30 dezembro 2008

EVANGELHOS APÓCRIFOS

Evangelhos ApócrifosSegundo Judas, Maria Madalena, Tomé e Felipe(artigo de Moacir Sader )
(A versão integral deste artigo está publicada no livro: "Viagem à cidade espiritual de Necanerom" de Moacir Sader)<>

Nunca se falou tanto dos evangelhos apócrifos como neste tempo em que vivemos. Tamanha disseminação das mensagens encontradas nesses textos me leva ao convencimento de que é chegada a época de se desvendar as verdades que por séculos ficaram encobertas.
A Bíblia não é a mensagem única de Deus, não contempla em si todas as verdades religiosas nem históricas, uma vez que existiram bem mais evangelhos sobre o cristianismo do que aqueles colocados na Bíblia (Marcos, João, Lucas e Mateus).
Foi por volta do ano 327 depois de Cristo, que o Imperador Romano Constantino, a partir do Concílio de Nicéia, copilou as principais tendências religiosas existente nos três primeiros, fazendo nascer daí o cristianismo tal como conhecemos, quando foram escolhidos os textos para comporem a Bíblia, tendo ficado de fora, ao que se sabe, pelo menos sessenta evangelhos cristãos.
A decisão de Constantino foi mais política que religiosa, pois ele sabia que, copilando as principais vertentes religiosas da época, acabaria por unir todo império romano, que se encontrava por demais dividido, situação que vinha pondo em risco o seu poder imperial.
Assim, da corrente religiosa que tinha Mitra como deus pagão, foi inspirada a idéia da morte em sacrifício e da ressurreição ao terceiro dia, tal como era contada a história de Mitra. Da vertente religiosa que tinha Isis como deusa, Constantino e o Concílio de Nicéia retiraram a idéia da virgem Maria e a idealização da família sagrada (José, Maria e Jesus). Essa família, tal como idealizada, tem sido claramente contestada por historiadores das religiões, uma vez que José possuía filhos de seu primeiro casamento e também acabou tendo outros filhos com Maria, além de Jesus.
E os outros evangelhos apócrifos? Que destinos lhes foram dados? Sabe-se que ocorreu verdadeira caça às bruxas. Muitos foram queimados ou perdidos por se oporem frontalmente às bases do cristianismo colocadas na Bíblia. O decreto Gelasiano assinado pelo Papa Gelásio, falecido em 496, continha uma lista de sessenta livros apócrifos do Segundo Testamento, que deveriam ser evitados pelos cristãos. Mais da metade deles foi parar, infelizmente, na fogueira. Daí a importância de se encontrar os evangelhos como o de Maria Madalena e o de Judas, resguardados, certamente por forças espirituais, milagrosamente escondidos, para no futuro serem, enfim, revelados a todos, tal como vem ocorrido.
O ano de 2006 surpreendeu a todos os cristãos com a divulgação para todo o planeta, pela emissora de televisão a cabo “National Geographic”, do evangelho segundo Judas, após ter este ficado desaparecido por cerca de 1700 anos. A sua existência já havia sido confirmada, historicamente, por Irineu, primeiro bispo de Lyon, na metade do século II, quando o denunciou por heresias.
Contendo 26 páginas em papiro, transcrito de um texto ainda mais antigo, o evangelho está escrito em dialeto copta (Egito antigo); tendo sido autenticado depois de rigorosos testes, por especialistas, como sendo oriundo do século III. Acredita-se que o Evangelho foi copiado por volta de 300 d.C. e encadernado em couro, ficando desaparecido desde então. Em 1970 foi descoberto no deserto egípcio de El Minya.
Passado nas mãos de diversos vendedores de antiguidades, acabou chegando à Europa, e, mais tarde, aos Estados Unidos, permanecendo no cofre de um banco de Long Island por cerca de 16 anos, o que levou a sua deterioração em cerca de trinta por cento. Em 2000, foi comprado por um antiquário suíço, que preocupado com a sua deterioração, entregou-o, em fevereiro de 2001, à fundação suíça Maecenas Foundation for Anciente Art, com o objetivo de que ele fosse devidamente preservado e traduzido. Após a restauração, a análise e tradução ficaram a cargo do professor Rudolf Kasser, da Universidade de Genebra. O seu destino agora deverá ser o museu do Cairo.
Contestando a versão dos quatro Evangelhos bíblicos, o de Judas evidencia que não houve traição dele a Jesus como propalado, mas que, a atitude de Judas de entregá-Lo aos Romanos foi em decorrência de pedido feito pelo próprio Jesus. Judas deveria agir dessa forma para que o espírito de Jesus fosse libertado da vestimenta corpórea, conforme consta em uma passagem do evangelho:
Você superará todos eles. Você sacrificará o homem que me cobriu.
E Judas “traiu”, entregando Jesus aos soldados imperiais com um beijo, como se pode ver, a seguir, na pintura de Michelangelo Caravaggio, criada em 1602.
Imagem retirada da Revista Veja edição 405 – 20/02/06
Essa versão da história contada no evangelho segundo Judas de que a traição foi uma representação pedida por Jesus pode, a princípio, parecer sem sentido; entretanto, certo é que Jesus detinha em seu íntimo clara missão a ser cumprida. Além disso, é preciso considerar que o Jesus dos evangelhos apócrifos se apresenta bem distinto daquele inserto na Bíblia.
O Jesus esotérico dos textos não bíblicos transmitia aos seus discípulos conhecimentos mais complexos que aqueles divulgados pelo cristianismo. Como exemplo de ensinamentos mais densos, veja a surpreendente resposta de Jesus ao questionamento de um discípulo:
- Mestre, onde você foi e o que fez quando nos deixou?
- Eu fui para outra grande e santa geração.
Com esse diálogo, ainda mais confirmado pelos textos que se seguiram no evangelho, Jesus quis enfatizar que esteve em outra dimensão, provavelmente em viagem extracorpórea, embora não tenha explicado a maneira pela qual se utilizou para estar em outro local dimensional.
Voltando ao tema da traição a pedido, é encontrada em seu evangelho a passagem em que Judas comenta com Jesus sobre uma visão que teve mostrando o conceito ruim dos demais apóstolos para com ele em razão de seu ato de entregar Jesus aos Romanos:
Na visão, eu vi como os doze discípulos estavam me apedrejando e perseguindo severamente (...) também fui para um lugar (...) vi uma casa (...) meus olhos não puderam compreender o seu tamanho...
E Jesus lhe respondeu:
Nenhuma pessoa de nascimento mortal é merecedora de entrar na casa que você viu. Aquele lugar é reservado para os santos (...) Você superará todos eles {os discípulos} Você sacrificarás o homem que me cobriu (...) Erga para cima seus olhos, veja a nuvem e a luz dentro dela e as estrelas que a cercam. A estrela que conduz é a sua estrela. Judas ergueu para cima os olhos e viu a nuvem luminosa (...) e ouviu uma voz vinda da nuvem... {o texto sobre voz foi perdido em virtude da deterioração do pergaminho}
Como visto nos trechos citados, não se pode falar de traição de Judas, mas, sim, de cumprimento do que lhe fora pedido por Jesus e por planos espirituais superiores.
Registro aqui que, intuitivamente, desde muito jovem, eu não via Judas como traidor e, sim, como personagem importante de um cenário necessário. Por essa razão, ao conhecer as passagens do evangelho segundo Judas, não fiquei surpreso, apenas, senti grata confirmação daquilo que já vivenciava em meu íntimo desde criança.
Desde a descoberta, em 1945, em Nag Hamadi, no alto Egito, dos evangelhos de Tomé e Maria Madalena, outros textos apócrifos têm sido difundidos ultimamente, gerando polêmicas sérias sobre o real enfoque espiritualista. Entre eles, destaco o de Maria Madalena, embora tida com prostituta, foi, em verdade, a discípula mais próxima de Jesus em todos os sentido, em especial, na captação de seus ensinamentos espirituais.
Cito, a seguir, algumas passagens do evangelho segundo Maria Madalena que apresentam visões especiais sobre a espiritualidade ensinada pelo Mestre Jesus.
É necessário viver em harmonia com todos, porque os seres estão interligados, cada um é importante componente do todo. Assim, Jesus disse:
Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência...
Os pecados (ações e sentimentos negativos), segundo Jesus, são criações do homem, levando-o a sair do equilíbrio, gerando, por conseqüência, doenças e morte. Sobre essa visão, tão comum atualmente entre os terapeutas holísticos, Jesus ensinou:
Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem. Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurais força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça.
Sobre a espiritualidade, Jesus foi claro em dizer que esta precisa ser buscada no interior de cada um, pois é no íntimo do ser que se encontra a presença divina, que precisa ser alcançada e vivida plenamente. Nesse sentido, Jesus falou, alertando para que não fosse ensinado nada diferente do que ele mostrou:
Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas.
No final da citação anterior, pode-se ver que Jesus alertou a seus discípulos, antevendo os fatos que acabariam dominando as religiões do futuro, que não ensinasse nada além do que havia sido mostrado por Ele.
Com o mesmo enfoque de busca interior da espiritualidade, encontra-se uma passagem em outro evangelho apócrifo (segundo Tomé), através da qual Jesus ensinou:
O reino está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sóis os filhos do Pai vivo. Mas se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza.
Esses ensinamentos, encontrados no Evangelho de Maria Madalena e de Tomé, constituem-se, essencialmente, na base dos estudos difundidos pelos espiritualistas, que enfocam a necessidade de se buscar a evolução espiritual no interior de cada ser, procurando a presença divina e se tornando una com ela.
Paralelamente à profunda mensagem espiritualista encontrada nos evangelhos citados, cujo conteúdo nem sempre é devidamente divulgado, outra questão tem ganhado relevância especial e até grande destaque na mídia: a ligação singular de Jesus e Maria Madalena; situação que ensejava até questionamentos entre os próprios discípulos como se vê na fala de Pedro, abaixo transcrita do evangelho segundo Madalena:
Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos (..} Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós? Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no meu coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?
Em face desse diálogo entre Pedro e Maria Madalena, Levi interviu:
Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí a ter amado mais do que a nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou.
Inegavelmente, a ligação de Jesus e Maria Madalena ia mais além, como se lê em outro evangelho apócrifo, o de Felipe, no seguinte trecho:
E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Cristo amava-a mais do que a todos os discípulos e costumava beijá-la com freqüência na boca. O resto dos discípulos ofendia-se com isso e expressava sua desaprovação. Diziam a ele: Porque tu amas mais do que a nós todos?
Como observei anteriormente, o mais importante, a meu ver, sobre os evangelhos chamados apócrifos, é que eles vieram enfocar uma outra forma de viver a espiritualidade, desapegada de rituais e religiões, mas vivenciada no interior de cada um, com reflexo nos comportamentos externos, em todos os lugares, principalmente fora dos templos. Contudo, entendo justo ter chegado o momento para que seja revelado, também, o amor maravilhoso vivenciado por Jesus e Maria Madalena, que em nada os desvaloriza, mas que enfatiza a justa e bela forma de amar a dois, sem qualquer comprometimento de suas atividades espirituais; pelo contrário, contribuiu para a manifestação espiritual do amor incondicional por todos.
Tal como escrevi em março de 2005 no meu artigo “Maria Madalena, uma outra história”, sabe-se por mensagens canalizadas que Maria Madalena e Jesus são almas gêmeas e que encarnaram na palestina com missão de ajuda mutua. Convergindo para essa tese, Célia Fenn, canalizou, recentemente, importante mensagem de Maria Madalena, cujos trechos abaixo transcrevo, mostrando definitivamente a grandiosa importância de Madalena e a ligação singular com Jesus.
Maria Madalena se apresenta na mensagem canalização da seguinte forma:
Eu sou Maria Madalena. Talvez me conheçam, mas poucos de vocês sabem quem sou na realidade, ou quem fui. Pois sim, fui a companheira do que se chamou Yeshua Ben Josef. E sim, há muitas histórias a respeito de nós e das nossas vidas. Ambos fomos Avatares da Nova Era da Consciência "Crística", mas os que escreveram essas histórias estiveram influenciados pelas suas crenças de que a única experiência importante era a masculina, e por isso a vida do Avatar Feminino, Maria Madalena, foi negligenciada e esquecida.
Madalena explica o plano que foi feito para que ela e Jesus nascessem no mesmo período:
Mas foi necessário que, para equilibrar a futura Idade Dourada, nascesse um Avatar de cada sexo, e que eles se unissem como companheiros, criando os perfeitos Modelos para a Futura Era de Luz! E assim foi! Nasci numa família normal de Israel, mas eu nunca fui "normal". Levava no meu interior a Chama Sagrada do Feminino Divino desde o momento em que fui concebida como humana. Nasci como uma perfeita Menina "Crística". Fui a “filha” encarnada da Mãe Divina. Igual a Yeshua, fui treinada pelas mulheres nos ensinos secretos dos Essênios. Como ele, eu era um grande prodígio pelo meu saber e conhecimento das antigas artes da sabedoria das mulheres que estava bem alem dos meus anos.
Sobre a União Sagrada, expressão de sabedoria espiritual e de amor incondicional, Madalena assim falou em sua mensagem canalizada:
Esta união apaixonada do sexual e do espiritual é o que conduziu à remoção da história de Maria Madalena e da sua União Sagrada com o Yeshua Ben Josef das histórias que comemoram a vida de Yeshua. E sim, chamaram-me "prostituta" e "impura" pelo meu conhecimento dos dons do êxtase sexual. Que triste foi que o caminho do Feminino Divino não fosse honrado ao mesmo tempo que o caminho do Masculino Divino representado por Yeshua. De fato, essa omissão conduziu à distorção da verdade a respeito das nossas vidas. Porque o verdadeiro caminho do Avatar não foi o sofrimento e o martírio. Essa foi uma interpretação posterior feita por quem tinha outros planos. O verdadeiro caminho do Avatar foi criar um caminho para o Êxtase e a Unidade através do Amor Incondicional. E foi alcançado por nós! Foi esta realização que agora nos permite que levemos a vocês os ensinos da União Sagrada e os caminhos do Feminino Divino e do Masculino Divino. Esta foi a maior realização das nossas vidas, e essa Alegria e esse Amor é o que queríamos transmitir como nosso legado, não o sofrimento nem o derramamento de sangue das incontáveis guerras e cruzadas disputadas num entendimento errôneo da natureza da energia Divina Masculina e do caminho de Yeshua!
E finaliza, dizendo sobre o momento de se viver o relacionamento de chamas gêmeas:
Queridas irmãs, é hora de elevar a vossa consciência novamente e ver que o vosso corpo é o Templo da vossa Alma e do vosso Espírito. É um corpo Feminino, um corpo de mulher, e é o Templo do Feminino Divino. Esta é uma energia poderosa e sagrada, uma chama da energia Solar Feminina que lhes permite experimentar a energia da Fonte como uma Grande Mãe. Mas também lhes permite experienciar o êxtase de uma relação entre Chamas Gêmeas na qual se reúnem o Divino Feminino e o Divino Masculino ao serviço da Fonte e de seu Amor por Tudo O Que É!
Percebi, pela intuição, que seria importante juntar, aos textos apócrifos, alguns trechos canalizados, para que, com isso, pudesse ser observado, que a história do cristianismo e a visão da sexualidade foram manipuladas e deturpadas igualmente nesses dois mil anos. Mas, ao mesmo tempo, é possível ver com alegria, que é chegado o tempo para o florescimento da verdade, tanto através dos evangelhos apócrifos que reapareceram recentemente, como pelas mensagens canalizadas, que fluem em quantidade por todo o planeta.
Como se pode ver, o caminho ensinado por Jesus foi a espiritualidade interior, gerando o amor incondicional praticado; mas, isso em nada se contrapõe ao amor físico, sexual, a ser vivido a dois, que a rigor, constitui-se de pura e fantástica energia divina, gerando a alegria de viver e praticar o amor incondicional para com tudo que existe. Desse modo, Jesus e Maria Madalena viveram essa experiência plena aqui na Terra, em suas missões especiais para disseminar o amor incondicional.
Não quero, com este artigo, melindrar as pessoas e a fé de ninguém, no entanto, estou convencido de que se pode repensar a história do cristianismo, vê-la de outra forma, mais realista e não menos bela. Pelas novas e fundamentadas informações, tão amplamente divulgadas, com base em documentos históricos legítimos e por importantes mensagens canalizadas, parece inegável que Jesus e Maria Madalena deixaram legados de puro amor a dois, de puro amor incondicional, de esperança, de certeza na vida eterna a ser vivida pelos casais de almas gêmeas a começar pela vida terrena.
Na madrugada do dia 15 de julho de 2006, quando este artigo já estava praticamente terminado, meu corpo astral teve um encontro emocionante: com Jesus e Maria Madalena. Diferente da experiência em que me vi em Jerusalém testemunhando um de Seus milagres (ver texto “Presente Espiritual”, do livro “Outra vida nova chance”), quando Jesus era bem moreno e usava barba escura (seu verdadeiro corpo terreno); desta feita, Jesus se apresentou com o seu corpo astral: estatura alta, pele e cabelos claros. Entre outras questões, Ele me disse que os Seus ensinamentos terrenos foram destorcidos ao longo do tempo, afetando consideravelmente o rumo da história espiritual terrena; pois muito do que se sabe, ensinado pelas religiões, não corresponde efetivamente ao que Ele deixou de legado em sua passagem terrena.
Se as pessoas foram sabotadas pela história tradicional ao longo de dois mil anos, seja por ignorância ou interesses escusos, é tempo de abrir os olhos e ver a bela realidade, sorrindo, de uma história fascinante e revolucionária, que pode e certamente levará às pessoas a repensarem as suas vidas, as suas práticas religiosas e existenciais. “Quem tem ouvidos para ouvir que ouça” {fala de Jesus no evangelho segundo Maria Madalena}.
Luz, amor e verdade,abraços fraternos, Moacir Sader

