31 março 2012

PROFECIA MAIA - FERNANDO MALKUN

Profecia sobre 2012 – Conhecimento Maia

O especialista em cultura maia, Fernando Malkun, explica o que essa civilização escreveu como previsão para 2012. Há quinze anos atrás, Fernando, barranquillero (natural de Barranquilla, uma cidade da Colômbia) de origem libanesa, deixou a arquitetura que tinha estudado na Universidade de Los Andes, e para a qual havia se dedicado por quase uma década, para responder às perguntas que se atravessaram em sua vida.
Durante esse tempo, ele se encontrou com a cultura Maia e dedicou-se completamente ao seu estudo. Hoje é um especialista no tema, com reconhecimento internacional e continua viajando pelo mundo explicando a mensagem que esta civilização deixou para os seres humanos.
Vamos a algumas perguntas e respostas.

1. Os maias disseram que o mundo iria acabar em 2012?
Estão gerando um pânico coletivo absurdo deduzindo que eles tinham anunciado que o mundo iria acabar em dezembro de 2012. Não é verdade. Os Maias nunca usaram a palavra fim. Anunciaram um momento de mudança, de grande aumento de energia do planeta, o que causaria “eventos de destino”, isto é, definitivos, nas pessoas. O problema é que o nível de consciência da maioria das pessoas atinge apenas o fim do mundo e não a transformação de consciência.

2. Quando isso vai acontecer?
Não vai acontecer, está acontecendo. As pessoas não estão juntando todas as peças do quebra-cabeças para perceber isso. Acreditam apenas que estes eventos atuais são causados por um conjunto de “coincidências” evolutivas. Mas estamos em uma onda de mudanças como nunca antes.

3. O que se percebe, segundo o que é dito pelos Maias?
A profecia anunciou que o planeta aumentaria a sua frequência vibracional, o que é um fato. Esta frequência, que se mede com a ressonância Schumann, passou de 8 a 13 ciclos. Todos os planetas do sistema solar estão mudando. De 1992 até hoje, os pólos de Marte desapareceram 60 por cento e Vênus tem quase o dobro de luminescência. Passamos 300 anos registrando o Sol e as tempestades solares maiores têm ocorrido nos últimos seis meses. Houve um aumento de terremotos de 425 por cento. Tudo está acelerado dos pontos de vista geofísico e solar. Nosso cérebro, que irradia suas próprias ondas, é afetado por essa maior irradiação do sol. Essa carga eletromagnética é o motivo pelo qual sentimos o tempo mais rápido. Não é o tempo físico, mas o tempo de percepção emocional.

4. Fale sobre 1992. Por que este ano? O que aconteceu?
A essência das profecias maias é comunicar a existência de um ciclo de 26.000 anos, chamado “o grande ciclo cósmico”. Tudo, estações, meses, dias se ajustam a esse ciclo. Há 13 mil anos atrás, o sol –assim como agora- irradiou mais energia no planeta e derreteu a camada de gelo. Essa camada desaguou no mar, elevou o seu nível em 120 metros e ocorreu o chamado “Dilúvio Universal”. Os Maias disseram que, quando o sistema solar estiver novamente a 180 graus de onde estava a 13.000 anos atrás, a Estrela do Norte brilhar sobre o pólo, a constelação de Aquário aparecer no horizonte e o trânsito décimo terceiro de Vênus se der - o que vai acontecer em 6 de junho de 2012 - o centro da galáxia pulsará e haverá manifestações de fogo, água, terra, ar. Eles falam, especificamente, de dois períodos de vinte anos, de 1992 a 2012 e 2012 a 2032 – de intensas mudanças.

5. Por que anunciavam isso?
A proximidade da morte faz com que as pessoas repensem suas vidas, examinem e corrijam a direção que tomam. Isso é algo que ocorre somente se algo se aproxima de você, ou você passa diretamente, te impacta tremendamente. Isto é o que tem acontecido com os tsunamis, os terremotos, as catástrofes naturais de que vivemos, os conflitos sociais, econômicos, etc. Então, eles falam de morte. Eles falam de mudança, de um despertar da consciência. Tudo o que está errado com o planeta está se potencializando com o objetivo de que a mente humana se dedique a resolvê-lo. Há uma crise de consciência individual. As pessoas estão vivendo “eventos de destino”, seja em seus relacionamentos, seus recursos, em sua saúde. É um processo de mudança que se baseia principalmente no desdobramento invisível, e está afetando em especial à mulher.

6. Por que as mulheres?
A mulher é quem terá o poder de criar a nova era, devido à sua maior sensibilidade. De acordo com as profecias - não só as maias, mas muitas, a era que se aproxima é de harmonia e espiritualidade. As coisas que estão mal vão se resolver no período que os Maias chamaram de “tempo do não tempo”, que será de 2012-2032. Desde 1992, o percentual de mulheres que veem a aura (seres curadores) do planeta tem aumentado. Hoje, é de 8,6 por cento. Imagine que em 2014 seja de 10 por cento. Isso significaria o início de um período mais transparente. Essa seria a direção da mudança não violenta. Mas o que se vê hoje é um aumento na agressividade. As duas polaridades são intensificadas. Estão abertos os dois caminhos: o negativo, escuro, de destruição, de confronto do homem com o homem; e o de crescimento da consciência. Existem várias vozes que estão levando os seres humanos a pensar sobre isso. Desde 1992, as informações proibidas dos gnósticos, dos maçons, dos Illuminati, estão abertas para que se utilize no processo de mudança de si mesmo. A religião esta acabando e a religiosidade é que irá permanecer.

7. Tudo isso, os Maias deixaram de escrito, assim específico?
Não a esse ponto. Eles disseram que o sol iria mudar as condições do planeta e criar “eventos de destino”. O sol bateu todos os recordes este ano. Os Terremotos aumentaram 425 por cento. A mudança de temperatura é muito intensa: de 92 para cá aumentou quase um grau, o mesmo que subiu nos últimos 100 anos anteriores. Antes, havia 600 ou 700 tormentas elétricas simultâneas, hoje há duas mil. Antes se registravam 80 raios por segundo, agora caem entre 180 e 220.

8. Como eles sabiam que isso ia acontecer?
Eles tinham uma tecnologia extraordinária. Em suas pirâmides havia altares de onde eles estudaram o movimento do sol no horizonte. Produziam gráficos com os quais sabiam quando haveria as manchas solares, quando aconteceriam tempestades elétricas. Foi um conhecimento que receberam dos egípcios que, por sua vez, receberam dos sacerdotes sobreviventes da Atlântida, civilização destruída 13.000 anos atrás. Os Maias aperfeiçoaram os conhecimentos e foram os criadores de um dos calendários mais precisos. Um deles, chamado “Conta larga” termina em 21 de dezembro de 2012 e marca o ponto do centro exato do período de 26.000 anos. Eles sabiam que essas mudanças estavam vindo e o que eles fizeram foi dar essa informação para o homem de 2012.

9. Será que estas mudanças só foram levantadas por eles?
Todas as profecias falam da mesma coisa. Os hindus, por exemplo, anunciam o momento de mudança e falam sobre a chegada de um ser extraordinário qual o mundo ocidental cristão apregoa. Os Maias nunca falaram de um ser extraordinário que viria para nos salvar, mas falaram de crescer em consciência e assumir a responsabilidade, cada ser na sua individualidade.

10. E se as pessoas não acreditam nisso?
Acreditando ou não, vai senti-lo no seu interior. A mudança que estamos vivenciando não é algo de se acreditar ou não. Neste momento, a maioria está vivendo um tempo de avaliação de sua vida. Por que estou aqui, o que está acontecendo, para onde eu quero ir? Basta olhar o crescimento da busca de espiritualidade, não de religiosidade, porque a religião não está dando mais respostas às pessoas.

11. A sua vida pessoal mudou?
Há quinze anos, eu era tremendamente materialista. Minha conduta é muito diferente hoje. Eu me perguntei por que estava aqui, para quê, e por razões especiais acabei metido no mundo Maia. E posso afirmar que não se trata de crenças falsas para substituir crenças falsas. Tirei muitas histórias da minha mente, mas eu ainda estou no terceiro nível de consciência, que é dominante no planeta. Quem está mais em cima? Há pessoas que estão em um nível 4 ou 5. São as menos famosas, de perfil baixo. Em uma viagem conheci um jardineiro extraordinário, por exemplo. Estes seres estão em serviço permanente, afetando a vida de muitas pessoas, mas não publicamente.

12. O que devemos fazer, de acordo com essa teoria?
O universo está nos dando uma oportunidade individual para reestruturar nossas vidas. A maneira de sincronizar-nos é, primeiro, não ter medo, perceber que podemos mudar nossa consciência. A física quântica já disse: a consciência modifica a matéria. O que significa que sua vida depende daquilo que você pensa. A distância entre causa e efeito tem diminuído. Há vinte anos, para que se manifestasse algo em sua vida, necessitava-se de muita energia. Há vinte anos, qualquer fator de punição de um ato maldoso demoravam anos para receber alarde. Hoje tudo ganha destaque rápido. A corrupção pelo mundo afora tem ganhado destaque internacional. As ditaduras estão caindo. As religiões estão cada dia mais problemáticas. Hoje, você pensa algo e, em uma semana, está acontecendo. Sua mente causa isso. O que devemos é buscar, as respostas estão aí. O universo está nos dando uma oportunidade individual para reestruturar nossas vidas.

Fonte: “Profecia de 2012 será sobre crise de consciência”

http://felipearguello.blogspot.com.br/

28 março 2012

ESPERANTO

Lázaro Luiz Zamenhof

LÁZARO LUIZ ZAMENHOF nasceu em 15 de dezembro de 1859, na cidade de Bialystok, na Polônia, então anexada ao Império Russo. Era filho de Rosália e Marcos Zamenhof, criterioso professor de geografia e línguas modernas.

Bialystok era uma pequena cidade que se constituía num palco de dolorosas lutas raciais, agravadas pela incompreensão lingüística entre os seus habitantes. A Polônia pertencia ao Império Moscovita, onde se falava cerca de duzentas (200) línguas diferentes. Só na pequena Bialystok falavam-se quatro (04) línguas oficiais: o Russo, o Alemão, o Polonês e o Ídiche.

Eram quatro nacionalidades distintas que tinham objetivos antagônicos, com línguas diferentes e crenças hostis umas às outras.

O menino Lázaro, com apenas 06 anos de idade, já se constrangia e se indagava ao assistir a discussões e contendas que terminavam em lágrimas, sangue e até mesmo em mortes violentas. Essa impressão terrível não mais se apagaria de sua mente.

Desde menino era prudente, modesto, pensativo e estudioso e em sua mente de gênio já se apresentava a idéia de elaboração de uma única língua neutra internacional. Na escola mostrava talento e cultura invulgares para escrever e era admirado pelos professores e amigos. Possuía uma conduta tranqüila e maneiras gentis. Nunca se mostrava superior a quem quer que fosse, nem em casa nem na escola.

Na 5ª série primária começou a estudar o inglês e ainda muito jovem estudou o francês e o alemão. Iniciando o curso ginasial, passou a estudar fervorosamente as línguas latina e grega, examinando a possibilidade de uma delas se constituir em língua internacional. Todavia, até a língua latina era difícil e cheia de antigas e inúteis formas. Mais simples, mais conveniente para o uso atual deveria ser uma língua sonhada. Ela deveria ser de aprendizagem rápida e acessível também ao povo e não apenas aos letrados. O fundamento da língua sonhada deveria ser a simplicidade e a lógica.

Nesse ínterim, a família transferiu-se para Varsóvia. Quando cursava a última série ginasial, já havia concluído o seu projeto sobre a Língua Universal. No dia 05 de dezembro de 1878, ele e um grupo de 6 ou 7 colegas do ginásio festejaram, ao redor de um bolo preparado carinhosamente por sua mãe, o nascimento da Língua Internacional. Na verdade, o projeto naquele dia comemorado era apenas um forma embrionária do que mais tarde seria o ESPERANTO.

