos. Cenas da vida de Carlos Chagas. Ciência e Cultura. São Paulo, SBPC, v. 31, suplemento.

Enciclopédia Internacional do Mirador.

VERÍSSIMO, Suzana. Carlos Chagas: história sem fim. Superinteressante. São Paulo, Abril Cultural, mai 1991.

ZANCHETTI, Maria Inês. Oswaldo Cruz: tudo pela saúde. Superinteressante. São Paulo, Abril Cultural, mar 1991.

(Publicado no Boletim AECX Notícias de Outubro de 1996)

(Publicado no Boletim GEAE Número 452 de 25 de março de 2003)

P

AURA HUMANA

"Todos os seres vivos, dos mais rudimentares aos mais complexos, se revestem de um "halo energético" que lhes corresponde à natureza."

Considerando-se toda célula em ação por unidade viva, qual motor microscópico, em conexão com a usina mental, é claramente compreensível que todas as agregações celulares emitem radiações e que essas radiações se articulem, através de sinergias funcionais, a se constituírem de recursos que podemos nomear por "tecidos de força", em torno dos corpos que as exteriorizam.
Todos os seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um "halo energético" que lhes corresponde à natureza.
No homem, contudo, semelhante projeção surge profundamente enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas escolas espiritualistas, duplicata mais ou menos radiante da criatura.
Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de que o homem se entraja, circula o pensamento, colorindo-a com com as vibrações e imagens de que se constitui, aí exibindo, em primeira mão, as solicitações e os quadros que improvisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e das metas que demanda.
Aí temos, nessa conjugação de forças físico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar a cada indivíduo, interpenetrando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo ovóide, não obstante a feição irregular em que configura, valendo por espelho sensível em que todos os estados da alma se estampam com sinais característicos e em que todas as idéias se evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e semelhança, como no cinematógrafo comum.
Fotosfera psíquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende à cromática variada, segundo a onda mental que emitimos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos respondem aos objetivos e escolhas, enobrecedoras ou deprimentes.

(Evolução em Dois Mundos, XVII, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)

CAMPO DA AURA - Articulando, ao redor de si mesma, as radiações das sinergias funcionais das agregações celulares do campo físico ou do psicossomático, a alma encarnada ou desencarnada está envolvida na própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, em cuja tessitura circulam as irradiações que lhe são peculiares.
Evidenciam-se essas irradiações, de maneira condensada, até um ponto determinado de saturação, contendo as essências e imagens que lhe configuram os desejos no mundo íntimo, em processo espontâneo de auto-exteriorização, ponto esse do qual a sua onda mental se alonga adiante, atuando sobre todos os que com ela se afinem e recolhendo naturalmente a atuação de todos os que se lhe revelam simpáticos.
E, desse modo, estende a própria influência que, à feição do campo proposto por Einstein, diminui com a distância do fulcro consciencial emissor, tornando-se cada vez menor, mas a espraiar-se no Universo infinito.

(Mecanismos da Mediunidade, X, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)


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08 março 2010

O CRIISTO CONSOLADOR

CAPÍTULO VI, O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITSMO.
O jugo leve
1. Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (S. MATEUS, cap. XI, vv. 28 a 30.)

2. Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação em a fé no futuro, em a confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, ao contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: "Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que eu vos aliviarei."

Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei por ele ensinada. Seu jugo é a observância dessa lei; mas, esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade.

Consolador prometido
3. Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. -Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito. (S. JOÃO, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26.)

4. Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido.

O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: "Ouçam os que têm ouvidos para ouvir." O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.

Disse o Cristo: "Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados." Mas, como há de alguém sentir-se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho.

Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
Advento do Espírito de Verdade
5. Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: "Vinde a mim, todos vós que sofreis."

Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! pois que a morte é a ressurreição, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro.

Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.

Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades.

Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: "Irmãos! nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade." - O Espírito de Verdade. (Paris, 1860.)

6. Venho instruir e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes que elevem a sua resignação ao nível de suas provas, que chorem, porquanto a dor foi sagrada no Jardim das Oliveiras; mas, que esperem, pois que também a eles os anjos consoladores lhes virão enxugar as lágrimas.