O EVANGELHO DE MARIA MADALENA

O Evangelho de Maria Madalena (Fragmento)
O Salvador disse: "Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça".
Pedro lhe disse: "Já que nos explicaste tudo. Diz-nos isso também: o que é o pecado do mundo?" Jesus disse: "Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso, Deus-Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem".
Em seguida disse: "Por isso adoeceis e morreis [...] Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurai força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça."
Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: "A Paz esteja convosco. Recebei minha paz. Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do Caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas". Após dizer tudo isso, partiu.
Mas eles estavam profundamente tristes. E falavam: "Como vamos pregar aos gentios o Evangelho do Reino do Filho do Homem? Se eles não o procuraram, vão poupar a nós?" Maria Madalena se levantou, cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: "Não vos lamentais nem sofrais, nem hesiteis, pois sua graça estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes, louvemos sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens." Após Maria ter dito isso, eles entregaram seus corações a Deus e começaram a conversar sobre as Palavras do Salvador.
Pedro disse a Maria: "Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos".Maria Madalena respondeu dizendo: "Esclarecerei a vós o que está oculto". E ela começou a falar essas palavras: "Eu...", disse ela, "Eu tive uma visão do Senhor e contei a Ele: 'Mestre, apareceste-me hoje numa visão'. Ele respondeu e me disse: 'Bem-aventurada sejas, por não teres fraquejado ao me ver. Pois, onde está a mente, há um tesouro'. Eu lhe disse: 'Mestre, aquele que tem uma visão vê com a alma ou com o espírito?' Jesus respondeu e disse: "Não vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a consciência, que está entre ambos - assim é que tem a visão [...]".
E o desejo disse à alma: 'Não te vi descer, mas agora te vejo subir. Por que falas mentira, já que pertences a mim?' A alma respondeu e disse: 'Eu te vi. Não me viste, nem me reconheceste. Usaste-me como acessório e não me reconheceste.' Depois de dizer isso, a alma foi embora, exultante de alegria. "De novo alcançou a terceira potência, chamada ignorância. A potência, inquiriu a alma dizendo: 'Onde vais? Estás aprisionada à maldade. Estás aprisionada, não julgues!' E a alma disse: 'Por que me julgaste apesar de eu não haver julgado? Eu estava aprisionada; no entanto, não aprisionei. Não fui reconhecida que o Todo se está desfazendo, tanto as coisas terrenas quanto as celestiais.' "Quando a alma venceu a terceira potência, subiu e viu a quarta potência, que assumiu sete formas. A primeira forma, trevas; a segunda, desejo; a terceira, ignorância; a quarta é a comoção da morte; a quinta é o reino da carne; a sexta é a vã sabedoria da carne; a sétima, a sabedoria irada. Essas são as sete potências da ira. Elas perguntaram à alma: ´De onde vens, devoradora de homens, ou onde vais, conquistadora do espaço?' A alma respondeu, dizendo: 'O que me subjugava foi eliminado e o que me fazia voltar foi derrotado..., e meu desejo foi consumido e a ignorância morreu. Num mundo fui libertada de outro mundo; num tipo fui libertada de um tipo celestial e também dos grilhões do esquecimento, que são transitórios. Daqui em diante, alcançarei em silêncio o final do tempo propício, do reino eterno'."
Depois de ter dito isso, Maria Madalena se calou, pois até aqui o Salvador lhe tinha falado. Mas André respondeu e disse aos irmãos: "Dizei o que tendes para dizer sobre o que ela falou. Eu, de minha parte, não acredito que o Salvador tenha dito isso. Pois esses ensinamentos carregam idéias estranhas". Pedro respondeu e falou sobre as mesmas coisas. Ele os inquiriu sobre o Salvador: "Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós?" Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: "Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no mau coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?" Levi respondeu a Pedro: "Pedro, sempre foste exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário.
Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí tê-la amado mais do que a nós. É, antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o Homem Perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou."Depois que Levi disse essas palavras, eles começaram a sair para anunciar e pregar.

28 dezembro 2008

DA PRÉ-HITÓRIA ÀS SESSÕES DE ECTOPLASMIA

DOS CONFINS DA PRÉ-HISTÓRIA ÀS SESSÕES DE ECTOPLASMIA
DOS CONFINS DA PRÉ-HISTÓRIA ÀS SESSÕES DE ECTOPLASMIACarlos Bernardo LoureiroSalvador - BAUm indivíduo peludo, com aparência de um grande macaco, se materializa em um grupo de cientistas.A materialização de um Pithecanthropus, através da faculdade mediúnica de Franek Kluski (pseudônimo de um ilustre poeta polonês) reveste-se num dos mais importantes fatos nos anais das pesquisas espíritas.A sessão transcorria normalmente quando, em meio a uma nuvem de ectoplasma, que se desprendera do médium, a estranha criatura se apresentou. Era meio humano, meio macaco. Os investigadores presentes reconheceram que estavam diante do Pithecanthropus.Eis como o Dr. Gustave Geley descreve o episódio:"Um estranho ser se materializou. Tinha o rosto semelhante ao de um macaco e sua cabeça projetava-se pesadamente para a nuca. Tanto o rosto, quanto o corpo, eram cobertos por uma camada áspera de pêlos. Seus braços eram longos, as mãos grandes e poderosas. Não sabia falar, mas tomava as mãos dos assistentes e lambia-as! como fazem os cães. Era, possivelmente, o Pithecanthropus, e voltou a apresentar-se em outras sessões. Na reunião de 20 de novembro de 1920, um dos membros do nosso grupo tocou a sua cabeça de símio. Era, sem dúvida, a de um ancestral do homem que repousava sobre aqueles ombros pelados".O professor F.W. Pewlowski, que lecionava anatomia na Universidade de Michigan, USA, presente à sessão, escreveu substancial artigo no "Journal of the American Society for Psychical Research", sobre a materialização do Pithecanthropus do qual extraímos o seguinte trecho:"Ele passou a ser um assíduo freqüentador dessas sessões, mas foi-me difícil examiná-lo como deveria, pois tudo se passou em plena escuridão. É um indivíduo peludo, como um grande macaco. Também o seu rosto é coberto de pelos. Comporta-se animalescamente em relação aos assistentes, lambendo-lhes o rosto e as mãos. Na maioria das vezes, os freqüentadores terminam por romper a corrente, visto não se sentirem tranqüilos ante o ser primitivo. Eu o vi, ou melhor, o senti, uma vez em que ele veio esfregar-se em mim. E chegou-me às narinas um certo odor, ou antes, um cheiro característico que, no momento, não pude definir, mas que os investigadores habituados a essas manifestações definiram muito bem, chamando-o 'cheiro de molhado'. Nessa circunstância, o Pithecanthropus passou de mim a uma senhora agarrando-lhe a mão e esfregando-a no rosto dele. Como, porém, a dama estava segurando uma das mãos do médium, tal ato provocou a interrupção da corrente mediúnica e, em conseqüência, a desmaterialização do Pithecanthropus. A senhora se assustou e gritou aterrorizada!"Franek Kluski (cujo nome verdadeiro ninguém conhece), que o Dr. Gustave Geley considerava "um médium universal, o maior entre os seus contemporâneos", possibilitava a materialização de animais e de seres humanos que, muitas vezes, usavam de estranhas linguagens. Diziam que a sua faculdade mediúnica, conquanto fosse um homem culto, fazia transportar para a sala de sessões rugidos e tropéis de criaturas selvagens.Kluski foi examinado por Charles Richet, o Barão de Schrenck-Notzing e Gustave Geley" testemunhando a força extraordinária de seus dons mediúnicos. Sem nada cobrar, o médium de Varsóvia submetia-se a todos os testes criados à imaginação dos exigentes e desconfiados pesquisadores, nos laboratórios da capital da Polônia e Paris. As portas eram lacradas com adesivos rubricados pelos investigadores e tanto o médium como os assistentes eram encadeados juntos .Iniciada a sessão, da massa de ectoplasma que se formava e se desprendia do médium, saía, aos poucos crocitando, uma imensa águia, mediando 10 pés, ou, mais ou menos, 3,33 metros, que ia, depois, pousar nos ombros de Franek Kluski, de onde ficava olhando os presentes com os "seus olhos de águia"... Também se materializavam cães, latindo, lambendo as mãos das pessoas. Gatos, esquilos e raposas. Numa noite, que ficou gravada nas mentes de todos os presentes, materializou-se uma forma humana que passeou, entre os assistentes, com um enorme leão... que rugia!Em 1924, F. Kluski submeteu-se a rigorosas pesquisas com o Dr. F. W. Pewlowski, da Universidade de Michigan, USA, quando aconteceram vários fenômenos, entre os quais o da levitação alguns dos assistentes levitaram até o teto, inclusive o médium. E o mais extraordinário é que, ao término de uma dessas sessões, constatou-se que o médium, apesar de algemado, desaparecera da sala trancada e selada, sendo encontrado, inconsciente, em um cômodo distante. Os adesivos postos pelos pesquisadores na única porta do aposento estavam intactos...Charles Richet e Gustave Geley, a título de prova, solicitavam às entidades espirituais que mergulhassem as mãos em cera fervente e as desmaterializassem em água fria. Os moldes permaneciam intactos. Os investigadores chegaram à conclusão que nenhum mão poderia ser submetida ao calor intenso da parafina derretida.Eis o que Richet escreveu. a propósito, no livro `'TRINTA ANOS DE PESQUISAS PSÍQUICAS:"De certa feita sem que ninguém soubesse Geley e eu colocamos uma pequena quantidade de colesterina na parafina derretida Essa substância é solúvel na parafina sem descobri-la, mas, se acrescentarmos a ela ácido sulfúrico. obtém-se uma tonalidade roxa intensa. Assim podíamos estar certos de que os moldes não eram de antemão preparados pois que no decorrer das sessões Geley e eu segurávamos as mãos do médium o mais firmemente que podíamos. A experiência resultou em urna luva de parafina, porém das mãos de urna criança e, em outra situação de duas mãos apertadas urna contra a outra Depois obtivemos o pé de uma criança As impressões digitais veias e pelos eram sempre visíveis nos moldes''.Os fenômenos suscitados pela faculdade mediúnica de Franek Kluski, .ainda se encontram até hoje "sub júdice". Charles Richet considerou-os um mistério, que desafiou as inteligências mais argutas que tiveram a oportunidade de apreciá-los.Pithecânthropus erectus (do plioceno inferior): em 1889 o médico e antropólogo holandês Dubois descobriu uma calota craniana, um fêmur e dois dentes às margens do Rio Solo, em Trinil (Java) . Publicou sua descrição (1894) e denominou o fóssil Pithecanthropus erectus, lembrando, dessa maneira suas características simiescas e humanas , assim como sua posição erecta. Os caracteres simiescos são representados pela fronte quase inexistente, as enormes arcadas superciliares, a face em focinho, o queixo fugaz:; os caracteres de tendência humana são a capacidade craniana muito superior à dos macacos ( 900 cm cúbicos),a estrutura dos dentes, o andar bípede. Cinqüenta anos mais tarde (1937-41) G. Von Koenigswald e F. Wendeireich descobriram em Sangiran, também em Java, uma série de fragmentos fósseis de grande tamanho mas estreitamente aparentados ao Pithecanthropus de Dubois.As experiências com Charles Richet e Gustave Geley foram realizadas respectivamente no Instituto Metapsíquico de Paris e na Sociedade Polonesa de Pesquisas Psíquicas, em 1920.Fonte: Revista Internacional de Espiritismo-Setembro 1993.

