Conta-se que Epicteto, o escravo filósofo, visitado por Lisandro, liberto de Epafrodita, que lhe apresentava despedidas, em razão de mudança precipitada para Roma, entrou em fundo silêncio, diante do amigo íntimo.
– Pois não te regozijas? – exclamou o amigo, exonerado do cativeiro – não sentirás comigo o júbilo da transferência feliz?
O interpelado fixou-o, de frente, e indagou:
– Que pretendes?
– Uma viagem maravilhosa, o ambiente diverso, a modificação da vida, o esplendor da cidade imperial, a honra de ouvir os tribunos célebres, a contemplação dos espetáculos faustosos e, quem sabe, talvez o destaque entre os patrícios dominadores.
O filósofo escutava o companheiro sem o mais leve movimento.
Terminada a breve exposição, objetou, imperturbável:
– Empreendes longa e perigosa jornada, em busca de importância pessoal que te satisfaça a ambição. No entanto, que viagem já fizeste para modificar opiniões e melhorar sentimento?
O amigo surpreendido não conseguiu responder.
– Procuras ambiente diverso – prosseguiu o sábio sem alterar-se –; todavia, em que idade tentaste a própria renovação? Odeias sempre que te ferem, reages quando te insultam, justificas-te apressadamente quando te acusam de alguma falta... Que novidades poderás encontrar no caminho da vida? Desejas o esplendor da cidade dos Césares, mas não acendeste ainda a mais humilde candeia dentro de ti. Queres o júbilo de escutar os oradores famosos; porém, jamais consultaste alguém sobre os recursos que te façam melhor. Buscas espetáculos extravagantes para os olhos de carne, esquecido de que há prisioneiros contemplando festas loucas das grades do cárcere. Sonhas figurar entre os que dominam, mas não tens ainda o comando da própria existência.
O amigo corou ante as palavras serenas, mas exclamou irritadiço:
– No entanto, eu agora sou livre...
Epicteto sorriu e terminou :
– Tens a liberdade, mas não fugirás de ti mesmo...
O episódio recorda-nos a própria vida.
Na juventude, cheia de sonhos, à velhice coroada de desilusões, convida-nos a verdade ao campo consciencial para os serviços de iluminação íntima. A maneira do amigo de Epicteto, contudo, repousamos à sombra das árvores floridas de mentiras deliciosas, na floresta inextricável das emoções humanas. Procuramos melodias que nos embalem os ouvidos e decorações de luxo que nos magnetizem o olhar, colhemos botões de flores e inutilizamos frutos verdes, ciosos de nossa independência, permanecera sempre os mesmos joguetes da reação inferior, quando a luta nos visita de leve.
Desejamos e realizamos no plano exterior, penetrando, em seguida, os caminhos do tédio mortal.
Esgotamos a taça de vinho embriagador para encontrarmos, no fundo, o vinagre do desalento.
Terminadas as decepções da natureza física, conservamos o derradeiro e mais terrível engano. Esperamos na morte a revelação de um paraíso maravilhoso de ambrosias e cânticos angélicos. Sonhamos atravessar sublimes pórticos de misteriosos palácios, repletos de tesouros augustos e láureas imortais.
É a viagem difícil do liberto a uma Roma diferente, aureolada de púrpuras e riquezas.
Entretanto, à frente do castelo celestial, resplendente de luzes, estacamos, defrontados por nós mesmos, em amargosas sombras do coração. Intentamos avançar, ébrios de esperança, gritando nosso júbilo diante da “terra nova”. Todavia, pesadas algemas agrilhoam-nos o espírito ao que somos, fazendo-nos reconhecer que a semeadura da indiferença, produz abundante colheita de remorsos e lágrimas.
Reclamamos, choramos, suplicamos...
A consciência retilínea, porém, responde calma.
- Que realizaste senão repetir, até hoje, o que fazias há séculos? Odeias, quando te perseguem; reages, quando te apedrejam; defendes-te, apressado, quando te acusam... Não compreendeste, não ajudaste, não amaste.
Ansiosos pela fuga, contemplamos o plano infinito que se desdobra, convidando-nos à maravilhosa aventura, no limiar da Eternidade, e, tentando último esforço, para nos desvencilharmos das próprias obras, exclamamos, também:
- No entanto, eu agora sou livre...
E a consciência, divina e irrepreensível, replica-nos com a serenidade imperturbável do sábio cativo:
– Tens a liberdade, mas não fugirás de ti mesmo.
Um blog onde se respeita a diversidade religiosa,
o livre pensamento e o direito à expressão.
29 agosto 2010
27 agosto 2010
VIDA SOCIAL DOS DESNCARNADOS
Como se apresenta a vida social dos
Espíritos desencarnados?
No Plano Espiritual imediato à experiência física, as sociedades humanas desencarnadas, em quase dois terços, permanecem naturalmente jungidas, de alguma sorte, aos interesses terrenos.
Egressas do próprio mundo em que se lhes tramam os elos da retaguarda, quando não se desvairam nas faixas infernais, igualmente imanizadas ao Planeta de que se originam, trabalham com ardor, não só pelo próprio adiantamento, como também no auxílio dos que ficaram.