Obreiros, traçai o vosso sulco; recomeçai no dia seguinte o afanoso labor da véspera; o trabalho das vossas mãos vos fornece aos corpos o pão terrestre; vossas almas, porém, não estão esquecidas; e eu, o jardineiro divino, as cultivo no silêncio dos vossos pensamentos. Quando soar a hora do repouso, e a trama da vida se vos escapar das mãos e vossos olhos se fecharem para a luz, sentireis que surge em vós e germina a minha preciosa semente. Nada fica perdido no reino de nosso Pai e os vossos suores e misérias formam o tesouro que vos tornará ricos nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas e onde o mais desnudo dentre todos vós será talvez o mais resplandecente. - O Espírito de Verdade. (Paris, 1861.)

Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são bem-amados meus. Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos mostra o sublime objetivo da provação humana. Assim como o vento varre a poeira, que também o sopro dos Espíritos dissipe os vossos despeitos contra os ricos do mundo, que são, não raro, muito miseráveis, porquanto se acham sujeitos a provas mais perigosas do que as vossas. Estou convosco e meu apóstolo vos instrui. Bebei na fonte viva do amor e preparai-vos, cativos da vida, a lançar-vos um dia, livres e alegres, no seio dAquele que vos criou fracos para vos tornar perfectíveis e que quer modeleis vós mesmos a vossa maleável argila, a fim de serdes os artífices da vossa imortalidade. - O Espírito de Verdade. (Paris, 1861.)

7. Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos. Venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados. Não busqueis alhures a força e a consolação, pois que o mundo é impotente para dá-las. Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por meio do Espiritismo. Escutai-o. Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade. São monstros que sugam o vosso mais puro sangue e que vos abrem chagas quase sempre mortais. Que, no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis a sua lei divina. Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor; invocai-o do fundo de vossos corações. Ele, então, vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e dizer estas boas palavras: Eis-me aqui; venho até vós, porque me chamastes. - O Espírito de Verdade. (Bordéus, 1861.)

8. Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha pedem. Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte, junto de cada lágrima colocou ele um bálsamo que consola. A abnegação e o devotamento são uma prece continua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste mundo vos cabem em partilha. Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõe. O sentimento do dever cumprido vos dará repouso ao espírito e resignação. O coração bate então melhor, a alma se asserena e o corpo se forra aos desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se sente, quanto mais profundamente golpeado é o espírito. - O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.).133

07 março 2010

OS FENÔMENOS ESPÍRITAS CAIRBAR SCHUTEL

Publicado em 23 de junho de 1928

Sejam de que natureza forem, os fenômenos espíritas têm um fim providencial, visto nada se manifestar no Universo sem a aquiescência divina e tudo ser criado por Deus.
Pormenorizando os fatos espíritas que se deram e se estão verificando no nosso mundo, vê-los de várias naturezas e de uma diversidade, pode-se dizer inumerável. Mas o que se não pode negar é a providência que os reveste, exaltando ao mesmo tempo a sobrevivência da lama e a existência de Deus.
Só os espíritos superficiais, as almas retrógradas e presas ao estrito círculo de dogmas que as escraviza, poderão ver nessas provas da vontade de Deus, nessas graças antecipadas de luz e amor, os efeitos prejudiciais e incompatíveis com a sabedoria onisciente do Criador.
Que seria de nós, pobres cegos que vagamos nas espessas florestas da materialidade, que constitui este mundo, se nunca tivessem havido, se não houvessem e se não tivessem de haver fatos espíritas? Onde buscaríamos as demonstrações da sobrevivência dos espíritos, como poderíamos manter ininterruptos os laços de amor e de afeição com os seres que a nós foram ligados pela consanguinidade, ou pela similaridade de espírito?
Como se desvendaria o mistério da “Psique” se os mortos não ressuscitassem, se as almas não se comunicassem?
Que esperanças poderíamos ter num mundo futuro, do qual nem se poderia falar se os espíritos não viessem nos dar dele as suas notícias que, embora não nos satisfaçam in totum, pelo menos em parte nos animam e enchem de consolações e esperanças?
Os fenômenos espíritas se vêm constituir uma nova escola, podemos dizer que é a Escola da Imortalidade que eles vieram fundar.
Sem certeza no futuro não podemos ter fé no presente, e sem os fatos espíritas não pode existir crença verdadeira, porque a verdade não nasce de conjecturas nem de promessas vãs, mas da lógica que a razão assimila, dos fatos que a fundamentam.
Os fenômenos espíritas constituem a base da mais pura moral, a luz da mais alta sabedoria.
Quem os repudia, repudia a lógica, a Verdade e Deus.