OBSESSÃO

OBSESSÃO
Obsessão(Fontes de consulta: Revista Reformador FEB, julho de 2008; obra: Missionários da luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André Luiz; site: www.cvdee.org.br /apostila: Mediunidade.)
Autores: Maria Teresa Gouveia e Paulo Renato Silva
A obsessão, segundo a literatura médica: “... estado mental neurótico de ter um desejo incontrolável e de insistir numa idéia ou emoção. Habitualmente o paciente está ciente da anormalidade e tenta opor resistência a esses pensamentos”. Sendo assim, não se faz menção a ocorrência de alguma influência espiritual, não relacionando portanto, a enfermidade com a presença de obsessores. Diante do conceito espírita ocorrem semelhanças, mas estas levam em consideração o espírito reencarnado e sua personalidade que pode ser suscetível à obsessão, favorecendo assim a influência de espíritos equivocados. Desta forma as ações praticadas pelo espírito em vidas passadas podem resultar no funcionamento anormal de seu veículo carnal, trazendo conseqüências para sua existência atual como por exemplo: depressão, síndrome do pânico, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) etc.A obsessão vai da simples influência moral a perturbações extremas que chegam a comprometer funções orgânicas, como as faculdades mentais.
Obsessão: Como tratá-la?
Primeiramente, é importante ressaltar que sem o esforço do próprio obsediado em fazer a sua reforma moral mudando seus pensamentos para zonas boas, se esforçando pra vencer as tendências ruins (como inveja, preguiça, raiva), praticando a caridade, etc. não haverá melhora em casos de obsessão, considerando que o perseguidor ainda estará suscetível ao processo obssessivo.A ciência espírita, através de diversas obras doutrinárias, têm ensinado a tratar a obssessão de diversas maneira, mas sempre partindo da intenção do doente em se melhorar. Tais métodos são a prece e esforço em não cometer atos ruins(que personifica a frase de Jesus “ orai e vigiai”); a Fluidoterapia (água fluidificada e o passe); o apoio de uma equipe mediúnica; o culto do evangelho no lar , a laborterapia e a freqüência a um centro espírita.O tratamento de fluidoterapia (passe e água fluidificada) consiste em repor os bons fluidos dos obsediados que são absorvidos pelos obssessores que os substituem por fluidos malfazejos.O culto do evangelho no lar facilita a freqüência de bons Espíritos no lar do obsediado, permite a penetração do Evangelho de Jesus na vida de todos, e é também, um elemento importante na fluidoterapia, pela água fluidificada.A laborterapia consiste em ocupar a mente do enfermo com trabalho, dificultando a instalação e permanência de fluídos deletérios neste, pois quando não estamos ocupados podemos dar margem a pensamentos ruins. Lembrem-se do velho ditado: cabeça vazia é oficina do mal.A ação da equipe espiritual de ajuda, se tornará mais evidente, quando houver a participação de um grupo mediúnico sério. Ambos Espíritos envolvidos serão beneficiados. O envolvimento carinhoso, o esclarecimento evangélico e doutrinário, realizado por um grupo mediúnico, serão extremamente benéficos ao obsessor e ao obsediado.Importante enfatizar, que a presença do obsediado à reunião mediúnica é dispensável e até mesmo prejudicial, só devendo este participar da reunião quando estiver efetivamente equilibrado. Muitas pessoas procuram um Centro Espírita a fim de se livrar de seus problemas espirituais jogando toda a responsabilidade para os espíritos mas se esquecendo de que se não se auto- evangelizar não obterão melhora no seu estado.Sendo assim, torna-se indispensável à reforma intima para todo aquele que deseja seguir na estrada terrena de forma equilibrada, pois através de nossos pensamentos, palavras, ações e sentimentos fundamentados no amor é possível elevar o padrão vibratório e com isso minimizar ou até mesmo extinguir tais perseguições espirituais.
“No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais, o paciente é, também, o agente da própria cura.” – Manoel Philomeno de Miranda.

DOUTRINA ESPÍRITA E O ABORTO

Sexta-feira, 23 de Maio de 2008

Doutrina Espírita e o Aborto
Doutrina Espírita e o Aborto
Segundo as leis de Deus, o aborto ocorrido de forma proposital, é um crime, a interrupção de uma gravidez impede que o espírito reencarnante renasça neste mundo, implicando em grande repercussão negativa em sua marcha evolutiva, visto que ao provocar a morte do feto este deixará de passar pelas provas e expiações necessárias ao seu progresso vital. Diante da concepção o espírito se une ao embrião do corpo futuro, através de seu laço fluídico, extensão de seu perispírito. Ao receberem o filho, os pais, devem vê-lo como um espírito imortal, que necessita seguir seu caminho espiritual. Muitas vezes a gestação pode ser uma oportunidade de aprendermos a amar, através do vínculo familiar, um espírito com quem tivemos alguma desavença no passado, ou ainda algum espírito afim com quem tínhamos uma ligação de amor. Se tal processo é interrompido de forma delituosa, todos os envolvidos se comprometem com o ato, exemplo: o médico que fez o aborto e seus auxiliares, o pai ou qualquer outro que financie, etc... Após o aborto, o espírito nem sempre aceita o ocorrido passando a cobrar todos aqueles que, de uma forma ou de outra, tiveram ligação com o ato, ou seja, passa a obssediar os envolvidos diretos e indiretos.Em relação à gravidez advinda do estupro, é nítida a dificuldade da mulher em prosseguir com gestação, mas a retirada do feto não apagará a violência por ela sofrida, perante a situação, necessário se faz meditar, não de forma que nos afete individualmente, mas sim em seu âmbito geral, recorrendo a Deus, que em sua misericórdia divina não permitiria que isso acontecesse se ela não tivesse débitos pregressos vinculados a violência sexual e que este filho concebido nestas circunstâncias pode ser um amigo de outras reencarnações e ambos podem ter alguns resgates para efetuarem em conjunto.Devemos deixar claro que a mãe se exime de culpa quanto ao aborto espontâneo, ou seja, que não foi provocado por ninguém e ainda no caso da mãe estar em perigo pelo nascimento da criança, conforme dispõe a questão 359 do Livro dos Espíritos.Livro dos Espíritos, questões 357, 358 e 359:357. Quais são, para o Espírito, as conseqüências do aborto?- Uma existência nula e a recomeçar358. O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção?- Há sempre crime quando se transgride a lei de Deus. A mãe ou qualquer pessoa cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.359. No caso em que a vida da mãe estaria em perigo pelo nascimento da criança, há crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?- É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.

21 dezembro 2008

DOS CONFINS DA PRÉ-HISTÓRIA ÀS SESSÕES DE ECTOPLASMIA

DOS CONFINS DA PRÉ-HISTÓRIA ÀS SESSÕES DE ECTOPLASMIA
Carlos Bernardo LoureiroSalvador - BA
Um indivíduo peludo, com aparência de um grande macaco, se materializa em um grupo de cientistas.
A materialização de um Pithecanthropus, através da faculdade mediúnica de Franek Kluski (pseudônimo de um ilustre poeta polonês) reveste-se num dos mais importantes fatos nos anais das pesquisas espíritas.
A sessão transcorria normalmente quando, em meio a uma nuvem de ectoplasma, que se desprendera do médium, a estranha criatura se apresentou. Era meio humano, meio macaco. Os investigadores presentes reconheceram que estavam diante do Pithecanthropus.
Eis como o Dr. Gustave Geley descreve o episódio:
"Um estranho ser se materializou. Tinha o rosto semelhante ao de um macaco e sua cabeça projetava-se pesadamente para a nuca. Tanto o rosto, quanto o corpo, eram cobertos por uma camada áspera de pêlos. Seus braços eram longos, as mãos grandes e poderosas. Não sabia falar, mas tomava as mãos dos assistentes e lambia-as! como fazem os cães. Era, possivelmente, o Pithecanthropus, e voltou a apresentar-se em outras sessões. Na reunião de 20 de novembro de 1920, um dos membros do nosso grupo tocou a sua cabeça de símio. Era, sem dúvida, a de um ancestral do homem que repousava sobre aqueles ombros pelados".
O professor F.W. Pewlowski, que lecionava anatomia na Universidade de Michigan, USA, presente à sessão, escreveu substancial artigo no "Journal of the American Society for Psychical Research", sobre a materialização do Pithecanthropus do qual extraímos o seguinte trecho:
"Ele passou a ser um assíduo freqüentador dessas sessões, mas foi-me difícil examiná-lo como deveria, pois tudo se passou em plena escuridão. É um indivíduo peludo, como um grande macaco. Também o seu rosto é coberto de pelos. Comporta-se animalescamente em relação aos assistentes, lambendo-lhes o rosto e as mãos. Na maioria das vezes, os freqüentadores terminam por romper a corrente, visto não se sentirem tranqüilos ante o ser primitivo. Eu o vi, ou melhor, o senti, uma vez em que ele veio esfregar-se em mim. E chegou-me às narinas um certo odor, ou antes, um cheiro característico que, no momento, não pude definir, mas que os investigadores habituados a essas manifestações definiram muito bem, chamando-o 'cheiro de molhado'. Nessa circunstância, o Pithecanthropus passou de mim a uma senhora agarrando-lhe a mão e esfregando-a no rosto dele. Como, porém, a dama estava segurando uma das mãos do médium, tal ato provocou a interrupção da corrente mediúnica e, em conseqüência, a desmaterialização do Pithecanthropus. A senhora se assustou e gritou aterrorizada!"
Franek Kluski (cujo nome verdadeiro ninguém conhece), que o Dr. Gustave Geley considerava "um médium universal, o maior entre os seus contemporâneos", possibilitava a materialização de animais e de seres humanos que, muitas vezes, usavam de estranhas linguagens. Diziam que a sua faculdade mediúnica, conquanto fosse um homem culto, fazia transportar para a sala de sessões rugidos e tropéis de criaturas selvagens.
Kluski foi examinado por Charles Richet, o Barão de Schrenck-Notzing e Gustave Geley" testemunhando a força extraordinária de seus dons mediúnicos. Sem nada cobrar, o médium de Varsóvia submetia-se a todos os testes criados à imaginação dos exigentes e desconfiados pesquisadores, nos laboratórios da capital da Polônia e Paris. As portas eram lacradas com adesivos rubricados pelos investigadores e tanto o médium como os assistentes eram encadeados juntos .
Iniciada a sessão, da massa de ectoplasma que se formava e se desprendia do médium, saía, aos poucos crocitando, uma imensa águia, mediando 10 pés, ou, mais ou menos, 3,33 metros, que ia, depois, pousar nos ombros de Franek Kluski, de onde ficava olhando os presentes com os "seus olhos de águia"... Também se materializavam cães, latindo, lambendo as mãos das pessoas. Gatos, esquilos e raposas. Numa noite, que ficou gravada nas mentes de todos os presentes, materializou-se uma forma humana que passeou, entre os assistentes, com um enorme leão... que rugia!
Em 1924, F. Kluski submeteu-se a rigorosas pesquisas com o Dr. F. W. Pewlowski, da Universidade de Michigan, USA, quando aconteceram vários fenômenos, entre os quais o da levitação alguns dos assistentes levitaram até o teto, inclusive o médium. E o mais extraordinário é que, ao término de uma dessas sessões, constatou-se que o médium, apesar de algemado, desaparecera da sala trancada e selada, sendo encontrado, inconsciente, em um cômodo distante. Os adesivos postos pelos pesquisadores na única porta do aposento estavam intactos...
Charles Richet e Gustave Geley, a título de prova, solicitavam às entidades espirituais que mergulhassem as mãos em cera fervente e as desmaterializassem em água fria. Os moldes permaneciam intactos. Os investigadores chegaram à conclusão que nenhum mão poderia ser submetida ao calor intenso da parafina derretida.
Eis o que Richet escreveu. a propósito, no livro `'TRINTA ANOS DE PESQUISAS PSÍQUICAS:
"De certa feita sem que ninguém soubesse Geley e eu colocamos uma pequena quantidade de colesterina na parafina derretida Essa substância é solúvel na parafina sem descobri-la, mas, se acrescentarmos a ela ácido sulfúrico. obtém-se uma tonalidade roxa intensa. Assim podíamos estar certos de que os moldes não eram de antemão preparados pois que no decorrer das sessões Geley e eu segurávamos as mãos do médium o mais firmemente que podíamos. A experiência resultou em urna luva de parafina, porém das mãos de urna criança e, em outra situação de duas mãos apertadas urna contra a outra Depois obtivemos o pé de uma criança As impressões digitais veias e pelos eram sempre visíveis nos moldes''.
Os fenômenos suscitados pela faculdade mediúnica de Franek Kluski, .ainda se encontram até hoje "sub júdice". Charles Richet considerou-os um mistério, que desafiou as inteligências mais argutas que tiveram a oportunidade de apreciá-los.