Naturalmente as almas que constituem a percentagem a que nos referimos, distanciadas ainda do aprimoramento ideal, procuram aperfeiçoar em si mesmas as qualidades nobres menos desenvolvidas, buscando clima adequado que lhes favoreça o trabalho.
Convictas de que tornarão à Terra para a solução dos problemas que lhes enevoam ou afligem o campo íntimo, situam-se em tarefas obscuras, junto aos semelhantes, encarnados ou desencarnados, quando se reconhecem vitimadas pela vaidade ou pelo orgulho que ainda lhes medram no seio, e localizam-se em aprendizados valiosos da inteligência, em se vendo inábeis para os serviços especializados do pensamento, não obstante os talentos sentimentais que já entesourarem consigo.
Quase todas, no entanto, obedecem aos ditames do amor ou do ideal que lhes inspiram a consciência.
Aglutinam-se em verdadeiras cidades e vilarejos, com estilos variados, como acontece aos burgos terrestres, característicos da metrópole ou do campo, edificando largos empreendimentos de educação e progresso, em favor de si mesmas e a benefício dos outros.
As regiões purgativas ou simplesmente infernais são por elas amparadas, quanto possível, organizando-se aí, sob o seu patrocínio, extensa obra assistencial
No plano físico, a equipe doméstica atende à consangüinidade em que o vínculo é obrigatório, mas, no plano extrafísico, o grupo familiar obedece à afinidade em que o liame é espontâneo.
Por isso mesmo, na esfera seguinte à condição humana, temos o espaço das nações, com as suas comunidades, idiomas, experiências e inclinações, inclusive organizações religiosas típicas, junto das quais funcionam missionários de libertação mental, operando com caridade e discrição para que as idéias renovadoras se expandam sem dilaceração e sem choque.
Com esses dois terços de criaturas ainda ligadas, desse ou daquele modo, aos núcleos terrenos, encontramos um terço de Espíritos relativamente enobrecidos que se transformam em condutores da marcha ascensional dos companheiros, pelos méritos com que se fazem segura instrumentação das Esferas Superiores.
(Evolução em Dois Mundos, 2a. Parte, Cap. VII
André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)
Espíritos desencarnados?
No Plano Espiritual imediato à experiência física, as sociedades humanas desencarnadas, em quase dois terços, permanecem naturalmente jungidas, de alguma sorte, aos interesses terrenos.
Egressas do próprio mundo em que se lhes tramam os elos da retaguarda, quando não se desvairam nas faixas infernais, igualmente imanizadas ao Planeta de que se originam, trabalham com ardor, não só pelo próprio adiantamento, como também no auxílio dos que ficaram.
Naturalmente as almas que constituem a percentagem a que nos referimos, distanciadas ainda do aprimoramento ideal, procuram aperfeiçoar em si mesmas as qualidades nobres menos desenvolvidas, buscando clima adequado que lhes favoreça o trabalho.
Convictas de que tornarão à Terra para a solução dos problemas que lhes enevoam ou afligem o campo íntimo, situam-se em tarefas obscuras, junto aos semelhantes, encarnados ou desencarnados, quando se reconhecem vitimadas pela vaidade ou pelo orgulho que ainda lhes medram no seio, e localizam-se em aprendizados valiosos da inteligência, em se vendo inábeis para os serviços especializados do pensamento, não obstante os talentos sentimentais que já entesourarem consigo.
Quase todas, no entanto, obedecem aos ditames do amor ou do ideal que lhes inspiram a consciência.
Aglutinam-se em verdadeiras cidades e vilarejos, com estilos variados, como acontece aos burgos terrestres, característicos da metrópole ou do campo, edificando largos empreendimentos de educação e progresso, em favor de si mesmas e a benefício dos outros.
As regiões purgativas ou simplesmente infernais são por elas amparadas, quanto possível, organizando-se aí, sob o seu patrocínio, extensa obra assistencial
No plano físico, a equipe doméstica atende à consangüinidade em que o vínculo é obrigatório, mas, no plano extrafísico, o grupo familiar obedece à afinidade em que o liame é espontâneo.
Por isso mesmo, na esfera seguinte à condição humana, temos o espaço das nações, com as suas comunidades, idiomas, experiências e inclinações, inclusive organizações religiosas típicas, junto das quais funcionam missionários de libertação mental, operando com caridade e discrição para que as idéias renovadoras se expandam sem dilaceração e sem choque.
Com esses dois terços de criaturas ainda ligadas, desse ou daquele modo, aos núcleos terrenos, encontramos um terço de Espíritos relativamente enobrecidos que se transformam em condutores da marcha ascensional dos companheiros, pelos méritos com que se fazem segura instrumentação das Esferas Superiores.
(Evolução em Dois Mundos, 2a. Parte, Cap. VII
André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)
23 agosto 2010
PREDISPOSIÇÕES MÓRBIDAS
Como apreendermos a existência das predisposições mórbidas
do corpo espitual?
