31 maio 2009

FÓRUM DE DISCUSSÕES TAMOPORAÍ




É com muito orgulho e com grande prazer que anunciamos a criação do fórum de discussões do blog! O endereço é o: http://tamoporai.livreforum.com/ e vocês já podem acessá-lo e fazerem seus cadastros para começarem a postar perguntas, dúvidas e sugestões sobre os mais variados assuntos relacionados ao espiritismo, ao nosso blog e ao próprio fórum.

Estamos organizando também um grupo de estudos que funcionará neste fórum. Contamos com a participação de todos! Quem nunca participou de fórum de discussões pela internet antes, favor usar este post para tirar suas dúvidas através de comentários. Terei o maior prazer em elucidar às dúvidas que por ventura possam aparecer. Em breve, possívelmente, contaremos com um canal de comunicação para discussões em tempo real. Esperamos que gostem pois este espaço foi criado para vocês!

CAMILLE FLAMARION:um filósofo enxertado em sábio

CAMILLE FLAMMARION Nascido em Montigny-Le-Roy, França, no dia 26 de fevereiro de 1842 e desencarnado em Juvissy, no mesmo país, a 4 de junho de 1925.

Flammarion foi um homem cujas obras encheram de luzes o século XIX. ele era o mais velho de uma família de quatro filhos, entretanto, desde muito jovem se revelaram nele qualidades excepcionais. queixava-se constantemente que o tempo não lhe deixava fazer um décimo daquilo que planejava. Aos quatro anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio sabia escrever e aos cinco já dominava rudimentos de gramática e aritmética. Tornou-se o primeiro aluno da escola onde freqüentava.

Para que ele seguisse a carreira eclesiástica, puseram-no a aprender latim com o vigário Lassalle. Aí Flammarion conheceu o Novo Testamento e a Oratória. Em pouco tempo estava lendo os discursos de Massilon e Bonsuet. O padre Mirbel falou da beleza da ciência e da grandeza da Astronomia e mal sabia que um de seus auxiliares lhe bebia as palavras. Esse auxiliar era Camille Flammarion, aquele que iria ilustrar a letra e a significação galo-romana do seu nome - Flammarion: "Aquele que leva a luz".

Nas aulas de religião era ensinado que uma só coisa é necessária: "a salvação da alma", e os mestres falavam: "De que serve ao homem conquistar o Universo se acaba perdendo a alma?".

Foi dura a vida dos Flammarions, e Camille compreendeu o mérito de seu pai entregando tudo aos credores. Reconhecia nele o mais belo exemplo de energia e trabalho, entretanto, essa situação levou-o a viver com poucos recursos.

Camille, depois de muito procurar, encontrou serviço de aprendiz de gravador, recebendo como parte do pagamento casa e comida. Comia pouco e mal, dormia numa cama dura, sem o menor conforto: era áspero o trabalho e o patrão exigia que tudo fosse feito com rapidez. Pretendia completar seus estudos, principalmente a matemática, a língua inglesa e o latim. Queria obter o bacharelado e por isso estudava sozinho à noite. Deitava-se tarde e nem sempre tinha vela. Escrevia ao clarão da lua e considerava-se feliz. Apesar de estudar à noite, trabalhava de 15 a 16 horas por dia. Ingressou na Escola de desenho dos frades da Igreja de São Roque, a qual freqüentava todas as quintas-feiras. Naturalmente tinha os domingos livres e tratou de ocupá-los. Nesse dia assistia às conferências feitas pelo abade sobre Astronomia. Em seguida tratou de difundir as associações dos alunos de desenho dos frades de São Roque, todos eles aprendizes residentes nas vizinhanças. Seu objetivo era tratar de ciências, literatura e desenho, o que era um programa um tanto ambicioso.

Aos 16 anos de idade, Camille Flammarion foi presidente da Academia, a qual, ao ser inalgurada, teve como discurso de abertura o tema "As Maravilhas da Natureza". Nessa mesma época escreveu "Cosmogonia Universal", um livro de quinhentas páginas; o irmão, também muito seu amigo, tornou-se livreiro e publicava-lhe os livros. A primeira obra que escreveu foi "O Mundo antes da Aparição dos Homens", o que fez quando tinha apenas 16 anos de idade. Gostava mais da Astronomia do que da Geografia. Assim era sua vida: passar mal, estudar demais, trabalhar em exagero.

Um domingo desmaiou no decorrer da missa, por sinal, um desmaio muito providencial. O doutor Edouvard Fornié foi ver o doente. Em cima da sua cabeceira estava um manuscrito do livro "Cosmologia Universal". Após ver a obra, achou que Camille merecia posição melhor. Prometeu-lhe, então, colocá-lo no Observatório, como aluno de Astronomia. Entretanto para o observatório de Paris, do qual era diretor Levèrrier, muito sofreu com as impertinências e perseguições desse diretor, que não podia conceber a idéia de um rapazola acompanhá-lo em estudos de ordem tão transcendental.

Retirando-se em 1862 do Observatório de Paris, continuou com mais liberdade os seus estudos, no sentido de legar à Humanidade os mais belos ensinamentos sobre as regiões silenciosas do Infinito. Livre da atmosfera sufocante do Observatório, publicou no mesmo ano a sua obra "Pluralidade dos Mundos Habitados", atraindo a atenção de todo o mundo estudioso. Para conhecer a direção das correntes aéreas, realizou, no ano de 1868, algumas ascensões aerostáticas.

Pela publicação de sua "Astronomia Popular", recebeu da Academia Francesa, no ano de 1880, o prêmio Montyon. Em 1870 escreveu e publicou um tratado sobre a rotação dos corpos celestes, através do qual demonstrou que o movimento de rotação dos planetas é uma aplicação da gravidade às suas densidades respectivas. Tornando-se espírita convicto, foi amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, tendo sido o orador designado para proferir as últimas palavras à beira do túmulo do Codificador do Espiritismo, a quem denominou "o bom senso encarnado".

Suas obras, de uma forma geral, giram em torno do postumado espírita da pluralidade dos mundos habitados e são as seguintes: "Os Mundos Imaginários e os Mundos Reais", "As Maravilhas Celestes", "Deus na Natureza", "Contemplações Científicas", "Estudos e Leitura sobre Astronomia", "Atmosfera", "Astronomia Popular", "Descrição Geral do Céu", "O Mundo antes da Criação do Homem", "Os Cometas", "As Casas Mal-Assombradas", "Narrações do Infinito", "sonhos Estelares", "Urânia", "Estela", "O Desconhecido", "A Morte e seus Mistérios", "Problemas Psíquicos", "O Fim do mundo" e outras.

Camille Flammarion, segundo Gabriel Delanne, foi um filósofo enxertado em sábio, possuindo a arte da ciência e a ciência da arte. Flammarion - "poeta dos Céus", como o denominava Michelet - tornou-se baluarte do Espiritismo, pois, sempre coerente com suas convicções inabaláveis, foi um verdadeiro idealista e inovador.

Livro Grandes Vultos do Espiritismo de Paulo Alves Godoy - Editora Feesp

A ALMA ,SEGUNDO FLAMARION

O grande escritor e astrônomo, Camille Flammarion (1842 - 1925), cujo nome significa Aquele que traz a luz, passou os últimos anos de sua vida num palecete em Juvisy (França) que lhe foi doado por um amigo.
Lá pode construir um Observatório e legar à humanidade grandes trabalhos científicos e de reflexões filosóficas.
Reproduzimos, aqui, interessante artigo do conceituado escritor E. Percy Noel, publicado no Jornal Excelsior, de 3 de setembro de 1824 (México). Seu título é:
“Como é a Alma, segundo Flammarion”
A mais inesperada impressão que se recebe de Flamarion, é a da sua grande sinceridade e falta de pretensão. Sempre foi assim. Nunca procurou títulos, nem honras; não quer que o conheçam como sábio.
Há algum tempo perguntou-lhe uma senhora em que baseava certas previsões astronômicas.
- Foi uma idéia que me ocorreu - disse. Resposta digna do profundo filósofo que ele é.Outro dia, dizia-me, sob a cúpula do Observatório de Juvisy:
- Nunca achei razão alguma para que a ciência se oculte sob sombrio manto. Sempre a amei pela beleza que não revela. O Estudo! Nunca ambicionei outra cousa como o poder estudar.
O público julga que seus livros acerca do céu se lêem com o prazer de uma novela. Sua exposição, no entanto, é a da mais exata das ciências.
Neles, pode-se dizer, está vazada a alma desse homem encantador, irradiando simpatia, com 80 anos de idade, olhos cheios de brandura, modesto, com sua emaranhada cabeleira branca, sobretudo nos momentos em que mostra o seu tesouro.
Na cúpula do telescópio, deteve-se diante de um mapa da lua e me disse com um sorriso:
- Veja agora as minhas propriedades - e marcou com o dedo um ponto no mapa, certa mancha da lua a que os astrônomos deram o nome de Flammarion.
- Entretanto - acrescentou com o seu inalterável sorriso -, não é bom falar de propriedades nestes dias, quando os impostos são tão elevados.
O primeiro trabalho científico de Flammarion foi um tratado de matemática sobre as dimensões das estrelas, escrito aos 20 anos, quando empregado no Observatório de Luxemburgo. Foi o primeiro sábio que aventou a idéia de saber se Marte é habitado, problema a que consagrou mais de sessenta anos de estudos científicos, que se traduziram em vários mapas do planeta, os quais de ano a ano se tornam mais completos.
Seus estudos sobre a morte e seus mistérios datam também de muitos anos, porém não têm o mesmo caráter que seus trabalhos sobre astronomia. São o resultado secundário de sua concentração no estudo dos corpos celestes, dos seus incansáveis esforços para penetrar com a vista o espaço e para aprender os segredos guardados pela distância.
Depois de chegar a ser um astrônomo competente, acrescentou ao estudo do visível nos céus um profundo interesse pelo mistério dos espíritos invisíveis. Só nos últimos anos consagrou muito do seu tempo a esse assunto, selecionado o melhor material que logrou acumular em cinqüenta anos, tirando suas conclusões das provas mais indiscutíveis:
“A Igreja nos diz que o céu, o inferno e o purgatório são as moradas dos espíritos. Ainda que aceitemos isso, nada impede que procuremos mais. As investigações acerca da natureza da alma depois da morte e sua existência devem fazer-se, seguindo-se o mesmo método que se emprega nas demais investigações de caráter científico, isto é, sem preconceitos, sem idéias preconcebidas e procurando colocar-nos fora de toda a influência sentimental ou religiosa.
Depois das investigações que pratiquei, animado desse estado espiritual, declaro que existem as manifestações ‘post mortem’. Baseio esta asserção em fatos que desafio o mais cético dos meus contraditores a explicar, sem admitir nenhuma ação da parte dos mortos.
Muitos dos fatos que cito aqui, se acham tão bem demonstrados, que estão acima de toda a dúvida, e os que negam ou são ignorantes, ou faltosos de lógica.
Não foi sem que eu provocasse que ele se expressou em termos tão enérgicos. Procurei fazer que falasse com mais amplitude e logrei resumir assim suas conclusões:
A alma existe como um ser real, independente do corpo. É dotada de faculdades que são, todavia, desconhecidas para a ciência humana. Pode operar à distância telepaticamente, sem a intervenção dos sentidos. Existe um elemento psíquico, ativo de natureza, que nos é oculto.
As observações mais incontestáveis não dão logar a dúvidas de que, na ocasião da morte, a alma opera a uma distância de kilômetros sobre a mente dos vivos, fazendo-lhes ouvir ruídos demonstrativos e apresentando-lhes a miragem da pessoa moribunda.
Há várias proposições que me sinto autorizado a formular como definitivamente estabelecidas:
Os seres humanos falecidos e a que se costuma chamar de mortos, continuam existindo depois da dissolução do organismo material.
Existem numa substância invisível e intangível, que nossos olhos não vêem, que nossas mãos não podem tocar e que nossos sentidos não podem apreciar nas condições normais.
Em geral não se mostram nem se manifestam. Sua forma de existência é muito diferente da nossa. As vezes atuam sobre a nossa mente e, em certos casos, podem demonstrar sua supervivência. Quando influem sobre nossa mente e nosso cérebro, vêmo-los como os conhecemos, com suas roupas, seus modos, sua personalidade. É uma percepção de alma a alma. Não são alucinações, nem visões imaginárias. São realidades. O invisível se torna visível.
Em grande número de casos, as aparições dos mortos não são intencionais. A pessoa morta parece continuar com seus hábitos, errando em torno dos lugares em que viveu, ou não longe de sua tumba. Mas a distância nada importa aos espíritos. As ondas etéreas emanam da alma e se transformam em quadros para o cérebro receptor que vibra sintonicamente.
As aparições e manifestações são relativamente freqüentes nas horas que se seguem imediatamente ao falecimento; seu número diminui com o transcurso do tempo.
As almas separadas dos corpos conservam sua mentalidade terrestre durante largo tempo. Os católicos com freqüência, pedem orações.
Verificamos que a morte não existe. É uma evolução. É a porta da vida.
- E onde estão as almas? - perguntei. - Que fazem? São felizes?
- São o que se fizeram nesta vida.
O karma dos teosofistas é uma realidade. Os seres que vivem só para o que é material e só pela matéria, não gozarão dos prazeres do espírito. Os sibaritas da carne se sentirão desencantados. Os sensuais passarão através de uma evolução largo tempo retardada. O progresso espiritual não é o mesmo para todos. As reencarnações se relacionam com os valores intelectuais e morais. A atmosfera está cheia de nômadas inconscientes e talvez da maioria dos milhares de seres humanos que morrem diariamente.
Ao abandonar a vida terrena a alma, não se torna angélica. A morte não pode converter o homem em onisciente. A alma, já o vimos, não se transforma no dia seguinte da morte. A guilhotina é incapaz de transformar um bandido em santo.
O céu? É o espaço universal, a via láctea em que o nosso planeta é uma aldeia perdida. Não há alto nem baixo no Universo, que é incomensurável. A respeito da lenda dos eternos sofrimentos do inferno, dificilmente vemos que possa a razão humana conceber isso.
No espaço absoluto, o tempo não existe. Todos os acontecimentos são determinados pelas cousas que os produzem. Não existindo tempo, o que de nós resta depois da morte, a alma, o espírito, a entidade psíquica, como lhe queiram chamar, qualquer que seja a sua natureza, deixa de pertencer ao que em vida denominamos: tempo. Já não há dias nem anos. O relativo cede o lugar ao absoluto.
Depois o astrônomo mostrou-nos o caminho do parque que rodeia o Observatório. Havia ali um pinheiro plantado pelo imperador do Brasil.
Por fim, deteve-se num prado, em forma de estrela, onde jaz sepultada sua esposa.
- Esta é a minha tumba - disse em tom dolente. - Aqui, entre as árvores, nesta soledade do silêncio!
Quando regressava a Paris, li a dedicatória do livro que me oferecera: “Depois da Morte”.