Pithecânthropus erectus (do plioceno inferior): em 1889 o médico e antropólogo holandês Dubois descobriu uma calota craniana, um fêmur e dois dentes às margens do Rio Solo, em Trinil (Java) . Publicou sua descrição (1894) e denominou o fóssil Pithecanthropus erectus, lembrando, dessa maneira suas características simiescas e humanas , assim como sua posição erecta. Os caracteres simiescos são representados pela fronte quase inexistente, as enormes arcadas superciliares, a face em focinho, o queixo fugaz:; os caracteres de tendência humana são a capacidade craniana muito superior à dos macacos ( 900 cm cúbicos),a estrutura dos dentes, o andar bípede. Cinqüenta anos mais tarde (1937-41) G. Von Koenigswald e F. Wendeireich descobriram em Sangiran, também em Java, uma série de fragmentos fósseis de grande tamanho mas estreitamente aparentados ao Pithecanthropus de Dubois.
As experiências com Charles Richet e Gustave Geley foram realizadas respectivamente no Instituto Metapsíquico de Paris e na Sociedade Polonesa de Pesquisas Psíquicas, em 1920.
Fonte: Revista Internacional de Espiritismo-Setembro 1993.

20 dezembro 2008

MARTINHO LUTERO

Vida e Obra de Martinho Lutero
Biografia.
Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Alemanha. Foi criado em Mansfeld. Na sua fase estudantil, foi enviado às escolas de latim de Magdeburg(1497) e Eisenach(1498-1501). Ingressou na Universidade de Erfurt, onde obteve o grau de bacharel em artes (1502) e de mestre em artes (1505).
Seu pai, um aldeão bem sucedido pertencente a classe média, queria que fosse advogado. Tendo iniciado seus estudos, abruptamente, os interrompeu entrando no claustro dos eremitas agostinianos em Erfurt. É um fato estranho na sua vida, segundo seus biógrafos. Alguns historiadores dizem que este fato aconteceu devido a um susto que teve quando caminhava de Mansfeld para Erfurt. Em meio a uma tempestade, quase foi atingido por um raio. Foi derrubado por terra e em seu pavor, gritava "Ajuda-me Santa Ana! Eu serei um monge!". Foi consagrado padre em 1507.
Entre 1508 e 1512, fez preleções de filosofia na Universidade de Wurtenberg, onde também ensinou as Escrituras, especializando-se nas Sentenças de Pedro Lombardo. Em 1512 formou-se Doutor em Teologia.
Fazia conferências sobre Bíblia, especializando-se em Romanos, Gálatas e Hebreus. Foi durante este período que a teologia paulina o influenciou, percebendo os erros que a Igreja Romana ensinava, à luz dos documentos fundamentais do cristianismo primitivo.
Lutero era homem de envergadura intelectual e habilidades pessoais. Em 1515, foi nomeado vigário, responsável por onze mosteiros. Viu-se envolvido em controvérsias com respeito a venda de indulgências.
Suas Lutas Pessoais.
Lutero estava galgando os escalões da Igreja Romana e estava muito envolvido em seus aspectos intelectuais e funcionais. Por outro lado, também estava envolvido em questões pessoais quanto à salvação pessoal. Sua vida monástica e intelectual não forneciam resposta aos seus anseios interiores, às suas aflitivas indagações.
Seus estudos paulinos deixaram-no mais agitado e inseguro, particularmente diante da afirmação "o justo viverá pela fé", Romanos 1:17. Percebia ele que a Lei e o cumprimento das normas monásticas, serviam tão-somente para condenar e humilhar o homem, e que nesta direção não se pode esperar qualquer ajuda no tocante à salvação da alma.
Martinho Lutero, estava trabalhando em "repensar o evangelho". Sendo monge agostiniano, fortemente influenciado pela teologia desta ordem monástica, paulina quanto aos seus pontos de vista, Lutero estava chegando a uma nova fé, que enfatizava a graça de Deus e a justificação pela fé.
Esta nova fé tornou-se o ponto fundamental de sua preleções. No seu desenvolvimento começou a criticar o domínio da filosofia tomista sobre a teologia romana. Ele estudava os escritos de Agostinho, Anselmo e Bernardo de Claraval, descobrindo nestes, a fé que começava a proclamar. Staupitz, orientou-o para que estudasse os místicos, em cujos escritos se consolou.
Em 1516, publicou o devocionário de um místico desconhecido, "Theologia Deutsch". Tornou-se pároco da igreja de Wittenberg, e tornou-se um pregador popular, proclamando a sua nova fé. Opunha-se a venda de indulgências comandada por João Tetzel.
As Noventa e Cinco Teses.
Inspirado por vários motivos, particularmente a venda de indulgências, na noite antes do Dia de Todos os Santos, a 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Igreja de Wittenberg, sua teses acadêmicas, intituladas "Sobre o Poder das Indulgências". Seu argumento era de que as indulgências só faziam sentido como livramento das penas temporais impostas pelos padres aos fiéis. Mas Lutero opunha-se à idéia de que a compra das indulgências ou a obtenção das mesmas, de qualquer outra maneira, fosse capaz de impedir Deus de aplicar as punições temporais. Também dizia que elas nada têm a ver como os castigos do purgatório. Lutero afirmava que as penitências devem ser praticadas diariamente pelos cristãos, durante toda a vida, e não algo a ser posto em prática apenas ocasionalmente, por determinação sacerdotal.
João Eck, denunciou Lutero em Roma, e muito contribuiu para que o mesmo fosse condenado e excluído do Igreja Romana. Silvester Mazzolini, padre confessor do papa, concordou com o parecer condenatório de Eck, dando apoio a este contra o monge agostiniano.
Em 1518. Lutero escreveu "Resolutiones", defendendo seus pontos de vista contra as indulgências, dirigindo a obra diretamente ao papa. Entretanto, o livro não alterou o ponto de vista papal a respeito de Lutero. Muitas pessoas influentes se declararam favoráveis a Martinho Lutero, tornando-se este então polemista popular e bem sucedido. Num debate teológico em Heidelberg, em 26 de abril de 1518, foi bem sucedido ao defender suas idéias.
Reação Papal.
A 7 de agosto de 1518, Lutero foi convocado a Roma, onde seria julgado como herege. Mas apelou para o príncipe Frederico, o Sábio, e seu julgamento foi realizado em território alemão em 12/14 de outubro de 1518, perante o Cardeal Cajetano, em Augsburg. Recusou-se a retratar-se de suas idéias, tendo rejeitado a autoridade papal, abandonando a Igreja Romana, o que ficou confirmado num debate em Leipzig com João Eck, entre 4 e 8 de julho de 1519.
A partir de então Lutero declara que a Igreja Romana necessita de Reforma, publica vários escritos, dentre os quais se destaca "Carta Aberta à Nobreza Cristã da Nação Alemã Sobre a Reforma do Estado Cristão". Procurou o apoio de autoridades civis e começou a ensinar o sacerdócio universal dos crentes, Cristo como único Mediador entre Deus e os homens, e a autoridade exclusiva das Escrituras, em oposição à autoridade de papas e concílios. Em sua obra "Sobre o Cativeiro Babilônico da Igreja", ele atacou o sacramentalismo da Igreja. Dizia que pelas Escrituras só podem ser distinguidos dois sacramentos o batismo e a Ceia do Senhor. Opunha-se à alegada repetida morte sacrificial de Cristo, por ocasião da missa. Em outro livro, "Sobre a Liberdade Cristã", ele apresentou um estudo sobre a ética cristã baseada no amor.
Lutero obteve grande popularidade entre o povo, e também considerável influência no clero.
Em 15 de julho de 1520, a Igreja Romana expediu a bula Exsurge Domine, que ameaçava Lutero de ser excomungado, a menos que se retratasse publicamente. Lutero queimou a bula em praça pública. Carlos V, Imperador do Santo Império Romano, mandou queimar os livros de Lutero em praça pública.
Lutero compareceu a Dieta de Worms, de 17 a 19 de abril de 1521. Recusou-se a retratação, dizendo que a sua consciência estava presa à Palavra de Deus, pelo que a retratação não seria seguro nem correto. Dizem os historiadores que concluiu a sua defesa com estas palavras : "Aqui estou; não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém". Respondendo a Dieta em 25 de maio de 1521, formalizou a excomunhão de Martinho Lutero, e a Reforma nascente também foi condenada.
Influência Política e Social
Por medidas de precaução, Lutero este recluso no castelo de Frederico, o Sábio, cerca de 10 meses. Teve tempo de trabalhar na tradução do Novo Testamento para a língua alemã. Esta tradução foi publicada em 1532. Com a ajuda de Melancton e outros, a Bíblia inteira foi traduzida, e, então, foi publicada em 1532. Finalmente, essa tradução unificou os vários dialetos alemães, do que resultou o moderno alemão.
Tem-se dito que Lutero foi o verdadeiro líder da Alemanha, de 1521 até 1525. Houve a Guerra dos Aldeões em 1525, das classes pobres contra os seus líderes. Lutero tentou estancar o derramamento de sangue, mas, quando os aldeões se recusaram a ouvi-lo, ele apelou para os príncipes a fim de restabelecerem a paz e a ordem.
Fato notável foi o casamento de Lutero, com Catarina von Bora, filha de família nobre, ex-freira cisterciana. Tiveram seis filhos, dos quais alguns faleceram na infância. Adotou outros filhos. Este fato serviu para incentivar o casamento de padres e freiras que tinham preferido adotar a Reforma. Foi um rompimento definitivo com a Igreja Romana.
Houve controvérsia entre Lutero e Erasmo de Roterdã, que nunca deixou a Igreja Romana, por causa do livre-arbítrio defendido por este. Apesar de admitir que o livre-arbítrio é uma realidade quanto a coisas triviais, Lutero negava que fosse eficaz no tocante à salvação da alma.
Outras Obras.
Em 1528 e 1529, Lutero publicou o pequeno e o grande catecismos, que se tornaram manuais doutrinários dos protestantes, nome dado aqueles que decidiram abandonar a Igreja Romana, na Dieta de Speyer, em 1529.
Juntamente com Melancton e outros, produziu a confissão de Augsburg, que sumaria a fé luterana em vinte e oito artigos. Em 1537, a pedido de João Frederico, da Saxônia, compôs os Artigos de Schmalkald, que resumem seus ensinamentos.
Enfermidade e Morte.
Os últimos dias de Lutero tornaram-se difíceis devido a problemas de saúde. Com freqüência tinha acesso de melancolia profunda. Apesar disso era capaz de trabalhar tenazmente. Em 18 de fevereiro de 1546, em Eisleben, teve um ataque do coração, vindo a falecer.
A Teologia de Lutero.
Como monge agostiniano, Lutero dava preferência a certos estudos, dentre os quais se destacam a soberania de Deus, dando uma abordagem mais bíblica às questões religiosas e às doutrinas cristãs. Alguns pontos defendidos por Lutero são :
Nem o papa nem o padre, tem o poder de remover os castigos temporais de um pecador.
A culpa pelo pecado não pode ser anulada por meio de indulgências.
Somente um autêntico arrependimento pode resolver a questão da culpa e do castigo, o que depende única e exclusivamente de Cristo.
Só há um Mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo.
Não há autoridade especial no papa.
As decisões dos concílios não são infalíveis.
A Bíblia é a única autoridade de fé e prática para o cristão.
A justificação é somente pela fé.
A soberania de Deus é superior ao livre-arbítrio humano.
Defendia a doutrina da consubstanciação em detrimento da transubstanciação.
Há apenas dois sacramentos : o batismo e a ceia do Senhor.
Opunha-se a veneração dos santos, ao uso de imagens nas Igrejas, às doutrinas da missa e das penitências e ao uso de relíquias.
Contrário ao celibato clerical.
Defendia a separação entre igreja e estado.
Ensinava a total depravação da natureza humana.
Defendia o batismo infantil e a comunhão fechada.
Defendia a educação dos fiéis em escolas paroquianas.
Repudiava a hierarquia eclesiástica.