Não podemos olvidar que a imprudência e o ócio se responsabilizam por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da gula, as infecções tomadas à carência de higiene, os desequilíbrios nervosos nascidos da toxicomania e a exaustão decorrentes de excessos vários.
de modo geral, porém, a etiologia das moléstias perduráveis que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas.
As recordações dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de "zona de remorso", em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
Estabelecida a idéia fixa sobre esse "nódulo de forças mentais desequilibradas", é indispensável que os acontecimentos reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo, ou exatamente redimidos perante a Lei.
Essas enquistações de energia profundas, no imo de nossa alma, expressando as chamadas dívidas cármicas, por se filiarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da lei divina em qualquer idade de nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros.
É assim que o remorso provova distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio vindicativo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em processos de obsessão. Todavia, ainda mesmo quando somos perdoados pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os resíduos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamento à higiene moral.
Como pode o débil mental comandar a renovação celular de seu corpo físico?
- Não será lícito esquecer que, mesmo conturbada, a consciência está presente nos débeis mentais ou nos doentes nervosos de toda espécie, presidindo, ainda que de modo impreciso e imperfeito, o automatismo dos processos orgânicos.
Existem "parasitas ovóides" vampirizando desencarnados?
- Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicativa, nos círculos inferiores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e comoventes pela ignorância e paixão que os provocam.
Como entenderemos o mecanismo de atuação da Justiça Superior nos casos de endemias rurais, em que populações inteiras são assoladas periodicamente pelas mesmas doenças?
- As endemias são quase sempre doenças que grassam numa coletividade ou numa região, dependendo de causas simplesmente locais. Devemos, assim, capitulá-las, não obstante os casos cármicos individuais que se agravam por influência delas, no quadro das conquistas higiênicas que o homem é naturalmente obrigado a realizar por si, como preço devido ao progresso comum.
No estado comatoso, onde se encontra o psicossoma do enfermo? junto ao corpo físico ou afastado dele?
- No estado de coma, o aprisionamento do corpo espiritual ao arcabouço físico, ou a parcial liberação dele, depende da situação mental do enfermo.
Quais os principais métodos usados na Espiritualidade para o tratamento das lesões do corpo espiritual?
- Na Espiritualidade, os serviços da Medicina penetram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com êxito possível, os mecanismos da doença que lhe são particulares.
Aí, os exames dos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às inspeções instrumentais e laboratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes de nova reencarnação, motivo porque numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuram.
Curial, portanto, é que o médico espiritual de utilize ainda, de certa maneira, da medicação que voz é conhecida, no socorro aos desencarnados em sofrimento, porque, mesmo no mundo, todo remédio da farmacopéia humana, até certo ponto, é projeção de elementos quimioelétricos sobre as agregações celulares, estimulando-lhes as funções ou corrigindo-as, segundo as disposições do desequilíbrio em que a enfermidade se expresse.
Contudo, é imperioso reconhecer que na Esfera Superior o médico não se ergue apenas com o pedestal da cultura acadêmica, qual ocorre freqüentemente entre os homens, mas sim também com as qualidades morais que lhe confiram valor e ponderação, humildade e devotamento, visto que a psicoterapia e o magnetismo, largamente usados no plano extrafísico, exigem dele grandeza de caráter e pureza de coração.
(Evolução em Dois Mundos,Parte 2, XIX)
do corpo espitual?
Não podemos olvidar que a imprudência e o ócio se responsabilizam por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres circulatórios provenientes da gula, as infecções tomadas à carência de higiene, os desequilíbrios nervosos nascidos da toxicomania e a exaustão decorrentes de excessos vários.
de modo geral, porém, a etiologia das moléstias perduráveis que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas.
As recordações dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas de alívio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de "zona de remorso", em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança das pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
Estabelecida a idéia fixa sobre esse "nódulo de forças mentais desequilibradas", é indispensável que os acontecimentos reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo, ou exatamente redimidos perante a Lei.
Essas enquistações de energia profundas, no imo de nossa alma, expressando as chamadas dívidas cármicas, por se filiarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos comprometemos diante da lei divina em qualquer idade de nossa vida responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos outros.
É assim que o remorso provova distonias diversas em nossas forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio vindicativo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em processos de obsessão. Todavia, ainda mesmo quando somos perdoados pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os resíduos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamento à higiene moral.
Como pode o débil mental comandar a renovação celular de seu corpo físico?
- Não será lícito esquecer que, mesmo conturbada, a consciência está presente nos débeis mentais ou nos doentes nervosos de toda espécie, presidindo, ainda que de modo impreciso e imperfeito, o automatismo dos processos orgânicos.
Existem "parasitas ovóides" vampirizando desencarnados?
- Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicativa, nos círculos inferiores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e comoventes pela ignorância e paixão que os provocam.
Como entenderemos o mecanismo de atuação da Justiça Superior nos casos de endemias rurais, em que populações inteiras são assoladas periodicamente pelas mesmas doenças?
- As endemias são quase sempre doenças que grassam numa coletividade ou numa região, dependendo de causas simplesmente locais. Devemos, assim, capitulá-las, não obstante os casos cármicos individuais que se agravam por influência delas, no quadro das conquistas higiênicas que o homem é naturalmente obrigado a realizar por si, como preço devido ao progresso comum.