Dizia: “Da parte do perpétuo estudante C. Flamarion”.



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(Fonte: Revista Verdade e Luz, Junho de 1925)

30 maio 2009

FANATISMO ESPÍRITA

Allan Kardec, principalmente em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, nos leva a considerações em torno da fé, afirmando que ela pode ser cega ou raciocinada. No primeiro caso, a fé nada examina e aceita tudo como verdadeiro, até mesmo o que é falso. Já quem tem a verdade como base, será capaz de resistir às transformações que o progresso do conhecimento nos traz. Assim, o mestre Kardec apresenta a fé inabalável como sendo “a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”.
Causa-me espécie, no entanto, passando em revista algumas atitudes de espíritas, a negação angular dessa propositura da nossa religião, pois a paixão por médiuns, espíritos quebra as raias do saudável, enveredando pela esquisitice do alento que alguns líderes espíritas cultivam em torno de si. E, a partir daí, ai de quem venha discordar de algum espírito-grife, simplesmente porque quer melhor entender, ou mesmo não aceita as posições, ou as aponta como equivocadas. Entra o fanatismo em ação, fazendo descer ribanceira abaixo a fraternidade, a educação e, então, são revelados os sentimentos inconfessáveis e caem as máscaras de “paz”, tão bem apreciadas em nossos arraiais.
Nesse enfoque, veremos também na doutrina-religião, que se propõe a ser de razão, componentes do chamado fundamentalismo, que caracteriza o fenômeno do fanatismo nos dias atuais. O fanatismo se caracteriza pelo “excesso de zelo na defesa de certos ideais religiosos dando margem para alguns assombrosos banhos de violência de toda a natureza, seja verbal ou mesmo de sangue”, afirmam Lopes e Lobato, em A Peste das Almas - História de Fanatismo.
Ainda, segundo Lopes e Lobato, a violência do fanatismo não é apenas uma prática de julgamento, mas a própria negação da ideia de Justiça. A banalização da intolerância nasce de uma simples não-aceitação de um ponto de vista contrário ao que se tem como verdade divina, irretorquível, até o ponto de, mais e mais, o intolerante se deixar arrastar pelo impulso de paixões cegas, esquecendo-se, inclusive, dos princípios brandos que devem nortear a profissão de quem segue uma fé religiosa.
Tenho, pessoalmente, vivenciado esses chiliques de alguns sem temperança, quando discordo, digo que não gosto, ou não leio este ou aquele autor espiritual ou não. É um “deus-nos-acuda” daqueles!
Admiração, comunhão de pontos-de-vista, tudo é muito saudável, quando estamos em um grupo buscando aparentes “iguais”, mas, como perder o sentido de respeito à individualidade, à liberdade de consciência e/ou pensamento e continuarmos afirmando defensores de uma fé raciocinada?
Não restam dúvidas, também, de que todo estímulo de massa vem acompanhado de lideranças; logo, é certeiro afirmar que desagrada alguns líderes espíritas serem questionados, indagados, razão pela qual o distanciamento, a postura de concordar com todos, sempre foram muito bem preservados pela prática da convivência de alguns pregadores espíritas; mas, estamos no século por excelência da notícia instantânea, onde tudo se sabe e se divulga, logo as pessoas estão mais perspicazes.


José Medrado


» Sobre o colunista

José Medrado é baiano nascido em 1961 na cidade de Salvador e desde criança teve sua mediunidade aflorada.
Em 1978, bem jovem, foi um dos principais fundadores do Centro Espírita Cavaleiros da Luz onde é difundida, se pratica e se estuda a Doutrina Espírita,além de uma expressiva atuação no campo social.
É um médium completo e dentre as faculdades mediúnicas desenvolvidas se destaca a pictografia. É intermediário de, entre outros, dos espíritos Renoir, Modiglianni, Picasso, Portinari, Monet, Manet, Van Gogh .
Possui programas de radio e TV, entre os quais destacamos o Visão Social, pela TV Mundo Maior, além de colunista de jornais e de intensa tarefa como orador, onde desenvolve sua atividade no Brasil e no mundo.
A Cidade da Luz, complexo social de direito privado, sem fins lucrativos, de caráter religioso e assistencial foi idealizada e fundada por José Medrado, em 27 de fevereiro de 1996. É formada pelo Centro Espírita Cavaleiros da Luz, Escola Carlos Murion, Núcleo de Oração Francisco de Assis.,Orfanato Lar Luz do Amanhã e Pavilhão Assistencial Francisco de Assis

Livros publicados
Cavaleiros da Luz – Missão Socorro
Construção Interior (Pela Mundo Maior Editora)
O Socorro dos Espíritos (Pela Mundo Maior Editora)
Relações Familiares – Enganos e Acertos (Pela Mundo Maior
Editora)

ENTENDA POR QUE VOCÊ SENTE MEDO

Por Eurípedes Kuhl


Medo: Segundo a “Grande Enciclopédia Larousse Cultural”, por definição, medo é o sentimento de inquietação, de apreensão, em face de um perigo real ou imaginário. A palavra medo relaciona-se também com receio, temor, horror, pavor, pânico.
A propósito, vejamos como se expressou sobre o medo Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, há algum tempo muito discutido nos meios da psicanálise: “o medo é um sentimento que nos inspira a possibilidade real de sermos afetados por um mal real, por um mal que conhecemos pela experiência”.
Nós, espíritas, bem sabemos que além dos males reais, visíveis, tangíveis, existem os também reais, invisíveis, intangíveis, do que nos dá conta a obsessão…De início, se analisarmos desde quando o homem tem medo, certamente chegaríamos à idade da pedra lascada, com nossos ancestrais se refugiando nos fundos das cavernas, ante os grandes perigos dos raios, dos trovões, dos furacões, dos vulcões, dos terremotos, dos maremotos, das eclipses cósmicas, etc.
Tais acontecimentos, hoje bem explicados, antes eram tidos como sobrenaturais e determinados por deuses terríveis, vingativos. Holocaustos, oferendas e promessas começaram ali e pelo jeito ainda não aplacaram a cólera daqueles deuses…
Vamos elencar algumas espécies de medo:

Medos naturais: São aqueles medos com os quais, praticamente, todos nascemos com eles: fogo, grandes ruídos, desequilíbrios, morte-mortos, medo do desconhecido.

Obs: Dizer que todos nascem com medo da morte ou dos mortos, remete, aos ocidentais, à infância, quando ainda sem despertar de todo a razão, vêem os familiares com grandes sofrimentos em velórios e enterros de parentes ou amigos, com isso inculcando, instalando no subconsciente infantil que aquilo (a morte) é terrível…

Medos amigos: Os chamados medos amigos são aqueles ditados pela prudência e basicamente são por eles que os seres vivos mantêm sua integridade, como por exemplo:
- o vegetal procura a luz e a água, pelo que, de forma indireta está evitando a sombra e a seca, regime no qual feneceria;
- o animal foge de um predador ou do combate no qual esteja em desvantagem, e não o faz por covardia, senão sim para continuar vivendo;
- o homem num gradiente que vai ao infinito, posto que a inteligência abre um leque de infinitas hastes de opções, sempre evitará a ação de conseqüências prejudiciais: não ultrapassar na curva, não brincar à beira do precipício, não riscar fósforos próximo a combustíveis, etc.
Afirmamos, enfaticamente, que esses não são medos, senão sim, frutos da prudência, ditada pelo abençoado instinto de conservação, engendrado por Deus e que nasce com todas as criaturas.

Medos inimigos: São os que causam prejuízos ao ser humano, não por alguma ação, mas justamente ao contrário, pela inação, como por exemplo:
- medo de mudanças é um arqui-inimigo de toda a humanidade; num ambiente de trabalho ou de reuniões, medo de mudar de lugar, medo de pessoas, medo de objetos, medo de móveis…
- medo de enfrentar desafios da vida, tais como assumir responsabilidades sejam familiares, profissionais, sociais.

Medos irracionais: São aqueles sentimentos que bloqueiam o raciocínio e se edificam sob bases que contrariam o bom senso, como por exemplo:
- medo de ir ao dentista — vejam bem, que o que se diz não é ter medo de ser submetido a um tratamento odontológico, e sim, de ir ao dentista…
Ora, se um pai contar para seu filho (desde criança), que antigamente eram necessárias seis pessoas para extrair um dente (cinco para segurar o paciente e uma sexta pessoa para usar o alicate-boticão), certamente esse filho, durante sua vida, será o primeiro a buscar o dentista, na salutar trilha da visita de prevenção.
Se necessário tratamento, talvez até exija injeção (anestesia), para só sentir uma picadinha…

Medos reais: Situam-se entre as inquietações que se seguem após traumas, como por exemplo:
- assalto: alguém é assaltado e passa a ter receio de voltar a ser vítima; como defesa deixa de sair de casa, até quase que enclausurar-se por completo; o correto seria continuar normalmente saindo, mas com cuidado redobrado; e se voltar a ser assaltado, com certeza já terá muito mais equilíbrio para proceder sem riscos;
- falar em público; alguém diz algo para algumas pessoas e é ridicularizado… aí implanta-se tal medo; mas, se a pessoa treinar, nem que seja no banheiro, em frente ao espelho, e depois para a família, verá que aos poucos dominará essa técnica, não sendo necessário ser um brilhante orador, mas sim alguém que fala com clareza;
- infecção: sempre lavar as mãos é excelente, tal cuidado; só haverá problema se houver exagero…
- andar de avião: de fato, desastres aéreos ocorrem, mas o avião é dezenas, ou centenas de vezes mais seguro do que automóveis…

Obs: Geralmente, esses medos se transformam em manias, daí em fobias, depois em neuroses, podendo evoluir para psicoses…

Medos imaginários: Falsos sentimentos, pois ainda não aconteceram, mas já vivem na mente, como se reais fossem. Considerando que o homem formula pensamentos, cuja fixação os converte em realidade mental, surge aqui — apenas entre nós, homens —, o medo imaginário, isto é, temor de algo que ainda não aconteceu. Esse é o mais prejudicial dos medos, pois o medo real, muitas vezes tem raízes no passado, a se expressar no presente. Agora, como ter medo de algo que ainda não aconteceu?
Exemplos:
- um estudante - ou muito magro, ou de pouca estatura, ou de óculos, ou algo obeso- traz em estado latente o receio de não ser aceito e com isso evita se enturmar;
- um jovem que sofre, antecipadamente, a angústia de não arranjar namorada…
- um entregador que desde a infância não tenha sido esclarecido que os dentistas existem exatamente para tirar a dor de dente e não para causar dor; esse entregador terá receio até de ir entregar uma pizza ao coitado do profissional lá no seu consultório, que quase não tem tempo para uma alimentação calma, de tanto que precisa trabalhar para sobreviver…
- medo de terroristas: o nível de medo pode atingir a fase do pavor, muito comum nas pessoas que sofrem a síndrome do pânico.