O LIVRO DE URANTIA


AS RELIGIÕES DO MUNDO
Durante a permanência de Jesus, Gonod e Ganid na Alexandria, o jovem gastou boa parte do seu tempo e uma alta soma do dinheiro do seu pai fazendo uma coleção dos ensinamentos das religiões do mundo, sobre Deus e as suas relações com o homem mortal. Ganid empregou mais do que sessenta tradutores fazendo um apanhado geral das doutrinas religiosas do mundo a respeito das Deidades. E aqui deve ficar claro que todos esses ensinamentos, retratando o monoteísmo, derivaram-se, direta ou indiretamente, sobretudo das pregações dos missionários de Maquiventa Melquisedeque, que saíam da sua sede em Salém para disseminar a doutrina de um Deus – o Altíssimo – até os confins da Terra.
Neste documento está apresentada uma síntese dos manuscritos de Ganid, que ele preparou em Alexandria e Roma, e que ficou guardado na Índia por centenas de anos depois da sua morte. Ele colecionou esse material sob dez títulos, como segue:
1. O CINISMO
Os ensinamentos residuais dos discípulos de Melquisedeque, excetuando-se aqueles que perduraram na religião judaica, foram mais bem preservados nas doutrinas dos cínicos. A seleção feita por Ganid abrange o seguinte:
“Deus é supremo, ele é o Altíssimo dos céus e da Terra. Deus é o círculo tornado perfeito da eternidade; e ele governa o universo dos universos. Ele é o criador único dos céus e da Terra. Quando ele decreta alguma coisa, aquela coisa passa a ser. O Nosso Deus é um único Deus, e ele é compassivo e misericordioso. Tudo o que é elevado, sagrado, verdadeiro e belo é semelhante ao nosso Deus. O Altíssimo é a luz do céu e da Terra; ele é o Deus do leste, do oeste, do norte e do sul.
“Ainda que a Terra desaparecesse, a face resplandecente do Supremo residiria na majestade e na glória. O Altíssimo é o primeiro e o último, o começo e o fim de tudo. Não há senão este Deus único e o seu nome é Verdade. Deus existe por si próprio, e ele é desprovido de qualquer ódio e inimizade; ele é imortal e infinito. O nosso Deus é onipotente e bondoso. Se bem que ele tenha muitas manifestações, nós adoramos apenas o próprio Deus. Deus a tudo conhece – os nossos segredos e as nossas proclamações; ele também sabe o que cada um de nós merece. O seu poder é o mesmo sobre todas as coisas.
“Deus é um provedor de paz e um protetor fiel de todos os que o temem e nele confiam. A salvação, ele a dá a todos que o servem. Toda a criação existe no poder do Altíssimo. O Seu amor divino brota da santidade do seu poder,
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e a afeição nasce do poder da Sua grandeza. O Altíssimo decretou a união do corpo e da alma e dotou o homem com o próprio espírito dele. O que o homem faz deve chegar a um fim, mas o que o Criador faz continua para sempre. Ganhamos o conhecimento da experiência do homem, mas extraímos a sabedoria da contemplação do Altíssimo.
“Deus derrama a chuva sobre a terra, ele faz o sol brilhar sobre o grão que germina e nos dá a colheita abundante das coisas boas dessa vida e a salvação eterna do mundo que está por vir. O nosso Deus goza de grande autoridade; o seu nome é Excelente, e a sua natureza é insondável. Quando vós estiverdes doentes, é o Altíssimo quem vos cura. Deus é pleno de bondade para com todos os homens; nenhum amigo é como o Altíssimo. A sua misericórdia preenche todos os espaços e sua bondade abraça todas as almas. O Altíssimo é imutável; e é ele que nos ajuda toda vez que se faz necessário. Para onde quer que vos volteis para orar, ali está a face do Altíssimo e o ouvido atento do vosso Deus. Vós podeis esconder-vos dos homens, mas não de Deus. Deus não está a uma grande distância de nós; ele é onipresente. Deus preenche todos os lugares e vive no coração do homem que teme o seu santo nome. A criação está no Criador, e o Criador na sua criação. Nós buscamos o Altíssimo e então nós o achamos no nosso coração. Ide perguntar a um amigo querido, e então o descobrireis dentro da vossa alma.
“O homem que conhece a Deus vê todos os homens como iguais; eles são os seus irmãos. Aqueles que são egoístas, aqueles que ignoram os seus irmãos na carne, apenas têm o cansaço como recompensa. Aqueles que amam os seus semelhantes e que têm o coração puro verão a Deus. Deus nunca se esquece da sinceridade. Ele guiará o honesto de coração para a verdade, pois Deus é a verdade.
“Nas vossas vidas repudiai o erro, superai o mal pelo amor da verdade viva. Em todas as vossas relações com os homens, fazei o bem em troca do mal. O Senhor Deus é pleno de misericórdia e de amor; ele perdoa. Amemos a Deus, pois ele nos amou primeiro. Por meio do amor de Deus e da sua misericórdia nós seremos salvos. Os homens pobres e os ricos são irmãos. Deus é o seu Pai. O mal que não quiserdes que seja feito a vós, não o façais aos outros.
“Em todas as circunstâncias chamai o seu nome e, na mesma medida que vós acreditardes no seu nome, a vossa prece será ouvida. Que grande honra é adorar o Altíssimo! Todos os mundos e os universos adoram o Altíssimo. E em todas as vossas preces, agradecei – elevais-vos para adorar. A prece da adoração evita o mal e proíbe o pecado. Louvemos o nome do Altíssimo a todo momento. O homem que toma abrigo no Altíssimo oculta os seus defeitos do universo. Quando vós vos apresentais diante de Deus com o coração puro, vós vos tornais mais destemidos de toda a criação. O Altíssimo é como um pai e uma mãe cheios de amor; ele realmente nos ama, os seus filhos da Terra. O nosso Deus nos perdoará e guiará os nossos passos nos caminhos da salvação. Ele nos levará pela mão e nos conduzirá até ele. Deus salva àqueles que confiam nele; ele não obriga o homem a servir no seu nome.
“Se a fé no Altíssimo entrou no vosso coração, então permanecereis sem medo durante todos os dias da vossa vida. Não vos lamenteis por causa da prosperidade dos ímpios; não temais aqueles que tramam o mal; apartai a vossa alma do pecado e ponde toda a vossa confiança no Deus da Salvação. A alma fatigada do mortal errante encontra o descanso eterno nos braços do Altíssimo; o homem sábio tem fome do abraço divino; o filho da Terra almeja a segurança dos braços do Pai Universal. O homem nobre busca aquele estado elevado em que a alma do mortal se funde com o espírito do Supremo. Deus é justo: O fruto que plantarmos neste mundo e que não colhermos aqui, colheremos no próximo”.
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2. JUDAÍSMO
Os quenitas da Palestina mantiveram grande parte dos ensinamentos de Melquisedeque e dos registros dos mesmos, como foram preservados e modificados pelos judeus, Jesus e Ganid fizeram a seguinte seleção:
“No começo Deus criou os céus e a Terra e todas as coisas neles. E, pois, tudo o que ele criou era muito bom. O senhor é Deus; não há ninguém ao lado dele nos céus acima nem sobre a Terra abaixo. E por isso vós amareis o Senhor, vosso Deus, com todo o vosso coração e com toda a vossa alma e com toda a vossa força. A Terra estará cheia do conhecimento do Senhor à medida que as águas cobrem os mares. Os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento mostra o trabalho das suas mãos. Os dias falam uns após outros; e a noite mostra o conhecimento, noite após noite. Não há discurso ou língua em que a voz dele não seja ouvida. O trabalho do Senhor é grande e, na sabedoria, ele fez todas as coisas; a grandeza do senhor é insondável. Ele sabe o número das estrelas; ele as chama a todas pelos seus nomes.
“O poder do Senhor é grande e a sua compreensão é infinita. Diz o Senhor: ‘Como os céus são mais altos do que a Terra, também os meus caminhos são mais altos do que os vossos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos’. Deus revela as coisas secretas e profundas porque a luz reside nele. O Senhor é misericordioso e pleno de graça; ele é paciente e abundante em bondade e verdade. O Senhor é bom e reto; aos mansos ele guiará ao julgamento. Provais e vede que o Senhor é bom! Abençoado é o homem que confia em Deus. Deus é a nossa força e o nosso refúgio, e uma ajuda muito presente nas dificuldades.
“A misericórdia do Senhor perdura, da eternidade, sobre todos aqueles que o temem e a sua retidão estende-se aos filhos dos nossos filhos. O Senhor é pleno de graça e repleto de compaixão. O Senhor é bom para todos, e as suas ternas graças recaem sobre toda a sua criação; ele cura os corações alquebrados e medica as suas feridas. Onde me esconderia da presença de Deus? Para onde eu fugiria da presença divina? Aquele Altíssimo e Sublime que habita a eternidade, e cujo nome é Santo, diz: ‘Eu resido no local elevado e santo; e também resido naquele que tem um coração contrito e um espírito humilde!’ Ninguém pode esconder-se do nosso Deus, pois ele preenche o céu e a Terra. Que os céus fiquem felizes e que a Terra se rejubile. Deixai todas as nações dizerem: O Senhor reina! Dai graças a Deus, pois a sua misericórdia perdura para sempre.
“Os céus declaram a retidão de Deus, e todo o povo viu a sua glória. Foi Deus que nos fez a nós, e não nós próprios; somos o povo dele, as ovelhas do seu pasto. A sua misericórdia é eterna, e a sua verdade resiste a todas as gerações. O nosso Deus governa entre as nações. Que a Terra fique repleta da sua glória! Ó homens, louvai ao Senhor pela sua bondade e pelas suas dádivas maravilhosas aos filhos dos homens!
“Deus criou o homem um pouco aquém do divino e o coroou com amor e misericórdia. O senhor conhece o caminho da retidão, mas o caminho daquele que é mau perecerá. O temor ao Senhor é o começo da sabedoria; conhecer o Supremo é compreendê-lo. O Senhor Todo Poderoso diz: ‘Caminhai comigo e sede perfeitos’. Não esqueçais de que o orgulho vem antes da destruição e que a arrogância de espírito vem antes da queda. Aquele que governa o seu próprio espírito é mais poderoso do que aquele que se apodera de uma cidade. Diz o Senhor Deus, o Santo: ‘Quando retornardes ao vosso repouso espiritual, sereis salvos; na calma e na confiança estará a vossa força’. Aqueles que servem ao senhor renovarão a sua força; eles elevar-se-ão com asas como águias. Eles correrão
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e não ficarão cansados; eles caminharão e não se esmorecerão. O senhor dar-vos-á o alívio para os vossos medos. Diz o senhor: ‘Não temais, pois estou convosco. Não desanimais, pois eu sou o vosso Deus. Eu fortalecer-vos-ei, eu ajudar-vos-ei e, sim, eu apoiar-vos-ei com a mão direita da minha justiça’.
“Deus é o nosso Pai; o Senhor é o nosso redentor. Deus criou as hostes do universo, e ele as preserva a todas. A sua retidão assemelha-se às montanhas e o seu julgamento ao grande abismo. Ele nos faz beber do rio dos seus prazeres, e na sua luz nós veremos a luz. É bom agradecer ao Senhor e cantar louvores ao Altíssimo; demonstrar amor e bondade pela manhã e a devoção da fé toda noite. O Reino de Deus é eterno, e o seu domínio resiste a todas as gerações. O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Graças a ele eu repouso na grama verde; ele me conduz em águas tranqüilas. Ele restaura a minha alma. E me conduz ao caminho da retidão. Sim, embora eu caminhe no vale das sombras da morte, eu não temerei a nenhum mal, pois Deus está comigo. Decerto a bondade e a misericórdia me acompanharão todos dias da minha vida, e eu habitarei para sempre na casa do Senhor.
“Yavé é o Deus da minha salvação; portanto colocarei a minha confiança no nome divino. De todo o meu coração eu confiarei no Senhor; eu não me apoiarei na minha própria compreensão. Em todos os meus caminhos eu o reconhecerei e ele dirigirá os meus passos. O Senhor é fiel; ele mantém a sua palavra para com aqueles que o servem; o justo viverá pela sua fé. Vós não fazeis o bem porque o pecado está junto à porta; os homens colhem o mal que plantam e o pecado que semeiam. Não vos lamurieis por causa dos que fazem o mal. Se vós aceitardes a iniqüidade no vosso coração, o Senhor não vos escutará; se pecardes contra Deus, também errareis contra a vossa própria alma. Deus levará o trabalho de todos os homens a julgamento e junto às coisas mais secretas, sejam boas ou más. Assim como o homem pensa no seu coração, assim ele é.