No estado comatoso, onde se encontra o psicossoma do enfermo? junto ao corpo físico ou afastado dele?
- No estado de coma, o aprisionamento do corpo espiritual ao arcabouço físico, ou a parcial liberação dele, depende da situação mental do enfermo.
Quais os principais métodos usados na Espiritualidade para o tratamento das lesões do corpo espiritual?
- Na Espiritualidade, os serviços da Medicina penetram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com êxito possível, os mecanismos da doença que lhe são particulares.
Aí, os exames dos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às inspeções instrumentais e laboratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes de nova reencarnação, motivo porque numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuram.
Curial, portanto, é que o médico espiritual de utilize ainda, de certa maneira, da medicação que voz é conhecida, no socorro aos desencarnados em sofrimento, porque, mesmo no mundo, todo remédio da farmacopéia humana, até certo ponto, é projeção de elementos quimioelétricos sobre as agregações celulares, estimulando-lhes as funções ou corrigindo-as, segundo as disposições do desequilíbrio em que a enfermidade se expresse.
Contudo, é imperioso reconhecer que na Esfera Superior o médico não se ergue apenas com o pedestal da cultura acadêmica, qual ocorre freqüentemente entre os homens, mas sim também com as qualidades morais que lhe confiram valor e ponderação, humildade e devotamento, visto que a psicoterapia e o magnetismo, largamente usados no plano extrafísico, exigem dele grandeza de caráter e pureza de coração.
(Evolução em Dois Mundos,Parte 2, XIX)
21 agosto 2010
CENTROS VITAIS
"O centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da mente, assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário."
Estudado no plano em que nos encontramos, na posição de criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim, o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana, com os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode perquirir e reconhecer.
Nele possuímos todo o equipamento de recursos automáticos que governam os bilhões de entidades microscópicas a serviço da Inteligência, nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução anímica.
É assim que, regendo a atividade funcional dos órgãos relacionados pela fisiologia terrena, nele identificamos o centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da mente, centro que assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário. O centro coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe obedecem ao impulso, procedente do Espírito, assim como as peças secundárias de uma usina respondem ao comando da peça-motor de que se serve o tirocínio do homem para concatená-las e dirigi-las.
Desses centros secundários, entrelaçados no psicossoma, e, conseqüentemente, no corpo físico, por redes plexiformes, destacamos o centro cerebral contíguo ao coronário, com influência decisiva sobre os demais, governando o córtice encefálico na sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glândulas endocrínicas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos até as células afetoras; o centro laríngeo, controlando notadamente a respiração e a fonação; o centro cardíaco, dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base; o centro esplênico, determinando todas as atividades em que se exprime o sistema hemático, dentro das variações de meio e volume sanguíneo; o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e absorção dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, representam concentrados fluidicos penetrando-nos a organização, e o centro genésico, guiando a modelagem de novas formas entre os homens ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as almas.
CENTRO CORONÁRIO - Temos particularmente no centro coronário o ponto de interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas.
Dele parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.
A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam, e o centro coronário incumbe-se automaticamente de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as conseqüências felizes ou infelizes de sua movimentação consciencial no campo do destino.
ESTRUTURA MENTAL DAS CÉLULAS - É importante considerar, todavia, que nós, os desencarnados, na esfera que nos é própria, estudamos, presentemente, a estrutura mental das células, de modo a iniciarmo-nos em aprendizado superior, com mais amplitude de conhecimento, acerca dos fluidos que nos integram o clima de manifestação, todos eles de origem mental e todos entretecidos na essência da matéria primária, ou Hausto Corpuscular de Deus, de que se compõe a base do Universo Infinito.
CENTROS VITAIS E CÉLULAS - São os centros vitais fulcros energéticos quem sob a direção automática da alma, imprimem às células a especialização extrema, pela qual o homem possui no corpo denso, e detemos todos no corpo espiritual em recursos equivalentes, as células que produzem fosfato e carbonato de cálcio para a construção dos ossos, as que se distendem para a recobertura do intestino, as que desempenham complexas funções químicas no fígado, as que se transformam em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras tantas que se ocupam do fabrico de substâncias indispensáveis à conservação e defesa da vida nas glândulas, nos tecidos e nos órgãos que nos constituem o cosmo vivo de manifestação.
Essas células que obedecem às ordens do Espírito, diferenciando-se e adaptando-se às condições por ele criadas, procedem do elemento primitivo, comum, de que todos provimos em laboriosa marcha no decurso dos milênios, desde o seio tépido do oceano, quando as formações protoplásmicas nos lastrearam as manifestações primeiras.
Tanto quanto a célula individual, a personalizar-se na ameba, ser unicelular que reclama ambiente próprio e nutrição adequada para crescer a reproduzir-se, garantindo a sobrevivência da espécie no oceano em que respira, os bilhões de células que nos servem ao veículo de expressão, agora domesticadas, na sua quase totalidade em funções exclusivas, necessitam de substâncias especiais, água, oxigênio e canais de exoneração excretória para se multiplicarem no trabalho específico que nosso espírito lhes traça, encontrando, porém, esse clima, que lhes é indispensável, na estrutura aquosa de nossa constituição fisiopsicossomática, a expressar-se nos líquidos extracelulares, formados pelo líquido interstical e pelo plasma sanguíneo.
