29 abril 2009

AMÉLIA RODRIGUES

Amélia Augusta do Sacramento Rodrigues foi, quando encarnada, notável poetisa, professora emérita, escritora consagrada, teatróloga, legítimo expoente cultural das Letras da Bahia. Nasceu na Fazenda Campos, Freguesia de Oliveira dos Campinhos, Município de Santo Amaro da Purificação, Estado da Bahia em 26 de maio de 1861.
Qualquer de seus conterrâneos, por mais jovem que seja, conhece a vida dessa extraordinária mulher e seu esforço a fim de atingir os seus ideais. Estudou com o cônego Alexandrino do Prado, em seguida foi aluna dos professores Antônio de Araújo Gomes de Sá e Manuel Rodrigues M. de Almeida. Sua vocação para o magistério era inata. A par disso, matriculou-se no colégio mantido pela professora Cândida Álvares dos Santos e começou a lecionar no Arraial da Lapa. Posteriormente lecionou em Santo Amaro da Purificação por oito anos consecutivos.
Em 1891, graças à sua capacidade para lecionar e ao seu amor à causa do ensino, foi transferida para Salvador e lotada na Escola Central do Bairro Santo Antônio. Um de seus alunos, adolescente ainda, em 1905, foi selecionado para lecionar inglês pelo sistema do filósofo Spencer. Amélia Rodrigues não só o ajudou a compreender o pensamento daquele filósofo, como complementou o seu aprendizado. Disse a ele: "O jovem precisa de educação moral, que é o princípio fundamental da disciplina social; sem apelar para o coração, educar é formar no homem as mais duradouras forças da ordem social."
O pensamento de Amélia Rodrigues se identifica com o pensamento de Fénelon, contido em "O Evangelho Segundo o Espiritismo": "Educar é formar homens de Bem, e não apenas instruí-los". Aposentada, não abdicou de seu ideal de ensinar. Retornou ao magistério de forma ainda mais marcante. Fundou o Instituto Maternal Maria Auxiliadora, que mais tarde transformou-se na "Ação dos Expostos." Dedicou-se ao jornalismo como colaboradora das publicações religiosas "O Mensageiro da Fé", "A Paladina" e "A Voz". Escreveu algumas peças teatrais, entre as quais "Fausta" e "A Natividade". É autora dos poemas "Religiosa Clarisse" e "Bem me queres". Produziu ainda obras didáticas, literatura infantil e romances. Desencarnou em Salvador em 22 de agosto de 1926.
No Plano Espiritual, continuou seu trabalho esclarecedor e educativo, baseado principalmente no Evangelho de Jesus, fonte inspiradora de suas obras quando encarnada. Encontrou na Espiritualidade - seara infinita da imortalidade - maior expansão para seu espírito sequioso de conhecimento e faminto de amor, dando vazão aos anseios mais nobres. Aprofundou-se na mensagem de Jesus e, na atualidade, participa da falange de Joanna de Ângelis, mentora de Divaldo Pereira Franco. Pela psicografia do abnegado medianeiro, vem trazendo páginas de beleza intraduzível, que abordam os mais variados assuntos sobre o Evangelho, seu tema predileto, de onde extrai lições edificantes para aqueles que estão cansados e sobrecarregados, necessitados de orientação e de consolo.


Fonte : espiritismogi.com.br

MENSAGEM ÀS MÃES

Respeite seu Filho

Seu filho é abençoado aprendiz da vida. Não lhe dificulte a colheita das lições, fazendo-lhe as tarefas. Seu filho é flor em botão nos verdes ramos da existência. Não lhe precipite o desabrochar, estiolando-lhe a vitalidade espontânea. Seu filho é discípulo da existência. Não lhe cerceie a produtividade, tomando sobre os seus ombros os misteres que lhe competem. Seu filho é lâmpada em crescimento de luz. Não lhe coloque o óleo viscoso da bajulação para que não afogue o pavio onde crepita a chama da esperança. Seu filho é fruto em formação para o futuro. Não procure colher, antes do tempo, o benefício que lhe não pertence. Lembre-se, mãe devotada que você é, que seu filho é também filho de Deus. Você poderá caminhar ao seu lado na estrada apertada, mas ele só terá honra quando conseguir chegar ao objetivo conduzido pelos próprios pés. Você tem o dever de lhe apontar os abismos à frente; mas a ele compete contornar os obstáculos e descer às baixadas da existência para testar a fortaleza do próprio caráter. Você deve ministrar-lhe o pábulo do Evangelho; mas a ele compete o murmúrio das orações, na prece continuada das ações nobres. Seu filho é o discípulo amado que Deus pôs ao alcance de seu coração enternecido, no entanto, a sua tarefa não pode ir além daquele amor que o Pai propicia a todos, ensinando ao tempo, corrigindo na luta, e educando através da disciplina para a felicidade. Mostre-lhe a vida, mas deixe-o viver. Fale-lhes das trevas, mas dê-lhe a luz do conhecimento. Mande-o à escola, mas faça-se mestra dele no lar. Apresente-lhe o mundo, mas deixe-o construir o próprio mundo. Tome-lhe as mãos e ponha-as no trabalho, ensinando com o seu exemplo, mas não lhe desenvolva a inutilidade, realizando as tarefas que lhe compete. Seu filho é vida da sua vida que vai viver na vida da Humanidade inteira. Cumpra o seu dever amando-o, mas exercite o seu amor ensinando-o a amar e fazendo que no serviço superior ele se faça um homem, para que o possa bendizer, mais tarde. Ame, em seu filho, o filho de todas as mães e ame nos filhos das outras o seu próprio filho, para que ele, honrado pelo amor de outras mães, possa enobrecer o mundo, amando outros filhos. Seu filho é semente divina; não lhe negue, por falso carinho, a cova escura da fertilidade, pretextando devotamento, porque a semente que não morrer jamais será fonte de vida. Mãe! Seu filho é a esperança do mundo; não o asfixie no egoísmo dos seus anelos, esquecendo-se de que você veio á Terra sem ele e retornará igualmente a sós, entregando-o a Deus consoante as leis sábias e justas da Criação.

Amélia Rodrigues

(Mensagem recebida pelo médium Divaldo Franco, de Salvador, Bahia).

ROTEIRO DA DESOBSESSÃO

Para aqueles que querem praticar a autodesobsessão, Herculano Pires oferece o roteiro seguro norteando os passos para a nossa busca de uma melhora interior.

Roteiro da Desobsessão
1. Ao acordar, diga a si mesmo: Deus me concede mais um dia de experiências e aprendizado. É fazendo que se aprende. Vou aproveitá-lo. Deus me ajuda. (Repita isso várias vezes, procurando manter essas palavras na memória. Repita-as durante o dia).
2. Compreenda que a obsessão é um estado de sintonia da sua mente com mentes desequilibradas. Corte essa sintonia ligando-se a pensamentos bons e alegres. Repila as idéias más. Compreenda que você nasceu para ser bom e normal. As más idéias e os maus pendores existem para você vencê-los, nunca para se entregar.
3. Mude sua maneira de encarar os semelhantes. Na essência, somos todos iguais. Se ele está irritado, não entre na irritação dele. Ajude-o a se reequilibrar, tratando-o com bondade. A irritação é sintonia de obsessão. Não se deixe envolver pela obsessão do outro. Não o considere agressivo. Certamente ele está sendo agredido e reage erradamente contra os outros. Ajude-o que será também ajudado.
4. Vigie os seus sentimentos, pensamentos e palavras nas relações com os outros. O que damos, recebemos de volta.
5. Não se considere vítima. Você pode estar sendo algoz sem perceber. Pense nisso constantemente, para melhorar as relações com os outros. Viver é permutar. Examine o que você troca com os outros.
6. Ao sentir-se abatido, não entre na fossa. É difícil sair dela. Lembre-se de que você está vivo, forte, com saúde e dê graças a Deus por isso. Seus males são passageiros, mas se você os alimentar eles durarão. É você que sustenta os seus males. Cuidado com isso.
7. Freqüente a instituição espírita com que se sintonize. Não fique pulando de uma para outra. Quem não tem constância nada consegue.
8. Se você ouve vozes, não lhes dê atenção. Responda simplesmente: Não tenho tempo a perder. Tratem de se melhorar enquanto é tempo. Vocês estão a caminho do abismo. Cuidem-se. E peça aos Espíritos Bons, em pensamento, por esses obsessores.
9. Se você sente toques de dedos ou descargas elétricas, repila esses espíritos brincalhões da mesma maneira e ore mentalmente por eles. Não lhes dê atenção nem se assuste com esses efeitos físicos. Leia diariamente, de manhã ou à noite, ao deitar-se, um trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo e medite sobre o que leu. Abra o livro ao acaso e não pense que a lição é só para você. Geralmente é só para os obsessores, mas você também deve aproveitá-la. No caso de visões a técnica é a mesma. Nunca se amedronte. É isso que eles querem, pois com isso se divertem. Esses pobres espíritos nada podem fazer além disso, a menos que você queira brincar com eles, o que lhe custará seu aumento da obsessão. Corte as ligações que eles querem estabelecer com você, usando o poder da sua vontade. Se fingirem ser um seu parente ou amigo falecido, não se deixe levar por isso. Os amigos e parentes se comunicam em sessões regulares, não querem perturbar.
10. Leia o livro de Allan Kardec Iniciação Espírita; mas de Kardec, não outros de autores diversos, que fazem confusões. Trate de estudar a Doutrina nas demais obras de Kardec.
11. Não se deixe atrair por macumbas e as diversas formas de mistura de religiões africanas com as nossas crendices nacionais. Não pense que alguém lhe pode tirar a obsessão com as mãos. Os passes têm por finalidade a transmissão de fluidos, de energias vitais e espirituais para fortificar a sua resistência. Não confie em passes de gesticulação excessiva e outras fantasias. O passe é simplesmente a imposição das mãos, ensinada por Jesus e praticada por Ele. É uma doação humilde e não uma encenação, dança ou ginástica. Não carregue amuletos nem patuás ou colares milagrosos. Tudo isso não passa de superstições provindas de religiões das selvas. Você não é selvagem, é uma criatura civilizada capaz de raciocinar e só admitir a fé racional. Estude o Espiritismo e não se deixe levar por tolices. Dedique-se ao estudo, mas não queira saltar de aprendiz a mestre, pois o mestrado em espiritismo só se realiza no plano espiritual. Na Terra somos todos aprendizes, com maior ou menor grau de conhecimento e experiência.