“O Senhor está próximo de todos aqueles que o chamam com sinceridade e com verdade. O pranto pode durar uma noite, mas o júbilo vem pela manhã. Um coração feliz faz tanto bem quanto um medicamento. Deus não recusará nada de bom àqueles que caminham na retidão. Temei a Deus e respeitai os seus mandamentos, pois apenas esse é o dever do homem. Assim diz o Senhor criador dos céus e formador da Terra: ‘Um Deus justo e um salvador, não há outro Deus além de mim. Em todos os confins da Terra, voltai-vos para mim e sejais salvos. Se me procurardes, encontrar-me-eis contanto que me busqueis de todo o coração’. Os mansos herdarão a Terra e deleitar-se-ão na abundância da paz. Aquele que semear a iniqüidade colherá a calamidade; aqueles que semearem ventos colherão tempestades.
“‘Vinde agora, pensemos juntos’, diz o Senhor: ‘Embora os vossos pecados sejam escarlates, eles ficarão brancos como a neve. Ainda que sejam vermelhos carmesim, eles ficarão claros como a lã’. Mas não há paz para os perversos; os vossos próprios pecados afastarão de vós as boas coisas. Deus é a saúde no meu rosto e a alegria na minha alma. O Deus eterno é a minha força; ele é a nossa morada, e os seus braços eternos nos sustentam. O Senhor está próximo daqueles que têm o coração alquebrado; ele salva todos que têm o espírito de criança. Muitas são as aflições do homem reto, mas o senhor o livra de todas elas. Entregai o vosso caminho ao Senhor – confiai nele – e ele vos levará até o fim. Aquele que reside no lugar secreto do Altíssimo habitará à sombra do Todo Poderoso.
“Amai o próximo como a vós mesmos; não guardeis rancor de nenhum homem. Não façais a ninguém aquilo que abominais. Amai o vosso irmão, pois o Senhor disse: ‘Eu amarei os meus filhos livremente’. O caminho do justo é como uma luz resplandecente que brilha mais e mais, até o dia perfeito. Aqueles que são sábios resplandecerão com o brilho do
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firmamento e aqueles que conduzirem muitos para a justiça brilharão como as estrelas, para todo o sempre. Que o homem mau abandone o seu caminho de pecado e o homem injusto os seus pensamentos rebeldes. Diz o Senhor: ‘Que eles retornem para mim e eu terei misericórdia para com eles; e os perdoarei totalmente’.
“Diz o Senhor, criador do céu e da Terra: ‘Que os que amam a minha lei tenham uma grande paz. Os meus mandamentos são: Vós amar-me-eis de todo o coração; não tereis outros deuses diante de mim; não tomareis o meu nome em vão; lembrai-vos de manter santo o dia de sábado; honrai o vosso pai e a vossa mãe; não matareis; não cometereis adultério; não roubareis; não dareis testemunho falso; não cobiçareis’.
“E a todos os que amam o Senhor supremamente e ao seu próximo como a si próprios, o Deus do céu diz: ‘Eu vos resgatarei do túmulo; eu vos redimirei da morte. Serei grato para com os vossos filhos, tanto quanto justo. Pois eu não disse das minhas criaturas na Terra, vós sois os filhos do Deus vivo? E eu não vos amei com um amor eterno? E não vos convoquei para vos tornardes semelhantes a mim e para residirdes para sempre comigo no Paraíso?’”
3. BUDISMO
Ganid ficou chocado ao descobrir quão perto o budismo chegara de ser uma religião grande e bela, sem Deus, sem uma Deidade pessoal e universal. Contudo, ele encontrou algum registro de certas crenças anteriores, que refletiam algo da influência dos ensinamentos dos missionários de Melquisedeque os quais continuaram seu trabalho na Índia, até os tempos de Buda. Jesus e Ganid coletaram os seguintes trechos da literatura budista:
“De um coração puro a alegria brotará para o infinito; todo o meu ser está em paz com esse júbilo supramortal. A minha alma está cheia de contentamento, e o meu coração extravasa com bênçãos de confiança pacífica. Eu não tenho medo; estou liberto das ansiedades. Eu resido na segurança, e os meus inimigos não podem me alarmar. Estou satisfeito com os frutos da minha confiança. Encontrei como me aproximar do Imortal por meio de um acesso fácil. Oro para que a fé me sustente durante a longa jornada; sei que a fé do além não me falhará. Sei que os meus irmãos prosperarão se eles ficarem imbuídos da fé do Imortal, e mesmo da fé que gera a modéstia, a retidão, a sabedoria, a coragem, o conhecimento e a perseverança. Abandonemos a tristeza e rejeitemos o medo. Que nos mantenhamos, pela fé, na verdadeira justiça e na virilidade genuína. Aprendamos a meditar sobre a justiça e a misericórdia. A fé é a verdadeira riqueza do homem; é o dom da virtude e da glória.
“A injustiça é indigna; e o pecado é desprezível. O mal é degradante, seja ele forjado em pensamentos ou nos atos. A dor e a tristeza seguem o caminho do mal como o pó segue o vento. A felicidade e a paz da mente seguem o pensamento puro e a vida virtuosa, como a sombra segue a substância das coisas materiais. O mal é fruto do pensamento dirigido de um modo errado. É errado ver o pecado onde não há pecado; e não ver pecado onde está o pecado. O mal é o caminho das doutrinas falsas. Aqueles que evitam o mal, vendo as coisas como elas são, ganham o júbilo por abraçarem a verdade assim. Dai um fim à vossa miséria, abominando o pecado. Quando olhardes Aquele que é Nobre, afastai-vos do pecado com todo o vosso coração. Não façais apologia do mal; não crieis desculpas para o pecado. Pelos próprios esforços de emendar-vos dos pecados passados, vós adquiris a força para resistir à tendência futura para eles. A resistência ao mal vem do arrependimento. Não deixeis de confessar nenhuma das vossas faltas para com Aquele que é Nobre.
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“A alegria e o contentamento são as recompensas pelos feitos do bem e para a glória do Imortal. Nenhum homem pode roubar a liberdade da vossa própria mente. Quando a fé da vossa religião tiver emancipado o vosso coração, quando a mente, como uma montanha, estiver estabelecida e inamovível, então a paz da alma fluirá tranqüilamente como um rio de água. Aqueles que estiverem certos da salvação estão para sempre livres da luxúria, da inveja, do ódio e das ilusões da riqueza. Embora a fé seja a energia para a vida melhor, contudo, deveis trabalhar para a vossa própria salvação, com perseverança. Se vós estiverdes certos da vossa salvação final, então certificai-vos de que buscais sinceramente cumprir toda a retidão e justiça. Cultivai a certeza do coração que nasce de dentro e que assim vem para desfrutar do êxtase da salvação eterna.
“Nenhum religioso pode esperar alcançar a iluminação da sabedoria imortal se persistir sendo preguiçoso, indolente, fraco, impudente e egoísta. Mas quem for prudente, previdente, reflexivo, fervoroso e sincero – até mesmo enquanto ainda viver na Terra – pode alcançar a iluminação suprema da paz e da liberdade da sabedoria divina. Lembrai-vos, cada ato terá a sua recompensa. O mal resulta em tristeza e o pecado termina em dor. O júbilo e a felicidade advêm de uma vida de bondade. Mesmo o pecador desfruta de uma temporada de graça, antes do total amadurecimento dos seus feitos no mal, mas inevitavelmente a colheita plena deve advir do mal. Que nenhum homem pense no mal com leveza, dizendo ao seu coração: ‘A punição do erro não virá para mim’. O que fizerdes será feito a vós, no julgamento da sabedoria. A injustiça feita aos vossos irmãos retornará para vós. A criatura não pode escapar do destino dos seus feitos.
“O tolo diz para o seu coração: ‘o mal não me tomará’. Mas a segurança é encontrada apenas quando a alma aceita a reprovação e a mente busca a sabedoria. O homem sábio é uma alma nobre que permanece amiga diante dos seus inimigos, tranqüila em meio à turbulência e generosa entre os ambiciosos. O amor do ego é como as ervas daninhas em um campo do bem. O egoísmo leva à tristeza; a inquietude perpétua mata. A mente domesticada traz a felicidade. O maior dos guerreiros é o que vence e domina a si próprio. A contenção em todas as coisas é boa. Apenas aquele que estima a virtude e observa o seu dever é uma pessoa superior. Que a raiva e o ódio não sejam os vossos mestres. Não faleis duramente de ninguém. O contentamento é a maior riqueza. O que é dado sabiamente é bem poupado. Não façais aos outros as coisas que não quiserdes sejam feitas a vós. Pagai com o bem pelo mal; vencei o mal com o bem.
“Uma alma reta é mais desejável do que a soberania de toda a Terra. A imortalidade é a meta da sinceridade; a morte, o fim de uma vida impensada. Aqueles que são honestos não morrem; os impensados já estão mortos. Abençoados são aqueles que têm o discernimento do estado imortal. Aqueles que torturam os vivos, dificilmente encontrarão a felicidade depois da morte. Os generosos vão para os céus, onde se rejubilam na bênção da liberalidade infinita e continuam a crescer na sua nobre generosidade. Todo mortal que pensa com justiça, que fala nobremente e age sem egoísmo não apenas desfrutará da virtude aqui, durante esta breve vida, mas também, depois da dissolução do corpo, continuará a desfrutar das delícias do céu”.
4. HINDUÍSMO
Os missionários de Melquisedeque levaram consigo, para onde viajaram, os ensinamentos de um único Deus. Grande parte dessa doutrina monoteísta, junto com outros conceitos anteriores, incorporou-se aos ensinamentos posteriores do hinduísmo. Jesus e Ganid selecionaram os seguintes excertos:
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“Ele é o grande Deus, supremo em todos os sentidos. Ele é o Senhor que abrange todas as coisas. Ele é o criador e o controlador do universo dos universos. Deus é um só Deus; ele é único e existe por si próprio; ele é o único. E esse Deus único é o nosso Criador e o destino último da alma. O Supremo brilha mais do que se pode descrever; é a Luz das Luzes. Todo coração e todo mundo estão iluminados por essa luz divina. Deus é o nosso protetor – ele está ao lado das suas criaturas – e aqueles que aprendem a conhecê-lo tornam-se imortais. Deus é a grande fonte de energia; ele é a Grande Alma. Ele exerce a soberania universal sobre tudo. Este único Deus é cheio de amor, é glorioso e adorável. O nosso Deus é supremo em poder e reside na morada suprema. Essa verdadeira Pessoa é eterna e divina; ele é o Senhor primordial dos céus. Todos os profetas o têm louvado, e ele tem revelado a si próprio para nós. Nós o adoramos. Ó Pessoa Suprema, fonte dos seres, senhor da criação e governante do universo, revelai para nós, criaturas vossas, o poder pelo qual vós permaneceis imanente! Deus fez o sol e as estrelas; ele é luminoso, puro e auto-existente. O seu conhecimento eterno é divinamente sábio. O Eterno é impenetrável ao mal. Porque o universo saiu de Deus, ele o governa apropriadamente. Ele é a causa da criação, e, pois, todas as coisas estão estabelecidas nele.
“Deus é o refúgio seguro de todo homem bom que necessita dele; o Único Imortal cuida de toda a humanidade. A salvação de Deus é forte e a sua bondade é graciosa. Ele é um protetor amante, um defensor abençoado. Diz o Senhor: ‘Eu resido nas suas próprias almas como uma lâmpada de sabedoria. Eu sou o resplendor do esplêndido e a bondade do bom. Onde dois ou três reúnem-se, lá também eu estou’. A criatura não pode escapar da presença do Criador. O Senhor chega a contar as piscadelas dos olhos de todos os mortais; e nós adoramos esse Ser divino como o nosso companheiro inseparável. Ele prevalece acima de tudo, é magnânimo, onipresente e infinitamente bom. O Senhor é o nosso governante, o nosso abrigo e o controlador supremo e o seu espírito primordial reside na alma mortal. Testemunho Eterno do vício e da virtude, ele reside no coração do homem. Meditemos longamente sobre o Vivificador adorável e divino; que o seu espírito dirija totalmente os nossos pensamentos. Deste mundo irreal conduzi-nos ao real! Da escuridão conduzi-nos à luz! Da morte guiai-nos à imortalidade!