Terminado o ginásio, foi mandado para Moscou, onde iria estudar Medicina. Antes, porém, o jovem ZAMENHOF teve de prometer ao pai que abandonaria a idéia da língua universal, pelo menos provisoriamente, até terminar o curso de Medicina, e teve de entregar-lhe, naquele dia, os cadernos que continham os originais.

Seus pais não puderam mantê-lo em Moscou e fizeram-no regressar a Varsóvia. Contava então 22 anos de idade. Durante o seu afastamento, seu pai, "prudente e rigoroso", por amor ao seu filho, temendo por seu futuro, queimou todos os manuscritos sobre a Língua Internacional.

Tão logo voltou à casa paterna, procurou por seus manuscritos e, não os encontrando, perguntou à mãe por eles. A resposta materna foram apenas lágrimas e silêncio. Lázaro Luiz adivinhou tudo. Procurou o pai e pediu-lhe para desfazer a promessa, pois queria dar continuidade ao seu grandioso trabalho. Tinha guardado na memória tudo o que continham os originais queimados. Fervorosamente refez tudo.

Só depois de experimentos exaustivos e comprovações minuciosas com os estudos da gramática e vocabulário intensamente vividos e testados foi que considerou pronta a sua obra. Estava nessa época com 28 anos de idade.

Mas restava um último detalhe: como publicá-la, sendo sua situação financeira bastante precária? De onde viriam os recursos? Um auxílio surgiu de onde ele menos esperava. Seu futuro sogro, homem afeito à cultura, financiou totalmente a publicação da obra, e, a 26 de julho de 1887 saía da oficina gráfica o seu primeiro livro.

Era uma gramática com as instruções em russo e chamava-se "LINGVO INTERNACIA", de autoria de "DOKTORO ESPERANTO". Esse pseudônimo, que na nova língua significa "DOUTOR QUE TEM ESPERANÇA", com o decorrer do tempo, passou a ser usado por seus aprendizes, para denominar a própria língua: ESPERANTO. Pouco tempo depois eram lançadas as edições em polonês, francês, alemão , etc. Nesta ocasião Zamenhof teve que adotar outro pseudônimo, e optou pelo de "Unuel", o que revela a sua grande humildade. UNUEL é composto pelas palavras unu (um) e el (entre), pois Zamenhof considerava-se apenas um dentre os demais esperantistas, não aceitando que o chamassem de Mestre.

Sem deixar a profissão, já médico formado, ZAMENHOF trabalhou ardorosamente na divulgação da Língua Internacional. Tamanha importância deu à propagação de seu ideal que, só depois de concluída e editada sua obra, veio a casar-se com CLARA SILBERNIK, com quem teve 06 filhos.

As pessoas que aderiram à língua neutra ficaram encantados com a força unificadora do ESPERANTO, e renderam-se à autoridade irresistível do grande missionário ZAMENHOF, cujos talentos de pensador profundo, intelectual vigoroso, artista inspirado e condutor nato sustentaram a causa com tal genialidade que nenhuma força, interna ou externa, pôde jamais destruí-la.

Toda a vida do DOUTOR ESPERANTO foi tecida de sacrifícios, abnegação e devotamento. Espírito verdadeiramente superior, era extremamente humanitário e solidário, cultivava a tolerância e era afável com todos, nunca perdendo uma oportunidade de ser caridoso. No exercício de sua profissão agia sob o impulso do desprendimento, não obstante haver permanecido sempre pobre. Dos camponeses jamais exigia honorários, chegando mesmo a dar-lhes dinheiro e a pedir a fazendeiros ricos auxílio para o socorro de sua clientela sem recurso.

Certa ocasião, após atender a crianças gravemente feridas num incêndio, inteirou-se de que o fogo havia destruído a propriedade de seus pais, reduzindo-os a absoluta miséria. ZAMENHOF deu-lhes todo o dinheiro que possuía, sem se preocupar em reservar algum para o regresso ao lar em longa viagem. Recorre para esse fim a um rico cliente das redondezas, para que lhe empreste o necessário para o seu regresso.

Um outro dia, no caminho que habitualmente percorre, encontra um carroceiro em prantos pela morte do seu cavalo, esgotado pelos esforços numa estrada coberta de lama. ZAMENHOF oferece-lhe 50 rublos para que o pobre homem tenha com o que comprar outro animal e assim assegurar o seu sustento.

De certa feita, após assistir uma agonizante idosa, juntamente com 4 outros colegas, recusa-se a receber da família polpudos honorários, considerando que a doença culminou com a morte da paciente. ZAMENHOF sempre se dedicou a seus clientes pobres, proporcionando-lhes até o fim de sua carreira dois dias da semana para consultas gratuitas, pedindo ao seu filho ADAM, igualmente médico, que continuasse essa prática.

Nos mínimos gestos e atitudes revelava-se a nobreza de seu caráter. Em Boulogne-sur-mer, França, por ocasião do 1º Congresso Universal de Esperanto, comparece, embora judeu, a uma missa do culto romano. A uma fervorosa Esperantista que lhe pede um autógrafo no recinto da Igreja ZAMENHOF sussurra: "Com muito prazer, minha senhora, mas eu lhe peço que seja em outro lugar - aqui é um lugar sagrado".

Os pequeninos, os sofredores e particularmente aqueles que atravessaram a prova da cegueira, dedicavam entranhada veneração pelo bondoso oftalmologista de Varsóvia, ramo da Medicina em que se especializou, e quando ZAMENHOF visita Cambridge, para os festejos do 3º Congresso Universal de ESPERANTO, encontra-se com muitos cegos esperantistas provenientes de outros países, todos alojados numa mansão às expensas de outro grande pioneiro esperantista, THEÓFILE CART. Zamenhof cumprimentou cada um à parte, encorajou-os ao otimismo e de todos recebeu ardorosos agradecimentos pelo idioma que lhes proporcionava uma pequena claridade em seu mundo sem luz. Mas os cegos lhe pediram outro privilégio: queriam tocá-lo com as mãos, conhecer melhor aquele que nunca poderiam ver.

E suas mãos que, de forma tão extraordinária, traduzem pensamentos e emoções, tocavam respeitosamente o corpo pequeno e frágil, a barba, os óculos de lentes ovais, a larga calva do genial missionário polonês. Naquele momento, Zamenhof, profundamente emocionado, pensava nas crianças judias cujos olhos foram vazados durante um "progrom" na sua cidade natal de Bialystok.

Traído por um companheiro de ideal esperantista, em quem depositava absoluta confiança, ZAMENHOF deu profundo exemplo de tolerância e amor cristão, chegando a ser criticado por outros adeptos por ter feito longa viagem ao encontro do seu ex-amigo, o traidor, só para perdoá-lo.

Um dos grandes ideais de Zamenhof era dar aos religiosos de todas as correntes um fundamento neutro concreto para que se aproximassem em nome do Bem da Humanidade. Seu desejo era que todos os livros sagrados de todas as religiões fossem vertidos para o ESPERANTO. Ele próprio traduziu o Velho Testamento. Dizia que: "Se todos os fundadores de religiões pudessem encontrar-se pessoalmente, eles se apertariam as mãos reciprocamente, como amigos, porque todos tiveram um único objetivo: fazer com que os homens se tornassem bons e felizes".

O ideal Esperantista fê-lo pairar acima de sua própria identidade nacional e racial. Quando o convidaram para a festa de fundação da sociedade judaica internacional em Paris, respondeu:"Estou profundamente convencido de que todo nacionalismo representa tão- somente um grande prejuízo para a Humanidade, sendo de opinião de que o objetivo principal de todas as criaturas deveria ser a criação de uma Humanidade harmônica. É certo que o nacionalismo dos oprimidos - como reação natural de autodefesa - é muito mais desculpável do que o nacionalismo dos opressores. Mas,se o nacionalismo dos fortes é vil, o nacionalismo dos fracos é imprudentes, ambos se engendram e se sustentam reciprocamente, dando lugar a um círculo vicioso de infelicidades, do qual a Humanidade jamais sairá se cada um de nós, fazendo o sacrifício de seu amor-próprio grupal, não tentar o encontro num terreno absolutamente neutro. Eis porque, apesar dos pungentes sofrimentos de minha raça, não quero aderir a um nacionalismo judeu, preferindo trabalhar apenas para uma absoluta justiça entre os homens. Estou profundamente convencido de que assim proporciono a meus irmãos maior soma de bem do que se aderisse a um movimento nacionalista".

Mas, a mais expressiva homenagem, por nascer do coração de uma alma simples, foi a que lhe fez a velha criada da família Zamenhof. Ela era católica romana, mas durante toda a sua vida guardou em seu quarto, sob um crucifixo, uma fotografia de ZAMENHOF. Aos visitantes ela costumava mostrar esse retrato, dizendo: "Ele nunca pecou!"

O nobre espírito de LÁZARO LUIZ ZAMENHOF legou à família humana o instrumento ideal para a comunicação entre seus membros, engolfados numa consternadora multiplicidade de línguas e dialetos a entravar-lhes a marcha do progresso.

Em outubro de 1889 apareceu a primeira lista de endereços, com 1000 nomes de pessoas de diversos países, simpatizantes do ESPERANTO. Foram fundados clubes, mensários e revistas dando força a um movimento internacional que veio crescendo, pouco a pouco, sem interrupção.

Em 1905, já acontecia na França, na cidade de Bolonha do Mar, o 1º Congresso Mundial de ESPERANTO, onde se reuniram centenas de pessoas de vários países, comunicando-se em uma única língua.

Em 1910, foi realizado o VI CONGRESSO UNIVERSAL DE ESPERANTO, em Washington, Estados Unidos da América e o BRASIL nele se fez representar pelo Prof. JOÃO BATISTA DE MELO SOUZA, com apenas 21 anos de idade, que fez ver ao Dr. Zamenhof que não existia em sua gramática a palavra saudade. Zamenhof achou muito interessante a idéia e tratou de incluí-la na língua internacional, que a incorporou com os vocábulos sopiro, sopirado, resopiro e sãudado (poético).

Em 1914 seria realizado o 10º Congresso, em Paris, mas tal não aconteceu devido à deflagração da Primeira Guerra Mundial. Já estavam inscritas 3.700 pessoas para esse Congresso, frustrado pela incompreensão dos homens.

Em 14 de abril de 1917, sempre desejando a Paz, faleceu ZAMENHOF, na cidade de Varsóvia. Afastava-se esse grande homem, definitivamente, do convívio de seus familiares para retornar às suas atividades em favor da Humanidade, agora sem o fardo físico, que lhe serviu durante 57 anos.

O seu corpo repousa no cemitério israelita de Varsóvia, juntamente com o de CLARA, o amor de toda a sua vida e sua incansável colaboradora. Hoje lá podemos encontrar flores ofertadas por esperantistas de todo o mundo.

ZAMENHOF foi um homem iluminado, de moral superior, dotado de extraordinária força de vontade na divulgação de seu ideal humanístico. Foi um verdadeiro universalista, pacifista e pensador que lutou contra toda espécie de sectarismo.

Todos os anos, no dia 15 de dezembro, realizam-se eventos esperantistas no mundo inteiro, para comemorar o aniversário do criador da LÍNGUA ESPERANTO.


27 março 2012

TERAPIA DE VIDAS PASSADAS E ESPIRITISMO

Milton Menezes

O tema Terapia de Vida Passada - TVP - ganhou, ultimamente, grande espaço nos meios de comunicação em geral. Como todo tema polêmico, tem gerado muitos debates e opiniões. Mas por que uma proposta terapêutica como essa pode gerar tanta polêmica? Pelo lado da ciência, o centro da questão está na utilização de uma hipótese de trabalho reencarnacionista, que a ciência ocidental continua julgando um tema religioso ou místico, que não pode ser considerado como objeto de estudo.

Para a Doutrina Espírita, apesar defender a reencarnação como processo natural na vida do ser humano, a questão está na utilização da Regressão de Memória à nossas vidas passadas. O objetivo deste artigo será o de discutir alguns dos principais pontos desta relação entre a Terapia de Vida Passada e o Espiritismo.