Fonte : José herculano Pires

COLABORAÇÃO INTEREXISTENCIAL

A Filosofia atual, representativa do nosso século, é a Existencial. Dela se derivou o movimento existencialista, por uma interpretação espúria do pensamento de Jean-Paul Sartre. Mas o pensamento desse famoso filósofo francês nada tem a ver com as estroinices da cantora Julliete Grecco, que aproveitou-se do renome de Sartre para criar no Café de Fiore, em Paris, um movimento juvenil em que se atribuiu o título de Musa do Existencialismo, dando a Sartre o título de Papa do Existencialismo. Simone de Beavoir, discípula e companheira do filósofo, perguntou-lhe porque aceitara essa situação. Sartre deu de ombros, dizendo que nada tinha com o movimento da cantora e nem se interessava por ele. O famoso autor de O Ser e o Nada e da Crítica da Razão Dialética costumava escrever numa das mesas do Café, e ali continuou a trabalhar, indiferente aos shows da cantora. A Filosofia Existencial desfigurou-se na opinião dos leigos, mas não abalou o seu prestígio no meio intelectual. Fundada por Kierkegaard, teólogo dinamarquês, que não pretendia filosofar, a Filosofia Existencial dominou o pensamento filosófico mundial e permanece como o marco de uma profunda revolução filosófica, semelhante à de Copérnico na Astronomia. O conceito existencial do homem foi desenvolvido pelos maiores filósofos contemporâneos, como Martin Hideggar, Karl Jaspers, Gabriel Marcel, Simone, Camus e outros. Esse conceito corresponde ao espírita, formulado por Kardec na Filosofia Espírita. O homem é um projeto, um ser que se lança na existência e a atravessa como uma flecha em direção à transcendência que é o objetivo da existência. Para Sartre, materialista, a morte é a frustração do homem. Para Heideggar, metafísico, homem se completa na morte. A Filosofia Existencial admite, em geral, que o ser é um embrião lançado à existência para desenvolver suas potencialidades. Há uma diferença essencial entre Vida e Existência. Todos os seres vivem, mas só o ser humano existe, porque existir é ter consciência de si mesmo e viver em ritmo de ascensão, buscando superar a condição humana e atingir a divina. O homem é o único existente. Esta palavra, existente, designa o homem como ser na existência.
Vejamos o sentido tipicamente espírita dessa concepção do homem. Antes de ser; o homem é apenas um vir-a-ser, uma coisa misteriosa fechada em si mesma. Ansiando por relação, essa coisa se projeta na existência e se abre na relação, encontrando nesta os elementos que a despertam e a transformam num ser. Este toma consciência de sua própria natureza de ser e como tal busca superar-se. No trânsito existencial desenvolve a sua essência e abre no maciço do mundo, feito de leis rígidas e fatalistas, a única brecha de liberdade, que é o homem com seu livre arbítrio. Para Sartre, ao chegar à morte o homem já elaborou a sua essência na existência, mas esta não subsiste porque o homem desaparece na morte: o homem é uma frustração. Para Heidegger, o ser se desenvolve na existência e se completa na morte: é uma realização. Para Jaspers, o desenvolvimento do ser na existência se faz em duas etapas:
1ª) a transcendência horizontal, no plano social;
2ª) a transcendência vertical, na busca de Deus.
Sartre aplica ao existente a dialética de Hegel:
a) o homem antes da existência é o em-si;
b) o homem na existência é o para-si;
c) o homem na morte é o em-si-para-si.
Como vemos, o em-si-para-si é a síntese dialética em que o em-si, (fechado em si mesmo) e o para-si, (aberto na relação social), que é a transcendência, horizontal de Jaspers, resolve-se no em-si-para-si, que é a condição divina atingida na transcendência vertical.
O conceito filosófico de existência difere profundamente do conceito de vida. Enquanto a vida se define como o elã de Bergson, um impulso, uma força que penetra na matéria e, segundo a idéia hegeliana, modela as formas, a existência é subjetividade pura, o que vale dizer espírito. Assim, não vivemos como as plantas e os animais, integrados na matéria, mas como espíritos ligados à matéria para usá-la em função de seus interesses subjetivos. Vivemos na psique e não no corpo. Nossa vida não é propriamente vida, mas um existir independente das coisas e dos seres materiais, cuja única aspiração verdadeira é a liberdade, que só podemos de fato obter e gozar na interioridade de nós mesmos. Mesmo encarnados, não saímos do plano espiritual, continuamos nele, nosso habitat natural, como sonâmbulos. A matéria não nos absorve, apenas reflete-se em nossa sensibilidade. O dia e a noite, a vigília e o sono, como Jaspers observou, marcam o ritmo existencial da relação alma-corpo. Durante o repouso do corpo, para refazer-se, voltamos ao mundo espiritual no veículo do perispírito, e mesmo em plena vigília escapamos da matéria através das fugas psíquicas, das projeções telepáticas, das várias modalidades da percepção extra-sensorial. A hipnose prova o sentido ilusório do viver. No estado sonambúlico ou hipnótico, semidesligados do corpo, vagamos no intermúndio e aceitamos facilmente as sugestões de uma situação irreal: tocamos violino sem violino, sentimos calor e suamos sem calor, resistimos ao fogo sem queimar-nos, regressamos no tempo e nos projetamos no futuro através da memória e assim por diante. A Gestalt nos mostra a ilusão da forma na percepção normal do mundo, em que as aparências pregnantes cobrem a realidade material precipitando-nos em quedas e frustrações. A evolução da Física roubou-nos o mundo sólido e opaco do passado e lançou-nos no torvelinho dos átomos e das partículas nucleares. A matéria esfarelou-se nas mãos dos físicos e obrigou-nos a reconhecer, como seres evanescentes, que vivemos num mundo mágico de estruturas imponderáveis.
Diante dessa realidade fantástica, as leis físicas às quais Bertrand Roussel se apegou para não naufragar no irreal, impõe-se a realidade-real das leis psíquicas, do espírito que domina, estrutura e ordena a matéria. O que chamamos de vida se transforma em existência, e esta não é mais do que a curta medida do tempo necessário para nos libertar-nos de um condicionamento mental determinado pela ilusão dos sentidos, como Descartes já verificara e demonstrara em suas tentativas de nos dar a Ciência Admirável que o Espírito da Verdade lhe revelara em sonhos. O cogito ergo sum do filósofo aparece-nos hoje como um traço de união entre o Cristianismo puro do Cristo e o Espiritismo, em que a verdade revelada se restabelece na sua realidade incompreendida, como uma ponte fluídica e indestrutível que liga duas partes do real, separadas pelo abismo de quase dois milênios de loucura, de esquizofrenia religiosa. Ao descobrir que essa frase cartesiana – penso, logo existo – foi o abre-te Sésamo de um filósofo mágico que não queria ilusionar mas atingir a Verdade, compreendemos que a ponte cartesiana passou sobre um abismo onde espumou por milênios a voragem de sangue e impiedade de um pesadelo mundial. E tão hipnótica foi essa voragem que cientistas e filósofos ainda resistem ao chamado da nova concepção do homem e do mundo em que o Espírito da Verdade nos oferece. O próprio Descartes, apegado aos ídolos de Bacon, saiu do seu deslumbramento para uma peregrinação ao ídolo de Nossa Senhora da Saletti, no cumprimento de uma promessa. Repetiu-se nesse episódio histórico a mensagem do Mito da Caverna na República de Platão. Um escravo escapou dos grilhões e foi ver à luz do Sol a realidade que só conhecia através das silhuetas de sombras. E quando voltou e contou o que vira lá fora, os demais o consideraram perturbado. No entanto, a partir de suas obras iniciava-se no mundo a Renascença Cristã, que se completaria mais tarde numa eclosão mediúnica em que as línguas de fogo do Pentecoste se acenderiam de novo sobre a cabeça dos Apóstolos da Nova Era. O conceito de existência é o carisma do Século XX, da fase mais aguda da transição planetária para um grau superior da Escala dos Mundos. As inteligências terrenas foram convocadas para a nova batalha cristã, em que os Mártires da Verdade não sofreriam mais as penas cruentas do passado tenebroso, mas enfrentariam as angústias da incompreensão e o martírio inevitável da marginalização cultural. Os construtores da nova cultura, nascida dos princípios cristãos, iniciariam sob escárnio e calúnias a construção da Civilização do Espírito. Esse o grave problema que os espíritas precisam encarar com a maior seriedade em nosso tempo, pois somos herdeiros dessa causa e os continuadores dessa obra. Se não nos empenharmos nela com a devida consciência da sua importância, se não formos capazes de sacrifício e abnegação em favor dos novos tempos, assumiremos também a nossa parte de responsabilidade nos fracassos que poderão levar-nos a uma catástrofe planetária.
Mas é bom lembrar que não estamos sós. Ao conceito de existência dos filósofos atuais o Espiritismo acrescenta o conceito da solidariedade existencial entre os espíritos e os homens. Provada a sobrevivência dos mortos pela pesquisa científica e demonstrada a interpretação dos mundos material e espiritual – que se evidência na nossa própria organização psicofísica –, impõe-se naturalmente o conceito espírita da interexistência. Já vimos que não vivemos apenas no plano material, que não estamos fundidos no corpo carnal, mas apenas ligados a ele como o condutor ao seu veículo. Nos estudos de Hipnotismo aprendemos que a nossa vida diária também se processa simultaneamente em dois planos. O mesmo acontece com os espíritos, que não estão isolados no plano espiritual, mas passam constantemente do seu plano para o nosso, como vemos no caso das comunicações mediúnicas, das aparições, das materializações e até mesmo, de maneira espontânea e concreta, visível e palpável, no caso das agêneres. Assim, a interpenetração do plano espiritual inferior com o plano material superior (a crosta terrena e sua atmosfera), constitui a zona planetária a que chamamos de intermúndio. Os gregos antigos diziam que os seus deuses viviam no Intermúndio, entre o Céu e a Terra. O Espiritismo nos permite compreender essa verdade de maneira clara e racional: para eles, os espíritos eram os deuses bons e maus que se comunicavam através dos oráculos e das pitonisas. Eles também conheciam as agêneres, pois os seus deuses podiam descer do Olimpo e aparecer aos homens como homens. O conceito de interexistência deriva do conceito de intermúndio formulado pelos gregos.
E no Espiritismo esses conceitos se ampliam através das pesquisas mediúnicas, revelando as leis da colaboração interexistencial a que naturalmente se entregam os espíritos e os homens em todos os tempos, desde os primitivos até ao nosso. Contamos, pois, com a colaboração constante dos nossos companheiros de humanidade na batalha cristã de elevação da Terra.
Anotemos a importância que, nesse contexto, adquirem as sessões mediúnicas de orientação e esclarecimento de espíritos sofredores ou malfeitores. A doutrinação espírita, sempre auxiliada pelos Espíritos Superiores e os Espíritos Bons que os servem, é um trabalho humilde de caridade que, no entanto, não se limita aos efeitos pessoais em favor do socorrido e das suas vítimas, pois sua contribuição maior é a da renovação consciencial ou despertar das consciências humanas para as responsabilidades do ser na existência. Pouco pode fazer uma sessão de doutrinação, diante da extensão dos desequilíbrios, a multidão de sofredores e malfeitores que nos rodeiam. Mas cada espírito que se esclarece é uma nova irradiação nas trevas conscienciais. Além disso, numa pequena sessão não temos o esclarecimento apenas das entidades comunicantes. Em geral, é maior o número de espíritos assistentes, que se beneficiam com a doutrinação dos que se encontram na sua mesma situação. Por outro lado, o ambiente espiritual da sessão irradia suas luzes muito além do recinto estreito em que se realiza. O milagre da multiplicação dos pães se repete em cada sessão de humildes servidores da causa que é de toda a Humanidade. Os resultados positivos das sessão vão muito além do que podemos perceber, espalhando seus benefícios no intermúndio, no Espaço e na Terra. Note-se ainda que essas sessões representam a colaboração humana aos trabalhos de esclarecimento e orientação que os Espíritos realizam incessantemente no plano espiritual. Essa participação dos homens nas tarefas espirituais restabelece os elos de fraternidade desfeitos pelo formalismo igrejeiro. E desfaz a fábula do ciúme dos anjos, que teriam se rebelado contra Deus pela encarnação de Jesus como homem, pela concessão aos padres do direito de perdoar pecados, que os anjos não possuem. Fábulas dessa espécie, criadas pela pretensiosa imaginação teológica, dão-nos a medida do desconhecimento dos clérigos mais ilustrados e prestigiosos sobre a realidade espiritual. Os anjos não são mais do que espíritos humanos que se sublimaram em encarnações sucessivas. O Espiritismo coloca o problema da Criação em termos evolutivos, à luz da concepção monista e monoteísta. Nas sessões mediúnicas de caridade anjos, espíritos humanos e espíritos diabólicos participam como orientadores, doutrinadores e necessitados de doutrinação. Não sendo o Diabo mais do que uma alegoria, um mito representativo dos espíritos inferiores voltados ao mal, a presença dos impropriamente chamados espíritos diabólicos nas sessões de socorro espiritual é justa e necessária. Ninguém necessita mais do socorro humano do que essas criaturas transviadas. Quando elas não estão em condições de aproveitar a oportunidade, não lhes é facultada a comunicação mediúnica. Permanecem no ambiente como observadores, vigiados pelos espíritos guardiães, e aprendem aos poucos, como alunos ouvintes, a se prepararem para o tratamento de que necessitam. Muitas pessoas não gostam dessas sessões de comunicações desagradáveis, onde a caridade brilha no seu mais puro esplendor. São nelas que os pretensos diabos deixam cair suas fantasias infelizes para vestir de novo a roupagem comum dos homens; voltando ao convívio dos que seguem a senda da evolução espiritual. Os grupos que se recusam a realizar esses trabalhos de amor acabam caindo nas mistificações de espíritos pseudo-sábios e pagam caro o seu comodismo e a sua pretensão.
A colaboração interexistencial iniciada pelo Espiritismo estabeleceu a verdadeira fraternidade espiritual na Terra. Esse fato marca um momento sublime nos rumos da transcendência humana. O planeta das sombras, cuja História é um terrível caleidoscópio de atrocidades e maldades, brutalidades e miséria moral, ganhou um ponto de luz celeste com essa reviravolta em suas precaríssimas condições religiosas. O desenvolvimento das práticas de socorro espiritual indiscriminado, oferecido a todos os tipos de necessitados, dará condições à Terra para se libertar das sombras e elevar-se aos planos de luz. O lema espírita: Fora da Caridade não há Salvação é o passaporte da Terra para a sua escalada aos planos superiores. Os médiuns que trabalham nessas sessões de socorro, ao invés de preferirem aquelas em que só se interessam por mensagens de Espíritos Superiores, estão mais próximos dos planos elevados e das entidades realmente superiores. Não foi para os elegantes e vaidosos rabinos do Templo que Jesus veio à Terra, mas, como ele mesmo disse, para as ovelhas transviadas de Israel. Os que pensam que só devem tratar com Espíritos Superiores provam, por essa pretensão, a incapacidade de compreender a elevação espiritual.