“Com os nossos corações purgados de todo ódio, adoremos o Eterno. O nosso Deus é o Senhor da prece; ele escuta o choro dos seus filhos. Que todos os homens submetam as suas vontades a ele, o Resoluto. Deliciemo-nos na liberalidade do Senhor da prece. Fazei da prece o vosso amigo interior e adorai o suporte da vossa alma. ‘Se apenas me adorardes com amor’, diz o Eterno, ‘eu dar-vos-ei a sabedoria para alcançar-me, pois adorar-me é a virtude comum a todas as criaturas’. Deus é o iluminador dos melancólicos e a força daqueles que estão abatidos. Se Deus é o nosso amigo forte, não mais temos medo. Louvamos o nome do Conquistador nunca conquistado. Nós o adoramos porque ele é o apoio fiel e eterno do homem. Deus é o nosso líder seguro e guia infalível. Ele é o grande Pai do céu e da Terra, que possui energia ilimitada e sabedoria infinita. O seu esplendor é sublime e a sua beleza divina. Ele é o refúgio supremo do universo e o guardião imutável da lei eterna. O nosso Deus é o Senhor da vida e o Confortador de todos os homens; ele ama a humanidade e ajuda àqueles que estão aflitos. Ele nos deu a vida e é o Bom Pastor dos rebanhos humanos. Deus é o nosso pai, irmão e amigo. E nós ansiamos por conhecer esse Deus no nosso ser interno.
“Nós aprendemos a ganhar a fé pelo desejo dos nossos corações. Nós alcançamos a sabedoria pela reclusão dos nossos sentidos, e com a sabedoria nós experimentamos a paz no Supremo. Aquele que está cheio de fé adora verdadeiramente quando, no seu eu interior, tem o intento de Deus. O nosso Deus usa os céus como um manto; ele também reside nos outros
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seis universos em grande expansão. Ele é supremo acima de tudo e em tudo. Nós suplicamos o perdão do Senhor por todos os nossos abusos contra os nossos semelhantes; e nós perdoamos o nosso amigo pelo erro que ele cometeu contra nós. O nosso espírito abomina todo o mal; portanto, ó Senhor, libertai-nos de toda mancha de pecado. Oramos a Deus como o confortador, protetor e salvador – como aquele que nos ama.
“O espírito do Sustentador do Universo entra na alma da criatura simples. Sábio é aquele homem que adora o único Deus. Aqueles que se esforçam pela perfeição devem de fato conhecer o Senhor Supremo. Aquele que conhece a segurança abençoada do Supremo nunca teme, pois o Supremo diz àqueles que o servem: ‘Não temais, pois eu estou convosco’. O Deus da providência é o nosso Pai. Deus é verdade. E o desejo de Deus é que as suas criaturas devam compreendê-lo – que cheguem a conhecer plenamente a verdade. A verdade é eterna; ela sustenta o universo. O nosso desejo supremo será a união com o Supremo. O Grande Controlador é o gerador de todas as coisas – tudo evolui dele. E esse é todo o dever: Que nenhum homem faça a outro o que seria repugnante para ele próprio; não alimenteis nenhuma malícia, não batais naquele que bater em vós, vencei a raiva com a misericórdia, e triunfai sobre o ódio pela benevolência. E tudo isso devemos fazer porque Deus é uma espécie de amigo e um pai cheio de graças que redime todas as nossas ofensas terrenas.
“Deus é o nosso Pai, a Terra é a nossa mãe e o universo o nosso local de nascimento. Sem Deus a alma é uma prisioneira; conhecer a Deus liberta a alma. Pela meditação em Deus, pela união com ele, vem a libertação das ilusões do mal e a salvação última das prisões materiais. Quando o homem puder enrolar o espaço como um pedaço de couro, então virá o fim do mal porque ele terá encontrado a Deus. Ó Deus, salvai-nos da tríplice ruína do inferno – o desejo, a ira e a avareza! Ó alma, reforça-te para a luta espiritual da imortalidade! Quando o fim da vida mortal vier, não hesites em abandonar esse corpo por uma forma mais própria e mais bela e para despertar-te nos reinos do Supremo e Imortal, onde não há nenhum medo, tristeza, fome, sede ou morte. Conhecer a Deus é cortar as cordas da morte. A alma que conhece a Deus eleva-se no universo, como o creme paira sobre o leite. Nós adoramos a Deus, o artesão de tudo, a Grande Alma que está sempre assentada no coração das suas criaturas. E aquele que sabe que Deus está entronizado no coração do homem está destinado a tornar-se como ele – imortal. O mal deve ser deixado para trás nesse mundo, mas a virtude segue com a alma para o céu.
“Apenas os perversos dizem: o universo não tem nem verdade nem governante; ele foi feito para os nossos prazeres. Essas almas são enganadas pela pequenez dos seus intelectos. Assim abandonam-se ao gozo da sua luxúria e privam as próprias almas do júbilo da virtude e dos prazeres da retidão. O que pode ser maior do que experimentar a salvação do pecado? O homem que tiver visto o Supremo é imortal. Os bens da carne não podem sobreviver à morte; só a virtude caminha ao lado do homem enquanto ele viaja sempre adiante na direção dos campos cheios de alegria e sol do Paraíso”.
5. ZOROASTRISMO
Zoroastro esteve, ele próprio, em contato direto com os descendentes dos primeiros missionários da missão Melquisedeque, e a sua doutrina do Deus único tornou-se um ensinamento central na religião que ele fundou na Pérsia. À parte o judaísmo, nenhuma religião daquela época continha um teor tão alto dos ensinamentos de Salém. Dos registros dessa religião Ganid retirou as seguintes citações:
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“Todas as coisas vêm do Deus Único e pertencem a ele – onisciente, bom, justo, santo, resplandecente e glorioso. Esse nosso Deus é a fonte de toda a luminosidade. Ele é o Criador, o Deus de todos os propósitos, e o protetor da justiça do universo. O curso sábio da vida é agir em consonância com o Espírito da Verdade. Deus a tudo vê, e ele percebe tanto os feitos errados dos maus quanto as boas obras dos justos; o nosso Deus observa todas as coisas com um olho reluzente. O seu toque é o toque da cura. O Senhor é o benfeitor Todo Poderoso. Deus estende a sua mão benéfica tanto para o justo quanto para o perverso. Deus estabeleceu o mundo e ordenou as recompensas para o bem e para o mal. O Deus onisciente prometeu imortalidade às almas pias, que pensam com pureza e agem com justiça. E como desejardes supremamente, assim será. A luz do sol é como a sabedoria para aqueles que discernem Deus no universo.
“Louvai a Deus procurando o prazer do Único Sábio. Adorai o Deus da luz trilhando alegremente os caminhos ordenados pela sua religião revelada. Não há senão um Deus Supremo, o Senhor das Luzes. Nós adoramos aquele que fez as águas, as plantas, os animais, a Terra e os céus. O nosso Deus é o Senhor, o mais beneficente. Nós adoramos o mais formoso, o generoso Imortal, dotado com a luz eterna. Deus está muito distante de nós e ao mesmo tempo ele está bem perto de nós, pois reside dentro das nossas almas. O nosso Deus é o espírito mais divino e mais santo do Paraíso, e ainda mais amigo do homem do que a mais amiga de todas as criaturas. Deus é de uma grande ajuda para nós, na maior de todas as tarefas: o conhecimento dele próprio. Deus é o nosso mais adorável e justo amigo; ele é a nossa sabedoria, a vida e o vigor da alma e do corpo. Através dos nossos bons pensamentos o sábio Criador capacitar-nos-á a cumprir a sua vontade, alcançando assim a realização de tudo o que é divinamente perfeito.
“Senhor, ensinai-nos como viver esta vida na carne enquanto nos preparamos para a próxima vida do espírito. Falai-nos, Senhor, e faremos o que nos mandardes. Ensinai-nos os bons caminhos, e nos conduziremos pelo bom caminho. Concedei-nos alcançar a união convosco. Sabemos que a religião que leva à união com a retidão está certa. Deus é a nossa natureza sábia, o melhor pensamento e o ato justo. Possa Deus conceder-nos a união com o espírito divino e a imortalidade nele próprio!
“Esta religião do Único Sábio purifica o crente de todo mau pensamento e dos feitos pecaminosos. Me curvo diante do Deus do céu em arrependimento, caso eu vos tenha ofendido em pensamentos, palavras ou atos – intencionalmente ou não –, e eu ofereço orações em agradecimento e a louvação pelo perdão. Sei que quando eu me confesso, se me propuser a não cometer de novo o pecado, ele será removido da minha alma. Sei que o perdão remove os laços do pecado. Aqueles que fazem o mal receberão a punição, mas aqueles que se conduzirem segundo a verdade desfrutarão da bênção de uma salvação eterna. Tomai-nos por intermédio da graça e ministrai o poder salvador às nossas almas. Nós clamamos por misericórdia porque aspiramos alcançar a perfeição; nós poderíamos ser como Deus”.
6. SUDUANISMO ( JAINISMO)
O terceiro grupo de crentes religiosos que preservaram a doutrina de um Único Deus na Índia – a sobrevivência dos ensinamentos de Melquisedeque – era conhecido naqueles dias como os suduanistas. Mais recentemente esses crentes ficaram conhecidos como seguidores do jainismo. Eles ensinaram:
“O Deus do Céu é supremo. Aqueles que cometem pecados não ascenderão ao alto, mas aqueles que caminharem nas trilhas da justiça encontrarão um lugar no céu. A vida posterior nos é assegurada se conhecermos a verdade. A alma do homem pode ascender
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ao céu mais elevado, para lá desenvolver a sua verdadeira natureza espiritual, até alcançar a perfeição. O estado celeste libera o homem das cadeias do pecado e o introduz às beatitudes últimas; o homem justo já experimentou um fim dos pecados e de todas as misérias a ele ligadas. O ego é o inimigo invencível do homem, e manifesta-se como as quatro maiores paixões do homem: a raiva, o orgulho, o engano e a cobiça. A maior vitória do homem é a conquista de si próprio. Quando o homem volta-se a Deus pelo perdão, e quando ele ousa desfrutar dessa liberdade, por meio disto ele libera-se do medo. O homem deveria passar pela vida tratando as criaturas semelhantes suas como ele gostaria de ser tratado”.
7. XINTOISMO
Havia pouco tempo que os manuscritos dessa religião do Oriente distante tinham chegado à biblioteca de Alexandria. Era a única religião do mundo de que Ganid nunca tinha ouvido falar. Essa crença também continha remanescentes dos primeiros ensinamentos de Melquisedeque, como nos é mostrado no seguinte resumo:
“Diz o senhor: ‘Vós todos sois recipientes do meu poder divino; todos os homens desfrutam da minha ministração de misericórdia. Eu tenho um grande prazer na multiplicação dos homens justos pelas terras. Tanto nas belezas da natureza quanto nas virtudes dos homens, o Príncipe dos Céus busca revelar a si próprio e mostrar a sua natureza reta. Já que os povos antigos não sabiam o meu nome, eu me manifestei nascendo no mundo como uma existência visível e me submeti a uma tal humilhação para que os homens não esquecessem o meu nome. Eu sou aquele que fez o céu e a Terra; o sol e a lua e todas as estrelas obedecem à minha vontade. Eu sou o governante de todas as criaturas nas terras e nos quatro mares. Embora eu seja grande e supremo, eu ainda tenho consideração pela prece do homem mais humilde. Se qualquer criatura me adorar, eu ouvirei a sua prece e concederei o desejo do seu coração’.
“‘Toda vez que o homem der lugar à ansiedade, ele fica um passo mais longe de deixar o espírito governar o seu coração’. O orgulho esconde Deus. Se vós quiserdes obter a ajuda celeste, ponde o orgulho de lado; cada traço de orgulho intercepta a luz salvadora, como se fosse uma grande nuvem. Se vós não tendes a retidão dentro de vós, inútil é orar àquele que está do lado de fora. ‘Se escuto as vossas preces, é porque vindes a mim com um coração limpo, livre de falsidade e de hipocrisia, com uma alma que reflete a verdade como um espelho. Se quiserdes ganhar a imortalidade, abandonai o mundo e vinde a mim’ ”.
8. TAOISMO
Os mensageiros de Melquisedeque penetraram bem a fundo na China, e a doutrina de um único Deus tornou-se uma parte dos primeiros ensinamentos de várias religiões chinesas; a que perdurou por mais tempo e que continha a maior parte da verdade monoteísta foi o taoísmo, e Ganid reuniu o seguinte, dos ensinamentos do seu fundador:
“Quão puro e tranqüilo é o Único Supremo e ainda quão forte e poderoso, profundo e insondável! Esse Deus do céu é o honrado ancestral de todas as coisas. Se vós conheceis o Eterno, sois esclarecidos e sábios. Se vós não conheceis o Eterno, então a ignorância manifesta-se em vós como um mal, e assim as paixões do pecado surgem. Esse Ser maravilhoso existia antes que existissem os céus e a Terra. Ele é verdadeiramente espiritual; ele é único e não muda. Ele de fato é a mãe do mundo e toda a criação move-se em torno dele. Esse Grande Ser distribui-se aos