Síndrome do pânico: a expressão é originária de Pan, deus grego, tocador de flauta, que aterrorizava os camponeses com seus chifres e pés de eqüinos; os pacientes que apresentam essa síndrome sofrem intensamente, com graves sintomas, que vão da angústia a palpitações, sudoreses, tremores, falta de ar, náuseas, medo da loucura e medo extremo com sensação de morte.
Nos Estados Unidos da América, o trauma pós 11 de Setembro de 2001 - derrubada das torres gêmeas, por terroristas -, levou até mesmo a propaganda a colocar máscara contra gases na famosa boneca “Barbie”…

Fobias: A fobia é acompanhada de um medo exagerado e persistente - mórbido - que não tem limites em relação às causas que o produzem. O fóbico sofre terrivelmente. O exército de medos, nesse patamar, é quase ilimitado. Pela Psicanálise temos que a maioria das fobias, na verdade, mascaram um perigo simbólico, cujo objeto exato esconde-se nas fímbrias do subconsciente, que muitas vezes, como defesa subjetiva, derivando um fato real para um perigo imaginário.
Como exemplo, podemos citar o caso de Hans, uma criança que foi psicanalisada por Freud, e que tinha pavor de cavalos, aos quais, paradoxalmente, admirava… Em suas pesquisas, o grande mestre austríaco percebeu que, para Hans, o cavalo - animal forte - era uma representação simbólica do pai, que vivia ameaçando-o de castração.


Euripedes Kühl


Sobre o autor- Nasceu em berço espírita.Médium psicógrafo e escritor espírita. Vinte e dois livros editados. Doze, psicografados, e dez, de própria autoria. Palestrante espírita, responsável por vários cursos sobre Espiritismo, articulista e colaborador de vários órgãos de divulgaão espíritas, inclusive "O REFORMADOR", da Federacão Espírita Brasileira.

A HOMOSSEXUALIDADE E O ESPIRTISMO

Prefácio

...Todas as respostas estão dentro do próprio homem.
Deus, o Criador de tudo e de todos, criou os homens simples e ignorantes, tendo por destino a Evolução permanente.
A todos equipou com Sua centelha: a Consciência!
A Consciência tem duas metades: a Inteligência e o Livre-Arbítrio.
Leis Naturais, desde sempre pré-estabelecidas, imutáveis, justas, perfeitas, infalíveis, em estreita ligação com a Consciência, vêm balisando o ser para o seu destino, rumo à eternidade: evoluir sempre.
Por Evolução entenda-se a aquisição e prática constante de virtudes, com conseqüente banimento de defeitos.
Como fonte permanente de energia para realizações construtivas o homem recebeu do Pai sublime tesouro: o Sexo!...

Causas

O Espírito concentra energias eternas no nível superior da sua estrutura, energias essas que distribuem-se pelos sistemas mental, intelectual e psíquico, repercutindo no corpo humano.
No incessante pendular das reencarnações, essas energias irão concentrar-se na psique, do que a personalidade do ser humano é pequena mostra. As características mentais, superiores e inferiores, não se alterarão, esteja o Espírito vestindo roupagem física masculina ou feminina.
Por outras palavras: virtudes ou defeitos não sofrem variações em função do sexo a que pertença o agente, ora encarnado.
A parte que muda - e muda bastante -, é o campo gravitacional da força sexual, quando o reencarnante também muda de sexo.
Na verdade, quando no limiar da evolução máxima terrena, os Espíritos já não apresentam tais mudanças, se homem ou mulher. Neles é expressivo o domínio completo das tendências, com isso dominando e direcionando as altas fontes energéticas sexuais para obras criativas, invariavelmente a benefício do próximo.
Naturalmente, caro leitor, estamos falando dos chamados "santos".
O sexo, essencialmente, define as qualidades acumuladas pelo indivíduo, no campo mental e comportamental.
Assim, homens e mulheres se demoram séculos e séculos no campo evolutivo próprio em que se situam suas tendências, masculinas ou femininas.
A Natureza, prodigamente, inversa a polarização sexual dos indivíduos que detenham apreciável bagagem de experiências num dos campos, masculino ou feminino.
Nesses casos, tal inversão se dá de forma natural, sem desajustes.
Contudo, existem casos, nos quais será útil ao Espírito renascer, compulsoriamente, em campo sexual oposto àquele em que esteja, por abusos e desregramentos. Aí, o nascimento de criaturas com inversão sexual cogita, na maioria dos casos, de lide expiatória.
Isso acontece porque pessoas há que tiranizam o sexo oposto.
O homem, por exemplo, prevalecendo-se de sua superioridade, auto-concedida, abusa e surrupia direitos à mulher, passando a devedor perante a Lei de Igualdade, do que sua consciência, cedo ou tarde, o alertará.
Então, quando isso ocorre, voluntária ou compulsoriamente, será conduzido pela Justiça Divina a reencarnar em equipamento feminino.
Mantendo matrizes psíquicas da masculinidade, estará extremamente desconfortável num corpo feminino, para assim aprender o respeito devido à mulher, seja mãe, irmã, filha ou companheira.
Identicamente, sucederá à mulher que, utilizando seus encantos e condições femininas de atração, arrastou homens ao desvairo, à perdição, ao abandono da família: terá que reencarnar como homem, embora suas tendências sejam declaradamente femininas.
Nessa condição, os que dão livre exercício a tais tendências, cometem novos delitos.
Considerando que tais indivíduos encontram-se em provação (desenvolvimento de resistências a má inclinação), ou, em expiação (resgate de faltas passadas), seu mau procedimento agrava seu karma.
Não é sem razão que Divaldo Franco e Chico Xavier, médiuns dedicados, com larga experiência no trato do Espiritismo, consideram o homossexualismo um gerador de angústias.
Philomeno de Miranda (Espírito), em "Loucura e obsessão",F.E.B., 1988, Brasilia/DF, 2a.Ed., pag.75, consigna o homossexualismo como provação, alertando que, "a persistência no desequilíbrio, remeterá o ser compulsoriamente à expiação, mutiladora ou alienante".
Homens e mulheres nascem homossexuais com a destinação específica do melhoramento espiritual, jamais sob o impulso do mal.
Os homossexuais, homens ou mulheres, assim, são criaturas em expurgo de faltas passadas, merecedoras de compreensão e sobretudo esclarecimento.
Tornam-se carentes diante da Bondade do Pai, que jamais abandona Seus filhos.
Terão renovadas chances de aperfeiçoamento espiritual, eis que a Reencarnação é escola que aceita infinitas matrículas, inda que na mesma série.
Os verdadeiros espíritas e os verdadeiros cristãos, que são a mesma coisa, sentem um enorme dó diante de uns e outros - os homossexuais e os seus radicais detratores.Entendem que os primeiros estão com sofrimentos e que os segundos estão plantando espinhos.Em tempos próximos (crêem os espíritas), a sociedade como um todo compreenderá que tais desajustes representam quebra de dura disciplina, solicitada ou aceita, anteriormente a reencarnação.
Os homossexuais não são passíveis de críticas, senão de esclarecedoras luzes espíritas em suas sensíveis almas, iluminando seu presente.

Eurípedes kühl

Sobre o colunista- (Nasceu em berço espírita.Médium psicógrafo e escritor espírita. Vinte e dois livros editados. Doze, psicografados, e dez, de própria autoria. Palestrante espírita, responsável por vários cursos sobre Espiritismo, articulista e colaborador de vários órgãos de divulgaão espíritas, inclusive "O REFORMADOR", da Federacão Espírita Brasileira).

EUTANÁSIA:um tema sempre presente

No mês passado, fomos surpreendidos pela veiculação, na imprensa material e virtual, de um fato ocorrido na França: a mãe de Vicent Humbert, tetraplégico, cego e mudo, desafiou a lei vigente e provocou a morte do próprio filho. Em resumo, o francês, que tinha ficado inválido após um acidente de carro ocorrido em 2000, há três anos suplicava para que fossem ignoradas as leis que proíbem a eutanásia no país, morreu dois dias depois de ter recebido uma overdose de sedativos injetados pela própria mãe.
Clinicamente, a eutanásia (cuja origem, grega, denota “morte apropriada” ou “boa morte”) foi proposta pela vez primeira em 1623, por Francis Bacon, como o “tratamento adequado às doenças [ditas] incuráveis”. A eutanásia consiste, então, na abreviação da vida (humana ou animal), em razão da impossibilidade de vencer as doenças, antevendo a total impotência em conferir, ao paciente, uma vida digna e saudável. Somente no estado americano do Oregon sua prática é autorizada pela legislação, podendo o médico prescrever drogas legais para determinar o fim da vida do paciente, uma espécie de “suicídio assistido”, embora, legal e doutrinariamente, no Brasil, haja diferenças na tipificação criminal (a eutanásia é o ato de causar deliberadamente – ação direta – a morte de um paciente, enquanto a assistência ao suicídio é a prestação de qualquer auxílio material para que a própria pessoa se mate. Ambas são condutas antijurídicas em nosso país. Recentemente, a Holanda e a Bélgica aprovaram a prática, disciplinando as formas de sua execução autorizada.
O Código de Ética Médica (Resolução do Conselho Federal de Medicina, n. 1.246/88), por exemplo, pontua: “O médico deve guardar absoluto respeito pela vida humana, atuando sempre em benefício do paciente. Jamais utilizará seus conhecimentos para gerar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano, ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade” (Art. 6º, grifos nossos). E, seqüencialmente, é-lhe vedado “Fornecer meio, instrumento, substância, conhecimentos ou participar, de qualquer maneira, na execução de pena de morte” (Art. 54). Assim, para a lei nacional (Código Penal – Decreto-Lei n. 2.848/40, art. 121, § 1º c/c art. 56, III, “a”), a eutanásia é crime de homicídio privilegiado (piedoso), motivado por relevante valor moral, objetivando eliminar o sofrimento (dor) ou abreviar a agonia (angústia) daquele que não tem nenhuma chance de sobrevivência, por ser portador de moléstia incurável, ministrando-lhe uma morte rápida, “doce”, ou “serena”.
Do ponto de vista jurídico-social, então, aquela mãe que sofre com o sofrimento do filho (sem nenhuma redundância), acha-se suficientemente impelida a agir com a necessária e relevante motivação de que fala a lei, em razão do apreço, estima e importância que dá à condição de dignidade da vida de seu filho, que, no seu entender, não se acha plenamente satisfeita. Efetivamente, na prática, os governos e os órgãos jurisdicionais agem com tolerância em relação à maioria dos casos verificados. A interpretação dos juristas vem ao encontro do axioma de que “está-se fazendo o melhor por um doente em estado terminal, aquele ao qual a ciência esgotou todos os recursos, sem conseguir recuperá-lo, devolvendo-lhe a plenitude da saúde”.
Embora não se tenha um “roteiro” para a prática da eutanásia – até em virtude de sua ilegalidade, na imensa maioria dos países – há um procedimento técnico para garantir a isenção do profissional médico (ou, até mesmo, do leigo que a venha praticar – como é o caso do fato trazido a comento). O paciente – ou o seu responsável direto assina um termo (declaração autorizativa), ou, se impossibilitado a assinar, declara o mesmo às pessoas mais próximas, que o reduzem a termo. Em regra, o paciente tem que estar acordado e consciente; tem tempo para despedir-se da família, e praticar os “atos de última vontade”; é-lhe aplicada uma (over)dose de medicamentos, de modo intravenoso, resultando-lhe um adormecimento, não sendo a morte imediata. O profissional médico permanece ao lado do paciente até o instante definitivo da morte.
No aspecto espiritual, em decorrência da interpretação da filosofia espírita, há completa desaprovação à prática da eutanásia, porque se consideram: 1) a intervenção (indevida) de alguém em relação à vida – bem espiritual pleno, que somente Deus pode “abreviar” – importa infração às leis divinas por parte daquele que executa o ato ou concorre para o mesmo; 2) a desistência, do paciente, em continuar vivendo significa renúncia às provas/expiações a que acha-se sujeito (interrupção da depuração espiritual), implicando numa forma de suicídio; 3) Além do interesse em “minorar” o sofrimento alheio, visa-se, também, “diminuir” o sofrimento próprio – no caso de parentes da vítima, que não desejam mais “ver” a angústia e a dor de seu ente querido, representando, assim, motivo egoístico. (Vide quesitos 953, “a” e “b”, de O livro dos espíritos.)
Ampliando um pouco mais o espectro de nossa análise, podemos dizer que a eutanásia, embora configure delito espiritual, pelos motivos retro-expostos, deve merecer de nós uma maior atenção, no sentido da não-censura, de nossa parte, a quem tenha decidido assim agir. Diante do grau de “perturbação” e de “necessidade” de alguém que opta por tal decisum, não nos cabe qualquer tipo de julgamento ou censura. Cada um de nós é julgado pela lei da consciência e os instrumentos espirituais de reparação de (possíveis) erros, atingem inexoravelmente a todos e representam, na práxis, a realização da lei de causa e efeito, embora não na errônea percepção de que “aquilo que provocamos” terá como refluxo “a mesma circunstância, ou resultado, a nós imposta”. Numa palavra, aquele que pratica a eutanásia (ou o suicídio, ou o homicídio, ou a agressão) não terá de, necessariamente, pela via do resgate, “penar”, sofrendo em si a eutanásia, o homicídio, as agressões... A “Contabilidade Divina” permite e instrumentaliza, meritoriamente, a substituição (permuta) do mal pelo bem, sendo os erros ou crimes por nós cometidos reparados em termos de construção, de realização, de trabalho e resignação, sempre positivamente.
No aspecto psicológico, por fim, vale uma importante consideração. Se não temos o “direito” de apontar o dedo ao companheiro que tenha praticado a eutanásia – como no caso noticiado pela imprensa, que já recebe, inclusive, inúmeras manifestações de solidariedade, piedade e apoio, pelo mundo afora – igualmente temos de nos preparar adequadamente ante a possibilidade de virmos a presenciar e conviver com doentes terminais, no núcleo de nossas relações, aos quais a medicina convencional não antevê melhoras ou saídas, porque, em verdade, amanhã ou depois, poderemos vir a presenciar o sofrimento e a agonia dos nossos mais caros, no exato cumprimento de suas oportunidades/experiências. Ante o desespero que possa nos dominar, guardemos o preparo (vigiai) e a serenidade (orai), para a conveniente e necessária conscientização de nossos espíritos, evitando o cometimento de atos que venham prejudicar àqueles a quem dirigirmos a prática da eutanásia, e a nós mesmos, em virtude de nossa incapacidade de lidar com nossos sentimentos. E, que, neste sentido, nosso esforço de entendimento e prática espirituais possa ser secundado pelo apoio dos Bons Espíritos.