Fonte : Curso Dinãmico de Espiritismo

28 abril 2009

SANÇÕES E AUXÍLIOS

Depois do entendimento com os internados, o Instrutor Druso aquiesceu em dispensar-nos alguns minutos de conversação educativa.
Explanara brilhantemente sobre o problema das provas na experiência terrestre. Alertara-nos quanto à necessária renovação mental nos padrões do bem, destacando a necessidade do estudo, para a assimilação do conhecimento superior, e do serviço ao próximo, para a colheita de simpatia, sem os quais todos os caminhos da evolução surgem complicados e difíceis de ser transitados.
Junto dele, enquanto prelecionava, fora colocada singular escultura – uma estátua notável reproduzindo o corpo humano, transparente aos nossos olhos, à qual apenas faltava o sopro espiritual para revelar-se viva.
Patenteavam-se, ali, à nossa visão, todos os órgãos e apetrechos do carro físico, sob a proteção do sistema nervoso e do sistema sangüíneo.
O coração, à maneira de um grande pássaro no ninho das artérias enrodilhadas na árvore dos pulmões; o fígado, à feição de um condensador vibrante; o estômago e os intestinos como digestores técnicos e os rins, quais aparelhos complexos de filtragem, convidavam-nos a profunda admiração; contudo, nosso maior interesse concentrava-se no sistema endocrínico, no qual as glândulas se salientavam por figurações de luz. A epífise, a hipófise, a tireóide, as paratireóides, o timo, as supra-renais, o pâncreas e as bolsas genésicas caracterizavam-se, perfeitas, sobre o fundo vivo dos centros perispirituais, que se combinavam uns com os outros, em sutilíssimas ramificações nervosas, singularmente ajustadas, através dos plexos, emitindo cada centro irradiações próprias, constituindo-se o conjunto num todo harmônico, que nos impelia à contemplação extática.
Percebendo-nos a surpresa, o chefe da casa disse, bondoso;
– Habitualmente convidamos a atenção de nossos internados para os veículos de nossas manifestações, mostrando-lhes, quanto possível, a correspondência entre nossos estados espirituais e as formas de que nos servimos. É indispensável compreendamos que todo mal por nós praticado conscientemente expressa, de algum modo, lesão em nossa consciência e toda lesão dessa espécie determina distúrbio ou mutilação no organismo que nos exterioriza o modo de ser. Em todos os planos do Universo, somos espírito e manifestação, pensamento e forma. Eis o motivo por que, no mundo, a Medicina há de considerar o doente como um todo psicossomático, se quiser realmente investir-se da arte de curar.
E, tocando a bela escultura à nossa vista, continuou:
– Da mente clareada pela razão, sede dos princípios superiores que governam a individualidade, partem as forças que asseguram o equilíbrio orgânico, por intermédio de raios ainda inabordáveis à perquirição humana, raios esses que vitalizam os centros
perispiríticos, em cujos meandros se localizam as chamadas glândulas endócrinas, que, a seu turno, despedem recursos que nos garantem a estabilidade do campo celular. Como é óbvio, nas criaturas encarnadas esses elementos se consubstanciam nos
hormônios diversos que atuam sobre todos os órgãos do corpo físico, através do sangue. O homem comum, que já conhece a tiroxina e a adrenalina, energias fabricadas pela tireóide e pelas supra-renais, com influência decisiva no trabalho circulatório, nos nervos e nos músculos, não ignora que todas as demais glândulas de secreções internas produzem recursos que decidem sobre saúde e enfermidade, equilíbrio e desequilíbrio nos indivíduos encarnados. Ora, em substância, como é fácil de ver, todos os estados acidentais das formas de que nos utilizamos, no espaço e no tempo, dependem, assim, do comando mental que nos é próprio. É por isso que a justiça, sendo instituto fundamental de ordem, na Criação, começa invariavelmente em nós mesmos, em toda e qualquer ocasião que lhe defraudemos os princípios. A evolução para Deus pode ser comparada a uma viagem divina. O bem constitui sinal de passagem livre para os cimos da Vida Superior, enquanto que o mal significa sentença de interdição, constrangendo-nos a paradas mais ou menos difíceis de reajuste.


Fonte : Ação e Reação

AUTENTICIDADE DOS EVANGELHOS

Léon Denis descreve as inserções e modificações feitas nos Evangelhos permitindo-nos entender o porque da ênfase dada por Kardec ao fato de que o Espiritismo segue junto com a Ciência.
Nos tempos afastados, muito antes da vinda de Jesus, a palavra dos profetas, qual raio velado da verdade, preparava os homens para os ensinos mais profundos do Evangelho.
Mas, já desvirtuado pela versão dos Setenta, o Antigo Testamento não refletia, nos últimos séculos antes do Cristo, mais que uma intuição das verdades superiores[i].
“As eternas verdades, que são os pensamentos de Deus – diz eminente individualidade do espaço – foram comunicadas ao mundo em todas as épocas, levadas a todos os meios, postas ao alcance das inteligências, com paternal bondade. O homem, porém, as tem desconhecido muitas vezes. Desdenhoso dos princípios ensinados, arrastado por suas paixões, em todos os tempos passou ele ao pé de grandes coisas sem as ver. Essa negligência do belo moral, causa de decadência e corrupção, impeliria as nações à própria perda, se o guante da adversidade e as grandes comoções da História, abalando profundamente as almas, não as reconduzissem a essas verdades.”
Veio Jesus, espírito poderoso, divino missionário, médium inspirado. Veio, encarnando-se entre os humildes, a fim de dar a todos o exemplo de uma vida simples e, entretanto, cheia de grandeza – vida de abnegação e sacrifício, que devia deixar na Terra impagáveis traços.
A grande figura de Jesus ultrapassa todas as concepções do pensamento. Eis por que não a pode ter sido criada pela imaginação. Nessa alma, de uma serenidade celeste, não se nota mácula nenhuma, nenhuma sombra. Todas as perfeições nela se fundem, com uma harmonia tão perfeita que se nos afigura o ideal realizado.
Sua doutrina, toda luz e amor, dirige-se sobretudo aos humildes e aos pobres, a essas mulheres, a esses homens do povo curvados sobre a terra, a essas inteligências esmagadas ao peso da matéria e que aguardam, na provação e no sofrimento, a palavra de vida que as deve reanimar e consolar.
E essa palavra lhes é prodigalizada com tão penetrante doçura, exprime uma fé tão comunicativa, que lhes dissipa todas as dúvidas e os arrasta a seguir as pegadas do Cristo.
O que Jesus chamava pregar aos simples “o evangelho do reino dos céus”, era pôr ao alcance de todos o conhecimento da imortalidade e do Pai comum, do Pai cuja voz se faz ouvir na serenidade da consciência e na paz do coração.
Pouco a pouco essa doutrina, transmitida verbalmente nos primeiros tempos do Cristianismo, se altera e complica sob a influência das correntes opostas, que agitam a sociedade cristã.
Os apóstolos, escolhidos por Jesus para lhe continuarem a missão, muito bem o tinham sabido compreender; haviam recebido o impulso da sua vontade e da sua fé. Mas os seus conhecimentos eram restritos e eles não puderam senão conservar piedosamente, pela memória do coração, as tradições, os pensamentos morais e o desejo de regeneração que lhes havia ele depositado no íntimo.
Em sua jornada pelo mundo os apóstolos se limitam, pois, a formar, de cidade em cidade, grupos de cristãos, aos quais revelam os princípios essenciais; depois, vão intrepidamente levar a “boa nova” a outras regiões.
Os Evangelhos, escritos em meio das convulsões que assinalam a agonia do mundo judaico, depois sob a influência das discussões que caracterizam os primeiros tempos do Cristianismo, se ressentem das paixões, dos preconceitos da época e da perturbação dos espíritos. Cada grupo de fiéis, cada comunidade, tem seus evangelhos, que diferem mais ou menos dos outros[ii]. Grandes querelas dogmáticas agitam o mundo cristão e provocam sanguinolentas perturbações no Império, até que Teodósio, conferindo a supremacia ao papado, impõe a opinião do bispo de Roma à cristandade. A partir daí, o pensamento, criador demasiado fecundo de sistemas diferentes, há de ser reprimido.
A fim de pôr termo a essas divergências de opinião, no próprio momento em que vários concílios acabam de discutir acerca da natureza de Jesus, uns admitindo, outros rejeitando a sua divindade, o papa Damaso confia a São Jerônimo, em 384, a missão de redigir uma tradução latina do Antigo e do Novo Testamento. Essa tradução deverá ser, daí por diante, a única reputada ortodoxa e tornar-se-á a norma das doutrinas da Igreja: foi o que se denominou a “Vulgata”.
Esse trabalho oferecia enormes dificuldades. São Jerônimo achava-se, como ele próprio o disse, em presença de tantos exemplares quantas cópias. Essa variedade infinita dos textos o obrigava a uma escolha e a retoques profundos. É o que, assustado com as responsabilidades incorridas, ele expõe nos prefácios da sua obra, prefácios reunidos em um livro célebre. Eis aqui, por exemplo, o que ele dirigiu ao papa Damaso, encabeçando a sua tradução latina dos Evangelhos:
“De velha obra me obrigais a fazer obra nova. Quereis que, de alguma sorte, me coloque como árbitro entre os exemplares das Escrituras que estão dispersos por todo o mundo e, como diferem entre si, que eu distinga os que estão de acordo com o verdadeiro texto grego. É um piedoso trabalho, mas é também um perigoso arrojo, da parte de quem deve ser por todos julgado, julgar ele mesmo os outros, querer mudar a língua de um velho e conduzir à infância o mundo já envelhecido.
“Qual, de fato, o sábio e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar (novo), depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a ler, não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrílego, um falsário, porque terei tido a audácia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos livros? Meclamitans esse sacrilegum qui audeam aliquid in veteribus libris addere, mutare, corrigere.[iii]
“Um duplo motivo me consola desta acusação. O primeiro é que vós, que sois o soberano pontífice, me ordenais que o faça; o segundo é que a verdade não poderia existir em coisas que divergem, mesmo quando tivessem elas por si a aprovação dos maus.”
São Jerônimo assim termina:
“Este curto prefácio tão-somente se aplica aos quatro Evangelhos, cuja ordem é a seguinte: Mateus, Marcos, Lucas e João. Depois de haver comparado certo número de exemplares gregos, mas dos antigos, que se não afastam muito da versão itálica, combinamo-los de tal modo (ita calamo temperavimus) que, corrigindo unicamente o que nos parecia alterar o sentido, conservamos o resto tal qual estava.” (Obras de São Jerônimo, edição dos Beneditinos, 1693, t. I, col. 1425.)
Assim, é conforme uma primeira tradução do hebraico para o grego, por cópias com os nomes de Marcos e Mateus; é, num ponto de vista mais geral, conforme numerosos textos, cada um dos quais difere dos outros (tot sunt enim exemplaria quot codices) que se constitui a Vulgata, tradução corrigida, aumentada, modificada, como o confessa o autor, de antigos manuscritos.
Essa tradução oficial, que devia ser definitiva segundo o pensamento de quem ordenara a sua execução, foi, entretanto, retocada em diferentes épocas, por ordem dos pontífices romanos. O que havia parecido bom, do ano 386 ao de 1586, o que fora aprovado em 1546 pelo concílio ecumênico de Trento, foi declarado insuficiente e errôneo por Sixto V, em 1590. Fez-se nova revisão por sua ordem; mas a própria edição que daí resultou, e que trazia o seu nome, foi modificada por Clemente VIII em uma nova edição, que é a que hoje está em uso e pela qual têm sido feitas as traduções francesas dos livros canônicos, submetidos a tantas retificações através dos séculos.
Entretanto, a despeito de todas essas vicissitudes, não hesitamos em admitir a autenticidade dos Evangelhos em seus primitivos textos. A palavra do Cristo aí se ostenta poderosa; toda dúvida se desvanece à fulguração da sua personalidade sublime. Sob o sentido adulterado, ou oculto, sente-se palpitar a força da primitiva idéia. Aí se revela a mão do grande semeador. Na profundeza desses ensinos, unidos à beleza moral e ao amor, sente-se a obra de um enviado celeste.
Ao lado, porém, dessa potente destra, a frágil mão do homem se introduziu nessas páginas, nelas enxertando débeis concepções, ligadas bem mal aos primeiros pensamentos e que, a par dos arroubos da alma, provocam a incredulidade.
Se os Evangelhos são aceitáveis em muitos pontos, é, todavia, necessário submeter o seu conjunto à inspeção do raciocínio. Todas as palavras, todos os fatos que neles estão consignados não poderiam ser atribuídos ao Cristo.
Através dos tempos que separam a morte de Jesus da redação definitiva dos Evangelhos, muitos pensamentos sublimes foram esquecidos, muitos fatos contestáveis aceitos como reais, muitos preceitos, mal interpretados, desnaturaram o ensino primitivo. Para servir às conveniências de uma causa, foram decotados os mais belos, os mais opulentos ramos dessa árvore de vida. Sufocaram, antes do seu desabrochar, os fortalecedores princípios que teriam conduzido os povos à verdadeira crença, à que eles hoje em dia inda procuram.
O pensamento do Cristo subsiste no ensino da Igreja e nos sagrados textos, mesclado, porém, de vários elementos, de opiniões ulteriores, introduzidos pelos papas e concílios, cujo intuito era assegurar, fortalecer, tornar inabalável a autoridade da Igreja. Tal foi o objetivo colimado através dos séculos, o pensamento que inspirou todos os retoques feitos nos primitivos documentos. A despeito de tudo o que na Igreja resta de espírito evangélico, verdadeiramente cristão, foi o suficiente para produzir admiráveis obras, obras de caridade que fizeram a glória das igrejas cristãs e que protestam contra o fato de se acharem associadas a tantos ambiciosos empreendimentos, inspirados no apego ao domínio e aos bens materiais.
Seria preciso grande trabalho para destacar o verdadeiro pensamento do Cristo do conjunto dos Evangelhos, trabalho possível, posto que árduo para os inspirados, dirigidos por segura, mas labor impossível para os que só por suas próprias faculdades se dirigem nesse Dédalo em que com as realidades se misturam as ficções, com o sagrado o profano, com a verdade o erro.
Em todos os séculos, impelidos por uma força superior, certos homens se aplicaram a essa tarefa, procurando desembaraçar o supremo pensamento das sombras em torno dele acumuladas.
Amparados, esclarecidos por essa divina centelha que para os homens apenas brilha de um modo intermitente, mas cujo foco jamais se extingue, eles afrontaram todas as acusações, todos os suplícios, para afirmar o que acreditavam ser a verdade. Tais foram os apóstolos da Reforma.
Eles foram, em sua tarefa, interrompidos pela morte; mas do seio do espaço ainda sustentam e inspiram os que se batem por essa grande causa. Graças aos seus esforços, a noite que pesa sobre as almas começa a dissipar-se; raiou a aurora de uma revelação muito mais vasta.
É com o auxílio dos esclarecimentos trazidos por essa nova revelação, científica e, ao mesmo tempo, filosófica, já espalhada em todo o mundo sob o nome de Espiritismo, ou moderno Espiritualismo, que procuraremos escoimar a doutrina de Jesus das obscuridades em que o trabalho dos séculos a envolveu. Chegaremos, assim, à conclusão de que essa doutrina é simplesmente à volta ao Cristianismo primitivo, sob mais precisas formas, com um imponente cortejo de provas experimentais, que tornará impossível todo monopólio, toda reincidência nas causas que desnaturaram o pensamento de Jesus.