EXTERIORIZAÇÃO DOS CENTROS VITAIS - Observando o corpo espiritual ou psicossoma, desse modo, em nossa rápida síntese, como veículo eletromagnético, qual o próprio corpo físico vulgar, reconhecermos facilmente que, como acontece na exteriorização da sensibilidade dos encarnados, operada pelos magnetizadores comuns, os centros vitais a que nos referimos são também exteriorizáveis, quando a criatura se encontre no campo da encarnação, fenômeno esse a que atendem habitualmente os médicos e enfermeiros desencarnados, durante o sono vulgar, no auxílio a doentes físicos de todas as latitudes da Terra, plasmando renovações e transformações no comportamento celular, mediante intervenções no corpo espiritual, segundo a lei de merecimento, recursos esses que se popularizarão na medicina terrestre do grande futuro.
(Evolução em Dois Mundos, cap. II, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)
ENTRE A TERRA E O CÉU - UMA AULA PRÁTICA SOBRE OS CENTROS VITAIS:
"Assinalando-nos decerto a curiosidade, de vez que também percebia Hilário interessado em adquirir informações e conhecimentos em torno dos problemas que anotávamos de perto, o instrutor convidou-nos a observar a infortunada criança, comunicando: "Como não desconhecem, o nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia unas com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículos de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado. Nossa posição mental determina o peso específico do nosso envoltório espiritual e, consequentemente, o "habitat" que lhe compete. Mero problema de padrão vibratório. Cada qual de nós respira em determinado tipo de onda. Quanto mais primitiva se revela a condição da mente, mais fraco é o influxo vibratório do pensamento, induzindo a compulsória aglutinação do ser às regiões da consciência embrionária ou torturada, onde se reúnem as vidas inferiores que lhes são afins. O crescimento do influxo mental, no veículo eletromagnético em que nos movemos, após abandonar o corpo terrestre, está na medida da experiência adquirida e arquivada em nosso próprio espírito. Atentos à semelhante realidade, é fácil compreender que sublimamos ou desequilibramos o delicado agente de nossas manifestações, conforme o tipo de pensamento que nos flui da vida íntima. Quanto mais nos avizinhamos da esfera animal, maior é a condensação obscurecente de nossa organização, e quanto mais nos elevamos, ao preço de esforço próprio, no rumo das gloriosas construções do espírito, maior é a sutileza de nosso envoltório, que passa a combinar-se facilmente com a beleza, com a harmonia e com a luz reinantes na Criação Divina."
Ouvíamos as preciosas explicações, enlevados, mas Clarêncio, reparando que não nos cabia fugir do quadro ambiente, voltou-se para a garganta enferma de Júlio e continuou:
"Não nos afastemos das observações práticas, para estudar com clareza os conflitos da alma. Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força, que rege em nosso corpo a essa ou àquela classe de influxos mentais. Apliquemos à nossa aula rápida, tanto quanto nos seja possível, a terminologia trazida do mundo, para que vocês consigam fixar com mais segurança os nossos apontamentos. Analisando a fisiologia do perispírito, classifiquemos os seus centros de força, aproveitando a lembrança das regiões mais importantes do corpo terrestre. Temos assim, por expressão máxima do veículo que nos serve presentemente, o "centro coronário" que, na Terra, é considerado pela filosofia hindu como sendo o lótus de mil pétalas, por ser o mais significativo em razão de seu alto poder de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Esse centro recebe em primeiro lugar os estímulos do espírito, comandando os demais, vibrando todavia com eles em regime de interdependência, Considerando em nossa exposição os fenômenos do corpo físico, e satisfazendo aos impositivos de simplicidade em nossas definições, devemos dizer que dele emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. É, por isso, o grande assimilador das energias solares e dos raios da Espiritualidade Superior capazes de favorecer a sublimação da alma. Logo após, anotamos o "centro cerebral", contíguo ao "centro coronário, que ordena as percepções de variada espécie, percepções essa que, na vestimenta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que dizem respeito à Palavra, à Cultura, à Arte, ao Saber. É no "centro cerebral" que possuímos o comando do núcleo endocrínico, referente aos poderes psíquicos. Em seguida, temos o "centro laríngeo", que preside aos fenômenos vocais, inclusive às atividades do timo, da tiróide, e das paratiróides. Logo após, identificamos o "centro cardíaco", que sustenta os serviços da emoção e do equilíbrio geral. Prosseguindo em nossas observações, assinalamos o "centro esplênico", que no corpo denso, está sediado no baço, regulando a distribuição e a circulação dos recursos vitais em todos os escaninhos do veículo de que nos servimos. Continuando, identificamos o "centro gástrico, que se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização e, por fim, temos o "centro genésico", em que se localiza o santuário do sexo, como templo modelador de formas e estímulos."