Para evitar os “achismos”, resolvemos fazer uma pesquisa a nível nacional, no final de 1998, em que apresentávamos para a população espírita um questionário sobre a Terapia de Vida Passada. Dos 500 que foram respondidos, identificamos algumas das principais preocupações do espírita em relação à Terapia de Vida Passada - TVP - e a Regressão de Memória:

Necessidade do esquecimento do passado;
Não poder interferir no processo de sofrimento causado por problemas no passado;
Fazer Regressão por curiosidade;
Na verdade, o que se pode observar é que a maioria das pessoas tem dúvidas se deveriam ou não utilizar a TVP como recurso, não tem uma informação correta sobre o que é a TVP, hoje.

A TVP se insere na abordagem da Psicologia Transpessoal, um ramo mais recente da Psicologia que considera o componente espiritual como uma das dimensões do ser humano, que interfere no entendimento do homem e de seus sofrimentos. Porém, na TVP consideramos a hipótese de trabalho da reencarnação como base de explicação do conteúdo obtido no processo de Regressão de Memória, isto é, julgamos que os relatos obtidos com os indivíduos em Estado Alterado de Consciência se referem às suas experiências vividas em outras encarnações.

Para a TVP, a maioria dos problemas que temos na vida atual decorrem de situações traumáticas ou bastante desequilibradas que foram vividas pelo indivíduo no passado e que deixaram marcas profundas no seu psiquismo profundo. Todas essas experiências estão registradas nesta instância Inconsciente que o Dr. Jorge Andréa (1) chama de Inconsciente do Pretérito. Algumas situações na vida atual, parecem desencadear o surgimento, na zona mais consciente do psiquismo, desses desequilíbrios, transformando-se em verdadeiras patologias. Podemos citar as fobias, a Síndrome do Pânico, distúrbios de comportamento como os sexuais ou os compulsivos, a depressão, a ansiedade, etc. como algumas que podem se beneficiar com o tratamento pela TVP.

O primeiro passo do processo está em tornar consciente esse conteúdo do passado. É nesse momento que podemos utilizar a Regressão de Memória na identificação da situação do passado geradora do sofrimento atual. Posterior e concomitantemente a essa identificação, teremos que utilizar diversas intervenções específicas para cada caso, visando dissociar a personalidade atual daqueles traumas vividos no passado. Como vimos não basta apenas lembrar o passado. Há uma necessidade de um acompanhamento terapêutico criterioso do delicado conteúdo emocional e psíquico que surge do processo de Regressão. A nossa experiência tem indicado a necessidade da TVP só ser feita por profissional da área de saúde mental que estaria habilitado ao processo de forma integral.

Como podemos ver a finalidade da TVP é terapêutica. Com isso desfaz-se uma das grandes preocupações do público espírita, em particular: a curiosidade. Na verdade o terapeuta, quando executa um trabalho sério, não considera os casos em que as pessoas procuram para saber o que foram ou fizeram de extraordinário em suas vidas passadas. Julgamos que o material que lidamos seja muito delicado para uma finalidade fútil !

Mas, a questão mais delicada do espírita parece ser a de se “levantar o véu que encobre o passado” já que seria uma “dádiva divina”. Se observarmos no contexto da Doutrina, as principais referências sobre o assunto estão em O Livro dos Espíritos na parte 2a., cap. VII, em um item que engloba as perguntas 392 à 399, com o título: O esquecimento do passado. Nesse ponto os Espíritos alertam para os inconvenientes que a lembrança do passado teria para os indivíduos. E nós concordamos inteiramente com isso !!! Vamos observar que este capítulo trata “Da Volta do Espírito à Vida Corporal”. É claro que quando voltamos ao corpo físico necessitamos do esquecimento de nossas vidas pregressas. Como, uma criança conseguiria estruturar uma nova personalidade lembrando simultaneamente de todas as suas vidas passadas? Seria impossível.

Diversas obras na literatura espírita defendem a utilização terapêutica da Terapia de Vida Passada. Dos autores encarnados, citamos o Dr. Jorge Andréa, psiquiatra e pesquisador do psiquismo profundo e da reencarnação com vasta contribuição nessa área. Mesmo entre os desencarnados, através das obras psicografadas, não há uma contra-indicação à utilização da TVP nos casos em que verificamos graves problemas psíquicos, emocionais, físicos ou de comportamento. Pelo contrário. Espíritos como Joanna de Ângelis (2) e Bezerra de Menezes (3) tem ressaltado, através de algumas de suas obras, a importância deste tipo de abordagem científica na minimização do sofrimento humano. Mas é claro que a TVP não é uma panacéia capaz de resolver todos os problemas. Como toda abordagem terapêutica tem suas limitações e dificuldades que somente uma atuação séria e criteriosa poderá superar, ampliando o potencial de cura de sua aplicação.

É o sofrimento o nosso grande objetivo! Para nossa surpresa, muitos espíritas responderam afirmativamente à questão: “o sofrimento é a melhor forma de pagarmos os erros do passado”. Isso pode levar a um entendimento distorcido da finalidade da vida e do sofrimento. A Doutrina Espírita (4) deixa bem claro qual é o objetivo das encarnações sucessivas: o desenvolvimento moral e intelectual do ser. O sofrimento representa um desequilíbrio resultante de um comportamento inadequado do passado que ainda mantém características na personalidade atual. Na medida em que se resolvam as causas cessam-se os efeitos. Em O Livro dos Espíritos, questão 1004, Kardec pergunta sobre o critério de duração dos sofrimentos a que os espíritos respondem ser função da melhora do indivíduo. Na resposta fica clara a finalidade pedagógica do sofrimento, pois quando a pessoa melhora o aspecto desequilibrado o sofrimento perde o sentido, modificando-se ou extinguindo-se.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 5, temos a orientação dos espíritos de que devemos empreender todos os nossos esforços no sentido de minimizar o sofrimento dos homens. Ora se a TVP desponta como um instrumento da ciência que pode ajudar nesse processo de aprimoramento do ser humano pela dura de alguns de seus sofrimentos, por que não utilizá-la? Será que não poderíamos utilizar a TVP para ajudar uma pessoa a superar sua Síndrome do Pânico ou de uma depressão profunda por exemplo, simplesmente porque utilizaremos de suas lembranças pretéritas? Nos parece que se a TVP é uma conquista da Ciência ela está consoante aos desígnios de Deus para o progresso da Humanidade.

A ciência avança no sentido da confirmação do espírito, como origem e princípio básico da vida, e da reencarnação como mecanismo natural fundamental para o entendimento do homem e de seus sofrimentos. A TVP, aplicada de forma séria e criteriosa, demonstra ser um instrumento legítimo deste movimento. Como resultado desta aplicação o indivíduo se reconhece como ser espiritual eterno em passagem temporária de aprendizado pelo corpo. Ao verificar as conseqüências de seus atos passados nos seus problemas atuais pode refletir e decidir sobre quais são os valores existenciais essenciais para o seu espírito hoje e descobre a necessidade de desenvolver o Abrandamento de suas tendências negativas e a Aceitação dos problemas que enfrentamos. Ao final, perceberá a necessidade de reclamar menos e Amar mais, a si mesmo e aos outros.

Referências Bibliográficas:

(1) Palingênese, a Grande Lei - Jorge Andréa

(2) O Homem Integral - Joanna de Angelis/Divaldo Franco;

(3) Loucura e Obsessão - Manoel P. de Miranda/Divaldo Franco;

(4) O Céu e o Inferno - Kardec - 1a. parte, cap. III, item 8.

(5) O Livro dos Espíritos - Kardec - Questões 392 à 399;

(6) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Kardc - Cap. 5;

(7) Terapia de Vida Passada e Espiritismo - Distâncias e Aproximações - Milton Menezes

MILTON MENEZES

Milton Menezes nasceu em Petrópolis - RJ, em 23 de outubro de 1960.
Formado em Ciências Econômicas pela UERJ.
Formado em Psicologia pela Universidade Estácio de Sá.
Especialização em Terapeuta de Vida Passada pela Sociedade Brasileira de Terapia de Vida Passada - SBTVP em Campinas - SP.
Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.
Membro fundador do IBRAPE-TVP - Instituto Brasileiro de Pesquisa em TVP do Rio de Janeiro.
Pesquisa atualmente a aplicação da TVP na Síndrome do Pânico.

RESUMO:

O grande desafio da TVP é consolidar a reencarnação como hipótese científica de trabalho, introduzindo o conceito de Espírito como capaz de explicar vários aspectos na Psicologia e Medicina.

23 março 2012

O ESPIRITISMO E A CIÊNCIA

Na Introdução de O Livro dos Espíritos1, item VII, Kardec se pronuncia sobre a Ciência dizendo:

"As ciências positivas repousam sobre as propriedades da matéria, as quais podem ser experimentadas e manipuladas à vontade; os fenômenos espíritas repousam sobre a ação de inteligências que têm vontade própria e que a todo instante provam que se não subordinam ao nosso capricho. (...) A Ciência, propriamente assim chamada, é, portanto, incompetente, como tal, a decidir na questão do Espiritismo; não tem que se haver com ele e seja, qual for a sua opinião, favorável ou não, não poderá ter significação".

Vemos o mesmo comentário em Einstein3 ao responder sobre se seria hora da fé ser substituída cada vez mais pelo conhecimento:

“Pois o método científico não pode nos ensinar nada mais além de como os fatos se relacionam e são condicionados entre si. (...) O conhecimento objetivo nos oferece poderosos instrumentos para o alcance de certos fins, mas a própria meta máxima e o desejo de alcançá-la devem vir de outra fonte. Aqui nos deparamos, portanto com os limites da concepção puramente racional da nossa existência (...)”.

Mas com isso, quereria Kardec dizer que devemos banir a Ciência do meio espírita? Não, Kardec se referia apenas aos detratores do Espiritismo. Se lermos com mais cuidado, com isenção de ânimos, podemos constatar, neste mesmo item VII de “O livro dos Espíritos”, que Kardec não tinha preconceito contra a Ciência:

"Não somos daqueles que demonstram indiferença na consideração aos homens de Ciência. Ao contrário os temos em alta estima e sentir-nos-íamos muito honrados se contássemos com alguns deles".

E mais adiante no mesmo item:

"O Espiritismo é o resultado de uma convicção pessoal que, como indivíduos podem ter os cientistas, abstração feita de sua condição de cientistas".

É mesmo um mau hábito o fazer críticas apressadas e gratuitas, generalizando em vez de analisar, falando de assunto sobre o qual nada conhecem, como as que costumamos encontrar nos jornais e revistas espíritas e em reuniões em Centros Espíritas, quando o assunto é Ciência. Como diria Kardec, agora no item VIII da mesma referência:

"Acrescentamos que o estudo de uma doutrina, qual a espírita, que de chofre nos lança numa ordem de coisas tão nova e tão grande, só seria feito com proveito por homens sérios, perseverantes, isentos de preconceitos e animados por uma vontade firme e sincera de chegar a um resultado. Tal classificação não poderia ser aplicada aos que julgam a priori, levianamente e sem que tivessem visto tudo... tampouco poderia ser aplicado àqueles que, para não diminuírem o conceito em que são tidos como homens de 'espírito', se estafam por encontrarem um lado ridículo nas coisas mais verdadeiras".

Embora ele estivesse falando dos cientistas que procuravam ridicularizar o espiritismo, havia a pressuposição implícita de que os espíritas não possuíam esses vícios. Este o primeiro objetivo deste artigo, eliminar do meio espírita o preconceito que ainda existe contra a Ciência. Como segundo objetivo podemos colocar a questão de se a Ciência está apta a julgar a existência ou não da alma. Como vimos nas duas primeiras citações acima, tanto os espíritas quanto os cientistas estão de acordo que não é da competência da Ciência falar desses assuntos. Significa isso mais um motivo para o espiritismo se afastar da Ciência? É claro que não, e Kardec já dizia isso em A Gênese2 (pág. 20):

"O Espiritismo e a ciência se complementam um pelo outro. A ciência sem o Espiritismo se encontra na impossibilidade de explicar certos fenômenos unicamente pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a ciência lhe faltaria apoio e controle. O estudo das leis da matéria deveria preceder ao da espiritualidade, porque é a matéria que fere, primeiramente, os sentidos. O Espiritismo, vindo antes das descobertas científicas, teria sido obra abortada, como tudo o que vem antes de seu tempo".