Fonte : Cristianismo e Espiritismo

CORONEL ALBERTO DE ROCHAS

Nascido em Saint-Firmin, Alpes, França, no dia 20/05/1837, sendo natural de grande família provinciana que possuiu o feudo d´Aiglum, perto do Digne, desde metade do século XV, até o advento da Revolução Francesa.

Incontáveis foram os cientistas que, no século passado, inquiriram as investigações animados do propósito de descobrir fraudes, pois a sua maioria era composta de cépticos que não admitiam, mesmo da forma mais remota, que os fenômenos pudessem existir. Eles queriam ver para crer.

O Cel. Albert de Rochas foi um desses valorosos pesquisadores. Ele persistiu, viu, sentiu a plenitude da verdade bafejando aquilo que ele até então julgava inverossímil. Em face da realidade inegável dos fatos, ele não trepidou em render-se à evidência. Promovido a comandante de batalhão, em 1889. Entretanto, a fim de atender à sua natural inclinação para o estudo científico, abandonou as atividades militares, passando para o Exército territorial no posto de Tenente-Coronel.

Alcançaram grande projeção os trabalhos militares e científicos do Coronel de Rochas, porém, neste ligeiro resumo biográfico, nos prenderemos apenas aos seus estudos no campo do Magnetismo e do Espiritismo. Estudou a polaridade, contribuiu para a classificação atual das fases do estado sonambúlico, observou com verdadeira critério científico a produção dos fenômenos espíritas, descobriu a exteriorização da sensibilidade, até então apenas suspeitada, e revelou o mecanismo do desdobramento astral.

O Magnetismo e o Espiritismo muito devem a esse notável sábio, pois ele publicou uma dezena de importantes obras sobre matérias pertinentes a eles, procurando sempre destacar a sobrevivência da alma. Albert de Rochas foi membro de numerosas sociedades científicas, oficiais da Legião de Honra, oficial da Instrução Pública, em França agraciado da Ordem de S. Salvador, da Grécia da Ordem de S. Maurício e S. Lázaro, da Itália comendador de Santana, da Rússia do Mérito Militar, de Espanha do Medjidie, Turquia do Nicham, de Turus do Dragão Verde, de Annam. De sua bibliografia, salientamos:

Forças não Definidas
A Levitação
O Fluido dos Magnetizadores
Os Estados Superficiais da Hipnose
A Exteriorização da Motricidade
As Fronteiras da Física
Os Eflúvios Odicos

Fonte : WWW.AUTORESESPIRITASCLASSICOS.COM

26 abril 2009

O FUTURO DAS RELIGIÕES E AS RELIGIÕES DO FUTURO

MÉDICO E DOUTOR EM PSIQUIATRIA DEFENDE "TESE DE DOUTORADO" SOBRE "MÉDIUNS ESPÍRITAS"
http://www.ceca.web.pt/ceca/mm5ent_alexanderalmeida.htm

Entrevista com Alexander Moreira de Almeida
Alexander Moreira de Almeida é médico e doutor em psiquiatria pela USP -
Universidade de São Paulo, coordenador do NEPER - Núcleo de Estudos de ProblemasEspirituais e Religiosos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas daFaculdade de Medicina da USP e director técnico e clínico do HOJE - HospitalJoão Evangelista. O facto de registo, é que o doutor Alexander de Almeida
defendeu sua Tese de Doutorado sobre "Fenomenologia dasexperiênciasmediúnicas,perfil e psicopatologia de médiuns espíritas" recorrendo a dezenas de médiunsespíritas e a varias associações espíritas de São Paulo, onde concedeu uma
entrevista exclusiva ao Jornal de Espiritismo.
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Como médico psiquiatra, o que o levou a escolher tal Tese de trabalho, para o
seu doutoramento: "Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e
psicopatologia de médiuns espíritas"?
A.M.A - A importância que as vivências mediúnicas tiveram e ainda têm nas
diversas civilizações e, mesmo assim, serem praticamente inexploradas no meio
académico.

Como os seus examinadores e a própria Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, viram a sua Tese de Doutorado?
AMA - Muito bem. Sempre recebi todo o apoio do Departamento de Psiquiatria da
USP, da FAPESP (Fundação de Amparo Á Pesquisa do Estado de São Paulo), bem como
a banca teve uma postura muito científica: rigorosa, mas aberta.

E o orientador da Tese de Doutorado? Quem foi?
AMA - Francisco Lotufo Neto, professor livre-docente do Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Quem foram seus examinadores?
AMA - Prof. Dr. Paulo Dalgalarrondo, Doutor pela Universidade de Heildelberg
(Alemanha), livre-docente em Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas); Prof. Dr. Leonardo Caixeta, psiquiatra,
doutor em Neurologia pela Universidade de São Paulo, professor da UFG
(Universidade Federal de Goiás); Prof. Homero Vallada, livre-docente, Professor
de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e da Universidade de Londres,
maior especialista em genética psiquiátrica no Brasil e pelo Prof. Dr. Paulo
Rossi Menezes, psiquiatra e epidemiologista, doutor pela London Universisty,
livre-docente da faculdade de Medicina da USP.

Existiu algum critério específico para a composição da Banca Examinadora?
AMA - Que fossem pesquisadores destacados e que estudassem áreas relacionadas ao
tema da tese.

Durante seu estudo, verificou por certo o grau de escolaridade dos médiuns
espíritas. São eles incultos e ignorantes como se diz?
AMA - 46,5% dos médiuns tinham escolaridade superior ou superior com
pós-graduação. O Censo Brasileiro de 2000 mostrou que o Espiritismo é a única
religião em que a proporção de adeptos aumenta quanto maior o nível educacional
do segmento estudado.

Os médiuns espíritas sofrem de transtornos dissociativos, psicóticos ou
transtornos de personalidade múltipla?
AMA - Eles também podem apresentar estes e outros transtornos mentais, como
qualquer indivíduo, no entanto, a prevalência de problemas psiquiátricos entre
os médiuns estudados foi menor que o encontrado na população geral.

Então os médiuns espíritas não são esquizofrénicos?
AMA - Não, eles são até mais saudáveis que a população geral. Isto, apesar de
terem muitas vivências alucinatórias e de influência que normalmente são
consideradas como sintomas clássicos de esquizofrenia.