O instrutor fez pequena pausa de repouso e prosseguiu: "Não podemos olvidar, porém, que o nosso veículo sutil, tanto quanto o corpo de carne, é criação mental no caminho evolutivo, tecido com recursos tomados transitoriamente por nós mesmos aos celeiros do Universo, vaso de que nos utilizamos para ambientar em nossa individualidade eterna a luz divina da sublimação, com que nos cabe demandar as esferas do Espírito Puro. Tudo é trabalho da mente, no espaço e no tempo, a valer-se de milhares de formas, a fim de purificar-se e santificar-se para a Glória Divina."
"Quando a nossa mente, por atos contrários à Lei Divina, prejudica a harmonia de qualquer um desses fulcros de força de nossa alma, naturalmente se escraviza aos efeitos da ação desequilibrante, obrigando-se ao trabalho de reajuste. No caso de Júlio, observamo-lo como autor da perturbação no "centro laríngeo", alteração que se expressa por enfermidade ou desequilíbrio a acompanhá-lo fatalmente à reencarnação."
(Entre a Terra e o Céu, cap. XX, André Luiz/Chico Xavier, FEB)
Estudado no plano em que nos encontramos, na posição de criaturas desencarnadas, o corpo espiritual ou psicossoma é, assim, o veículo físico, relativamente definido pela ciência humana, com os centros vitais que essa mesma ciência, por enquanto, não pode perquirir e reconhecer.
Nele possuímos todo o equipamento de recursos automáticos que governam os bilhões de entidades microscópicas a serviço da Inteligência, nos círculos de ação em que nos demoramos, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milênios e milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução anímica.
É assim que, regendo a atividade funcional dos órgãos relacionados pela fisiologia terrena, nele identificamos o centro coronário, instalado na região central do cérebro, sede da mente, centro que assimila os estímulos do Plano Superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada, nas cintas de aprendizado que lhe corresponde no abrigo planetário. O centro coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe obedecem ao impulso, procedente do Espírito, assim como as peças secundárias de uma usina respondem ao comando da peça-motor de que se serve o tirocínio do homem para concatená-las e dirigi-las.
Desses centros secundários, entrelaçados no psicossoma, e, conseqüentemente, no corpo físico, por redes plexiformes, destacamos o centro cerebral contíguo ao coronário, com influência decisiva sobre os demais, governando o córtice encefálico na sustentação dos sentidos, marcando a atividade das glândulas endocrínicas e administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização, coordenação, atividade e mecanismo, desde os neurônios sensitivos até as células afetoras; o centro laríngeo, controlando notadamente a respiração e a fonação; o centro cardíaco, dirigindo a emotividade e a circulação das forças de base; o centro esplênico, determinando todas as atividades em que se exprime o sistema hemático, dentro das variações de meio e volume sanguíneo; o centro gástrico, responsabilizando-se pela digestão e absorção dos alimentos densos ou menos densos que, de qualquer modo, representam concentrados fluidicos penetrando-nos a organização, e o centro genésico, guiando a modelagem de novas formas entre os homens ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho, à associação e à realização entre as almas.
CENTRO CORONÁRIO - Temos particularmente no centro coronário o ponto de interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas.
Dele parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, idéias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta.
A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam, e o centro coronário incumbe-se automaticamente de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as conseqüências felizes ou infelizes de sua movimentação consciencial no campo do destino.
ESTRUTURA MENTAL DAS CÉLULAS - É importante considerar, todavia, que nós, os desencarnados, na esfera que nos é própria, estudamos, presentemente, a estrutura mental das células, de modo a iniciarmo-nos em aprendizado superior, com mais amplitude de conhecimento, acerca dos fluidos que nos integram o clima de manifestação, todos eles de origem mental e todos entretecidos na essência da matéria primária, ou Hausto Corpuscular de Deus, de que se compõe a base do Universo Infinito.
CENTROS VITAIS E CÉLULAS - São os centros vitais fulcros energéticos quem sob a direção automática da alma, imprimem às células a especialização extrema, pela qual o homem possui no corpo denso, e detemos todos no corpo espiritual em recursos equivalentes, as células que produzem fosfato e carbonato de cálcio para a construção dos ossos, as que se distendem para a recobertura do intestino, as que desempenham complexas funções químicas no fígado, as que se transformam em filtros do sangue na intimidade dos rins e outras tantas que se ocupam do fabrico de substâncias indispensáveis à conservação e defesa da vida nas glândulas, nos tecidos e nos órgãos que nos constituem o cosmo vivo de manifestação.
Essas células que obedecem às ordens do Espírito, diferenciando-se e adaptando-se às condições por ele criadas, procedem do elemento primitivo, comum, de que todos provimos em laboriosa marcha no decurso dos milênios, desde o seio tépido do oceano, quando as formações protoplásmicas nos lastrearam as manifestações primeiras.
Tanto quanto a célula individual, a personalizar-se na ameba, ser unicelular que reclama ambiente próprio e nutrição adequada para crescer a reproduzir-se, garantindo a sobrevivência da espécie no oceano em que respira, os bilhões de células que nos servem ao veículo de expressão, agora domesticadas, na sua quase totalidade em funções exclusivas, necessitam de substâncias especiais, água, oxigênio e canais de exoneração excretória para se multiplicarem no trabalho específico que nosso espírito lhes traça, encontrando, porém, esse clima, que lhes é indispensável, na estrutura aquosa de nossa constituição fisiopsicossomática, a expressar-se nos líquidos extracelulares, formados pelo líquido interstical e pelo plasma sanguíneo.