E assim também Einstein3 em sua famosa frase:

"A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega". (pág.144)

Mas o que dizer de um livro como “A Estrutura da matéria segundo os Espíritos”? Estaria tentando provar a existência da alma? Como poderia um livro ditado por espíritos, transmitindo conhecimentos dados em um curso no plano espiritual, justificar o Espiritismo para a Ciência mais do que o Espiritismo já o faz? Como pode um livro querer provar a existência dos Espíritos mais do que o próprio Espiritismo já o faz para aqueles que ainda não são espíritas? Considero este livro como uma notícia do plano espiritual sobre os estudos que estão sendo feitos por um grupo de Espíritos, constituindo-se numa demonstração do adiantamento de seus estudos, é verdade, mas que de nenhuma forma pode ser considerado uma teoria científica, embora possa servir de fonte de inspiração para cientistas que queiram dedicar suas vidas a isso. Ao invés de provar a existência da alma, ele está, principalmente, contribuindo para trazer os argumentos que faltavam para silenciar os detratores do Espiritismo, que se valem da Ciência para conseguir seus objetivos, ao demonstrar científicamente a possibilidade de outros planos da existência.

E o que dizer dos progressos científicos, poderão um dia tornar o espiritismo obsoleto? É Kardec ainda que responde em A Gênese2 (pág.40):

“O último caráter da revelação espírita, e que ressalta das próprias condições nas quais está feita, é que, apoiando-se sobre fatos, não pode ser senão essencialmente progressiva como todas as ciências de observação. Por sua essência, contrai aliança com a Ciência que, sendo a exposição das leis da natureza em certa ordem de fatos, não pode ser contrária à vontade de Deus, autor dessas leis. As descobertas da ciência glorificam Deus em lugar de diminuí-lo; elas não destroem senão o que os homens estabeleceram sobre idéias falsas que fizeram de Deus. (...) O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, modificar-se-á sobre esse ponto; se uma nova verdade se revela, ele a aceita”.

Finalmente um último objetivo deste trabalho é responder à questão: - Deve um espírita se preocupar com estudos científicos? Vejamos de novo o que nos falam os espíritos a respeito no Livro dos Espíritos1, na descrição da Escala Espírita, Segunda Ordem - Bons Espíritos:

"109. Quarta classe. ESPÍRITOS SÁBIOS. O que os distingue é, especialmente, a extensão dos conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais do que com as científicas, para as quais têm mais aptidão; mas só encaram a Ciência do ponto de vista de sua utilidade e não misturam com qualquer das paixões características dos Espíritos imperfeitos."

"111. Segunda classe. ESPÍRITOS SUPERIORES. Reúnem Ciência, sabedoria e bondade. Sua linguagem só transpira benevolência: é sempre digna, elevada, por vezes sublime. Sua superioridade os torna, mais que os outros, aptos a nos darem as mais justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites de conhecimento permissíveis ao homem. Comunicam-se de boa vontade com os que de boa fé buscam a verdade e cuja alma seja bastante desprendida dos laços terrenos para a compreender; mas afastam-se dos que são movidos pela curiosidade ou que, por influência da matéria, se desviam da prática do bem."

Assim no meu entender, se todos vamos um dia chegar à perfeição, todos teremos de estudar ciência. Alguns o fazem antes de progredir na parte moral e outros primeiro avançam na evolução moral, mas todos devem atingir um nível elevado de moral e conhecimento científico. Portanto, não há razão para discriminarmos agora os cientistas. É verdade que muitos cientistas são ateus, materialistas, e empregam seu conhecimento para o mal desenvolvendo armamentos, vírus mortais, agrotóxicos, poluentes, clones e toda sorte de tecnologias que de alguma forma são contra a ética e a moral como a entendemos. Mas muitos se dedicam à pesquisa de medicamentos, vacinas, seleção de sementes, materiais substitutos biodegradáveis, e tecnologias que facilitam o trabalho humano, aumentam a produção de alimentos e permitirão no futuro um controle ainda maior sobre as doenças. Alguns poucos já são espíritas, tendo abandonado aquele tipo de pesquisa antiética, como condição indispensável para continuar sua evolução espiritual, e hoje podem estar se dedicando à divulgação do espiritismo.

Entretanto esta conclusão não deve nos levar a outra, de que o Espiritismo como doutrina, deva se ocupar dos estudos científicos. As teorias científicas são sempre transitórias e se tornam obsoletas, sendo substituídas por outras mais avançadas. Isto é válido mesmo quando um ensinamento nos for transferido por comunicação espírita, como se pode constatar nesta afirmação em A Gênese2 (pág.43):
“Os Espíritos não vêm para livrar o homem do trabalho do estudo e das pesquisas; não lhe trazem nenhuma ciência pronta; o que pode encontrar, ele mesmo, deixam-no às suas próprias forças; é o que os espíritas sabem perfeitamente hoje. Desde muito tempo, a experiência demonstrou o erro da opinião que atribuía, aos Espíritos, todo o saber e toda a sabedoria, e que bastava dirigir-se ao primeiro Espírito que chegasse para conhecer todas as coisas. Saídos da Humanidade, os Espíritos lhe são uma das faces; como sobre a Terra os há superiores e vulgares; muitos deles sabem, pois, científica e filosoficamente, menos do que certos homens; dizem o que sabem, nem mais nem menos; como entre os homens, os mais avançados podem nos informar sobre mais coisas, dar-nos conselhos mais judiciosos do que os atrasados. Pedir conselho aos Espíritos não é dirigir-se às forças sobrenaturais, mas aos semelhantes, àqueles mesmos a quem nos teríamos dirigido em seu viver: aos parentes, aos amigos, ou aos indivíduos mais esclarecidos do que nós”.


Paulo Antonio Ferreira

Rio de Janeiro, 28 de Outubro de 1999.

Referências:

1 - ”O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec – FEB.

2 - “A Gênese” – Allan Kardec – FEB.

3 - "Einstein viveu aqui" - Abraham Pais - Ed. Nova Fronteira, 1997.

Este artigo e outros do autor podem ser encontrados na Internet no endereço http://users.bmrio.com.br/unidual