Como a mediunidade é vista pela medicina?
A.M.A - Como a expressão de uma manifestação cultural, religiosa, que não
necessariamente é patológica. Sobre a explicação de sua origem, habitualmente é
considerada como um fenómeno dissociativo em que se manifestam conteúdos do
inconsciente do indivíduo. No entanto, estas ideias são baseadas em muitas
opiniões e poucas pesquisas.

A mediunidade é causa de doenças mentais?
AMA - Apesar de, historicamente, nos últimos 150 anos ter se acreditado nisto,
não há evidências a este respeito.

Quais os possíveis mecanismos neurofisiológicos da mediunidade?
AMA - Desconheço estudos a este respeito, tudo que eu dissesse seria meramente
especulativo.

Alguns colegas defendem que a glândula pineal é o órgão sensorial da
mediunidade. Sabemos que essa hipótese não é nova. O espírito de André Luiz
através do respeitado médium Francisco Cândido Xavier trouxe de novo a "lume".
Qual a sua opinião?
AMA - Há uma longa história de associação da pineal com o Espírito, isto vem
desde Descartes. Do ponto de vista científico, desconheço qualquer estudo
trazendo evidências da pineal se relacionar com mediunidade. Entretanto, sem
dúvida é uma interessante hipótese a ser testada.

Sendo médico e doutor em psiquiatria, o que é a mediunidade?
AMA - Penso que a mediunidade é uma manifestação de uma habilidade humana que
tem estado presente na maioria das civilizações ao longo da história. A origem
destas vivências em muitos casos, acredito, podem estar realmente no
inconsciente dos médiuns. Entretanto, há um considerável número de casos em que
esta explicação é insuficiente, apontando para alguma fonte externa ao médium.

Como relaciona psiquiatria, espiritualidade e mediunidade?
AMA - A psiquiatria deve estar interessada numa visão abrangente e multifacetada
do ser humana, assim a espiritualidade deve ser levada em conta, como todas as
demais dimensões da existência humana. Por fim, a mediunidade é uma vivência que
pode nos revelar muito sobre o funcionamento da mente e sua relação com o corpo.
Muitos de nossos trabalhos na área podem ser acessados na página www.hojenet.org
no item "teses & artigos".

Como distingue em seus pacientes "mediunidade" com distúrbios meramente
neuropsicológicos?
AMA - Esta pergunta não admite uma resposta simples. Faz-se necessária uma
avaliação cuidadosa e ampla da pessoa, o que ela tem vivenciado, suas crenças e
seu contexto social e cultural. Em linhas gerais, para uma certa vivência ser
considerada indicativa de um transtorno mental, deve estar associada a
sofrimento, falta de controle sobre sua ocorrência, gerar incapacitação,
coexistir com outros sintomas de transtornos mentais e não ser aceita pelo grupo
cultural ao qual pertence o indivíduo.

Ao receber um paciente portador de faculdade mediúnica, como conduz o caso?
AMA - Trato o transtorno mental existente além de recomendar que o paciente
continue com suas práticas religiosas. No entanto, se ele estiver com
desequilíbrios mais graves, inicio o tratamento farmacológico e psicoterápico e
solicito o afastamento das actividades mediúnicas. No entanto, recomendo que
continue participando das demais actividades religiosas (palestras, orações,
cultos, passes...)

O seu estudo reuniu a maior amostra de médiuns espíritas alguma vez investigada
na área médica no mundo. A sua tese já teve repercussões no meio médico ou em
algum centro de investigação universitário? Quais?
AMA - Tenho apresentado os resultados da tese em congressos científicos no
Brasil e nos EUA, como por exemplo o Congresso Brasileiro de Psiquiatria e
International Conference on Mediumship promovido pela Parapsychology Foundation

Nesses congressos científicos, como os investigadores brasileiros e
norte-americanos reagiram à sua investigação?
AMA - Muito bem, demonstrando bastante interesse.

Como vê a doutrina espírita, codificada por Allan Kardec?
AMA - Como uma proposta bem fundamentada de se fazer uma investigação científica
e com bases empíricas de fenómenos antes considerados metafísicos e fora do
alcance da ciência.

O que é o NEPER - Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos do
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo?
AMA - É um grupo de estudos interdisciplinar das relações entre religiosidade
saúde. É composto por psiquiatras, neurologistas, historiadores, psicólogos,
antropólogos, filósofos. Não está vinculado a nenhuma religião, se prende apenas
à rigorosa investigação científica nesta área.

Que mensagem gostaria de deixar aos médicos europeus?
AMA - Na Europa já existem iniciativas muito interessantes na área da
espiritualidade, como a Fundação BIAL em Portugal, a Society for Psychical
Research e muitos médicos britânicos que investigam o tema, bem como a
disciplina de parapsicologia da Universidade de Edimburgo, além de iniciativas
das Associações Médico-Espíritas. Que continuem se interessando e investigando
cada vez mais as desafiadoras e fascinantes relações entre espiritualidade e
ciência.


DADOS DA INVESTIGAÇÃO

Total: 115 médiuns espíritas
Mulheres: 76,5%
Média de Idade: 48 anos
Desemprego: 2,7%
Curso superior: 46,5%
Média de anos no espiritismo: 16 anos
Possuíam mais de 3 tipos de mediunidade;
Incorporação: 72%
Psicofonia: 66%
Vidência: 63%
Audiência: 32%
Psicografia: 23%
Exerciam a mediunidade por semana: 7 a 14 vezes


PRINCIPAIS CONCLUSÕES

1- Os médiuns espíritas diferiam das características de portadores de
transtornos de personalidade múltipla e possuíam uma alta média de sintomas de
primeira ordem para esquizofrenia, mas estes não se relacionavam aos escores de
outros sintomas psiquiátricos e não se relacionavam a problemas no trabalho,
família ou estudos.

2- A maioria teve o início de suas manifestações mediúnicas na infância e estas,
actualmente, se caracterizam por vivências de influência ou alucinatórias que
não necessariamente implicam num diagnóstico de esquizofrenia.

3- A mediunidade provavelmente se constitui numa vivência diferente do
transtorno de personalidade múltipla.

Texto oferecido pelo autor, um deles membro do CECA e publicado no "Jornal de
Espiritismo"da ADEP - Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal

Texto: Luís de Almeida

O FENÔMENO DA REGRESSÃO DE MEMÓRIA

“Regressão de memória é o processo provocado ou espontâneo, por meio do qual, o espírito encarnado ou desencarnado fica em condições derelembrar o passado, da vida atual ou em existência santeriores, sejam elas recentes ou remotas”.
A definição acima é bem ampla, e está assentada nos preceitos básicos da doutrina espírita, sem, no entanto seruma criação desta, e nem oriundas de uma revelação
transcendental revestida de caráter místico ou dogmático.
Antes, é um fenômeno natural que pode ser pesquisado utilizando métodos e técnicas apropriadas, e que apesardos recentes estudos e pesquisas, sabemos de sua
utilização já em culturas antigas como no Egito e naGrécia.
A aplicação prática mais usual para esse tipo depesquisa, seria uma inclusão no modelo clínico atual no tratamento para as doenças da alma, traumas psicológicos
e até mesmo somáticos, que em muitos casos mostra-seuma técnica que facilita a solução de muitos problemas.
Além disso, vislumbro a perspectiva de podermos utilizar a regressão de memória como instrumento deauto-conhecimento e desenvolvimento pessoal, e comoinstrumento para terapeutas possibilitando um melhor conhecimento do paciente de psicanálise. Sobre essaquestão, sugiro a leitura do livro Investigando Vidas Passadas, de Raymond
Moody Jr.Poderíamos também conjecturar que seria possíveluma espécie de arqueologia espiritual, onde poderíamos explorar determinados pontos obscuros da história, em
beneficio geral da humanidade. Como exemplo cito o livrode HCM - Hermínio C. Miranda, Eu sou Camille Desmoulins, onde ele mostra um magnífico caso de regressão, identificando um dos líderes da Revolução Francesa, o qual teremos um capítulo com a sua síntese.Da minha parte posso acrescentar um outro caso que
ainda estou pesquisando (até essa data), onde foi identificada a Rainha Nefertiti, Faraó do Egito na XVIII dinastia, co-regente com o Faraó Akhenaton.Há de se ressaltar que essa obra foi compilada, aliás,foi quase que totalmente transcrita dos livros de HermínioC. Miranda, e principalmente do livro A Memória e oTempo. O autor, apesar da sua modéstia, na minhaopinião, é um dos maiores pensadores encarnados em se
tratando desse assunto. Além de conclusões advindas dealgumas experimentações práticas que tenho realizado,muitas outras informações foram retiradas de diversos
outros autores. Um pouco de história“As tradições orais que chegaram até nós, à
falta de documentos mais confiáveis, foram degrande valor, mas, no curso dos séculos, tornaram-sedesfiguradas, como medalhões corroídos, cuja idade
os arqueólogos tentam decifrar... (Christian Paul,1972)”Equivale a dizer, que o conhecimento de importantesaspectos do espírito e das leis naturais, foi muito extenso eprofundo em remotas eras e que a história ‘oficial’ não tem
registros. No Egito antigo foi desenvolvida a tecnologia de
‘desdobramento’. Nesse estado que atualmente muitoschamam de ‘estado alterado de consciência’ – o serespiritual, parcialmente liberto, tinha condições de
utilizar-se de conhecimentos que na vida de vigília lhe seriam inacessíveis: De deslocar-se no tempo e no espaço,de entrar em contato com seres desencarnados, etc.
Posteriormente algumas dessas técnicas foram utilizadas na Grécia e em Roma, mas aí já com grandes deformações.E depois, uma grande repressão na Idade média sufocou
quase que totalmente essas tradições.
Após o término do período de tirania da Igreja Católica, houve uma retomada no desenvolvimento de outras áreas do conhecimento humano, entre outras áreas
o relacionada aos ‘mistérios’ da antiga magia. Um dos pioneiros foi Paracelso (1.493), o médico maldito, que reconhecia o aspecto espiritual do homem e questões como a reencarnação. Reencarnaria depois como Hahnemann
(1.755) com as mesmas idéias e criaria a homeopatia.
Antonie Mesmer (1.733), médico excêntrico, que descobriuo magnetismo-animal, ou seja o fluido-animal, que pode ser utilizado com fins de cura, e que hoje, é aplicado nos
centros espíritas sob o nome de passe com alguma variaçãona forma.Desde os meados do século XIX, diversos pesquisadores vêem contribuindo para elucidação desse “mistério”; nomes como Allan Kardec, Gabriel Delanne,Ernesto Bozzano, Albert de Rochas, etc. deram importante contribuições. E mais recentemente outros nomes tem contribuído com suas pesquisas e experiências,
como: Ian Stevenson, Denis Kelsey, Helen Wambach, Edith Fiore, Brian Weiss e muitos outros.Premissas básicas Conforme foi dito anteriormente, o fenômeno de
regressão de memória é um fenômeno natural e como tal obedece a leis e não a dogmas ou princípios religiosos. Espero que o leitor céptico que por ventura esteja nos
dando a honra de sua leitura, possa simplesmente aceitar os princípios que seguem abaixo como hipóteses de trabalho e ir em frente. Porém para aqueles que conhecem
a doutrina dos espíritos ou tem algum outro tipo de conhecimento espiritual, lembro que embutidos na estrutura do fenômeno estão os seguintes conceitos fundamentais:

· Existência do espírito, ser consciente e em evolução.
· Existência de um corpo sutil, denominado perispírito.
· Preexistência do espírito à sua vida na carne.
· Sobrevivência do espírito após à morte do corpo físico.
· A vida noutra dimensão no intervalo entre asvidas na carne.
· A reencarnação (em um novo corpo ).
· A responsabilidade pessoal, pelos atos praticados.