* Texto: Marcelo Henrique Pereira ( Delegado da CEPA para a Grande Florianópolis. Diretor Administrativo da Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo).

28 maio 2009

INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA O ENTENDIMENTO DO ESPIRITISMO

Nos foi solicitado via e-mail(haroldomatias@superig.com.br),respostas para algumas dúvidas que resolvemos colocá-las no blog pois sabemos serem dúvidas de muitos.Na medida de nossos conhecimentos tentamos atender a todos.Se alguém enviou e-mail e ainda não recebeu resposta peço que aguarde mais um pouco, pois o número de mensagens é maior que minha disponibilidade de respondê-las.Porém todos serão atendidos.Obrigado.

O QUE É MEDIUNIDADE
Faculdade que dota o homem de sensibilidade permitindo a percepção e interação com o mundo espiritual. Conforme sua intensidade viabiliza a plena comunicação entre os dois ambientes.
Faculdade natural inerente do corpo orgânico considerada como outro sentido psíquico.

O MÉDIUM
Ser dotado de faculdade que o permite interagir entre os ambientes espirituais e materiais possibilitando agir como intermediário entre as comunicações.
Quando apresenta-se marcante e forte diz-se que o médium é ostensivo. Quando sutil e rudimentar, de fenômenos esparços e esporádicos de pouca intensidade, diz-se que o médium tem mediunidade oculta. Este último tipo corresponde a todos os homens.
O primeiro tipo refere-se aquelas pessoas que têm a capacidade de utilizar a mediunidade para trabalhar em mesas mediúnicas e utilizar seu potencial para ajudar e beneficiar a todos os que necessitem.

FENÔMENOS MEDIÚNICOS – INTELIGENTES

Classificação Básica
Os fenômenos mediúnicos são marcantes quanto ao efeito que produzem. Podem ser classificados em categorias de acordo com o tipo de efeito (resultado) provocado pelo fenômeno. De modo geral, duas são as categorias quanto ao efeito: Efeitos Inteligentes e Efeitos Físicos

Efeitos Inteligentes
Os fenômenos de Efeitos Inteligentes são aqueles que têm sua atuação diretamente sobre o intelecto do médium ou são percebidos pelo cérebro por vias das sensações. Os efeitos são sentidos pelo médium.
Por esta razão também são classificados em: Intelectuais e Sensitivos, conforme a ação do efeito.

INTELECTUAIS
*Intuição
*Psicofonia
*Psicografia
*Desdobramento
SENSITIVOS
*Vidência
*Audiência
*Sensitividade

EFEITOS FÍSICOS
Os fenômenos classificados como de Efeitos Físicos são aqueles cujas ações são dirigidas para o ambiente material ou as coisas materiais. Os efeitos dessa mediunidade são percebidos por qualquer pessoa que os possa presenciar. Podem ser efetivadas por movimento de objetos, pancadas, sons, materializações, curas e etc.

Exemplos:
Sons
Luzes
Odores
Movimentos de objetos
Curas
Materializações
Transfigurações

PSICOFONIA
A psicofonia está presente na grande maioria dos médiuns sendo identificada em 80% dos casos.
Informalmente é denominada de Mediunidade de "Incorporação".
- Essa denominação foi adotada devido à impressão provocada pelo comportamento dos médiuns quando em transe mediúnico de psicofonia.
- Como muitas vezes o Espírito comunicante assume sua personalidade por fala e gestos, se tem a impressão que o Espírito comunicante "entrou" no corpo do médium e, por isso, surgiu naturalmente o termo incorporação.
Sua ocorrência se dá através da exteriorização do perispírito do médium. Permite que o Espírito comunicante tenha acesso(via perispírito) aos centros nervosos de controle de algumas funções orgânicas do médium, tais como: a fala, o movimento de membros e outros mecanismos motores do corpo. Conforme o grau de exteriorização do perispírito, ocorrerá o maior ou menor controle dos centros nervosos do corpo do médium.

Graus
Consciente
- Ocorre em 50% dos casos
- Médium tem consciência do que será dito antes de falar
- Após o transe, o médium recorda tudo o que disse
- Há fraca exteriorização do perispírito

Semi-consciente
- Ocorre em 28% dos casos
- Médium tem consciência do que será dito durante a fala
- Após o transe, o médium recorda parte do que disse
- Há exteriorização parcial do perispírito

Inconsciente
- Ocorre em 2% dos casos
- Médium não tem consciência do que ocorre
- Após o transe, o médium raramente recorda de algo que disse ou fez
- Há grande exteriorização do perispírito
- O Espírito Comunicante atua diretamente sobre os centros nervosos de controle do corpo do médium

Psicografia
Mediunidade na qual os Espíritos Comunicantes atuam sobre os médiuns levando-os a escrever. Estes médiuns também são denominados de Médiuns Escreventes
É um fenômeno importante porque as mensagens ficam permanentes e escritas originalmente como foram transmitidas. No caso da Psicofonia, a recuperação das mensagens dependerá da memória e da interpretação daqueles que escutaram a mensagem falada pelo Espírito. Já na Psicografia, o Espírito escreve a sua mensagem deixando-a na forma original como foi concebida.

Classifica-se quanto ao modo de execução em:

Mecânica
- Tipo muito raro
- O Espírito Comunicante atua diretamente sobre a mão do médium
- Muito rápida e mantém a forma e a caligrafia personalizadas
- Médium não sabe o que se escreve, somente após ler o que está escrito é que toma conhecimento do teor da mensagem

Semi-mecânica
- Mais comum
- Espírito comunicante tem domínio parcial do braço e mão do médium
- Médium tem consciência do que escreve a medida que as palavras vão sendo escritas

Intuitiva
- Tipo de mediunidade escrevente muito comum
- O Espírito interage com a alma do médium transmitindo mentalmente as suas idéias
- O médium capta as idéias e serve como um intérprete
- Tem conhecimento do que será transmitido antes de escrever

Vidência e Clarividência

Vidência
Refere-se a mediunidade que possibilita a visualização das coisas e ambientes do mundo espiritual. O méduim vidente vê os Espíritos, os ambientes e, às vezes, cenas de momentos futuros ou passados.
A visão se dá através do Espírito e não com os olhos, daí a compreensão do fato que os videntes "enxergam" o mundo espiritual mesmo com os olhos fechados.

Clarividência
Capacidade Anímica(não é mediunidade) que permite enxergar coisas, cenas, pessoas e etc, do mundo material que estão distantes ou através de objetos opacos. Essa visão abrange cenas e objetos que os olhos físicos não podem alcançar.
É uma faculdade do próprio Espírito encarnado (Anímica) que não depende de influência mediúnica. Ocorre pela emancipação da alma (desdobramento ou expansão do perispírito encarnado).
É também denomindao de "segunda visão".

Audiência e Clariaudiência

Audiência
Faculdade que permite ao médium escutar no campo fluídico os sons produzidos no ambiente espiritual.Podendo ser:
Interna
O Espírito transmite ao médium por telepatia. Tem-se a impressão de estar escutando "dentro do cérebro".
Externa
O Espírito atua sobre a atmosfera fluídica produzindo o efeito de som que será percebido pelo aparelho auditivo do méduim.

Clariaudiência
Faculdade anímica (não é mediunidade) que possibilita ouvir sons materiais que ocorrem fora do alcance da audição biológica.
Pode-se escutar a grandes distâncias ou através de obstáculos.
É uma capacidade do espírito encarnado (Anímica). Ocorre pela emancipação da alma alcançando até aonde o campo fluídico do perispírito encarnado possa atingir.

Sensitividade
Faculdade mediúnica da parcepção do nível vibratório do campo fluídico.
Através dessa faculdade o médiun "sente" o tipo de vibração existente em um ambiente ou presente em pessoas ou coisas.
A sensibilidade do médium ultrapassa a capacidade física e passa a perceber também o campo fluídico do ambiente e interpretar as sensações classificando-as.

FENÔMENOS MEDIÚNICOS – FÍSICOS
Os fenômenos classificados como de Efeitos Físicos são aqueles cujas ações são dirigidas para o ambiente material ou as coisas materiais.
Os efeitos dessa mediunidade são percebidos por qualquer pessoa que os possa presenciar. As ações desenvovidas pelos efeitos dessa mediunidade afetam o ambiente material e, por isso, são denominados de Efeitos Físicos.

Fluidos
Os Espíritos agem sobre os fluidos, intencionalmente ou não, conforme o esclarecimento e a evolução.
Podem aglomerar, dirigir, modificar e até combinar entre sí para obter resultados ou conferir-lhes propriedades.
É assim que no campo espiritual as "coisas" são plasmadas (formadas).
As formações fluídicas são geradas pelo pensamento e dependem da capacidade de cada um ter mais ou menos potencialidade de criar formas através da manipulação de fluidos.

Efeitos Físicos
Os fenômenos de efeitos físicos resultam da ação dos Espíritos sobre os fluidos até chegar a produzir resultados perceptíveis no mundo material
Para que isso ocorra é necessária a presença de um componente especial denominado de ECTOPLASMA.
O Ectoplasma é uma substância que se acredita que seja força nervosa e tem propriedades de interagir com o mundo físico.
Chama-se de Médium de Efeito Físico aquele que tem a faculdade que permite ceder Ectoplasma em quantidade suficiente para possibilitar aos Espíritos o seu uso em combinação com outros fluidos (os do Espírito e do ambiente) visando produzir ações e resultados sobre o mundo material.
O Ectoplasma flui para fora do corpo pelos orifícios naturais do organismo humano (nariz, ouvidos, boca, etc...).
O Efeito físico é o resultado da combinação dos fluidos do Espírito, com o Ectoplasma do Méduim e os fluidos do ambiente. Com esses três elementos o Espírito gera o fenômeno e o anima e controla pelo pensamento.


Curas
As doenças do corpo físico tem origem e reflexos também no corpo perispíritico. Muitas vezes os excessos configuram desequilíbrio do perispírito e, por conseqüência, desajustam o corpo físico e favorecem o aparecimento de males e doenças.
Um períspírito saudável redundara’ num corpo físico saudável.
A cura pela ação fluídica se dá pela ação da conjugação de fluidos agindo sobre o períspírito e refletindo no equilíbrio do corpo físico.
O poder da cura está na razão direta:
Da pureza dos fluidos produzido
Fé e vontade de fazer o bem e desejar a cura
Ação do pensamento, direcionando os fluidos para o fim desejado
Porém a mediunidade de cura se dá pela energia e instantaneidade da ação curadora. O médium de cura age pelo contato com o enfermo.
Os Espíritos combinam os fluidos e por ação magnética atuam diretamente sobre a parte do corpo perispiritual e físico que encontra-se desequilibrada.

Levitação
Configura-se pelo levantamento de pessoas ou coisas no ar sem uma ação direta.
O fenômeno se dá pela combinação do ectoplasma do médium com os fluidos do Espírito através da saturação fluídica do objeto consegue pela ação do pensamento comandar magneticamente os movimentos.

Transporte
Deslocamento físico de objetos de outra região para outra. Ocorre por força de intensa combinação fluídica dos Espíritos e do médium.