18 março 2012

SIR WILLIAM CROOKES E O ESPIRITISMO

Marco Túlio Laucas

Nosso objetivo, neste artigo, é prestar uma justa homenagem a William Crookes,
nascido em 17 de junho de 1832 e falecido em 04 de abril de 1919, honorável cientista
inglês, com enormes contribuições em diversos campos da química e da física, sendo
particularmente conhecido dos espíritas, em geral, devido aos seus famosos estudos,
desenvolvidos na década de 1870, acerca dos fenômenos espiritualistas, em especial,
através de sessões de materialização com os médiuns Daniel Danglas Home, Kate Fox e,
posteriormente, Florence Cook, que trouxeram importantíssimas contribuições para a
Doutrina dos Espíritos e, sobretudo, para toda a humanidade. Vale comentar que, quando
Crookes iniciou estes estudos, não era adepto do espiritualismo, mas, após confirmar a
sua veracidade, teve a coragem de se declarar publicamente um espiritualista. É claro
que esta atitude trouxe-lhe enormes dissabores. Algumas críticas se dirigiram aos
procedimentos metodológicos adotados durante suas investigações, enquanto outras, ao
próprio caráter e integridade do cientista. Houve até mesmo aqueles que, mal
intencionados, procurando ferir e malsinar, alegaram que o pesquisador estaria
encerrando sua carreira científica. Para estes, a resposta de Crookes foi simplesmente
continuar suas pesquisas, impressionando a todos não somente pela quantidade de
trabalhos apresentados, mas, sobretudo, pela sua qualidade; valendo um destaque
especial para o conhecido tubo de raios catódicos. Queremos aproveitar a oportunidade para alertar alguns amigos bem intencionados que, procurando elogiar o douto pesquisador, baseiam-se em referências equivocadas, e acabam provocando um desserviço à causa que abraçam. Uma destas falsas afirmativas é dizer que ele teria sido laureado com o Prêmio Nobel.
Sérgio Aleixo disserta longamente acerca do conhecido tríplice aspecto do Espiritismo: científico, filosófico e religioso. Ora, esta junção torna poderosa a Doutrina em seus fundamentos analíticos, possibilitando-nos inspecionar, de forma coerente e verdadeira, a realidade que nos cerca. Não é à-toa que, dentre todos os agrupamentos religiosos, o espírita é reconhecidamente o que mais lê e busca se informar sobre o desenvolvimento da ciência. Por isso, cabe-nos a responsabilidade maior de evitar a propagação de idéias equivocadas, ou mal fundamentadas. Léon Denis e Paul Gibier afirmam ser Crookes o descobridor da “matéria radiante”. Gibier vai mais além, comentando ser esta “matéria radiante” o “quarto estado da matéria” quando, na verdade, o plasma, reconhecemos hoje, é o quarto estado da matéria. Mais de uma vez, temos escutado palestras nas quais o orador, talvez tentando embelezar o termo “matéria radiante”, troca matéria por energia e enuncia ser Crookes o descobridor da “energia radiante”. Não conhecemos nenhum livro de física que faça menção a qualquer destes dois termos. Então, não tem sentido fazer-se, na atualidade, uma afirmação destas. O termo “matéria radiante” foi sugerido por Crookes para designar um fenômeno novo, mas não foi aceito pela comunidade científica. Desta forma, repetimos, são aceitáveis as afirmativas de Denis e Gibier, porque eles são contemporâneos de Crookes e fizeram estas declarações quando esta teoria ainda estava
sob avaliação. Mas, atualmente, é um descalabro falar sobre isso e, pior ainda, usar o termo “energia radiante”, pois o calor, o som e a luz, por exemplo, são energias que se irradiam. Assim, trata-se de um erro afirmar que Crookes tenha descoberto a “energia radiante”. É muito comum, nos meios científicos, o surgimento de alguma teoria que é aceita em princípio, para depois ser descartada, após se verificar que ela está errada ou por não se ajustar perfeitamente ao fenômeno que a teoria tenta descrever. Um bom exemplo disso é o conceito de éter, que explicaremos a seguir. Da mesma maneira que o som necessita de um meio material (como o ar, a água, etc.) para se propagar, pensava-se, antigamente, que a luz necessitaria de um meio material para se locomover. Assim, na falta de algo, inventou-se o nome “éter” para designar o suposto meio material através do qual a luz se propagaria. Mesmo que ninguém tivesse conseguido observar o tal éter, seu conceito persistiu por vários séculos. No ano de 1887, Albert Michelson e Edward Morley, dois físicos desconhecidos, realizaram um experimento cujo objetivo era medir a variação da velocidade da luz no sentido de translação da Terra e perpendicular a
este movimento. Este experimento era aparentemente sem importância, pois todos pensavam, naquela época, que a velocidade da luz seria diferente quando esta trafegasse em sentidos diferentes. Para espanto deles, bem como de todo o establishment, a velocidade da luz não variou. Hoje, sabemos que a velocidade da luz é uma constante universal, ou seja, por mais incrível que possa parecer, não há como aumentar ou diminuir a velocidade da luz em um meio material específico qualquer. A mesma coisa não se dá, por exemplo, com o som. Se uma locomotiva apitando se aproxima, o som é mais agudo do que quando ela está se afastando.
No primeiro caso, a velocidade do som é maior (som mais agudo). No segundo caso, a velocidade do som é menor (som mais grave). Este experimento de 1887 acabou imortalizando os autores e liquidando completamente com a hipótese da existência do éter. Kardec refere-se ao éter em duas ocasiões: duas vezes 1865, e, novamente em 1868, por quatro vezes. Poder-se-ia pensar que haveria algum engano na codificação? Obviamente que não, por pelo menos dois motivos.
Primeiro que naquela época era nestes termos que a ciência se expressava. Além disso, Kardec mesmo afirmou que se novas descobertas demonstrassem estar o Espiritismo errado em algum ponto, ele se modificaria para se adequar à ciência. Em segundo lugar é preciso saber separar o ponto de vista dos Espíritos daqueles de Kardec. Este fato pode ser bem explanado analisando-se André Luiz, espírito. Em 1959, já consciente de ter Einstein sugerido o conceito de campo para
substituir o conceito de éter, escrevendo da esfera extrafísica, André Luiz, ao invés de “campo einsteniano” prefere usar Fluido Cósmico ou Hálito Divino como o meio no qual o universo se equilibra. O mais curioso de tudo isso é que ainda encontramos, mormente no meio espírita, o uso corrente do errôneo conceito de éter. William Crookes está longe de ser um cientista comum. Permita-me o leitor amigo enaltecer este expoente da ciência de forma conveniente. Ele ocupou
vários cargos importantes como as presidências da British Association for the Advancement of Science e da Royal Society of London. Editor do douto Quaterly Journal of Science, foi ele o descobridor do elemento químico Tálio. Crookes, na verdade, era uma figura eminente da sociedade científica britânica, possuindo uma parede repleta de honrarias profissionais. Foi feito cavaleiro em 1897 e recebeu a Ordem do Mérito em 1910. Tendo sido destacado membro da Society for Psychical Ressearch (Sociedade para a Pesquisa Psíquica), mais tarde tornouse presidente desta instituição que, vale dizer, não era bem vista pela comunidade científica, por motivos óbvios. Mas, sob sua influência, veio a participar dela um número verdadeiramente espantoso de proeminentes cientistas de renome internacional. Peço vênia por nos estendermos um pouco neste item, mas vale lembrar que Johann Zollner, destacado físico alemão, professor de física e astronomia na Universidade de Leipzig, também membro desta instituição ,foi convertido ao espiritualismo por Crookes, em 1875, quando o visitou em seu laboratório. Ainda vale a pena citar os seguintes membros desta instituição: Wilhelm Weber (cujo nome “weber”, hoje, denomina a unidade internacional de magnetismo), Lord Rayleigh, ganhador do prêmio Nobel de Física de 1904, e J. J. Thompson, ganhador do prêmio Nobel de Física de 1906. Somente isto já seria o suficiente para nos vergarmos em reverência à estatura intelectual deste homem ímpar entre os grandes. Porém, a história não pára por aí. O que realmente o
imortalizou foi a invenção do tubo de raios catódicos. Por uma questão de curiosidade, vamos explicar, rapidamente, o significado do tubo de raios catódicos. Imagine um filamento (tal qual o filamento de uma lâmpada) percorrido por uma corrente elétrica. Chamemos este filamento de cátodo. Imagine agora uma placa metálica um pouco afastada do filamento. Chamemos esta placa de ânodo. Quando um filamento é percorrido por uma corrente elétrica, uma nuvem de elétrons circunda este filamento. Se uma diferença de potencial (ddp) for criada entre este filamento (ou cátodo) e uma placa carregada positivamente (ou ânodo), então esta nuvem eletrônica será arrancada celeremente das proximidades do cátodo em direção ao ânodo. Quanto maior for a ddp, mais velozes serão os elétrons. O que nosso Crookes construiu foi isto, que é conhecido
como tubo de raios catódicos. Colocou um filamento e uma grade dentro de uma ampola
de vidro e estabeleceu uma enorme ddp entre os dois componentes, fazendo com que os
elétrons fossem brutalmente arrancados das proximidades do filamento. A aceleração e a
velocidade final dos tais elétrons era tanta que, quando eles se aproximavam da grade
(que efetivamente era quem os atraía), a maior parte dos elétrons ultrapassava os
buracos da grade, indo se chocar violentamente contra a parede de vidro da ampola. (Ver
figura.) Num tubo de raios catódicos, enquanto a corrente elétrica circular pelo filamento,
elétrons serão emitidos pelo cátodo, atraídos pelo ânodo e virão a se chocar contra o
vidro. O interessante de tudo isso é que, no local onde os elétrons se chocam, cria-se um
ponto luminoso, cuja intensidade luminosa varia com o valor nominal da corrente no
filamento. Se aumentarmos a corrente, mais elétrons serão liberados, por segundo,
elevando a luminosidade na parede de vidro. Já a cor deste ponto luminoso é dependente
da força de impacto dos elétrons e, conseqüentemente, do valor da ddp. Assim, ao
variarmos a ddp, notamos a mudança de cor no ponto luminoso. Há cerca de vinte anos, tivemos a oportunidade de estudar este experimento e, apesar de alegrarmo-nos ante o ponto luminoso e fazê-lo movimentar-se sob a ação de um ímã, reconhecemos que, por demais atentos à frieza dos cálculos, não demos ao fenômeno a devida importância. Somente agora, lembrando de Crookes, emocionamonos ante este estrondoso espetáculo da mãe natureza. Neste momento, conseguimos
aquilatar uma nesga da enorme alegria que deve ter se apossado dele. É bastante provável que, gargalhando de alegria, Crookes tivesse dito: “Encontrei a matéria radiante”.
Este fenômeno é real, com muitas e fundamentais aplicações práticas, mas, não se trata
de qualquer matéria radiante.
Quanto ao termo “quarto estado da matéria”, proposto por Crookes para designar
a “matéria radiante”, tornou-se de uso corrente, mas, usado no plasma. Não foi Crookes
quem encontrou o quarto estado da matéria, mas foi ele que inventou o nome. Observese ainda que, em 1925, Albert Einstein fez uma proposição teórica que, se correta,
redundaria em um novo estado da matéria e, há pouco menos de dez anos, esta hipótese
einsteniana foi testada e confirmada em laboratório, sendo hoje designada como o “quinto
estado da matéria”. Possivelmente o maior prêmio que um cientista pode receber é o famoso Prêmio Nobel. Alguns de nós queremos engrandecer a Doutrina Espírita afirmando ter sido ela
corroborada por algum cientista laureado com tal prêmio, mas, no fundo, o Espiritismo
não necessita de nada disso. A verdade é que William Crookes nunca foi laureado com
qualquer prêmio Nobel. Não possuímos bastante conhecimento nesta área, mas parecenos que o nome de Crookes jamais tenha sido cogitado para o Nobel em qualquer época,
isto, aliás, é uma enorme falta de consideração para com um cientista desta envergadura.
A retumbância do tubo de raios catódicos é tanta que o eminente físico Michio Kaku,
professor de Física Teórica do City College of New York University, apresentador de
diversos programas no famoso canal de televisão Discovery Channel, afirmou: O tubo de
raios catódicos de Crookes revolucionou a ciência; quem quer que assista à televisão, use
um monitor de computador, jogue um vídeo game, ou já tenha se submetido a (um exame
de) raios X tem uma dívida para com a famosa invenção de Crookes.
____________________

FERREIRA, J. M. H.; MARTINS, R. A. As investigações de William Crookes sobre fenômenos
espiritualistas com médiuns e suas pesquisas sobre o efeito radiométrico na década de 1870. p.
169-199. In: ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria; BELTRAM, Maria Helena Roxo (orgs). O
laboratório, a oficina e o ateliê: a arte de fazer o artificial. SP: EDUC 2002 (ISBN 85-283-0231-
Arquivo copiado da biblioteca eletrônica do Grupo de História e Teoria da Ciência
www.ifi.unicamp.br/~ghtc/ da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

ALEIXO, S. A. O mais profundo religar: fundamentos históricos e conceituais do espiritismo. 1. ed. SP: Lachatre, 2003.

DENIS, L. O além e a sobrevivência do ser. 5. ed. RJ: Federação Espírita Brasileira, 1987.

GIBIER, P. O espiritismo. 5. ed. RJ: Federação Espírita Brasileira, 2002.

KARDEC, A., O céu e o inferno. 33. ed. RJ: Federação Espírita Brasileira, 1985.

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XAVIER, F. C. e Vieira, W., Fótons e Fluido Cósmico (cap. III). In Mecanismos da mediunidade,
ditado pelo Espírito André Luiz. 10. ed. RJ: Federação Espírita Brasileira, 1987

KAKU, M. Hiperespaço. Uma odisséia científica através de universos paralelos, empenamentos
do tempo e a décima dimensão. 1. ed. RJ: Rocco, 2000.

17 março 2012

DOENÇA MENTAL E ESPIRITISMO

O Espiritismo vem desde o século XIX lançando luz sobre os mais variados temas que até então pareciam insolúveis. A deficiência mental – ou a loucura – tratada de forma marginal pela ciência durante milênios, chamou a atenção do codificador lionês que lhe reservou alguns artigos na famosa Revue Spirite. Mas como deve ser encarado o problema da doença mental sob a ótica espírita? Quais os elementos envolvidos nesse processo de tanta dor? Qual o papel da família que tem em seu seio um doente? São essas algumas das questões que nos propomos abordar nas linhas que se seguem.

História e a visão materialista

Hoje em dia o termo deficiência mental é preferível à palavra loucura para designar os portadores de algum distúrbio psíquico, isso porque nas últimas décadas a doença mental tem sido tratada de forma mais racional. A classe médica e mesmo a sociedade civil em geral vem mudando a maneira como encara esse distúrbio.

Mas nem sempre foi assim. O francês Michel Foucault (1926-1984), em seu livro clássico sobre a história da loucura, estabeleceu um paralelo interessante entre a loucura e a lepra. A lepra, na Antigüidade, era objeto de exclusão e supressão de elementos da sociedade; o portador da doença era o bode expiatório culpado de causar males aos outros. Os vales dos leprosos eram lugares ermos, afastados das cidades, em que se “depositavam” todos os doentes leprosos escorraçados do convívio social comum. A loucura, sobretudo a partir da Idade Média, viria ocupar o lugar da lepra, como alvo da brutalidade dos homens ditos normais. Seria, nas palavras do autor, o novo “espantalho”, que estabeleceu com a sociedade uma relação de divisão e exclusão.

Na sociedade medieva, ou medieval, temerosa dos poderes espirituais ocultos, a doença mental passa a ser encarada como resultado da presença demoníaca, da força maligna na sua plena ação. O louco era submetido a sessões de tortura física e psicológica; não havia compreensão e um sentimento de ódio e temor rondavam a relação entre os sãos e os doentes.

O desconhecimento quase que completo, levou à busca de tratamentos antiquados e dolorosos aos doentes. A trepanação – o embrião das modernas lobotomias – consistiam na abertura de buracos nos crânios dos doentes de 2,5 a 5 cm de diâmetro, sem anestesia ou assepsia adequadas. Os “doutores” buscavam remover a pierre de folie (pedra da loucura) que acreditavam existir nos cérebros dos doentes. O que acontecia de fato é que eram feitas verdadeiras mutilações que exauriam as forças dos doentes e, por vezes, acabavam por deixar os pacientes privados de certos movimentos.

A partir do século XIX, com o nascimento da psicanálise e as importantes contribuições de Freud, a psiquiatria como um dos braços da medicina pôde avançar em alguns pontos no tratamento da loucura, mas não suficientemente. Freud, com o desenvolvimento da teoria da libido, não conseguiu dar conta do complexo problema da deficiência mental. Jung então questionou a influência capital do aparelho genésico do desenvolvimento do ser, defendido por Freud.

Os tratamentos com eletrochoque, a eletroconvulsoterapia, as convulsões induzidas por metrazol, a indução a febre, enfim, nunca foram completamente bem sucedidos no auxílio aos doentes. Tratamentos por vezes polêmicos e resultados efêmeros levaram a partir das décadas de 60 e 70 a um movimento conhecido por antipsiquiátrico, que questionava as terapias convencionais e o sistema psico-hospitalar tradicional.

Visão Espírita

O fato é que a ciência tradicional nunca soube realmente o que provocava a doença mental. Por que pessoas relativamente sãs em alguma fase da vida começavam a manifestar traços de insanidade? Por que outras já nasciam doentes? E ainda, por que tantas se curavam sem razão aparente?