Trecho do livro O Fenômeno da Regressão de Memória de Maurício Mendonça

A REENCARNAÇÃO E A DATILOSCOPIA

Reportagem do Dr. Carlos Bernardo Loureiro

“Diz a Ciência: não há uma impressão digital igual a outra. Será? Quando um
fato desse é descoberto pode ser indicativo de um caso de reencarnação?”
Em 27 de maio de 1935, publicou a “Gazeta do Recife” uma reportagem
impressionante segundo a qual um espírita estudioso conseguiu obter duas impressões
digitais idênticas. Sabe-se que é princípio assente em dactiloscopia não existirem duasimpressões papilares idênticas, princípio que, neste caso, não foi derrogado, visto nãose tratar de impressões de duas pessoas vivas, mas de duas pessoas que viveram emépocas diferentes.O colecionador de impressões digitais é o Sr. João Apolinário dos Santos, técnico emdactiloscopia.
De cada pessoa levava o Sr. Apolinário a impressão do polegar direito,por ter desenho básico e,quandopossível,registrava as dez impressões, dada a
possibilidade de surgir alguém a quem faltasse um dedo.
Informa a “Gazeta de Recife” que, certo dia, João Apolinário, tendo visitado um amigo,o Sr. Manoel do Nascimento, pediu-lhe consentimento para realizar pesquisas
dactiloscópicas com seus filhos e netos. Entre as crianças, figurava o menino José
Odon, conhecido na família por Pipiu. O Sr. Apolinário começou a confrontar as
impressões das crianças com a de pessoas falecidas. Foi então que descobriu perfeita
igualdade entre os desenhos digitais do pequeno Pipiu e os de um velho amigo da
família da criança, Pedro Guedes de Oliveira, morto havia cerca de 10 anos, em idade
avançada. Aquela extraordinária constatação evidenciava, a olhos vistos, um processo
palingenésico, levando-se em conta as relações de sincera amizade entre o ‘de cujus’
e a família Nascimento. Satisfeito com sua importante descoberta, o Sr. Apolinário, nodia seguinte, foi até a residência do Sr. Manuel do Nascimento comunicar-lhe o que
ocorrera, deixando em poder da família duas fichas dactiloscópicas, para que todos
pudessem verificar sua igualdade absoluta.
A “Gazeta de Recife” levou o caso ao conhecimento do Instituto de Identificação de
Pernambuco, que designou o técnico em dactiloscopia Estanislau Pereira de Souza,
que emitiu, após acurados exames, o seguinte parecer:‘Não há dúvidas. Estou diante de um fato inédito. Há anos que examino fichas, nacrença de que uma igualdade jamais será verificada. São perfeitamente iguais os doisdesenhos, apesar dos tamanhos. Ambos caracterizam por um verticilo espiralóide, comos mesmos dedos, que também se distanciam por igual número de linhas papilares.
Aliás, segundo a ciência, 12 pontos bastariam para se atestar a igualdade de duas
impressões. No entanto, no caso vertente, todos os pontos são perfeitamente iguais.’
O jornal “Mundo Espírita”, que então se editava no Rio de Janeiro, referiu-se
largamente a esse mais do que sugestivo caso de reencarnação, em seu número 164,
de 17 de junho de 1935.

Parte do livro Investigação Científica da Reencarnação e Outros Fenômenos-Dr.Fiorini

25 abril 2009

A LUZ ESPIRITUAL E A PSICOSCOPIA

Já que a vista espiritual não se efetua por meio dos olhos do corpo, a percepção das coisas não ocorre por meio da luz ordinária. Efetivamente, a luz material é feita para o mundo material. Para o mundo espiritual, existe uma luz especial, cuja natureza é desconhecida, mas que é, sem dúvida, uma das propriedade do fluido etéreo destinada às percepções visuais da alma. Há, portanto, a luz material e a luz espiritual. A primeira tem focos circunscritos nos corpos luminosos; a segunda tem seu foco em toda parte. É a razão por que não existe obstáculo para a vista espiritual. Ela não é sustada nem pela distância, nem pela opacidade da matéria. Para ela não existe escuridão. O mundo espiritual é, pois, iluminado pela luz espiritual, que possui seus efeitos próprios, assim como o mundo material é iluminado pela luz solar. A alma envolvida por seu perispírito carrega consigo o seu princípio luminoso. Penetrando a matéria, em virtude de sua essência etérea, para sua vista não há corpos opacos.

No entanto - adverte Kardec -, a vista espiritual não tem, em todos os Espíritos, nem o mesmo alcance, nem a mesma penetração. Somente os Espíritos superiores a possuem. Nos Espíritos inferiores, ela é enfraquecida pela relativa grosseria do perispírito, que se interpõe como uma espécie de bruma. Manifesta-se em diferentes graus nos Espíritos encarnados mediante o fenômeno da segunda vista, ou dupla vista, quer no sonambulismo natural ou magnético, quer no estado de vigília. É com o auxílio dessa faculdade que certas pessoas vêem o interior do organismo (psicoscopia), e descrevem a causa das moléstias. Destaca-se, neste particular, a faculdade do sensitivo norte-americano Edgar Cayce, que realizou inúmeros e admiráveis diagnósticos de doenças cuja etiologia a ciência médica não conseguia estabelecer.

A psicoscopia (equivocadamente rotulada de “autoscopia externa”), é um dos fenômenos mais raros e inexplicáveis no campo das pesquisas psíquicas. Em “Obras Póstumas”, Alllan Kardec trata do especioso assunto, valendo-se das informações contidas na obra “Os Fenômenos Místicos da Vida Humana”, de autoria do pesquisador alemão Maximilien Perty, publicado nos idos de 1861, aí colhendo o seguinte exemplo:

Um proprietário rural foi visto por seu cocheiro, no curral, olhando o gado, no mesmo momento em que estava comungando na igreja. Contou o fato mais tarde a seu pastor, que lhe perguntou em que ele estava pensando no momento da comunhão. “Para dizer a verdade”, respondeu ele, “eu estava pensando no meu gado”. “Então está explicada a sua aparição”, replicou o eclesiástico.

Kardec, em seguida ao relato, esclarece que o sacerdote estava com a verdade, “porque, sendo o pensamento atributo essencial do Espírito, este deve achar-se no lugar onde se encontra o pensamento”. A questão é saber-se, no estado de vigília, o desprendimento do perispírito pode ser suficientemente grande para produzir uma aparição, do qual uma parte animaria o corpo fluídico e a outra, o corpo material. Nada haveria de impossível nisso, se considerarmos que, quando o pensamento se concentra em um ponto distante, o corpo age de modo maquinal, sob uma espécie de impulso. Só anima a vida material; a vida espiritual acompanha o Espírito. É, pois, possível que o homem em questão tivesse passado por grande distração naquele momento, e que seu gado o preocupasse mais que a sua comunhão.


* Bibliografia:

1) KARDEC, Allan – Codificação Espírita

2) LOUREIRO, Carlos Bernardo in Perispírito, Natureza, Funções e Propriedades, ed. Mnêmio Túlio, São Paulo-SP

3) LOUREIRO, Carlos Bernardo in Fenômenos Anímicos e Seus Mecanismos, ed. Mnêmio Túlio, São Paulo-SP

EXPLORADORES DO ESPIRITISMO

Matéria de capa da Revista Época nº 261 denuncia o enriquecimento da família Gasparetto, que, segundo aquela publicação da Editora Globo, “transformou o Espiritismo e a mediunidade num negócio milionário”.
A fama e a fortuna da família Gasparetto são decorrentes do prestígio do qual desfruta no movimento espírita brasileiro, constituído por pessoas crédulas, ingênuas e desconhecedoras, sobretudo do que é o Espiritismo.
As mirabolantes estórias contadas nas obras psicografadas por D. Zíbia encantam e deslumbram os incautos. É um verdadeiro festival de tolices sobre o “mundo espiritual”.
Os livros de D. Zíbia, assim como os livros psicografados no Brasil jamais foram submetidos a quaisquer exame sobre a autenticidade dos mesmos. Observem o que diz Allan Kardec na introdução do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:
Controle universal do ensino dos espíritos: “O primeiro controle é, sem contradita, o da razão, ao qual é necessário submeter, sem exceção, tudo o que vem dos espíritos. Em conclusão: controle universal é uma garantia para a unidade futura do Espiritismo”.
Essa observação de Kardec jamais foi cumprida no Brasil, o que vem concorrendo para o desvirtuamento dos princípios básicos do Espiritismo. Na verdade, os médiuns brasileiros dão “passagem” a qualquer espírito. Basta o médium ser famoso, e eis que a entidade comunicante ganha, da noite para o dia, notoriedade.
A propósito, por que os grandes mestres da pesquisa sobre os fenômenos espíritas nunca se comunicaram no Brasil? Onde estão Crooks, Bozzano, Chiaia, Gibier, Lodge, Conan Doyle, Flammarion e tantos outros?
Parece que o Espiritismo no Brasil é produto de 3º. Mundo, onde prevalecem o misticismo e a ignorância em detrimento do estudo sério e da coerência doutrinária.

Carlos Bernardo Loureiro

24 abril 2009

MEDIUNIDADE:benção ou castigo?

O que é Médium?
"159. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta ou daquela ordem, donde resulta que formam tantas variedades, quantas são as espécies de manifestações. As principais são: a dos médiuns de efeitos físicos; a dos médiuns sensitivos ou impressionáveis; a dos audientes; a dos videntes; a dos sonambúlicos; a dos curadores; a dos pneumatógrafos; a dos escreventes ou psicógrafos."

(O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - Cap. XIV)

"Médium quer dizer medianeiro, intermediário. Mediunidade é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos."

(Mediunidade - J. Herculano Pires - Cap. I)

"O médium é exatamente aquele indivíduo que tem a possibilidade de propiciar a comunicação dos mortos com os vivos. Não se trata de alguém dotado de poderes milagrosos, não! Nem de alguém atuado pelo demônio! Tampouco alguém que sofra das faculdades mentais. Não, nada disto. Apenas tem a condição de permitir o intercâmbio entre a Humanidade desencarnada e a encarnada. Mediunidade, acima de tudo, é uma ferramenta de trabalho, para consolar os que sofrem, para esclarecer os que se debatem nas trevas, quer sejam encarnados ou desencarnados.
Na acepção mais ampla do termo, todos somos médiuns pois todos estamos sujeitos à influência dos Espíritos. Uns mais, outros menos. No entanto, há pessoas que apresentam esta faculdade em grau mais acentuado; nelas o fenômeno se faz mais patente, mais evidenciado. São aquelas pessoas que vêem os Espíritos, ouvem as suas vozes, dando-nos os seus recados e mensagens..."

(A Obsessão e seu Tratamento Espírita - Celso Martins - Pag. 39)

"Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidade, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas, que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia."

(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pag. 155)

"Ser médium não quer dizer que a alma esteja agraciada por privilégios ou conquistas feitas. Muitas vezes, é possível encontrar pessoas altamente favorecidas com o dom da mediunidade, mas dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou delinqüentes, com as quais se afinam de modo perfeito, servindo ao escândalo e à perturbação, em vez de cooperarem na extensão do bem. Por isso é que não basta a mediunidade para a concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do Cristianismo puro, a fim de controlar a energia medianímica, de maneira a mobilizá-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, tanto quanto disciplinamos a eletricidade, a benefício do conforto na Civilização."

(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pag. 157)

O Que é Mediunidade

"Chama-se mediunidade o conjunto de faculdades que permitem ao ser humano comunicar-se com o mundo invisível."

(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pag. 155)


Espíritos e Médiuns – Léon Denis Cap. III

382. Qual a verdadeira definição da mediunidade?

- "A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso da Terra.
A missão mediúnica, se tem os seus percalços e as suas lutas dolorosas, é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos.
Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo."

(O Consolador - Emmanuel - Pergunta 382)

"Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da Natureza material, outorgou Deus ao homem a vista corpórea, os sentidos e instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha o olhar nas profundezas do espaço, e, com o microscópio, descobriu o mundo dos infinitamente pequenos. Para penetrar no mundo invisível, deu-lhe a mediunidade."