EXTERIORIZAÇÃO DOS CENTROS VITAIS - Observando o corpo espiritual ou psicossoma, desse modo, em nossa rápida síntese, como veículo eletromagnético, qual o próprio corpo físico vulgar, reconhecermos facilmente que, como acontece na exteriorização da sensibilidade dos encarnados, operada pelos magnetizadores comuns, os centros vitais a que nos referimos são também exteriorizáveis, quando a criatura se encontre no campo da encarnação, fenômeno esse a que atendem habitualmente os médicos e enfermeiros desencarnados, durante o sono vulgar, no auxílio a doentes físicos de todas as latitudes da Terra, plasmando renovações e transformações no comportamento celular, mediante intervenções no corpo espiritual, segundo a lei de merecimento, recursos esses que se popularizarão na medicina terrestre do grande futuro.
(Evolução em Dois Mundos, cap. II, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)
ENTRE A TERRA E O CÉU - UMA AULA PRÁTICA SOBRE OS CENTROS VITAIS:
"Assinalando-nos decerto a curiosidade, de vez que também percebia Hilário interessado em adquirir informações e conhecimentos em torno dos problemas que anotávamos de perto, o instrutor convidou-nos a observar a infortunada criança, comunicando: "Como não desconhecem, o nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia unas com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículos de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado. Nossa posição mental determina o peso específico do nosso envoltório espiritual e, consequentemente, o "habitat" que lhe compete. Mero problema de padrão vibratório. Cada qual de nós respira em determinado tipo de onda. Quanto mais primitiva se revela a condição da mente, mais fraco é o influxo vibratório do pensamento, induzindo a compulsória aglutinação do ser às regiões da consciência embrionária ou torturada, onde se reúnem as vidas inferiores que lhes são afins. O crescimento do influxo mental, no veículo eletromagnético em que nos movemos, após abandonar o corpo terrestre, está na medida da experiência adquirida e arquivada em nosso próprio espírito. Atentos à semelhante realidade, é fácil compreender que sublimamos ou desequilibramos o delicado agente de nossas manifestações, conforme o tipo de pensamento que nos flui da vida íntima. Quanto mais nos avizinhamos da esfera animal, maior é a condensação obscurecente de nossa organização, e quanto mais nos elevamos, ao preço de esforço próprio, no rumo das gloriosas construções do espírito, maior é a sutileza de nosso envoltório, que passa a combinar-se facilmente com a beleza, com a harmonia e com a luz reinantes na Criação Divina."
Ouvíamos as preciosas explicações, enlevados, mas Clarêncio, reparando que não nos cabia fugir do quadro ambiente, voltou-se para a garganta enferma de Júlio e continuou:
"Não nos afastemos das observações práticas, para estudar com clareza os conflitos da alma. Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força, que rege em nosso corpo a essa ou àquela classe de influxos mentais. Apliquemos à nossa aula rápida, tanto quanto nos seja possível, a terminologia trazida do mundo, para que vocês consigam fixar com mais segurança os nossos apontamentos. Analisando a fisiologia do perispírito, classifiquemos os seus centros de força, aproveitando a lembrança das regiões mais importantes do corpo terrestre. Temos assim, por expressão máxima do veículo que nos serve presentemente, o "centro coronário" que, na Terra, é considerado pela filosofia hindu como sendo o lótus de mil pétalas, por ser o mais significativo em razão de seu alto poder de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Esse centro recebe em primeiro lugar os estímulos do espírito, comandando os demais, vibrando todavia com eles em regime de interdependência, Considerando em nossa exposição os fenômenos do corpo físico, e satisfazendo aos impositivos de simplicidade em nossas definições, devemos dizer que dele emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. É, por isso, o grande assimilador das energias solares e dos raios da Espiritualidade Superior capazes de favorecer a sublimação da alma. Logo após, anotamos o "centro cerebral", contíguo ao "centro coronário, que ordena as percepções de variada espécie, percepções essa que, na vestimenta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que dizem respeito à Palavra, à Cultura, à Arte, ao Saber. É no "centro cerebral" que possuímos o comando do núcleo endocrínico, referente aos poderes psíquicos. Em seguida, temos o "centro laríngeo", que preside aos fenômenos vocais, inclusive às atividades do timo, da tiróide, e das paratiróides. Logo após, identificamos o "centro cardíaco", que sustenta os serviços da emoção e do equilíbrio geral. Prosseguindo em nossas observações, assinalamos o "centro esplênico", que no corpo denso, está sediado no baço, regulando a distribuição e a circulação dos recursos vitais em todos os escaninhos do veículo de que nos servimos. Continuando, identificamos o "centro gástrico, que se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização e, por fim, temos o "centro genésico", em que se localiza o santuário do sexo, como templo modelador de formas e estímulos."