Pneumatofonia
Também chamado de VOZ DIRETA. O Espírito comunicante utiliza o Ectoplasma do Médium em combinação com os fluidos ambientais para moldar (Plasmar) um aparelho fonador humano("gargantas fluídicas") e através da ação do pensamento sobre a matéria plasmada movimentar o aparelho e produzir sons audíveis por todos os presentes. O fenômeno é físico e a voz gerada é efetivamente onda sonora audível por qualquer ouvido material perfeito.

Pneumatografia
Também denominado de ESCRITA DIRETA. É a escrita produzida pelo Espírito diretamente no plano material, não deve ser confundida com a Psicografia. A escrita direta é feita através do efeito físico do Espírito que utilizando ectoplasma do médium em combinação com os fluidos ambientais passa a animar canetas, lápis, giz, etc.. e escrever com esses objetos utilizando o pensamento para comnandá-los.

Transfiguração
Mudança do aspecto de um corpo vivo. Ocorre pela manipulação de fluidos e combinados com os perispírito em exteriorização produzindo formas divergentes das originais do corpo.

Materialização
Fenômeno pelo qual os Espíritos constroem algo material (objeto ou corpo) a partir da manipulação do ectoplasma em combinação com os fluidos do ambiente e do Espírito.
O Médium em transe fornece o Ectoplasma necessário para o fenômeno. Os Espíritos combinam este ectoplasma com os fluidos do ambiente e moldam as formas e os corpos desejados.
Durante o fenômeno o médium apresenta sensível perda de peso(matéria) e sensações de frio.
Ao final da manifestação o corpo materializado se disssolve e os seus elementos retornam aos corpos de origem.

27 maio 2009

VERDADE LIBERTADORA

Realizado o estudo do Evangelho no lar
de Josef Jackulack, na noite de 5 de
junho, em Viena, Áustria, o tema foi
Não ponhais a candeia debaixo do
alqueire, capítulo XXIV, de O
Evangelho Segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec, após o qual a Mentora
espiritual escreveu a presente
mensagem.
A verdade sempre predomina.

O culto à mentira é dos mais danosos comportamentos a que o indivíduo se submete. Ilusão do ego, logo se dilui ante a linguagem espontânea dos fatos. Responsável por expressiva parte dos sofrimentos humanos, fomenta a calúnia que lhe é manifestação grave e destrutiva - a infâmia, a crueldade...
A maledicência é-lhe filha predileta, por expressar-lhe os conteúdos perturbadores, que a imaginação irrefreada e os sentimentos infelizes dão curso.
Além desses aspectos morais, a mentira não resiste ao transcurso do tempo. Sem alicerce que a sustente, altera a sua forma ante cada evento novo e de tal maneira se modifica, que se desvela. Por ser insustentável, quem se apóia na sua estrutura frágil padece insegurança contínua.
Porque é exata na sua forma de apresentar-se, a verdade é o inimigo normal da mentira. Enquanto a primeira esplende ao sol dos acontecimentos e exterioriza-se sem qualquer exagero, a segunda é maneirosa, prefere a sombra e comunica-se com sordidez. Uma é fruto da realidade; a outra, da fantasia, que não medita nas consequências de que se reveste.
A mentira teme o confronto com a verdade. Aloja-se nas sombras, espraia-se, às escondidas, e encontra, infelizmente, guarida.
A verdade jamais se camufla; surge com força e externa-se com dignidade. Não tem alteração íntima, permanecendo a mesma em todas as épocas. Ninguém consegue ocultá-la, porque, semelhante à luz, irradia-se naturalmente. Nem sempre é aceita, por convidar à responsabilidade. Amiga do discernimento, é a pedra angular da consciência de si mesmo, fator ético-moral da conduta saudável.
Enquanto a mentira viger, a acomodação, o crime afrontoso ou sob disfarce, o abuso do poder e a miséria de todo tipo predominarão na Terra exaltando os fracos, que assim se farão fortes, os covardes, que se tornarão estóicos, os astutos, que triunfarão em detrimento dos sábios, dos nobres e dos bons...
Face a tais logros, que propicia, não obstante efêmeros, os seus famanazes e cultuadores detestam e perseguem a verdade. Não medem esforços para impelir-lhe a propagação, por saberem dos resultados que advirão com o seu estabelecimento entre as criaturas.
São baldas, porém, tão insanas atitudes.
A verdade espera... Seus opositores enfermam, envelhecem e morrem, enquanto ela permanece.
A mentira é de breve existência. Predomina por um pouco, esfuma-se e passa...
(...) Jesus, em proposta admirável, afirmou: Busca a verdade e a verdade te libertará.
Ninguém tem o direito de ocultar a verdade, qual se fosse uma luz que devesse ficar escondida. Onde se encontre, irradia claridade e calor.
O seu conhecimento induz o portador a apresentá-la onde esteja, a divulgá-la sempre. Pelos benefícios que proporciona, estimula à participação, à solidariedade, difundindo-a. (...)

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Sob a Proteção de Deus.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1994.

AUTO-ENCONTRO

A ansiosa busca de afirmação da personalidade leva o indivíduo, não raro, a encetar esforços em favor das conquistas externas, que o deixam frustrado, normalmente insatisfeito.
Transfere-se, então, de uma para outra necessidade que se lhe torna meta prioritária, e, ao ser conseguida, novo desinteresse o domina, deixando-o aturdido.
A sucessão de transferências termina por exauri-lo, ferindo-lhe os interesses reais que ficam á margem.
Realmente, a existência física é uma proposta oportuna para a aquisição de valores que contribuem para a paz e a realização do ser inteligente. Isto, porém, somente será possível quando o centro de interesse não se desviar do tema central, que é a evolução.
Para ser conseguida, faz-se imprescindível uma avaliação de conteúdos, a fim de saber-se o que realmente é transitório e o que é de largo curso e duração.
Essa demorada reflexão selecionará os objetivos reais dos aparentes, ensejando a escolha daqueles que possuem as respostas e os recursos plenificadores.
Hoje, mais do que antes essa decisão se faz urgente, por motivos óbvios, pois que, enquanto escasseiam o equilíbrio individual e coletivo, a saúde e a felicidade, multiplicam-se os desaires e as angústias ceifando os ideais de enobrecimento humano.
Se de fato andas pela conquista da felicidade, tenta o auto-encontro.
Utilizando-te da meditação prolongada, penetrar-te-ás, descobrindo o teu ser real, imortal, que aguarda ensejo de desdobramento e realização.
Certamente, os primeiros tentames não te concederão resultados apreciáveis.
Perceberás que a fixação da mente na interiorização será interrompida, inúmeras vezes, pelas distrações habituais do intelecto e da falta de harmonia.
Desacostumado a uma imersão, a tua tentativa se fará prejudicada pela irrupção das idéias arquivadas no inconsciente, determinantes de tua conduta inquieta, irregular, conflitiva.
Concordamos que a criatura é conduzida, na maior parte das vezes, pelo inconsciente, que lhe dita o pensamento e as ações, como resultado normal das próprias construções mentais anteriores.
A mudança de hábito necessita de novo condicionamento, a fim de mergulhares nesse oceano tumultuado, atingindo-lhe o limite que concede acesso às praias da harmonia, do autodescobrimento, da realização interior.
Nessa façanha verás o desmoronar de muitas e vazias ambições, que cultivas por ignorância ou má educação; o soçobrar de inúmeros engodos; o desaparecer de incontáveis conflitos que te aturdem e devastam.
Amadurecerás lentamente e te acalmarás, não te deixando mais abater pelo desânino, nem exaltar pelo entusiasmo dos outros.
Ficarás imune à tentação do orgulho e à pedrada da inveja, à incompreensão gratuita e à inimizade perseguidora, porque somente darás atenção à necessidade de valorização do ser profundo e indestrutível que és.
Terminarás por te venceres, e essa será a tua mais admirável vitória.
Não cesses, portanto, logo comeces a busca interior, de dar-lhe prosseguimento se as dificuldades e distrações do ego se te apresentarem perturbadoras.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1994.

26 maio 2009

DUAS HOMENAGENS A CARLOS BERNARDO LOUREIRO

Alguns anos atrás a sociedade baiana foi surpreendida com a notícia do falecimento do escritor, professor, advogado e pesquisador Carlos Bernardo Cajazeira Loureiro de Souza, aos 64 anos de idade. Filho do professor e jornalista Antônio Loureiro de Souza e Elza Cajazeira Loureiro de Souza, ele nasceu em 16 de abril de 1942 e desde cedo demonstrou sua inteligência e sede de saber, lendo tudo quanto lhe chegava às mãos, passando a conhecer escritores de nomeada, tais como Machado de Assis, Humberto de Campos, Voltaire, Platão e outros.
Eu o conheci por volta de 1956, quando ele estava com 14 anos de idade. De seu pai herdou o bom gosto pela leitura e estudo das obras profanas que o velho professor conhecia como poucos. Ao despontar sua mediunidade, Carlos Bernardo procurou o presidente do Instituto Espírita da Bahia, Aurelino Mota de Carvalho, iniciando suas atividades no Espiritismo, ao mesmo tempo em que passou a estudar a obra de Allan Kardec e dos grandes escritores espíritas tais como Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Léon Denis, Alexandre Aksakof etc, ao mesmo tempo em que procurava meu pai (Alfredo Miguel) para aconselhar-se com ele e discutir pontos que ainda não havia assimilado com segurança. Era um estudioso em profundidade e, em razão disso, partiu para a pesquisa dos grandes fenômenos, tais como a psicometria, pneumatofonia, visão à distância, aparições e tudo quanto lhe despertasse a curiosidade. Para melhor compreensão e aprofundamento das questões, estudou Rhine, Freud e inúmeros pesquisadores.
Seus conhecimentos sobre Espiritismo eram amplos e Carlos Bernardo fundou o periódico "Impacto", incumbindo-me de traduzir textos de autores de língua espanhola e confeccionar os meus próprios artigos. A experiência foi positiva, com trabalhadores de várias partes do Brasil e do exterior. Não satisfeito com a divulgação da doutrina pela imprensa, manteve na Rádio Clube AM de Salvador o programa "Conversando sobre Espiritismo". Insatisfeito com os trabalhos de vários centros e médiuns espíritas com os quais contatou, fundou a Sociedade de Cultura Espírita da Bahia (Soceba), na Baixa de Quintas, com a colaboração de Djalma Argollo, Pedro Spinelli, eu e sua dedicadíssima esposa Lúcia Loureiro. Dissolvida a Soceba, criou o Teatro Espírita "Leopoldo Machado", no bairro da Boa Viagem, onde batalhou incansavelmente até seu desaparecimento. Em 1986 desenvolveu suas qualidades de pesquisador no Círculo de Pesquisas "Ambroise Paré", investigando o campo das manifestações psíquicas e mediúnicas, conseguindo uma variada gama de efeitos físicos e materializações de espíritos.
Carlos Bernardo foi representante da ABRAJEE (Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas), na Bahia, deixou 21 livros editados e 16 inéditos, que deverão ser lançados brevemente tão logo sua esposa e filhos terminarem de efetuar a devida revisão. Entre seus irmãos de crença fez muitos amigos e inúmeros indiferentes que o criticavam por não entenderem a sua luta em busca de um Espiritismo racional, comprovado e devidamente assimilado tal como ensinava o mestre Kardec. Nize César, que hoje reside na Espanha, e foi uma de suas beneficiadas em trabalhos mediúnicos, publicou em A TARDE de 18 de agosto último um artigo no qual exaltava seu trabalho dedicado à causa do Espiritismo, destacando o escritor e a realização de pesquisas, palestras e programas na imprensa falada, escrita e televisionada.
Carlos Bernardo Cajazeira Loureiro de Souza foi um exemplo de luta e dedicação à nobre causa espírita. Ao partir, deixou uma grande lacuna no seio da doutrina, somente compensada pela existência do Telma (Teatro Espírita "Leopoldo Machado"), a creche Stella Tarquínio de Souza (que cuida de dezenas de crianças) e cerca de 400 médiuns por ele orientados para a realização das tarefas naquela instituição, uma obra que merece os maiores elogios pelos trabalhos ali desenvolvidos e que ora necessita de maior auxílio de seus simpatizantes e freqüentadores.
Paz e progresso para seu espírito incansável sempre em busca de renovação!
Gilberto Santos
jornalista, articulista e professor

Bernardo, como era chamado no TELMA(Teatro Espírita Leopoldo Machado), quando ainda tinha suas instalações no bairro da Saúde em Salvador, foi tudo isso e muito mais. A mim, fez o que de melhor se pode fazer pelo semelhante,mudou a minha forma de ver a vida ,mudou o meu pensamento de uma forma definitiva.Obrigado Carlos Bernardo Loureiro ,meu mestre e irmão.
Haroldo Matias

REVELAÇÃO ESPÍRITA

A maioria das pessoas acredita que o Espíritos são seres vagos e indefinidos, criados pelas histórias contadas pelos antigos. O certo é que o Espíritos são seres iguais a nós, possuindo um corpo, ainda que fluídico e invisível, a que Allan Kardec deu o nome de perispírito.
Durante a vida física a alma é ligada ao corpo pelo perispírito. Existem, portanto, no homem, três elementos essenciais: O Espírito, onde residem a inteligência, a vontade e o senso moral; o corpo, cuja estrutura põe o Espírito em contato com o mundo material; o perispírito, envoltório fluídico que é o intermediário entre o Espírito e o corpo. Com a morte – ou a falência do corpo físico – o Espírito dele se despoja, “como o fruto e a árvore se despojam da casca, e a serpente da sua pele”, segundo expressões kardecianas, conservando o seu corpo fluídico ou perispiritual.
A união da alma, do corpo físico e de perispírito constitui o homem; a alma e o perispírito separados do corpo material, constituem o Espírito. Desse modo, os Espíritos envolvidos pelo corpo físico integram a Humanidade ou o mundo corporal visível. No momento em que se desfaz desses corpos, vão constituir o mundo espiritual ou invisível “que povoa o espaço e no meio do qual vivemos sem desconfiar, da mesma maneira que vivemos no meio dos infinitamente pequenos, de cuja existência nem desconfiávamos antes da invenção do microscópio”.
Fato importante é que os Espíritos conservam as suas percepções que possuíam quando encarnados, sendo que em grau mais elevado, porque as suas faculdades eram diminuídas pela matéria. Por isso mesmo, vêem e ouvem o que nossos sentidos limitados não conseguem. E eles estão em toda a parte, influenciando-nos, sendo agentes de uma diversidade de fenômenos, de repercussão moral e física.
Cumpriu ao Espiritismo – por desígnio superior – revelar o mundo invisível que nos cerca, “as leis que o regem, suas relações com o mundo visível, a natureza e estado dos seres que o habitam e, por conseguinte, o destino do homem depois da morte”.