A psiquiatria tem estado atada, é verdade, pelos limites do cérebro, pelas barreiras do corpo material, fonte que, sabemos, não é a origem principal da doença, mas sim a manifestação de algo que é externo a ele. Vejamos agora no que o Espiritismo contribuiu para o entendimento dessa questão.

Allan Kardec e os Espíritos da Codificação nos apresentaram um elemento primordial para o entendimento do ser humano na sua essência: o Espírito. O ser imortal; aquele que viveu e viverá inúmeras existências através das reencarnações; o ser que possui um histórico de uma vida milenar que não se restringe somente à vida presente. O Espiritismo abalou as estruturas do materialismo vigente, trouxe uma revolução no campo das idéias, inovou os conceitos religiosos e científicos. A idéia da existência do Espírito pôde explicar a gênese de muitos problemas da vida cotidiana.

Através da lei da reencarnação, explicou a questão das causas atuais e passadas das nossas aflições; que como seres imortais, somos fruto do que fizemos anteriormente. Sofremos mais ou somos mais felizes de acordo com o que viemos construindo nas nossas existências nas diversas moradas do Pai.

Uma das idéias mais importantes introduzidas pelo Espiritismo fora a da Lei de causa e efeito, emprestada de certa maneira da lei da física de ação e reação. A Lei de causa e efeito nos deu uma amplidão de visão que nos ajudou a compreender, por exemplo, que nossa vida presente é reflexo do que temos sido até hoje, inclusive de nossas vivências passadas. Nossas faltas anteriores, nossos erros passados surgem hoje como expiações; assim como nossos acertos aparecem-nos como paliativo ou recompensa na vida atual. Plantamos sementes voluntariamente e hoje somos chamados à colheita. É uma lei natural.

A loucura – ou a doença mental, como preferir – deve ser também encarada sob esse prisma, como reflexo de uma atitude passada. Como se manifesta de uma forma negativa, trazendo sofrimento tanto para o doente, como para a família, há que se concluir que seja reflexo de uma falta anterior.

Emmanuel e Joanna de Ângelis nos explicam que são várias as causas da loucura e que, quase sempre, são contraídas por faltas em uma existência anterior. O suicídio, o uso inadequado das faculdades mentais, o envolvimento exagerado com a vida mundana, ou mesmo um progresso intelectual sem a contraparte moral podem ser assinalados como causas anteriores de uma vida atual mergulhada na insanidade.

O Espírito que procedeu assim, no seu desencarne percebe que viveu de forma desequilibrada sente-se ele próprio um criminoso. No seu tribunal de consciência vê que foi causador de uma desarmonia muito grande e na aferição dos males que praticou sente-se culpado. Suas faltas todas, assim como as boas ações também, impregnaram o seu perispírito e ele vê no processo do reencarne a única forma de reparação possível. Busca um mecanismo auto-punitivo que possa absolvê-lo dos males que praticou. Sente que uma nova vida na Terra, num corpo portador de uma doença mental, poderá livrar-lhe do peso das suas ações infelizes.

No processo da reencarnação, o Espírito aplica-se-lhe de forma consciente ou inconsciente, uma punição porque deseja evoluir e sabe que para isso tem de apagar os erros cometidos no passado. Veja que não é uma punição vinda unicamente de Deus, ou um veredicto traçado por um deus vingativo, mas antes disso, um alerta da consciência do próprio Espírito que se sente faltoso com a harmonia universal, pois sabemos que ninguém se escusa da própria consciência.

A partir do momento da permissão do reencarne e a posterior fase da concepção, o Espírito passa a imprimir nas moléculas de DNA do novo corpo físico, as suas necessidades e heranças. Essas impressões materiais serão recursos propiciatórios à sua evolução. Os atos anteriores do Espírito, herdeiro de si mesmo, lhes plasmam o destino futuro e, através do seu desejo de redimir-se, aplica-se-lhe a pena necessária aos crimes que lhe pesam na economia moral.

Notemos que o Espírito não é louco, pois tem a consciência de suas faltas e deseja repará-las. É certo que há Espíritos que têm de ser submetidos a uma reencarnação compulsória, mas mesmo nesses casos o Espírito não é louco, e sim terá em mãos um corpo que não lhe permitirá manifestar todas as suas faculdades.

Na nova vida encarnada a doença poderá manifestar-se desde o nascimento ou poderá ser desencadeada por uma aparente causa material: uma fixação, um trauma, um estresse ou mesmo uma decepção. O que devemos saber é que em ambos, o gérmem da doença mental já estava registrado no perispírito do reencarnante. Da neurose mais simples, passando pelo mongolismo, pela demência, pela esquisofrenia: a gênese é sempre espiritual.

Outro aspecto que temos de considerar é a loucura desencadeada por um processo obsessivo, que também tem por causa um ato anterior. A obsessão é um mecanismo de cobrança do ser desencarnado em relação ao encarnado. Um histórico de disputas e relações não resolvidas envolvem vítima e algoz, agora em papéis trocados. O obsessor acredita que sua má influência e vingança do ofensor encarnado se livrará da dor que carrega, influência essa que pode inclusive levar o obsediado a um diagnóstico equivocado de deficiência mental. Com a devida terapia espírita, mudança de comportamento do encarnado, reforma íntima e amor dos companheiros mais próximos é quase certo que a cura total é possível nesses casos.

A doença mental é expiação ou prova também para os pais que podem ter sido coadjuvantes nas faltas desses espíritos. Eles são agora testados e deverão aplicar todo o amor possível na convivência com o doente, sendo responsáveis pelo ser débil que os acompanha. Sabemos que a cura total é quase sempre impossível porque consta do plano reencarnatório da criatura, mas a dor tanto do doente quanto da família pode ser suavizada se tivermos em mente que nunca estamos sozinhos; se confiarmos e termos a figura divina como nosso norte, espíritos amigos estarão sempre nos inspirando e colaborando em nossa caminhada.

A terapêutica espírita no tratamento da loucura é essencialmente preventiva, pois sugere a resignação ante as vicissitudes da vida que poderiam causar o afloramento da doença. O auto-conhecimento, a busca constante da reforma íntima e a transformação pessoal de cada um constituem meios eficazes de manter a saúde psíquica de todos, já que qualquer um de nós pode ser doente em potencial.

O auto-conhecimento tão bem aplicado por Santo Agostinho é uma das chaves mestras na prevenção de toda e qualquer doença. A auto-observação no dia-a-dia, na busca constante de identificar os pontos a serem melhorados, as fraquezas e más tendências são elementos importantes para assegurar a qualidade de vida. A proposta de renovação íntima, de transformação moral, da mudança dos hábitos mentais, da substituição do pensamento negativo pelo positivo são ferramentas de prevenção ditados pelo Cristo e renovados pelo Espiritismo.

A fé e confiança em Deus deverão nos dar uma natural resignação ante as tribulações cotidianas e o Espiritismo nos faz lembrar que a vida na Terra é sempre passageira; que se passarmos por tudo de forma equilibrada uma sorte mais feliz nos aguardará no plano espiritual.

Se olharmos para a vida eterna do Espírito que somos, veremos que passamos hoje apenas uma fase passageira nessa existência. Que a cruz, embora possa parecer demasiado pesada, pode ser perfeitamente carregada se tivermos força e confiança na providência divina. Todo esforço será recompensado e aos olhos do Pai, cada gota de suor será computada no final.

Nunca há injustiça alguma vinda do céu. Encaremos as dificuldades como oportunidades de progresso. Essa é a proposta do Espiritismo.

Danilo Pastorelli

Bibliografia

FOUCAULT, M.J.P. História da loucura na idade clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978.
FRANCO, D. P. (Jonna de Ângelis – Espírito). No rumo da felicidade. Santo André: Ed. Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes, 2001.
FRANCO, D. P. (Jonna de Ângelis – Espírito). O ser consciente. Salvador: Centro Espírita Caminho da Redenção, 1993.
KARDEC, A. Revista Espírita. Sobradinho: Edicel. (1890, 1861, 1863, 1864 e 1865).
XAVIER, F.C. (Emmanuel – Espírito). Religião dos Espíritos.
XAVIER, F.C. (André Luiz – Espírito). Ação e reação. Rio de Janeiro: FEB, 1996.
*O autor é atuante no movimento espírita em Ribeirão Preto/SP, coordenador de grupo de estudos e de reunião mediúnica na Sociedade Espírita Unificação Kardecista, além de Historiador formado pela UNESP/Franca e Mestrando em Economia pela UNESP/Araraquara.

15 março 2012

UFOLOGIA, PSICOLOGIA E ESPIRITISMO

Como esta questão tem tomado o tempo e a atenção de muitos estudiosos, sobretudo em decorrência das constantes notícias sobre seres extraterrestres e seus misteriosos discos voadores, resolvemos fazer uma pequena comparação da ufologia com a explicação psicológica para esse fenômeno e com o princípio espírita básico que afirma a pluralidade dos mundos habitados. Vejamos o resultado da pesquisa.

Ufologia - As iniciais U. F. O. em inglês resumem Unidentified Flying Object, que em português significa OVNI - Objeto Voador Não Identificado, sendo certo que o estudo desses objetos e seus enigmáticos ocupantes passou a ser conhecido como Ufologia.1 Note-se que algo para ser considerado como OVNI deve ser um objeto, que tem de ser voador, e, mais do que objeto voador, não pode ser identificado com qualquer coisa conhecida na Terra, porquanto se faltar-lhe uma ou mais dessas características ele poderá ser tudo, menos um objeto voador não identificado.

Por outro lado, os ufólogos referem-se a três espécies de fenômenos, a saber: a) os avistamentos, que ocorrem quando um ou vários indivíduos apenas avistam um OVNI; b) os contatos, que podem ser mentais, verbais ou físicos com os tripulantes do objeto, e, finalmente, c) as abduções, que são seqüestros cometidos por seres extraterrestres, os quais podem constranger as pessoas a uma simples visita ao interior de suas naves, ou a viagens a locais desconhecidos, ou até mesmo a se submeterem a exames médicos e cirurgias para instalação de monitores nos seus corpos.

Existem incontáveis referências históricas de avistamentos, contatos e abduções ocorridos ao longo dos tempos, além de sinais deixados na Terra- por seres extraterrestres e seus misteriosos aparelhos, que forneceram farto material para livros, filmes, registros, documentários, depoimentos, versões e, naturalmente, para muitas lendas e fraudes.

Entretanto, foi apenas em meados de 1947, quando o piloto Kenneth Arnold, de Boise, Idaho, nos Estados Unidos, avistou nove objetos brilhantes, em forma de pires, voando a 3 mil metros de altura a uma "velocidade incrível", que realmente teve início aquilo que poderíamos chamar de urologia moderna. Desde então é raro o mês em que a imprensa mundial não anuncia um avistamento, um contato ou uma abdução inclusive no Brasil, onde o episódio mais importante teria ocorrido em 1996 na cidade mineira de Varginha, quando seres espaciais teriam sido capturados por militares e cujo destino atual é ignorado.