(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XXVIII, nº
"Mediunidade, pois, é meio de comunicação entre o mundo espiritual e o mundo físico.
Convivência e intercâmbio.
Desenvolvimento e aplicação das potencialidades divinas. "Vós sois Deuses, disse Jesus"."

(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Cap. 2)

"Mediunidade, em termos gerais, é oportunidade para que o Espírito se reabilite de enganos do pretérito.
Poucos médiuns - muito pouco mesmo - são missionários.
A maioria, constituída de almas que faliram, estão tentando subir o monte da redenção, pelo trabalho mediúnico, sustentada na oração."

(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Pag. 92)

"Mediunidade, em boa sinonímia, é, sobretudo, sintonia, afinidade."

(Emmanuel)

Todos Nós Somos Médiuns?

"A mediunidade não é exclusiva dos chamados "médiuns". Todas as criaturas a possuem, porquanto significa percepção espiritual, que deve ser incentivada em nós mesmos. Não bastará, entretanto, perceber. É imprescindível santificar essa faculdade, convertendo-a no ministério ativo do bem. A maioria dos candidatos ao desenvolvimento dessa natureza, contudo, não se dispõe aos serviços preliminares de limpeza do vaso receptivo. Dividem, inexoravelmente, a matéria e o espírito, localizando-os em campos opostos, quando nós, estudantes da verdade, ainda não conseguimos identificar rigorosamente as fronteiras entre uma e outro, integrados na certeza de que toda a organização universal se baseia em vibrações puras."

(Pérolas do Além - Chico Xavier - FEB - Pag. 149)

383. É justo considerarmos todos os homens como médiuns?

- "Todos os homens têm o seu grau de mediunidade, nas mais variadas posições evolutivas, e esse atributo do espírito representa, ainda, a alvorada de novas percepções para o homem do futuro, quando, pelo avanço da mentalidade do mundo, as criaturas humanas verão alargar-se a janela acanhada dos seus cinco sentidos."

(O Consolador - Emmanuel - Pergunta 383)

"33. Médiuns são pessoas aptas a sentir a influência dos Espíritos e a transmitir os pensamentos destes. Toda pessoa que, num grau qualquer, experimente a influência dos Espíritos é, por esse simples fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui privilégio exclusivo, donde se segue que poucos são os que não possuam um rudimento de tal faculdade. Pode-se, pois, dizer que toda gente, mais ou menos, é médium. Contudo, segundo o uso, esse qualificativo só se aplica àqueles em quem a faculdade mediúnica se manifesta por efeitos ostensivos, de certa intensidade."

(Obras Póstumas - Allan Kardec - FEB - Pag. 57)

"A maioria dos homens habituou-se a crer que médium só o é aquele que, em mesa específica de trabalhos mediúnicos, psicografia ou fala, ouve ou vê os Espíritos, alivia ou cura os enfermos.

O pensamento geral, erroneamente, difundido além-fronteiras do Espiritismo, é de que médium somente o é aquele que dá passividade aos desencarnados, oferecendo-lhes a organização medianímica para a transmissão da palavra falada ou escrita.
Em verdade, porém, médiuns somos todos nós que registramos, consciente ou inconscientemente, idéias e sugestões dos Espíritos, externando-as, muita vez, como se fossem nossas."

(Mediunidade e Evolução - Martins Peralva - Cap. 7)

2ª. Sempre se há dito que a mediunidade é um dom de Deus, uma graça, um favor. Por que, estão, não constitui privilégio dos homens de bem e por que se vêem pessoas indignas que a possuem no mais alto grau e que dela usam mal?

"Todas as faculdades são favores pelos quais deve a criatura render graças a Deus, pois que homens há privados delas. Poderias igualmente perguntar por que concede Deus vista magnífica a malfeitores, destreza a gatunos, eloqüência aos que dela se servem para dizer coisas nocivas. O mesmo se dá com a mediunidade. Se há pessoas indignas que a possuem, é que disso precisam mais do que as outras, para se melhorarem. Pensas que Deus recusa meios de salvação aos culpados? Ao contrário, multiplica-os no caminho que eles percorrem; põe-nos nas mãos deles. Cabe-lhes aproveitá-los. Judas, o traidor, não fez milagres e não curou doentes, como apóstolo? Deus permitiu que ele tivesse esse dom, para mais odiosa tornar aos seus próprios olhos a traição que praticou."

(O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - Cap. XX)

"Há quem se admire de que, por vezes, a mediunidade seja concedida a pessoas indignas, capazes de a usarem mal. Parece, dizem, que tão preciosa faculdade deverá ser atributo exclusivo dos de maior merecimento.
Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar. Ora, nenhuma há de que o homem, por efeito do seu livre-arbítrio, não possa abusar, e se Deus não houvesse concedido, por exemplo, a palavra senão aos incapazes de proferirem coisas más, maior seria o número dos mudos do que o dos que falam. Deus outorgou faculdades ao homem e lhe dá a liberdade de usá-las, mas não deixa de punir o que delas abusa.
Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir. Não são estes últimos os doentes que necessitam de médico? Por que o privaria Deus, que não quer a morte do pecador, do socorro que o pode arrancar ao lameiro? Os bons Espíritos lhe vêm em auxílio e seus conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressioná-lo de modo mais vivo, do que se os recebesse indiretamente."

(O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XXIV)

23 abril 2009

Materialização e Ectoplasma


Materialização

“Materialização de "Noiva" por José Medrado. Trecho retirado do programa Visão Social, transmitido através da Band-Bahia, sábados, às 09h (durante o horário de verão)”



Ectoplasma

Para a ciência acadêmica, ectoplasma é a parte da célula que fica entre a membrana e o núcleo ou a porção periférica do citoplasma.

Para o cientista Charles Richet, é uma substância que se acredita ser a força nervosa e possui propriedades químicas semelhantes às do corpo físico, de onde provém. Apresenta-se sob um aspecto viscoso, esbranquiçado, quase transparente, com reflexos leitosos, bem como esvanescente sob a luz. É considerado a base dos efeito mediúnicos chamados físicos, pois é através dele que os espíritos podem atuar sobre a matéria.

Entretanto, para os espíritos, o ectoplasma é geralmente conhecido como um plasma de origem psíquica, que se exala principalmente do médium de efeitos físicos e um pouco dos outros. Trata-se de uma substância delicadíssima que se situa entre o perispírito e o corpo físico e, embora seja algo disforme, é dotada de forte vitalidade, servindo de alavanca para interligar os planos físico e espiritual. Historicamente, o ectoplasma tem sido identificado como algo produzido pelo ser humano, que, em determinadas condições, pode liberá-lo, produzindo vários fenômenos.

O ectoplasma é de difícil manipulação, pegajoso, não se moldando facilmente. Por isso, exige treinamentos e técnicas para que os espíritos possam se utilizar deste fluido. Não é o espírito que se materializa, mas é o ectoplasma que se adere à forma do perispírito dele. A substância sofre bastante a influência da luz do dia e da luz branca, o que causa interferências no fenômeno, tornando-se ideal a utilização de uma luz com tom avermelhado. A materialização pode acontecer sob o efeito da luz branca, mas é preciso haver muito ectoplasma. Também é difícil fazer fotos desse fenômeno com flash, uma vez que há interferência da luz nesse momento.

Nas materializações, não é utilizado diretamente o ectoplasma puro exalado pelo médium. É necessário combiná-lo com outros fluidos (espirituais, físicos), ou seja, utilizar nas materializações o ectoplasma elaborado. A presença de apenas uma pessoa incrédula no ambiente dificulta ou até impede a aderência do ectoplasma no perispírito do espírito.




Fotografia que mostra o médium Antônio Alves Feitosa, fornecedor do ectoplasma, com o espírito materializado atrás (Irmã Josepha). Do lado direito está Francisco Cândido Xavieir. Esta fotografia foi feita por Nedyr Mendes da Rocha no ano de 1965, em Uberaba, MG, usando uma máquina fotográfica marca Roleiflex e filme Kodacolor de 100 ASA. Como os trabalhos de materialização são feitos no escuro, esta foto foi feita com o auxílio de flash. É interessante notar como o ectoplasma que sai da boca do médium, como se fossem panos, ‘cai’ na direção do chão, mostrando estar sujeito à ação da gravidade. No trabalho de materialização em que esta fotografia foi feita, também participou a médium Otília Diogo. Ela se encontrava sentada dentro da cabine.

Matthieu Tubino
Um "Fluido Vital" Chamado Ectoplasma.
Publicações Lachâtre



Combinação de fluídos

A palavra ectoplasma dá uma idéia de se tratar de algo único, mas, na verdade, é um grande conjunto, formado pela combinação dos fluidos do espírito com o fluido animalizado do médium e os fluidos do ambiente. "Aí temos o material leve e plástico de que necessitamos para a materialização", explica o espírito Aulus no livro Nos Domínios da Mediunidade.

De uma maneira bastante rápida, podemos dividir o ectoplasma em três elementos essenciais: fluidos A, representando as forças superiores e sutis da esfera espiritual; fluidos B, definindo os recursos do médium e dos companheiros que o assistem; fluidos C, constituindo energias tomadas da natureza terrestre. Os fluidos A podem ser os mais puros e os fluidos C podem ser os mais dóceis, porém, os fluidos B, nascidos da atuação dos companheiros encarnados e notadamente do médium, são capazes de estragar os mais nobres projetos. Nos círculos em que os elementos A encontram uma colaboração segura dos fluidos B, a materialização de ordem elevada assume a sublimidade dos fenômenos.

Todos os estudos feitos sobre as materializações de espíritos e os chamados efeitos físicos demonstram que esses fenômenos ocorrem somente na presença de pessoas que podem fornecer ectoplasma. Isso leva à óbvia conclusão de que os espíritos não produzem ectoplasma, mas podem apenas manipulá-la. Inclusive, uma observação mais cuidadosa permite compreender que esta manipulação só pode ocorrer com a conivência consciente ou inconsciente dos encarnados que fornecem a substância.



Se não fosse assim, esses fenômenos ocorreriam com tamanha freqüência e intensidade no cotidiano da humanidade que os desencarnados passariam a participar diretamente do mundo dos encarnados. Deste modo, pode-se deduzir que o ectoplasma é um atributo do corpo físico, da matéria, uma vez que o corpo humano é material, embora controlado pelo espírito nele encarnado.

O que se pode admitir que aconteça é que os espíritos encarnados, em contato com a matéria durante a encarnação, manipulam-na de tal modo que produzam o que chamamos de ectoplasma. Essa produção se daria de modo automático e inconsciente, desde a concepção até o desencarne.

Os tipos de ectoplasma

Agora, se o ectoplasma está relacionado com a matéria que constitui o corpo humano, ele deve existir também nos minerais, nas plantas e nos animais em geral. Em termos de complexidade, esse ectoplasma não deve ser igual ao existente nos seres humanos.

Em princípio, o ectoplasma mineral é o mais simples. Nos vegetais, que se alimentam principalmente de materiais inorgânicos, ele se apresenta de modo relativamente mais complexo, em virtude de ter sido trabalhado por eles a partir do material inicial. Já nos animais, que se alimentam de produtos minerais, vegetais e mesmo outros animais, o ectoplasma deve adquirir uma maior complexidade.Assim, em função da espécie de vegetal ou animal, certamente haverá qualidades diferentes de ectoplasma. Essa dedução é fácil de ser feita, pois, ao que se sabe, o ectoplasma não-humano não é suficiente ou adequado para a realização de fenômenos físicos e de materialização, já que, se fosse, eles ocorreriam livremente pela manifestação de espíritos desencarnados. Haveria interferência direta destes no mundo dos encarnados, criando grande confusão.

No livro Espírito, Perispírito e Alma, Hernani Guimarães Andrade propõe a existência dos seguintes tipos de ectoplasma: ectomineroplasma, originário dos materiais minerais; ectofitoplasma, extraído dos vegetais; ectozooplasma, produzido pelos animais; ectohumanoplasma, gerado pelos humanos. Mas para efeito de simplificação de terminologia, no sentido de tornar o significado mais acessível às pessoas, podemos dizer apenas ectoplasma mineral, vegetal, animal e humano.