Carlos Bernardo Loureiro

OS SÍMBOLOS

O vocábulo SÍMBOLO vem do grego SUMBALLEIN, que significa LIGAR ou ATAR (1).
Das mais remotas eras à modernidade, o processo humano de comunicação se realiza através de riquíssima SIMBOLOGIA. Os seres primitivos deixaram nas rochas frias das cavernas os registros indeléveis de seu “modus vivendi” em um meio inóspito e adverso, onde a luta pela sobrevivência identificava-o com os irracionais. E um dos maiores SÍMBOLOS dessas perdidas cidades, o TOTEM, representava, alegoricamente, animais, plantas e fenômenos da Natureza, como a chuva, o raio, etc... Afirma-se que o SÍMBOLO é um MICROCOSMO do que representa:
*Consubstancia, em essência, a força e a energia que lhe deu origem.

O SIMBOLISMO ESOTÉRICO

É no ESOTERISMO que o SÍMBOLO atinge sua justa dimensão. Entre os gregos o ESOTERISMO é ensinado de uma maneira íntima e simbólica, somente aos INICIADOS. Em contrapartida, o ESOTERISMO, acessível a todos, exposto sob forma de diálogos. Essa FILOSOFIA ESOTÉRICA estava contida em obras de fundo não-dialético, mas dogmático. ARISTÓTELES, v.g., dividiu as suas obras em não-esotéricas ou acroamáticas e esotéricas. Esta distinção estaria ligada fundamentalmente à forma e aos processos de exposição. Nas obras NÃO-ESOTÉRICAS os argumentos são claros e mais facilmente inteligíveis; nas obras ESOTÉRICAS os argumentos são obscuros e simbólicos. Essa idéia de uma doutrina misteriosa e emblemática reservada aos iniciados seduziu muitos Espíritos. O ensino do ESOTERISMO era ministrado oralmente ou através de textos; comportava especialmente a EXPLICAÇÃO DOS ARCANOS, as TRADIÇÕES DA CABALA e a MAGIA, o RITO SIMBÓLICO DOS MISTÉRIOS SAGRADOS, assim como os SEGREDOS DA ALQUIMIA.


A EXPRESSÃO ESOTÉRICA DO PENSAMENTO

Afirma-se que o PENSAMENTO, a nível ESOTÉRICO, seria a resposta simbólica do EU (2), que nada mais é do que a MANIFESTAÇÃO OCULTA DO ESPÍRITO (O SER PENSANTE). As idéias, os sentimentos, os caracteres, a sensibilidade, as idiossincrasias, são atributos do SER ESPIRITUAL, que se manifestam, de ordinário, em formas simbólicas inconfundíveis. Não é sem razão que o ESOTERISMO admite que um símbolo é uma representação que oculta ou vela uma verdade subjacente, íntima, de ordem espiritual. Destarte, determinadas figuras ou signos encobrem princípios filosóficos abstratos, e os corpos visíveis são símbolos de Espíritos ou forças invisíveis. Seria, a grosso modo, aquele produto ideoplástico da alma, segundo as teses psicodinâmicas de GUSTAVE GELEY, o gênio metapsiquista francês? Nesse sentido, o homem viria a ser a manifestação estereológica e simbólica da alma, que essencialmente não poderia “EXISTIR” na esfera ponderável, porque esta, a rigor, não lhe é específica...
Ultimamente, vem se constatando um expressivo interesse pelo estudo e interpretação dos SÍMBOLOS, com o advento das pesquisas na área (ainda obscura) do INCONSCIENTE. Direcionam, tais pesquisas, especialmente, para a compreensão dos mecanismos do sonho, seu conteúdo manifesto e sua função. ARTEMIDORO DE ÉFESO, afirmara:
“Sonhos e visões são incutidos nos homens proporcionalmente à sua superioridade e instrução”.
Teria sido esse analista grego o pioneiro no campo da investigação criteriosa dos sonhos, reunindo-a em cinco volumes (ONEIRO-CRÍTICA).
Os escritos de ARTEMIDORO influenciaram, mais tarde, SIGMUND FREUD. Nesse sentido, o “PAI DA PSICANÁLISE” desenvolveu a técnica da “ASSOCIAÇÃO LIVRE DE IDÉIAS” e a tradução de símbolos contidos no material psíquico, em que se capitulam não apenas os contidos no material psíquico, em que se capitulam não apenas os sonhos, mas atos falhos, impulsos, fantasias, ansiedades etc. as idéias da existência de um INCONSCIENTE na estrutura da realidade psíquica, interna, ao tempo dos primeiros trabalhos de FREUD, vinha sendo abordada por diversos pesquisadores, entre os quais destaca-se PIERRE JANET (1859-1947) considerado o fundador da Psicologia clássica, desenvolveu uma teoria do funcionamento psíquico oposta à de seu contemporâneo SIGMUND FREUD – a PSICOLOGIA DOS COMPORTAMENTOS. Escreveu: “O AUTOMOTISMO PSICOLÓGICO”, dado a público em 1889. Não apenas PIERRE JANET discordou das concepções freudianas, mas alguns de seus próprios discípulos, tais como: ALFRED ADLER, CARL GUSTAVE JUNG, OTTO RANK, KAREN HORNEY, enquanto outros aprofundaram as suas idéias: ANA FREUD, S. FERENCZI, MELAINE KLEIN e K. ABRAHAM, em que assume realce o problema da formação, estrutura e atividade do EGO.
C.G. JUNG é, sem dúvida, o maior crítico de Freud, particularmente no que diz respeito à interpretação dos sonhos, oferecendo, às ilações freudianas, as seguintes contestações:
“Da mesma forma que a vida humana não se limita a este ou aquele instrumento básico, abrangendo, ao contrário, uma multiplicidade de instintos, os sonhos não podem ser explicados por este ou por aquele elemento isoladamente, por mais simples e atraente que tal explicação pareça... Jamais uma teoria simplificada dos instintos será capaz de abranger toda essa coisa misteriosa e poderosa que é a PSIQUE HUMANA, e tampouco o sonho, e sua expressão”.
E arremata:
“Os sonhos dão expressão à verdade incontestáveis, a pronunciamentos filosóficos, a fantasias selvagens, a ilusões, a previsões, a experiências irracionais, até mesmo a visões telepáticas e talvez a muito mais”.
Não parece o psiquiatra falando, sempre pragmático, ortodoxo, sistemático; dir-se-ia um espiritualista convicto, ciente das implicações espirituais dos sonhos, que assim nascem, sob variada circunstância, nos refolhos da alma e se projetam insopitáveis, ao consciente; ou decorrem do contato efetivo e inelutável do espírito encarcerado com a alma liberta dos grilhões da carne. Desse intercâmbio, não percebido ou não aceito pelos psicanalistas (repulsa ao eterno) se identifica a gênese dos problemas maiores e profundos do SER, o Ser que venceu a morte, integrando-se à dimensão que lhe é essencialmente específica.
O mistério e o poder da PSIQUE HUMANA seriam investigados por JUNG. Não se limitou à tecer simbólicas e complicadas teorias sobre o psiquismo; investiu, com inusitada ênfase, na área da fenomenologia supranormal, na tentativa de encontrar as respostas de que tanto precisava para a formação de sua doutrina psicanalítica. Diria, a propósito, MARTIN EBON, em “THEY KNEW THE UNKNOWN” (The New American Library, Inc., New York):
“O interesse de JUNG pelo OCULTO, iniciou-se com uma cuidadosa análise da Literatura do séc. XIX. Em 1897, enquanto era ainda um estudante, encontrou, numa biblioteca, pequena história de fundo eminentemente espiritualista, que o impressionou de tal forma que ele iria, mais tarde referir-se à narrativa em suas “MEMÓRIAS”. A partir desse contato com a “QUESTÃO ESPIRITUALISTA”, JUNG busca, o tempo todo, provar, a si mesmo, a verossimilhança dos relatos espíritas. As experiências de dois cientistas, no particular, suscita-lhe especial atenção: JOHANN C.F. ZOLLNER, Professor da Universidade de Leipzig e SIR WILLIAM CROKES, físico inglês de ilibada reputação internacional. ZOLLNER reúne os iniciais frutos de seu trabalho mediúnico na obra “TRANSCENDENTAL PHISICS” (física transcendental) enquanto SIR WILLIAM CROOKES (1832-1919), após reiteradas e frutuosas experiências espíritas, publica várias obras, entre as quais destacam-se “RECHERCHES SUR LÊS PHÉNOMÉNES DU SPIRITUALISME” (edição francesa) e “FATOS ESPÍRITAS”, onde evidencia as notáveis faculdades mediúnicas de FLORENCE COOK, KATE FOX e DANIEL DUNGLAS HOME.
Considera-se o ano de 1916 o ponto alto da crise emocional de JUNG, quando ele começou a ser assediado pelos fantasmas. As referências do psicanalista a respeito são vagas, emblemáticas, obscuras. Mas ainda assim percebe-se o que, no íntimo da narrativa, identificam-se o real, o verossímil. JUNG sentia uma sensação indefinível de intranqüilidade; a casa inteira pareceu-lhe cheia de Espíritos de mortos:
“Havia uma atmosfera sinistra envolvendo-me completamente. Eu tinha a estranha sensação de que o ar estava cheio de entidades fantasmais. Então, foi como se a minha casa começasse a ser assombrada. Minha filha mais velha viu uma figura branca atravessando a sala de jantar”. E outras ocorrências fantasmais aconteceram em uma noite de Sábado na residência de Jung.
No dia seguinte (domingo), Jung sentiu a casa inteira abarrotada de Espíritos”. Este relato é parte da obra “SEPTEM SERMONES AD MORTUS” (Sete Sermões aos Mortos), escrita pelo êmulo de Freud, em, pelo que parece, escrita automática.
“Isso começou a jorrar de mim – afirma – e no transcorrer de três noites a coisa estava escrita”.
Jung chega a admitir que a experiência que vivenciou estaria ligada ao seu estado emocional. Abstraindo-se a fraseologia nebulosa, obscura, eis o que sucedeu ao fundador da PSICOLOGIA ANALÍTICA. Agora, e para ilustrar estes arrazoados sobre “SÍMBOLOS” prestemos bastante atenção na linguagem junguiana, ao concluir o episódio que fora figura coadjuvante entre os principais e invisíveis atores da fascinante trama mediúnica:
“Daquele momento em diante, os mortos se tornaram ainda mais definidos para mim, como as vozes do não-respondido, do não-solucionado e do não-cumprido; pois uma vez que as perguntas e reclamações, que meu destino obrigou-me a responder, não me vieram do exterior, elas devem ter vindo do mundo interior. Estas preleções para os mortos constituíram uma espécie de prelúdio para aquilo que eu tinha para comunicar ao mundo sobre o inconsciente, uma espécie de modelo de ordem e de interpretação do seu conteúdo geral”.
E mais adiante afirma:
“Todas as minhas obras, toda a minha atividade criadora VEIO DESSAS FANTASIAS E SONHSO INICIAIS... Tudo o que realizei posteriormente em minha vida já estava contido nelas, embora no princípio, somente na forma de emoções, símbolos e imagens”.
Seriam esses mortos, na concepção de JUNG, elementos autônomos do INCONSCIENTE? Admite-se que os ‘SETE SERMÕES AOS MORTOS” contém ilustrativas antecipações de idéias que iriam desempenhar importante papel na pesquisa científica posteriormente desenvolvida por JUNG. E arrematam os hermeneutas:
“Possivelmente, estava o consciente educado falando para o inconsciente indagador”...
Três anos depois dos “SETE SERMÕES AOS MORTOS” (1919), JUNG realizou concorrida Conferência na “Sociedade para Pesquisas Psíquicas” (SPR), em Londres, discorrendo sobre “AS BASES PSICOLÓGICAS DA CRENÇA NOS ESPÍRITOS”. Em sua fala, ouvida atentamente por sisudos pesquisadores e seleta assistência, traçou ele um perfil histórico-antropológico do assunto, em que sobressaía uma terminologia realmente esdrúxula, vaga, indefinível, considerando os povos primitivos como presas de “conflitos psicogênicos”, ao se dedicarem à adoração dos ancestrais. A conversão de SAULO DE TARSO, seria devida a “ALUCINAÇÕES AUDITIVAS” (idêntico ponto de vista postula ERNESTO RENAN) e a “COMPLEXOS AUTÔNOMOS”. E, à guisa de conclusão, emitiu o seguinte parecer, baseado, lamentamos dizer, em infundadas especulações:
“Portanto, os Espíritos, vistos de um ângulo psicológico, são complexos autônomos inconscientes, que aparecem com projeções porque não têm associações diretas com cego”.
Na década de 1920, JUNG assistiu, em Munich, a várias sessões de ECTOPLASMIA coordenadas pelo Barão ALBERT VON SCHRECH-NOTZING, tendo como médium o austríaco RUDI SCHNEIDER, o Professor BLEULER também estava presente. E o próprio JUNG, na década de 30 realizaria, juntamente com BLEULER, sessões com o médium suíço OSKAR SCHLAG. Na ocasião ocorreram fenômenos de efeito físico e de materialização de Espíritos. Ainda assim, os comentários do Professor de Zurich, permanecem (pelo menos publicamente) refratários à sobrevivência da alma e a sua comunicação com os “VIVOS”, que continuam sendo, para ele, “TESTEMUNHO DA PSIQUE INCONSCIENTE”.
As dúvidas de C.G. JUNG são, na verdade, compreensíveis: ele não poderia (assim como o próprio FREUD) admitir, psicologicamente, a comunicabilidade dos Espíritos, a existência da dimensão definida por F. ZOLLNER (com quem realizou notáveis experiências), a DIMENSÃO IMPONDERÁVEL, porque iriam por água abaixo a maioria esmagadora dos valores e conceitos psicológicos. Seria o “coup de grânce” da Psicologia.
Em boa hora avisa o pesquisador MARTIN EBON (obra citada): “Que ninguém recorra à JUNG em busca de certeza, muito menos no que diz respeito ao ocultismo”. Ele mesmo falou, no fim de suas “MEMÓRIAS”:
“Estou atônito, desapontado e contente comigo mesmo, estou perturbado, deprimido e entusiasmado. Sou todas essas coisas ao mesmo tempo e não posso tomar as parcelas. Sou incapaz de determinar o que é de suprema importância e o que não tem importância nenhuma... Não existe nada que eu tenha absoluta certeza”...