No caso específico da abdução, o jornalista Luis Pellegrini lembra que o folclorista americano Eddie Bullard alinhou uma seqüência de oito episódios para o seqüestro típico, a saber: " 1) o seqüestrado é capturado por meio de recursos de tipo mágico; 2) ele é submetido a um exame médico do qual fazem parte manipulações físicas e mentais aterrorizantes; 3) ele recebe do comandante da nave cósmica uma comunicação, na qual o chefe lhe explica os objetivos da sua viagem intersideral; 4) ele é convidado a visitar o disco voador, e particularmente a sala das máquinas e o painel de comando; 5) ele efetua uma 'viagem dentro da viagem': visita um outro mundo, em geral um planeta distante, mas também, em alguns casos, uma caverna ou um labirinto misteriosos; 6) ele testemunha uma 'aparição', muitas vezes sem que seus raptores percebam isso; 7) Os extraterrestres o liberam na natureza, ou o reconduzem ao carro ou à residência onde o capturaram; 8) o seqüestrado, uma vez sobre a terra, sofre diversas repercussões, tanto mentais quanto existenciais e fisiológicas, do seu périplo cósmico; pode cair doente, descobre marcas no seu corpo, descobre que pode curar seus semelhantes ou ler seus,. pensamentos; constata-se também, com freqüência, uma reformulação paramística da sua personalidade." Diz ainda Pellegrini que, "quanto à atividade central dos cirurgiões cósmicos, as experiências e o recolhimento de amostras de material orgânico em cobaias humanas, ela também constitui uma história-padrão que foi descrita - construída pelo estudioso americano David Jacobs. Depois de conduzir a cobaia a bordo da nave, os extraterrestres a preparam para a experiência; primeiro a submetem a um exame externo, depois a exames internos que requerem uma tecnologia sofisticada. Em seguida, passam a estudar suas funções gerais, sua neurofisiologia, e concluem com manipulações mentais. Os experimentadores introduzem implantes nos corpos de suas cobaias, que permitem agir sobre o psiquismo dos seqüestrados e rastrear permanentemente os seus pensamentos." Bertrand Méheust, professor de filosofia francês e também citado por Luis Pellegrini, mostrou grande interesse "pelo exame dos muitos relatos de rapto (abdução) de pessoas por tripulantes de discos voadores. Ele observa que, desde o início do século, muitos autores de ficção científica ocuparam-se do tema dos raptos extraterrestres. A partir do testemunho bombástico de Betty e Barney Hill, casal norte-americano que declarou ter sido raptado por um disco voador em 1961, uma verdadeira onda de relatos semelhantes passaram a ocorrer. Hoje, testemunhos desses seqüestros contam-se aos milhares.

"Méheust observa que os relatos das décadas de 60 e 70 eram bem diferenciados e denotavam grande pujança de imaginação criativa por parte de seus autores. Mas, a partir do início dos anos 80, esses relatos se organizam, tomam-se mais precisos, e se conformam cada vez mais a modelos bem definidos. Isso se deve, segundo o estudioso, à melhor organização daquilo que ele chama de 'meio associado' (trabalho dos pesquisadores ufólogos, edição de revistas e livros especializados, divulgação de massa através da mídia).

'Todos esses promotores de modelos padrões de seqüestros colaboram para a organização e o desdobramento da nova mitologia. Investigadores e ao mesmo tempo teóricos do assunto, eles atuam sobre os alegados seqüestradores que hipnotizam; selecionam, dos depoimentos que obtêm dos hipnotizados, as informações que confirmam os seus pressupostos; e contribuem dessa forma, sem que o percebam, para criar e promover a ordem que eles acreditam descobrir.' Atribuindo o fenômeno ao imaginário, Méheust diz que dele 'devesse conservar dois traços fundamentais. O primeiro é o caráter estereotipado dos procedimentos adotados pelos visitantes cósmicos. O segundo traço concentre ao sentido que se depreende desses estranhos relatos.

Com freqüência, durante os raptos, os seqüestradores revelam suas intenções. Elas variam quanto aos detalhes, mas giram ao redor de um tema lancinante: o esgotamento da vida.

Sua vitalidade está em baixa, não conseguem mais se reproduzir o seu sol vai morrer, e eles vêm até nós para absorver nossas emoções, para recolher material orgânico e genético, tanto dos humanos quanto dos animais.

Eles necessitam, de algum modo, apoiar-se à vida humana para não desaparecer."2 Seja realidade ou mero produto da imaginação, nenhuma pessoa medianamente informada pode ignorar o enorme volume de informações sobre discos voadores e seus misteriosos tripulantes. O fenômeno ufológico tem sido objeto de abordagens muito divcrsificada3, não escapando nem mesmo a teoria psicológica, que veremos em seguida.

Explicações psicológicas - No excelente trabalho já referido, de autoria de Luis Pellegrini, notório conhecedor da matéria que ora na ocupar tempo, lemos que, diante "desse quadro de quase totais incertezas que caracteriza o mundo dos discos voadores, formou-se também uma outra corrente, pouco ou nada preocupada com a realidade objetiva do fenômeno ufológico, e sim interessada no aspecto subjetivo da questão. Ou seja, pessoas que se preocupam em saber o que os UFOS significam para nós, humanos do atual momento histórico, e qual a importância psicológica individual e coletiva que esse mistério representa.

Um dos grandes precursores dessa abordagem foi o psicólogo Carl Gustav Jung. Embora declaradamente cético a respeito dos UFOS, Jung não conseguiu ficar isento ao seu fascínio. Ele logo percebeu que muitos, em todo o mundo, acreditavam em discos voadores e, mais que isso, desejavam que eles fossem reais. Essa constatação foi o ponto de partida de um importante livro de sua autoria, Discos voadores, um mito moderno de coisas vistas no céu. Focalizado não na realidade ou irrealidade objetivas dos UFOS, mas no seu aspecto psíquico, Jung os entendia como 'boatos visionários', como um mito em formação, o centro de um culto quase religioso, como portadores de fantasias tecnológicas e redentoras, como projeções de conteúdos da psique inconsciente, como símbolos do Self ou da totalidade psíquica." Em seguida, Pellegrini afirma que no referido livro Jung "desenvolve uma análise psicológica do fenômeno dos discos voadores e analisa a dimensão simbólica desses 'signos do céu'. Para ele, numa civilização de alta tecnologia, o espaço celeste tornou-se objeto de novas expectativas.

A embriaguez suscitada pela conquista espacial pode exaltar a imaginação até u puniu em que ela considera as viagens interplanetárias como uma realização possível. Mas o desejo atribuído aos extraterrestres de nos visitar já se encaixara no quadro de uma conjectura mitológica derivada de uma projeção do inconsciente. Um mito vivo se constituiu, segundo Jung, a partir de uma situação de aflição psicológica, e é essa aflição que lhe serve de substância nutritiva. O mundo moderno faz pesar sobre os espíritos uma angústia coletiva que _ se projeta em direção aos céus sob a forma de corpos circulares luminosos. A partir daí, a análise junguiana reconhece nessas aparições uma analogia com o símbolo ancestral e universal da totalidade psíquica: a mandala, motivo budista e hinduísta do círculo mágico. Este arquétipo, saído do inconsciente coletivo, é dotado de um significado numinoso: ele se traduz a aspiração a uma plenitude e a um desabrochamento total das nossas possibilidades. Como diz Jung, a linguagem do inconsciente segue 'uma trama instintiva e arcaica que, devido a seu caráter mítico, não pode mais ser discernida e reconhecida pela razão.' Assim, os discos voadores representaram, sob uma forma adaptada ao imaginário moderno, conteúdos latentes do psiquismo. Não integrados pelo consciente e carregados de afetividade, esses conteúdos aparecem como fatos dotados de uma realidade física: 'a mandala e sua totalidade redonda torna-se um engenho interplanetário, pilotado por seres inteligentes.' interessante observar que as abduções (seqüestros) configuram, tanto para a psicologia como para a antropologia, o fenômeno ufológico fundamental, porquanto tais disciplinas jamais tiveram o ensejo de acompanhar o desenvolvimento de uma mitologia.

Um aspecto dessa problemática que tem causado perplexidade entre os psicólogos é o fato incontestável de que a maio1-ia absoluta dos abduzidos (seqüestrados) não possuem características próprias da psicopatologia e são pessoas honestas, dando verossimilhança aos relatos dos seqüestros de que foram vítimas".

Pellegrini termina sua matéria dizendo que estudiosos como Méheust concluem que "os relatos dos seqüestrados encenam, como para a conjurar, a deterioração das relações humanas. O extraterrestre dos discos voadores é o inquietante homem do amanhã, tal como tememos que ele se torne: um monstro de frieza, de indiferença, robotizado, efetuando com método imperturbável as tarefas para as quais foi programado." Será isto mesmo? Ou esses enigmáticos seres extraterrestres e suas naves cósmicas seriam a prova evidente de que não estamos a sós no Universo, de que de fato existe vida inteligente fora da Terra?

Vamos analisar o tema à luz do Espiritismo.

Pluralidade dos mundos habitados - Este é um dos princípios básicos da Doutrina Espírita 3, de acordo com o qual nada confere à Terra o privilégio de ser a única residência de seres racionais e inteligentes, porque é um pequeno globo quase imperceptível na imensidão do Universo.

Com efeito, o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição. Entretanto, há homens que se têm por espíritos muito fortes e que imaginam pertencer a este pequenino globo o privilégio de conter seres racionais. Orgulho e vaidade!

Julgam que Deus criou o Universo só para eles !

Na realidade, Deus sabiamente povoou de seres vivos a pluralidade dos mundos, concorrendo todos eles para o objetivo final da Providência.

Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. Certo, a esses mundos há de ele ter dado uma destinação mais será do que a de nos recrearem a vista. Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos semelhantes.

Resta saber as condições gerais dos habitantes desses mundos. Será que eles têm as mesmas características do homem terreno? Existirão homens e mulheres com corpos semelhantes aos nossos? Pelo que nos foi dado saber, eles são seres apropriados à constituição física de cada globo; entre os habitantes desses orbes uns são mais, outros menos adiantados do que nós, do ponto de vista intelectual, moral e mesmo físico. Ademais, sabemos que é possível entrar em relação com eles e obter esclarecimentos sobre seu estado; sabemos ainda que não só todos os globos são habitados por seres corpóreos, mas que o espaço é povoado por seres inteligentes, invisíveis para nós, por causa do véu material lançado sobre nossa alma e que revelam sua existência por meios ocultos ou patentes.

Estas informações foram dadas pelos Espíritos e estão perfeitamente de acordo com o relato dos ufólogos, que atestam as diversas condições físicas, morais e intelectuais dos possíveis seres extraterrestres que mantiveram contatos com pessoas humanas. Consta que alguns deles, menos adiantados, têm onze sentidos, e outros, mais desenvolvidos, trabalham com até dezesseis sentidos, enquanto que os habitantes da Terra possuem apenas cinco sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato). Vemos, portanto, muita semelhança entre as comunicações dos Espíritos e as pesquisas ufológicas sérias.

Conclusões - Diante do exposto, podemos concluir que:

I - inúmeros depoimentos, fotografias e filmes atestam que seres estranhos e objetos voadores foram vistos em diversos pontos do planeta Terra, sem que pudessem ter sido identificados com pessoas ou objetos conhecidos;

II - as explicações psicológicas que foram dadas para os avistamentos, contatos e abduções (seqüestros) são insuficientes para explicá-los, até porque praticamente todos os indivíduos que afirmam ter avistado, mantido contatos ou foram abduzidos (seqüestrados) por tais seres estranhos e seus objetos voadores não identificados, que inclusive foram registrados em fotos e filmes, são pessoas sérias, idôneas, honestas e sem nenhuma característica psicopatológica;

III - esses depoimentos, foto grafias e filmes podem confirmar o princípio espírita que sustenta a existência de vida inteligente fora da Terra;

IV - pelo menos alguns desses possíveis seres extraterrestres têm traços humanóides, mas muito diferentes daqueles que são próprios do homem terreno;

V - os objetos que não teriam sido identificados, de no mi na do s OVNIS - Objetos Voadores Não Identificados, podem pertencer a seres extraterrestres, os quais, oriundos de outras dimensões, ingressam na Terceira Dimensão própria dos homens que habitam o plano físico do planeta Terra, razão pela qual não são detectados pelos radares e censores, salvo quando o avistamento interessa aos tripulantes das naves desconhecidas;

VI - a vida em outros mundos é inerente às suas próprias condições, que podem ser invisíveis aos olhos e aparelhos humanos, porquanto estariam dentro de dimensões ainda inacessíveis ao homem da Terra."

1 A Ufologia ainda não foi oficialmente reconhecida como ciência, pois embora tenha um objeto de estudo definida, ainda não elegeu o seu método científico próprio, condição inafastável para que uma disciplina seja aceita como ciência.