O ectoplasma é matéria?

Podemos definir matéria como tudo que é constituído pelos elementos químicos constantes da classificação periódica, além, é claro, dos próprios elementos e das partículas subatômicas. E também aquilo que possui massa e energia, estando sujeito à ação da gravidade, tem peso e ocupa um certo volume no espaço, além de interagir fisicamente com outras porções da matéria através das reações químicas.
Já o ectoplasma está sujeito à ação da gravidade e interage fisicamente com a matéria do corpo humano. Nas fotografias, vemos ele sair da boca de um médium como se fosse um pano. O fato da substância cair na direção do solo e do espírito materializado a partir dela estar junto ao chão são evidências de que este fluido está sujeito à ação gravitacional. Alguns autores que já estudaram o ectoplasma em trabalhos de materialização e de efeitos físicos verificaram a ação da gravidade através de balanças.Portanto, podemos concluir que o ectoplasma é matéria. Podemos? Este raciocínio nos conduz a uma conclusão bastante interessante, ou seja, parece haver alguma coisa que se comporta como se fosse uma matéria paralela à que a química descreve. Em outras palavras, é como se houvesse um outro conjunto de elementos químicos coexistindo com aqueles previamente conhecidos ou previstos pela química, como se fosse possível estabelecer pelo menos uma outra classificação periódica.

Apresentação e produção

O ectoplasma é um combinado de substâncias. Quando os espíritos desencarnados podem dispor dele em bastante quantidade, utilizam-no para a produção de fenômenos mediúnicos de efeitos físicos, combinando-o com outras substâncias extraídas do reservatório oculto da natureza.

Para a visão dos desencarnados, o ectoplasma se apresenta como uma massa de gelatina pegajosa, semilíquida e branquíssima que é exalada por todos os poros do médium, mas em maior proporção pelas narinas, pela boca, pelos ouvidos, pelas pontas dos dedos e até pelo tórax. À feição do magnetismo, ele é energia disseminada e presente em toda a natureza, a qual, pela lei evolutiva, é mais apurada no homem do que no mineral, no vegetal ou no animal.

Deduzindo-se que os espíritos encarnados, em contato com a matéria durante a encarnação, produzem o ectoplasma, podemos chegar a algumas conclusões. Se admitimos a existência desta substância nos minerais, nas plantas ou nos animais, podemos entender que um dos ingredientes que forma o ectoplasma é originário dos alimentos, enquanto outro provém do oxigênio que respiramos. Ainda há um outro ingrediente, produzido no interior das células de nosso corpo físico. O que ocorre é uma transformação desses ectoplasmas primários em ectoplasma humano.

Mas onde e quando ocorre o processo metabólico das reações químicas, físicas e biológicas entre os fluidos resultantes da alimentação, da respiração e da atividade celular que geram o ectoplasma? É difícil de se afirmar com certeza onde ele se forma no ser humano. A observação indica uma grande movimentação fluídica no abdome, na altura do umbigo, o que leva alguns pesquisadores a admitir que se forma ectoplasma no aparelho digestivo, através do metabolismo dos alimentos no corpo. Outro lugar em que é comum se perceber que existe uma grande quantidade dessa movimentação é no tórax, fazendo alguns estudiosos concluírem que a produção de ectoplasma ocorre através da respiração, pelo oxigênio.

Como a ciência acadêmica admite que esse fluido se forma no interior das células, muitos entendem que o ectoplasma se forma por todo o corpo no nível celular, embora em quantidades e qualidades diferentes.

O sangue pode carregá-la até os pulmões, onde se libera para ser eliminado, da mesma forma que o carbono resultante do metabolismo.Entretanto, para os espíritos, o ectoplasma é uma substância delicada que se produz entre o perispírito e o corpo físico, interligando o plano físico com o espiritual. Isso nos permite deduzir que os fluidos resultantes da alimentação, da respiração e da atividade celular são captados por meio dos chacras gástrico e esplênico, transformando-se em ectoplasma no interior do duplo etérico. Poderíamos chamar isso de "metabolismo do ectoplasma". Mas é bom lembrar: nas materializações ou nos fenômenos de efeitos físicos, não se usa diretamente o ectoplasma humano que exala do médium. É preciso combiná-la com outros dois tipos de fluidos (espirituais e da natureza) para obtermos o ectoplasma elaborado.

Fonte: IPPB

AUTO-AJUDA,AJUDA?

Autores há que vêm enriquecendo com livros sobre auto-ajuda. Não só no Brasil, mas em várias partes do mundo. Ao lado desses pseudos trabalhos destacam-se obras de aconselhamento relativas aos procedimentos para que a pessoa seja feliz. Muita gente vem se enganando e enganando a outrem sem quaisquer escrúpulos.
Pergunta-se: a auto-ajuda funciona? Certamente que não. O jornalista Steve Salerno enfatiza o seguinte: se a auto-ajuda resolvesse mesmo os males da alma, por que as vendas de antidepressivos explodiram ao mesmo tempo que as desses livros? Ademais, sobressaem-se os gurus – aqueles indivíduos que não conseguem resolver seus problemas e querem resolver os dos outros.
Afinal de contas, o que é auto-ajuda? O que é a busca da felicidade? O que é o amor? O que é a fraternidade? O que é a solidariedade? O que é a compreensão? Será que todos sabem o que significam essas expressões? Temos a certeza que não, infelizmente. Por exemplo, a busca da felicidade, onde ela está? E como ela pode ser realmente encontrada? É dentro da pessoa? É fora da pessoa? Ou é uma “dádiva divina”?
São essas bobagens que vêm infestando o próprio movimento espírita brasileiro. As próprias editoras espíritas não lançam mais livros de estudo, de pesquisa, mas os de auto-ajuda, porque vende milhões de reais e de exemplares. Ora, uma editora espírita, pressupostamente, não deveria ter lucro. Ou, então, ter um lucro que possa mantê-la. Mas querem faturar alto à custa do desespero daqueles que se aproximam do movimento espírita na esperança de resolverem os seus traumas, as suas depressões, até mesmo as suas psicoses que têm como motivo, não raramente, a OBSESSÃO. A propósito, as casas espíritas não fazem mais desobsessão. Afirmam os “espíritas” que tudo é da cabeça das pessoas. Isso quer dizer que essas criaturas não creem no Espírito, mas simplesmente na cabeça...
Indicamos, finalmente, uma profunda reflexão e aí as pessoas vão ter uma ideia de quanto a dor, o sofrimento, o desespero, a angústia, propiciam bilhões de dólares e bilhões de reais aos espertos, aos oportunistas, aos pseudo-espíritas. O negócio é faturar, mesmo que seja às expensas do sofrimento dos irmãos em Jesus.

O CASO OTÍLIA GONÇALVES

Poder-se-ia transcrever, aqui, fatos outros relativos aos trâmites da desencarnação, descritos pelos próprios Espíritos que o vivenciaram, incluídos, por Ernesto Bozzano no “A CRISE DA MORTE”. Entretanto, aconteceu, na cidade de Salvador, um caso, na década de 1950, que merece ser recontado. Trata-se do relato de autoria do Espírito OTÍLIA GONÇALVES, através do médium e tribuno Divaldo P. Franco, que deu origem ao livro “Mansão do Caminho” dirige-se à sua filha nestes termos:
“Minha filha, que a paz do senhor esteja convosco!”
“Desde o momento em que o anjo da morte me dirigiu seu pensamento, enviando-me uma lúgubre mensagem de “angina-pectoris”, um turbilhão indescritível tomou conta do meu Espírito.”
“A princípio, com as carnes sacudidas pelos estertores do coração que não mais podia cooperar com a vida física, inenarrável sofrimento tomou-me todas as fibras, do peito ao cérebro e deste aos pés, fazendo-me enlouquecer. Atormentada entre as idéias da ‘morte’ apavorante que eu temia e a ansiedade da ‘vida’ que escapava ao peso cruel do sangue que se negava a irrigar as artérias, veias e vasos, senti que ia tombar.”
“Reuni as forças que desapareciam céleres, abandonado-me impiedosamente, tentando resistir à violência da dor que me despedaçava toda, e mais não consegui senão emitir gritos desesperados, semilouca. Tinha a impressão de que vigorosa mão-de-ferro me estraçalhava o coração e, a par da agonia que não posso descrever, sentia que a vida fugia rápida, fazendo-me desmaiar, sem que, contudo, desaparecesse a dor superlativa que durante muito tempo iria conservar-me envolta em angústia sombria e inquietante.”
“Não poderei dizer o tempo em que demorei desfalecida. Guardo, ainda hoje, a impressão de que, em volta, um torvelinho me arrastava, dando-me a sensação de queda, em profundo abismo sem fim.”
“Subitamente, como se me chocasse de encontro ao solo, despertei agonizante, tateando em trevas, aos gritos de lamentável perturbação. O peito continuava a doer desesperadamente como se estivesse estilhaçado por violento projétil que o varasse, rompendo carne e ossos e deixando-o sangrar...”
“Oh! Jesus, o sofrimento daquela hora!...”
“O tempo passava sem que eu tivesse notícia, senão através da agonia que parecia não ter fim.”
“Como a dor não cessasse, simultaneamente impressões diferentes me acudiram ao cérebro turbilhonado, agigantando meu desespero. Frio glacial apoderou-se lentamente dos membros inferiores, ameaçando-me imobilizar-me...”
“Além do frio, dores generalizadas paralisaram-me os movimentos, enquanto o enregelamento me tornava rígida. O pavor rondava-me implacável...”
“Desejei levantar-me, andar, correr, suplicar auxílios; estava paralisada, atada a cadeias poderosas. A língua já não se articulava. O cérebro parecia-me devorado por labaredas crepitantes...”
“Não tinha idéia das horas.”
“Indagava mentalmente, no martírio, o que me acontecera. Onde estava o companheiro de tantos anos? Os irmãos de fé espirita, onde se encontravam eles que não me socorriam?”
“...senti-me sair de dentro do casulo carnal, que então pude ver. Encontrava-me deitada no esquife mortuário, e de pé, ao seu lado, simultaneamente.”
Por várias e dolorosas constatações, Otília verificou que estava “morta”, sendo acometida de profundo terror. Lembrou-se das explanações do mentor espiritual quando participava das reuniões mediúnicas. Descobriu, então, a sua ignorância em Doutrina Espírita.Procurou orar, sem conseguir, atormentada pela inconformação. Aconteceu, a essa altura, o que Bozzano chamou de “visão panorâmica”: a recordação de fatos vivenciados na encarnação que acabara de cumprir.
Ao chegar ao cemitério acompanhando o seu corpo, Otília foi recebida pelos Espíritos inferiores que infestam as necrópoles de todas as latitudes terrenas. Entretanto, a recém-desencarnada contava com a proteção dos Espíritos-vigilantes.
Ao acompanhar os despojos carnais à sepultura, entrou em pânico – “...encontrei-me ligada às vísceras mortas, estando viva. Gritei desesperadamente, em lamentável estado, e caí desmaiada.”
Ao recobrar a consciência o Espírito Otília Gonçalves entrou em profunda reflexão, procedendo a uma auto-análise franca, leal, corajosa. Recordou-se de Jesus. Sentiu-se a partir daí intimamente revigorada. E a prece “clara e pura” emergiu do fundo d’alma...
Afinal, após tantos e renovadores sofrimentos, surge o socorro, através do Espírito Liebe, a esclarecida e bondosa entidade que a orientava no “Evangelho no Lar”.
E, amparada pela irmã Liebe, Otília Gonçalves ganhou a liberdade, deixando para trás a “Casa dos Mortos”, onde, em pouco tempo, aprendeu a grande lição que o túmulo oferece!