(1) Um SUMBALLON era um sinal de reconhecimento: um objeto cortado em duas metades, cujo confronto permitia aos portadores de cada parte se reconhecerem sem jamais se terem visto antes.
(2) EU: segundo alguns enciclopedistas, é uma palavra dêictica, vazia de conteúdo semântico, que por papel representa a pessoa que fala. O que constitui a individualidade:
*o Eu de cada um; SUJEITO PENSANTE (filosofia); o EGO (psicanálise).


Carlos Bernardo Loureiro.

25 maio 2009

A MORTE INTRIGA AS PESSOAS

A morte é algo que intriga a maioria das pessoas. Muitos não querem pensar nela, mas é interessante imaginar o que nos espera após o fenômeno da morte. Para aonde vamos? Esta é a pergunta mais comum. Cada religião interpreta de um jeito. Algumas pregam que as pessoas passarão pelo purgatório antes de entrar no céu ou no inferno. Outra hipótese é a de que ficaremos aguardando o dia do juízo final. O espiritismo, assim como outras doutrinas, afirma a realidade da reencarnação e que o fenômeno da morte é apenas uma mudança de plano.
As pessoas que não acreditam na reencarnação normalmente fazem chacotas com os que acreditam, dizendo que "ninguém até hoje voltou para dizer como é do outro lado". Mas, por meio da mediunidade, os espíritos enviam mensagens, escrevem livros e descrevem como é do "outro lado". Além disto, a experiência de quase-morte é uma comprovação de quem esteve do "outro lado". Afinal, a pessoa é considerada clinicamente morta e depois de alguns minutos, retoma ao mundo material, sem que a medicina consiga provar e comprovar como ocorre este fenômeno. Pesquisas nesta área oferecem relatos impressionantes.
Um destes é o de um rapaz que, após ser considerado clinicamente morto pelos médicos, deixou seu corpo e passou a caminhar pelos corredores do hospital. Saiu do local e foi passear no parque. Este homem declarou ter visto um conhecido neste parque o que depois foi confirmado pelo outro. Mas do seu relato, o que mais impressionou foi o fato de ter presenciado o atropelamento de um homem na rua. O homem, após desencarnar, chegou a conversar com este paciente. Depois, uma forte luz levou o atropelado. Logo após, o paciente sentiu-se atraído novamente para o hospital. Quando comentou o que viu em sua EQM (Experiência de Quase Morte) para algumas pessoas, elas checaram junto à polícia as informações sobre o atropelamento, que foi confirmado pelas autoridades.
Os materialistas são os que mais sofrem ao pensar na morte. Geralmente, são criaturas apegadas demais aos bens terrenos e ao pensar na perda dos prazeres triviais, sofrem por antecipação. Esta preocupação poderá acompanhá-las além túmulo. A morte é uma conseqüência da vida, mas a vida é uma conseqüência da Vida Maior. Pensando desta forma, descartamos a palavra morte no seu sentido natural. Em seu lugar, coloquemos vida, ficando "vida após a vida".
Em Apologia de Sócrates, Platão escreve qual era o pensamento de seu mestre sobre a morte: "Quanto a esta, apenas pode ser uma destas duas coisas: ou aquele que morre é reduzido ao nada e não tem mais qualquer consciência, ou então, conforme ao que se diz, a morte é uma mudança, uma transmigração da alma do lugar onde nos encontramos para outro lugar. Se a morte é a extinção de todo sentimento e assemelha-se a um desses sonos nos quais nada se vê, mesmo em sonho, então morrer é um ganho maravilhoso. (...) Por outro lado, se a morte é como uma passagem daqui para outro lugar, e se é verdade, como se diz, que todos os mortos aí se reúnem, pode-se imaginar maior bem?".
O que nos espera do "outro lado" pode ser comparado por meio de uma metáfora, a plantação na lavoura. Iremos colher dependendo do que plantamos, ou seja, do esforço aplicado naquele trabalho, das condições de aproveitamento do tempo, da perseverança em vencer os obstáculos, e finalmente, da disposição em dividirmos esta colheita com outras pessoas. Devemos fazer uma análise da nossa "plantação" e nos perguntarmos: Estou plantando o suficiente para ter uma boa colheita? Esta é uma forma sutil de sabermos o que colheremos do "outro lado".
Deus é perfeito em sua criação. Ele nos dá inúmeras condições de evoluir. Ninguém fica desamparado, seja neste plano ou nos outros. Cabe a nós, e somente a nós, decidirmos em que condições queremos viver, seja qual for o plano. Vamos trabalhar em prol do bem, pois estaremos atraindo bons fluidos e pessoas afins para o nosso desiderato. Obstáculos não vão faltar, mas teremos a mão do companheiro ao lado formando uma corrente positiva, fortalecendo nossas intenções e purificando os pensamentos.
Não devemos temer a morte, e sim, evoluir nesta vida, afinal, uma outra vida nos espera do "outro lado".

Marco Tulio Michalick
Revista Cristã de Espiritismo (Edição 28 - 2005

CHICO XAVIER TEMIA PUBLICAR "NOSSO LAR"

Francisco Cândido Xavier psicografou 436 livros em 75 anos e um deles, "Nosso Lar", lançado em 1943 e que já vendeu quase dois milhões de exemplares, o preocupou antes de editado. Seu autor espiritual se apresentava apenas como André Luiz, médico em reencarnação no Brasil. O jornalista Marcel Souto Maior, no seu livro-reportagem As Vidas de Chico Xavier, comenta : “O texto pegou o mineiro de surpresa. Era diferente de tudo o que ele já tinha escrito. Descrevia o cotidiano numa cidade espiritual próximo à Terra, uma zona de transição fundada por portugueses em algum ponto do espaço, mais perto do Sol do que da Terra, no século 16. Era para ali, ou para comunidades parecidas com aquela, que muita gente ia após a morte. Nada de céu, de inferno, de purgatório. A população, formada por cerca de um milhão de habitantes, vivia às voltas com uma burocracia tão intrincada quanto à terráquea. Os moradores de 'Nosso Lar' se submetiam a regras ditadas por estâncias como a Governadoria Geral e os ministérios da Regeneração, do Esclarecimento e da Elevação".
Marcel considera "Nosso Lar" um marco para o Espiritismo. Convenceu muita gente da necessidade de trabalhar pelos necessitados. Quem se dedicasse à caridade evoluiria mais depressa. Quem ajudasse o outro se ajudaria. Ele conta que Chico Xavier tremeu ao traduzir aquelas lições do outro mundo. Escutava as frases e vacilava com o lápis na mão, perplexo diante do mundo novo. Numa das noites de trabalho, se sentiu fora do corpo e, durante duas horas, ao lado de André Luiz e de Emmanuel, seu instrutor espiritual, visitou uma faixa suburbana da cidade insólita que lhe era descrita. A viagem, uma das maiores surpresas de sua vida, não ocorreu por merecimento, mas por necessidade: só assim ele conseguiria passar para o papel, sem trair a realidade, o clima descrito por André Luiz.
Quando a obra foi publicada, obviamente choveram as críticas. Emmanuel não permitiu que o médium se ofendesse ou as refutasse: "Chico, ressentimento é vaidade. Você não pode exigir que os outros acreditem naquilo em que você acredita. Ninguém está obrigado a seguir a sua cartilha". Décimo nono livro do médium, da série André Luiz vieram depois: Os Mensageiros, Missionários da Luz, Obreiros da Vida Eterna, No Mundo Maior, Agenda Cristã, Libertação, Entre a Terra e o Céu, Nos Domínios da Mediunidade, Ação e Reação, Evolução em Dois Mundos, Mecanismos da Mediunidade, Conduta Espírita, Sexo e Destino, Desobsessão e A Vida Continua...
O filósofo Huberto Rohden chama a atenção para o fato do homem acreditar, mesmo quando afirma só crer naquilo que vê: “Tenho de crer em quase todas as teses e hipóteses da ciência, porque ultrapassam os horizontes da minha capacidade de compreensão.” No final da década de 80, a revista Crescer, da Editora Globo, trazia em suas páginas genial mensagem, simulando uma chapa radiográfica do interior do ventre materno, onde dois fetos, gêmeos, conversavam. Dizia o primeiro:

– Você acredita em vida após o parto?
O segundo respondia:
– Não sei. Nunca ninguém voltou para contar...

EXERCÍCIO DE CIDADANIA

Vamos denunciar padres,protestantes,induístas,espíritas,budistas ou qualquer outro ser "humano" capaz de atitudes tão repugnantes.
DISQUE 100
Único telefone nacional para receber denúncias de abuso e exploração sexual infantil. Ligação é gratuita e pode ser feita de qualquer telefone – fixo ou celular – de qualquer lugar do país.
JANE FELIPE
Psicóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), escreveu as sete dicas mais importantes para a proteger crianças de abusos sexuais e do assédio de pedófilos na internet.
E-mail: janefelipe_s@yahoo.com.br

As sete dicas são:
1 – Orientar os filhos para que saibam quando um adulto se aproxima de forma inconveniente.
2 – Dominar os mistérios do computador e da internet.
3 – Evitar câmeras de internet no quarto das crianças.
4 – Instalar o computador em um lugar da casa onde todos circulam.
5 – Observar se a criança diminui a tela quando os pais se aproximam.
6 – Orientar os filhos sobre sites duvidosos.
7 – Evitar que as crianças coloquem suas imagens e informações pessoais na rede.
"Não é possível que as crianças passem todo o tempo ou a noite inteira diante de uma tela de computador. Os pais precisam ter um certo rigor", aconselha a psicóloga.
PEÇA "MENINA ABUSADA"
Criada pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), é encenada por conselheiros tutelares e estudantes de Sapé e das cidades vizinhas. A iniciativa é da Promotoria da Infância e da Adolescência do município.
E-mail: celia_pf@yahoo.com.br (Celinha, diretora da peça)
SANTA CASA DE BELÉM – PROJETO PRÓ-PAZ
O projeto atende, em média, dez vítimas de abuso sexual por dia e oferece serviço especializado nos cuidados com crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violência sexual. No local, funcionam uma delegacia, serviço de assistência social e psicológica. Vítimas podem denunciar o abusador e receber os primeiros cuidados.
E-mail: propaz@santacasa.pa.gov.br

TEM PAPA QUE É CEGO!