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homens e assim capacita-os a elevarem-se e a sobreviverem. Mesmo se alguém não tem senão poucos conhecimentos, ainda assim pode andar nos caminhos do Supremo; pode conformar-se à vontade do céu.
“Todas as boas obras do verdadeiro serviço vêm do Supremo. Todas as coisas dependem da Grande Fonte para viver. O Grande Supremo não exige nada para a dádiva da sua outorga. Ele é supremo em poder, e ainda assim ele permanece escondido dos nossos olhares. Ele transmuta incessantemente os seus atributos ao aperfeiçoar as suas criaturas. A Razão celeste é lenta e paciente nos seus desígnios, mas é certa da sua realização. O Supremo abrange todo o universo e o sustenta por inteiro. Quão grande e poderosa é a sua influência transbordante e o seu poder de atração! A verdadeira bondade é como a água, pois abençoa a tudo e não fere a ninguém. E, como a água, a verdadeira bondade procura os lugares mais baixos, e mesmo aqueles níveis que os outros evitam e isso porque ela é semelhante ao Supremo. O Supremo cria todas as coisas, nutrindo-as na natureza e perfeccionando-as no espírito. E é um mistério como o Supremo sustenta, protege e perfecciona a criatura sem obrigá-la. Ele guia e dirige, mas sem imposições. Ele ministra a progressão, mas sem dominação.
“O homem sábio universaliza o seu coração. Um conhecimento pequeno é uma coisa perigosa. Aqueles que aspiram à grandeza devem aprender a humilhar a si próprios. Na criação, o Supremo tornou-se a mãe do mundo. Conhecer a própria mãe é reconhecer a própria filiação. Aquele que considera todas as partes do ponto de vista do todo é um homem sábio. Relacionai-vos com todo homem como se vós estivésseis no lugar dele. Recompensai a injúria com a bondade. Se amardes as pessoas, elas aproximar-se-ão de vós – e vós não tereis nenhuma dificuldade em ganhá-las.
“O Grande Supremo a tudo penetra; ele está na mão esquerda e na direita; ele sustenta toda a criação e reside em todos os seres verdadeiros. Vós não podeis achar o Supremo, nem podeis ir a um lugar onde ele não esteja. Se um homem reconhece o mal das suas ações e arrepende-se de coração do pecado, então ele pode buscar o perdão, pode escapar da punição e pode transformar a calamidade em uma bênção. O Supremo é o refúgio seguro para toda a criação; ele é o guardião e o salvador da humanidade. Caso o buscais diariamente, vós o encontrareis. Já que ele pode perdoar os pecados, ele é de fato muito precioso para todos os homens. Lembrai-vos sempre de que Deus não recompensa o homem pelo que ele faz, mas pelo que ele é; portanto, deveríeis estender a vossa ajuda aos vossos semelhantes sem pensar em recompensa. Fazei o bem sem pensar em benefícios para os vossos egos.
“Aqueles que conhecem as leis do Eterno são sábios. A ignorância da lei divina é a miséria e o desastre. Aqueles que conhecem as leis de Deus têm a mente liberal. Se conhecerdes o Eterno, ainda que o vosso corpo pereça, a vossa alma sobreviverá no serviço do espírito. Vós sereis verdadeiramente sábios se reconhecerdes a vossa insignificância. Se habitardes na luz do Eterno, desfrutareis do esclarecimento do Supremo. Aqueles que dedicam o próprio ser ao serviço do Supremo rejubilam-se nessa busca do Eterno. Quando um homem morre, o espírito começa a fazer o seu longo vôo de viagem para o grande lar”.
9. CONFUCIONISMO
Até mesmo a religião que menos reconhecia a Deus, dentre as grandes religiões do mundo, aceitou o monoteísmo dos missionários de Melquisedeques e dos seus sucessores persistentes. O sumário que Ganid fez do confucionismo foi:
“O que o Céu aponta não contém erro. A verdade é real e divina. Tudo se origina no Céu, e o Grande Céu não comete erros. O Céu destacou muitos subordinados para ajudarem na instrução e na elevação das
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criaturas inferiores. Grande, bastante grande mesmo, é o Único Deus que governa o homem do alto. Deus é majestático em poder e temível no seu juízo. Mas esse Grande Deus conferiu um senso de moral até mesmo a muita gente inferior. A abundância do Céu nunca cessa. A benevolência é o dom mais precioso do Céu para os homens. O Céu conferiu a sua nobreza à alma do homem; as virtudes do homem são fruto desse dom da nobreza do Céu. O Grande Céu a tudo discerne e vai com o homem em todas as suas ações. E fazemos bem quando chamamos o Grande Céu de nosso Pai e de nossa Mãe. Se somos servos assim dos nossos ancestrais divinos, então podemos fazer uma prece confiante ao Céu. Em todos os tempos e para todas as coisas devemos temer a majestade do Céu. Reconhecemos, Ó Deus, Potentado Mais Alto e soberano, que o julgamento é vosso, e que toda a misericórdia vem do coração divino.
“Deus está conosco; e por isso não temos medo nos nossos corações. Se alguma virtude há em mim, é a manifestação do Céu que reside em mim. Mas esse Céu dentro de mim muitas vezes exige muito duramente da minha fé. Se Deus está comigo, eu determinei não ter nenhuma dúvida no meu coração. A fé deve estar muito perto da verdade das coisas, e eu não sei como um homem pode viver sem essa boa-fé. O bem e o mal não acontecem aos homens sem uma causa. O Céu lida com a alma do homem de acordo com o seu propósito. Quando vós encontrardes a vós mesmos no mal, não hesiteis em confessar o vosso erro e em serdes rápidos em emendar-vos.
“Um homem sábio ocupa-se com a busca da verdade, não busca viver meramente. Alcançar a perfeição do Céu é a meta do homem. O homem superior é dado ao auto-ajustamento, e está livre das ansiedades e do medo. Deus está convosco; não tenhais dúvidas no vosso coração. Toda a boa ação tem a sua recompensa. O homem superior não murmura contra o Céu, nem guarda rancor contra os homens. Aquilo que vós não gostais que seja feito a vós, não façais aos outros. Que a compaixão seja parte de toda punição; de todo modo tentai fazer da punição uma bênção. Esse é o caminho do Grande Céu. Enquanto todas as criaturas devem morrer e voltar à terra, o espírito do homem nobre avança para ser exposto no alto e para ascender à luz gloriosa do resplendor final”.
10. “A NOSSA RELIGIÃO”
Depois da árdua tarefa de efetuar essa compilação dos ensinamentos das religiões do mundo a respeito do Pai do Paraíso, Ganid estabeleceu para si próprio a tarefa de formular o que ele considerava ser um sumário da crença à qual ele tinha chegado, considerando Deus como um resultado do ensinamento de Jesus. Esse jovem homem tinha o hábito de referir-se a essas crenças como “a nossa religião”. Esta foi a sua exposição:
“O Senhor nosso Deus é um Senhor único, e vós deveríeis amá-lo com toda a vossa mente e coração, fazendo o melhor para amardes a todos os seus filhos como vós amais a vós próprios. Esse Deus é o nosso Pai celeste, em quem todas as coisas consistem e que reside, por intermédio do seu espírito, em todas as almas humanas sinceras. E nós, que somos os filhos de Deus, deveríamos aprender a entregar a Ele a guarda das nossas almas, como Criador fiel que é. Para o nosso Pai celeste todas as coisas são possíveis. Já que ele é o Criador, tendo feito todas as coisas e todos os seres, não poderia ser de outra forma. Embora não possamos ver a Deus, podemos conhecê-lo. E vivendo cotidianamente segundo a vontade do Pai no céu, nós podemos revelá-lo para os nossos companheiros.
“As riquezas divinas do caráter de Deus devem ser infinitamente profundas e eternamente sábias. Nós não podemos procurar a Deus pelo conhecimento, mas podemos conhecê-lo nos nossos corações pela experiência pessoal. Ainda que não possamos compreender a sua justiça, a sua misericórdia pode ser recebida pelo ser mais humilde na Terra. Se bem que o Pai preencha o universo,
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ele também vive nos nossos corações. A mente do homem é humana, e mortal, mas o espírito do homem é divino, imortal. Deus não é apenas Todo Poderoso mas também onisciente. Se os nossos pais, cujas tendências naturais podem ser más, sabem como amar os seus filhos e conferir boas dádivas a eles, então muito mais o Pai de bondade no céu deverá saber como amar sabiamente os seus filhos na Terra e conferir bênçãos apropriadas a eles.
“O Pai nos céus não deixará que um único filho na Terra pereça, se este filho tiver o desejo de encontrar o Pai e se verdadeiramente quiser ser como ele. O nosso Pai ama até mesmo aos maus e é sempre bom e grato para com os ingratos. Se mais seres humanos pudessem apenas saber sobre a bondade de Deus, eles seriam levados a arrependerem-se dos seus atos maus e a abandonarem todos os pecados conhecidos. Todas as coisas boas vêm do Pai da luz, em quem não há variabilidade nem sombra de inconstância. O espírito do verdadeiro Deus está no coração do homem. Ele faz com que todos os homens sejam irmãos. Quando os homens começam a sentir-se buscando a Deus, isso é uma evidência de que Deus os encontrou e de que eles estão à procura de conhecimentos sobre ele. Vivemos em Deus e Deus nos reside.
“Eu não mais me sentirei satisfeito de acreditar que Deus é o Pai de todo o meu povo; doravante eu acreditarei que ele é também o meu Pai. Eu sempre tentarei adorar a Deus com a ajuda do Espírito da Verdade, que é a minha ajuda quando eu tiver me transformado realmente em um ser conhecedor de Deus. Mas antes de tudo eu vou praticar a adoração a Deus aprendendo como cumprir a vontade de Deus na Terra, isto é, farei o melhor de mim para tratar a cada um dos meus semelhantes mortais exatamente como eu acho que Deus gostaria que eles fossem tratados. E quando vivemos essa espécie de vida na carne, podemos pedir muitas coisas a Deus, e ele nos concederá o desejo dos nossos corações para que estejamos mais bem preparados para servir aos nossos irmãos. E todo esse serviço de amor dos filhos de Deus amplia a nossa capacidade de receber e de experimentar as alegrias do céu, o prazer elevado da ministração do espírito do céu.
“Eu agradecerei todos os dias a Deus pelas suas dádivas inexprimíveis; eu o louvarei pelos seus trabalhos maravilhosos para os filhos dos homens. Para mim ele é o Todo Poderoso, o Criador, o Poder e a Misericórdia, mas melhor do que tudo, ele é o Pai espiritual e como seu filho terreno eu avançarei sempre para vê-lo. E o meu tutor me disse que ao procurá-lo eu me tornarei como ele. Pela fé em Deus eu alcancei a paz com ele. Essa nossa nova religião é bastante cheia de júbilo, e gera uma felicidade perene. Estou confiante de que serei fiel até a morte, e que eu certamente receberei a coroa da vida eterna.
“Estou aprendendo a colocar todas as coisas à prova e a aderir àquilo que é bom. Farei ao meu semelhante o que eu gostaria que fosse feito a mim. Por meio dessa nova fé eu sei que o homem pode tornar-se o filho de Deus, mas algumas vezes eu me aterrorizo ao pensar que todos os homens são meus irmãos, mas deve ser verdade. Não vejo como posso me rejubilar com a paternidade de Deus enquanto eu recusar a aceitar a irmandade dos homens. Todo aquele que chamar pelo nome do Senhor será salvo. Se isso é verdadeiro, então todos os homens devem ser meus irmãos.
“Doravante, eu farei as minhas ações para o bem em silêncio; e também orarei mais, quando estiver a sós. Eu não julgarei para que não seja injusto para com os meus irmãos. Aprenderei a amar os meus inimigos; não tenho ainda essa prática sob a mestria de um controle verdadeiro, a prática de ser como Deus. Embora eu veja Deus nessas outras religiões, encontro Deus na ‘nossa religião’ como sendo mais belo, mais cheio de amor, mais misericordioso, mais pessoal e positivo. Mas mais do que tudo, esse grande e glorioso Ser é o meu Pai espiritual; eu sou o seu filho. E de nenhum outro modo, a não ser pelo meu desejo honesto de ser como ele, eu irei finalmente encontrá-lo e eternamente servir a ele. Pois afinal tenho uma religião com um Deus, um Deus maravilhoso, e um Deus de salvação eterna”.