2 PELLEGRINI, Luis. A invenção dos discos voadores. Revista Planeta, fevereiro de 1998.

3 Allan Kardec, O livro dos Espíritos e Revista Espírita de março de 1 85 8.

Revista Internacional de Espiritismo – Ed. O Clarim, Matão-SP

Eliseu F. da Mota Júnior

11 março 2012

NATAL E ESPIRITISMO

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Nascimento de Jesus: 4.1. A Manjedoura; 4.2. Anúncio Profético; 4.3. Uma Nova Luz. 5. A Simbologia do Natal: 5.1. Papai Noel; 5.2. O Espírito do Natal; 5.3. Numa Véspera de Natal. 6. A Mensagem do Cristo através do Espiritismo: 6.1. Um Conquistador Diferente; 6.2. O Espiritismo como Revivescência do Cristianismo; 6.3. Festa de Natal para os Espíritas. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

De onde vem o termo Natal? Por que 25 de dezembro? Desde quando se comemora nesta data? Qual o espírito do Natal? Qual o significado dos presentes, das árvores e do Papai Noel? Tencionamos desenvolver este assunto analisando o nascimento de Cristo, o espírito natalício e os subsídios oferecidos pelo Espiritismo, para uma melhor interpretação da sua simbologia.

2. CONCEITO

Natal - Do latim natale significa nascimento. Dia em que se comemora o nascimento de Cristo (25 de dezembro).

3. HISTÓRICO

As Igrejas orientais, desde o século IV, celebravam a Epifania (“aparição” ou “manifestação”), em 6 de janeiro, cujo simbolismo referia-se ao mistério da vinda ao mundo do Verbo Divino feito homem. Em Roma, desde o tempo do Imperador Aureliano (274), o dia 25 de dezembro (solstício de Inverno, no calendário Juliano) era consagrado ao Natalis Solis Invicti, festa mitríaca do “renascimento” do Sol. A Igreja romana não tardou em contrapor-lhe a festa cristã do Natale de Cristo, o verdadeiro “sol de justiça”. Esta festa pronto se estendeu por todo o Ocidente, não tardando também em ser adotada por todas as igrejas orientais. (Enciclopédia luso-Brasileira de Cultura)

O nascimento de Cristo sempre esteve envolvido em controvérsias. Para uns, seria 1.º de janeiro; para outros, 6 de janeiro, 25 de março e 20 de maio. Pelas observações dos chineses, o Natal seria em março, que foi quando um cometa, tal qual a estrela de Belém, reluziu na noite asiática no ano 5 d.C. Como data festiva, é um arranjo inventado pela Igreja e enriquecida através dos tempos pela incorporação de hábitos e costumes de várias culturas: a árvore natalina é contribuição alemã (século VIII); o Papai Noel (vulgo São Nicolau) nasceu na Turquia (século IV); os cartões de natal surgiram na Inglaterra, em meados do século XIX. (Estado de São Paulo, p. D3)

4. NASCIMENTO DE JESUS

4.1. A MANJEDOURA

Conta-se que Jesus nascera numa manjedoura, rodeado de animais. Um monge diz que isso não é verdade, pois como a casa de José era pequena para abrigar toda a sua família, o novo rebento deu-se no estábulo. Em termos simbólicos, a manjedoura revela o caráter humilde e simples daquele que seria o maior revolucionário de todos os tempos, sem que precisasse escrever uma única palavra. Os exemplos de sua simplicidade devem nortear os nossos passos nos dias que correm. De nada adianta dizermo-nos adeptos de Cristo e agirmos de modo contrário aos seus ensinamentos.

4.2. ANÚNCIO PROFÉTICO

O nascimento de Jesus fora anunciado pelos profetas da antiguidade, nos seguintes termos: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus convosco)”. Na época predita veio ao mundo o arauto, o Salvador, aquele que tiraria os “pecados” do mundo. Os judeus, contudo, não entenderam a grande mensagem do Salvador: esperavam-no na condição de rei, de governador. Ele, porém, dizia ser rei, mas não deste mundo. Enaltecendo a continuidade desta vida, vislumbrava-nos a expectativa da vida futura, muito mais proveitosa e sem as dificuldades materiais da vida presente.

4.3. UMA NOVA LUZ

O nascimento de Jesus coincide com a percepção de uma nova luz para a humanidade sofredora. Os ensinamentos de Jesus devem servir para transformar não apenas um homem, mas toda a Humanidade. Numa simples visão de conjunto, observamos o que era planeta antes e no que se transformou depois de sua vinda. O Espírito Emmanuel, em Roteiro, diz-nos que antes de Cristo, a educação demorava-se em lamentável pobreza, o cativeiro era consagrado por lei, a mulher aviltada qual alimária, os pais podiam vender os filhos etc. Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento. Iluminados pela Divina influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes; Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados; instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular etc. (Xavier, 1980, cap. 21)

5. A SIMBOLOGIA DO NATAL

5.1. PAPAI NOEL

Papai Noel, símbolo do Natal, é usado pelos comerciantes, a fim de incrementar as vendas dos seus produtos no final de cada ano. O espírito do natal, segundo a propaganda, está relacionado com a fartura da mesa, a quantidade de brinquedos e outros produtos que o consumidor possa ter em seu lar. À semelhança dos reflexos condicionados, estudados por Pavlov, há repetição, intensidade e clareza dos estímulos à compra, dando-nos a entender que estamos comemorando o renascimento de Cristo. Se não prestarmos atenção, cairemos na armadilha do consumismo exacerbado, dificultando a meditação e a reflexão durante esta data tão especial para a Humanidade.

5.2. O ESPÍRITO DO NATAL

O espírito do Natal deve ser entendido como a revivescência dos ensinos de Cristo em cada uma de nossas ações. Não há necessidade de esperarmos o ano todo para comemorá-lo. Se em nosso dia-a-dia estivermos estendendo simpatia para com todos e distribuindo os excessos de que somos portadores, estaremos aplicando eficazmente a “Boa-Nova” trazida pelo mestre Jesus. “Não se pode servir a Deus e a Mamon”. A perfeição moral exige distinção entre espírito e matéria. A riqueza existe para auxiliar o homem no seu aperfeiçoamento espiritual. Se lhe dermos demasiado valor, poderemos obscurecer nossa iluminação interior. Útil se torna, assim, conscientizarmo-nos de que somos usufrutuários e não proprietários dos bens terrenos.

5.3. NUMA VÉSPERA DE NATAL

Conta-nos o Espírito Irmão X que Emiliano Jardim, cujas noções materialistas estragavam-lhe os pensamentos, viera a sofrer uma dor de paternidade, ao ver o seu filho arrebatado pela morte. Abatido pela dor, começa a se interessar pelo Catolicismo. Porém, repelia veemente todos os que pensavam de forma diferente a respeito do Cristo. Do Catolicismo passa para o Protestantismo, mas sem que o Mestre penetrasse no seu interior. Depois de longa luta, Emiliano sente-se insatisfeito e ingressa nos arraiais espiritistas. Emiliano, como acontece à maioria dos crentes, vislumbra a verdade dos ensinamentos de Jesus, anseia por vê-lo nos outros homens, antes de senti-lo em si mesmo.

Com o passar do tempo, teve outros revezes.

Numa véspera de Natal, em que o ambiente festivo lhe falava da ventura destruída do coração, Emiliano quis por termo à própria vida.

Na hora amargurada em que o mísero se dispunha a agravar as próprias angústias, uma voz se fez ouvir no recôndito de seu espírito:

“— Emiliano, há quanto tempo eu buscava encontrar-te; mas sempre me chamavas através dos outros, sem jamais me procurar em ti mesmo! Dá-me tua dor, reclina a cabeça cansada sobre o meu coração!... Muitas vezes, o meu poder opera na fraqueza humana. Raramente meus discípulos gozam o encontro divino, fora das câmeras do sofrimento. Quase sempre é necessário que percam tudo, a fim de me acharem em si mesmos”.

Emiliano estava inebriado. E a voz continuou:

“— Volta ao esforço diário e não esqueças que estarei com os meus discípulos sinceros até ao fim dos séculos! Acaso poderias admitir que permaneço em beatitude inerte, quando meus amigos se dilaceram pela vitória de minha causa? Não posso estacionar em vãs disputas, nem nas estéreis lamentações, porque necessitamos cuidar do amoroso esclarecimento das almas. É por isso que estou, mais freqüentemente, onde estejam os corações quebrantados e os que já tenham compreendido a grandeza do espírito de serviço. Não te rebeles contra o sofrimento que purifica, aprende a deixar os bonecos a quantos ainda não puderam atravessar as fronteiras da infância. Não analises nunca, sem amar. Lembra-te de que quando criticares teu irmão, também eu sou criticado. Ainda não terminei minha obra terrestre, Emiliano! Ajuda-me, compreendendo a grandeza do seu objetivo e entendendo a fragilidade dos teus irmãos”. (Xavier, 1982, p. 40)

6. A MENSAGEM DO CRISTO ATRAVÉS DO ESPIRITISMO

6.1. UM CONQUISTADOR DIFERENTE

A história está repleta de conquistadores: Sesóstris, em seu carro triunfal, pisando escravos e vencidos, em nome do Egito sábio; Nabucodonosor, arrasando Nínive e atacando Jerusalém; Alexandre, à maneira de privilegiado, passa esmagando cidades e multidões; Napoleão Bonaparte, atacando os povos vizinhos. A maioria desses homens fizeram as suas conquistas à custa de punhal e veneno, perseguição e força, usando exército e prisões, assassínio e tortura.

“Tu, entretanto, perdoando e amando, levantando e curando, modificaste a obra de todos os déspotas e legisladores que procediam do Egito e da Assíria, da Judéia e da Fenícia, da Grécia e de Roma, renovando o mundo inteiro. Não mobilizaste soldados, mas ensinaste a um punhado de homens valorosos a luminosa ciência do sacrifício e do amor. Não argumentaste com os reis e com os filósofos; entretanto, conversaste fraternalmente com algumas crianças e mulheres humildes, semeando a compreensão superior da vida no coração popular”. (Xavier, 1978, cap. 49, p. 261)

6.2. O ESPIRITISMO COMO REVIVESCÊNCIA DO CRISTIANISMO

De acordo com os princípios doutrinários do Espiritismo, Jesus foi o personificador da segunda revelação da lei de deus, pois a primeira viera com Moisés, no monte Sinai, onde recebera a tábua dos Dez Mandamentos. Como Moisés misturou a lei humana com a lei divina, Jesus veio para retificar o que de errado havia, como é o caso de transformar a lei do “olho por olho” e a do “dente por dente” na lei do amor e do perdão. A sua pregação da boa nova veio ensinar ao homem a lei de causa e efeito e da justiça divina, quer seja nesta ou na outra vida, ou seja, a vida futura. Allan Kardec, com o auxílio dos Espíritos superiores, deu continuidade a esta grande obra de elucidação dos caminhos da evolução.

6.3. FESTA DE NATAL PARA OS ESPÍRITAS

Na noite em que o mundo cristão festeja a Natividade do Menino Jesus, os espíritas devem se lembrar de comemorar o nascimento da Doutrina Espírita, entendida como a terceira revelação, um novo marco no desenvolvimento espiritual da humanidade, em que todos os problemas, todas as dúvidas, todas as dores serão explicadas à luz da razão e do bom senso. Dentro deste contexto, a lei da reencarnação é um dos princípios fundamentais para o perfeito entendimento do sofrimento e da dor. De acordo com a reencarnação ou a diversidade das vidas sucessivas, temos condições de melhor vislumbrar o nosso futuro, que nada mais é do que uma continuidade daquilo que estivermos fazendo nesta vida. Optando pela prática do bem, teremos uma vida futura feliz; escolhendo o mal, teremos que sofrer as suas conseqüências, no sentido de nos adaptarmos à lei do progresso, que é inexorável.

7. CONCLUSÃO

Jesus, através de seus emissários, está sempre falando conosco, no sentido de nos incentivar a amar cada vez mais o nosso próximo, independentemente de como este esteja nos tratando. Pergunta-se: que vantagem há em amarmos os que nos amam?

Sérgio Biagi Gregório


8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa: Verbo, [s. d. p.]
ESTADO DE SÃO PAULO. 21/12/1996
XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980.
XAVIER, F. C. Reportagens de Além-Túmulo, pelo Espírito Irmão X. 6. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1982.
XAVIER, F. C. Pontos e Contos, pelo Espírito Irmão X. 4. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1978.