Publicado em 21.05.2009, às 08h07
Do Jornal do Commercio
Relatório divulgado nessa quarta-feira (20) na Irlanda acusa padres e freiras de instituições administradas pela Igreja Católica para cuidar de crianças de abusarem sexualmente e maltratarem milhares de meninos e meninas em escolas, reformatórios e orfanatos durante seis décadas.
Além disso, o governo não teria sido capaz de pôr fim ao quadro crônico de estupros, espancamentos e humilhações. Entre 30 mil e 35 mil crianças teriam sido vítimas desses abusos praticados por mais de 800 pessoas.
O documento, de 2.600 páginas, assume quase totalmente o partido dos ex-estudantes, que relatam abusos sofridos em mais de 250 instituições administradas pela Igreja. Conclui que funcionários do clero, cujas identidades não foram reveladas, sempre protegeram da prisão os pedófilos membros de sua ordem para preservar a própria reputação e, segundo papéis encontrados no Vaticano, sabia-se que muitos eram reincidentes seriais.
Responsáveis por pequenos furtos, identificadas como moradoras de rua ou provenientes de famílias desestruturadas, as crianças eram enviadas para a rede de escolas, reformatórios, orfanatos e albergues desde a década de 1930 até o fechamento das últimas instalações, nos anos 90.
De acordo com a Comissão de Inquérito para os Casos de Abuso Infantil da Irlanda, instituída pelo governo para apurar as denúncias, depoimentos consistentes de homens e mulheres ainda traumatizados, hoje com idades entre 50 e 80 anos, demonstram que o sistema tratava as crianças como prisioneiros e escravos e não como cidadãos detentores de direitos humanos.
“Uma atmosfera de medo, criada pelos castigos arbitrários, excessivos e invasivos, permeava a maioria das instituições. Crianças conviveram com o terror diário de não saber quando seria a próxima surra”, conclui o texto.
O arcebispo da Igreja Católica irlandesa, cardeal Sean Brady, pediu desculpas e se declarou “envergonhado”. “O relatório ilumina um período obscuro do passado. A publicação desse extenso documento e análise é um passo bem-vindo e importante para estabelecer a verdade, para dar justiça às vítimas e para assegurar que um abuso como esse não volte a acontecer”, afirmou.
O documento, divulgado pelo juiz do tribunal superior Sean Ryan, diz que casos de abusos e violações eram “endêmicos” em instalações masculinas, administradas principalmente pela ordem da Irmandade Cristã.
As meninas supervisionadas por ordens de freiras eram submetidas a abusos sexuais com frequência menor. “Mas, em algumas escolas, meninas eram espancadas com objetos projetados para maximizar a dor e atingidas em todo o corpo.” O documento diz que muitos, com fome, tinham que procurar comida em latas de lixo. Num dos exemplos de maus-tratos e humilhações, é descrito o castigo de um garoto que teve que lamber excrementos da sola do sapato de um padre.
Muitas vítimas manifestaram indignação pela falta de punição aos responsáveis. Desde o início das investigações – quando o então premiê irlandês Bertie Ahern foi a público pedir desculpas – um esquema de compensações oferecido pelo governo já pagou 1 bilhão em indenizações a mais de 12 mil pessoas que aceitaram abrir mão de processar o Estado e a Igreja. Muitos aceitaram o dinheiro depois que centenas de vítimas perderam processos contra uma ordem religiosa católica na Justiça irlandesa.

MAGNETISMO ANIMAL E ESPIRITISMO SÃO CIÊNCIAS IRMÃS

É de lamentar que a ciência do Magnetismo Animal esteja praticamente esquecida. O movimento espírita brasileiro guarda apenas resquícios de suas teorias e práticas.

Foi Allan Kardec quem ressaltou a sua importância, denominando o Magnetismo Animal como ciência irmã do Espiritismo. Em O Livro dos Espíritos, questão 555, o codificador esclareceu: "O Espiritismo e o Magnetismo (Animal) nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação.
O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as idéias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de ridícula crendice".
No pouco que tratam do magnetismo animal, as enciclopédias, livros de medicina e psicologia atuais são tendenciosos e superficiais. Concentra-se em demonstrar Mesmer como uma figura caricata, dotada de uma personalidade mística e exibicionista. A versão é repetidamente reproduzida de um livro a outro. As descrições de seus métodos, invariavelmente levam a crer num comportamento burlesco destituído de ética científica e moral. Toda essa campanha difamatória induz o leitor a imaginar que o tema não é merecedor de maior atenção.

B - Kardec pesquisou o Magnetismo por 35 anos

Alguns adversários contumazes do Espiritismo fazem uso da imagem caluniada de Mesmer para atacar Allan Kardec. Afinal, o codificador estudou por 35 anos a ciência do Magnetismo Animal e todos os seus fenômenos. Por que razão um emérito pesquisador dedicaria tanto tempo de sua vida aos estudos de um pretenso charlatão? Uma investigação cuidadosa dessa ciência é fundamental para não deixar dúvidas.
Frans Anton Mesmer percebeu a grande importância do fluido vital na recuperação e manutenção da saúde: "Existe na Natureza um princípio agindo universalmente, independente de nós, e que opera o que nós atribuímos vagamente à Medicina e à Natureza. (...) Tenho submetido minhas idéias à experiência durante doze anos, os quais tenho consagrado às observações as mais exatas sobre todos os gêneros de doenças.
E tenho tido a satisfação de ver as máximas que havia pressentido se comprovarem constantemente" (MESMER, 1779). Surgia a oportunidade de revolucionar a medicina. Um passo fundamental na história da humanidade. "A grande questão de que trato não é nem individual nem nacional: é universal. É à humanidade inteira e não apenas a Paris, à França, ou à Alemanha, que devo dar conta de meus esforços para fazer prosperar a consciente verdade que eu prometo. É a todos os povos do mundo que devo dirigir a palavra" (MESMER, 1781).
Mas a sua missão não encontrou um caminho suave. A classe médica e científica de sua época, arraigada no materialismo, não só rejeitou como também perseguiu e caluniou o doutor Mesmer e suas descobertas. Muitos agiram por questões pessoais. Certamente tinham medo de perder poder, prestígio, e principalmente a preciosa remuneração dos enfermos abastados.

C - Perseguição feroz e injusta

As acusações feitas ao Magnetismo Animal, na maioria das vezes, deixavam evidente a má intenção. Em seu tempo Mesmer denunciou: "As primeiras curas obtidas de algumas doenças consideradas incuráveis pela medicina suscitaram inveja e produziram mesmo ingratidão, que se somaram para ampliar as prevenções contra meu método de cura. De sorte que muitos sábios uniram-se para fazer cair senão no esquecimento, pelo menos no desprezo, as aberturas que realizei neste campo: divulgou-se por toda parte como impostura.
Na França, nação mais esclarecida e menos indiferente aos novos conhecimentos, não deixei de amargar contrariedades de toda espécie, e perseguições que meus compatriotas me haviam preparado há tempos, mas que, longe de me desencorajar, redobraram meus esforços para o triunfo das verdades que acho essenciais à felicidade dos homens" (MESMER, 1799).
Jamais os contratempos desencorajaram Mesmer. Ele estava preparado para estar à frente das descobertas. Foi um homem obstinado, médico sábio e filósofo. Trocou uma vida que poderia ter sido calma e honrada, pela defesa determinada de sua descoberta, considerando-a uma questão humanitária. É uma ironia o fato de Mesmer ter sofrido acusações de estar apenas em busca de fortuna e prestígio, se, antes de tudo, suas posses eram suficientes para mante-lo confortavelmente por toda sua vida.
E o seu prestígio, por sua vez, conquistado por uma brilhante carreira na medicina e na cultura em geral, foi completamente abalada depois que se dedicou ao magnetismo. Um caso constrangedor na casa de Mesmer. Diante das curas evidentes proporcionadas pelo mesmerismo ocorriam as mais diversas reacões. Espanto e êxtase eram os mais comuns. Para alguns médicos, porém, a reação era de inveja e ambição. Casos constrangedores foram relatados por Mesmer em suas obras. Vejamos um deles.
Em Paris, Mesmer recebeu numa noite um grupo de médicos interessados na novidade anunciada em todos os cantos da cidade. Foram recebidos com dedicação. O doutor Mesmer era um grande anfitrião. Alguns doentes foram chamados especialmente para a ocasião. Num salão apropriado, todos foram acomodados. Uma dúzia de médicos formava o grupo.
Quando estavam para iniciar os experimentos, inesperadamente um dos médicos começou a atrair a atenção dos presentes. Advertia para o risco profissional de estarem ali. Segundo ele, estavam colocando em perigo suas reputações quando entraram naquela casa. - As academias não vão ver com bons olhos sua ligação com assuntos tão duvidosos! Dizia o médico.
A situação ficou constrangedora. Os médicos discutiam em pequenos grupos. Alguns deixaram a casa, alegando compromissos. Outros lamentaram o adiantar da hora. Por fim, a demonstração dos extraordinários fenômenos ficou comprometida.
Enquanto os últimos assustados doutores deixavam á residência, o médico que havia feito o escandaloso alerta pediu a Mesmer uma conversa privativa. Dirigiram-se ao escritório particular do anfitrião. Olhando para os lados para garantir que ninguém os ouvia, o médico fez a sua proposta: - Tenho um ótimo ponto em Paris. Seria uma grande vantagem fazer uma sociedade comigo. Poderíamos ter uma clínica bastante lucrativa. O que acha?
Mesmer apontou a porta de saída, indicando polidamente a evidente recusa. Em verdade, ficou indignado com a absurda proposta. Esse médico interesseiro, no entanto, pelo menos foi explícito em seus propósitos. Muitos outros se esconderam no anonimato para atacar o Magnetismo Animal por trás das academias, arbítrios do poder, difamação e calúnia.

D - O que é preciso para ser um crítico sério

Um crítico justo e coerente do mesmerismo tem o dever de agir com seriedade e rigorosidade metódica, tudo estudando antes de considerar-se em condições de elaborar conclusões. Basta lembrar as recomendações, carregadas do peculiar bom-senso de Allan Kardec: "Só se pode considerar como crítico sério aquele que houvesse tudo visto, tudo estudado, com a paciência e a perseverança de um observador consciencioso; que soubesse sobre esse assunto tanto quanto o mais esclarecido adepto; que não tivesse extraído seus conhecimentos dos romances das ciências; a quem não poderia opor nenhum fato do seu desconhecimento, nenhum argumento que ele não tivesse meditado; que refutasse, não por negações, mas por meio de outros argumentos mais peremptórios; que pudesse, enfim, atribuir uma causa mais lógica aos fatos averiguados" (KARDEC, 1860, p. 271).
Para compreender o magnetismo animal é preciso estudar, com paciência e perseverança, todos os seus fatos. Mas também mergulhar nas obras de Mesmer para conhecer seus argumentos, o desenvolvimento de suas idéias, as descrições de suas descobertas, os verdadeiros fatos por ele relatados.
O resgate dessa ciência pode auxiliar a compreensão do Espiritismo. E também oferecer subsídios para que o materialismo abandone a medicina. Só então a humanidade ganhará esperanças de encontrar a saúde integral para todos.

Bibliografia:

KARDEC, Allan. [1857]. O Livro dos Espíritos. São Paulo: Lake, 1998.
KARDEC, Allan. 1960. Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos. Sobradinho, DF: Edicel.
MESMER, Frans Anton. 1779. Mémoire sur Ia découverte du magnétisme animal par F. A. Mesmer. Geneva e Paris: Pamphlet.
MESMER, Frans Anton. 1781. Précis historique desfaiís relatifs au magnétisme animal jusqu 'en avril 1781. London e Paris: Pamphlet.
MESMER, Frans Anton. 1799. Mémoires de F. A. Mesmer, docteur en medicine, sursesdécouvertes. Paris: Suchs.
MESMER, Frans Anton. 1814. Organizado por Von K. C. Wolfart. Mesmerismus odersysteme der wechsehvirkungen: theorie und anwendung dês thierischen magnetismus ais die allgemeine heilkunde zur erhaltung dês menschen. Berlin: Nikolaische Buchhandlung.

Paulo Henrique de Figueiredo - Jornal Espírita, março/05