O instrutor fez pequena pausa de repouso e prosseguiu: "Não podemos olvidar, porém, que o nosso veículo sutil, tanto quanto o corpo de carne, é criação mental no caminho evolutivo, tecido com recursos tomados transitoriamente por nós mesmos aos celeiros do Universo, vaso de que nos utilizamos para ambientar em nossa individualidade eterna a luz divina da sublimação, com que nos cabe demandar as esferas do Espírito Puro. Tudo é trabalho da mente, no espaço e no tempo, a valer-se de milhares de formas, a fim de purificar-se e santificar-se para a Glória Divina."
"Quando a nossa mente, por atos contrários à Lei Divina, prejudica a harmonia de qualquer um desses fulcros de força de nossa alma, naturalmente se escraviza aos efeitos da ação desequilibrante, obrigando-se ao trabalho de reajuste. No caso de Júlio, observamo-lo como autor da perturbação no "centro laríngeo", alteração que se expressa por enfermidade ou desequilíbrio a acompanhá-lo fatalmente à reencarnação."
(Entre a Terra e o Céu, cap. XX, André Luiz/Chico Xavier, FEB)
18 agosto 2010
AMAR AO PRÓXIMO
O testamento de Léon Tolstoi (1828 - 1910)
Publicado por Caibar Schutel na Revista Internacional de Espiritismo de 15 de abril de 1936
Eu não poderia me deter nem contemporizar mais. É inútil vacilar e pensar mais sobre o que tenho que dizer. A vida não espera. Minha existência declina e de repente posso desaparecer. Se me é dado ainda prestar alguns serviços aos homens, se posso fazer-me perdoar os meus pecados, minha vida ociosa e material, não será seão fazendo saber aos homens meus irmãos o que me foi dado compreender mais claramente que eles; o que me tortura e martiriza o coração há muitos anos.
Todos os homens sabem, como eu, que nossa vida não é o que deveria ser e que nos fazemos mutuamente desgraçados.
Sabemos que para ser felizes e fazer ditosos os outros, é preciso amar o nosso próximo como a nós mesmos; se nos é impossível fazer ao nosso semelhante o que quiséramos que ele nos fizesse, pelo menos não lhe façamos o que não queremos que ele não nos faça.
É isto que ensinam as religiões de todos os povos; é o que mandam que façamos, a nossa razão e a nossa consciência.
A morte do invólucro corporal que nos ameaça a cada instante, recorda-nos o caráter efêmero dos nossos atos; assim, a única coisa que podemos fazer e que pode levar-nos à felicidade e à serenidade, é obedecer a cada instante o que nos ordenam a nossa razão e consciência, se não crermos na revelação ou no ensino do Cristo.
Em outros termos: se não podemos fazer ao nosso próximo o que quiséramos que ele nos fizesse, ao menos não lhe façamos o que não desejamos para nós.
Embora todos conheçamos há muito tempo esta verdade, em vez de realizá-la, os homens se matam, roubam, violentam. E assim, em vez de viverem na alegria, na tranqüilidade, no amor, sofrem, penam e não sentem senão ódio e medo uns dos outros. Por toda a parte, em toda a superfície da Terra, os homens tratam de dissimular sua vida insensata, esquecerem-se de si mesmos, sofrear seu sofrimento, sem poderem conseguir; o número dos desgraçados que perdem a razão e se suicidam aumenta todos os anos, porque é superior às suas forças suportar uma vida contrária à natureza humana.
Mas, dir-se-á, talvez, é necessário que a vida seja assim; é necessária a existência dos imperadores, dos reis, dos governos, dos parlamentos que mandam milhões de homens, providos de fuzis e de canhões, atirarem-se uns sobre os outros; necessárias as fábricas e os estabelecimentos que produzem objetos inúteis e prejudiciais, e onde milhões de homens, mulheres e crianças são transformadas em máquinas, sofrendo 10,12 e 15 horas por dia; necessário o despovoamento crescente das cidades e a invasão das mesmas com asilos noturnos, seus refúgios de crianças, seus hospitais; necessário o aprisionamento de milhares de homens.
Acaso é necessário que a doutrina do Cristo, que ensina a concórdia, o perdão das ofensas, o amor ao próximo, ao inimigo; seja inculcada aos homens por sacerdotes de várias e numerosas seitas em luta contínua, e sob fórmulas de fábulas estúpidas e imorais sobre a criação do mundo e do homem, sobre seu castigo e sua redenção pelo Cristo, e sobre tal ou qual rito, tal ou qual sacramento? Talvez, semelhante estado de coisas seja natural ao homem, como é natural às formigas e às abelhas viverem em seus formigueiros e em suas colmeias em contínua luta e sem outro ideal. Assim, de fato, é que dizem muitos.
Mas o coração humano não quer crer. Sempre se sobrelevou contra a vida mentirosa e tem sempre convidado aos homens a se deixarem levar pela razão e pela consciência; e nos nossos dias faz tal chamamento mais urgente do que nunca.
Já sabemos demasiadamente que nossa vida não abarca séculos, milhares de anos, uma eternidade, e entretanto, nos achamos na Terra vivendo, pensando, amando, gozando a vida...
E agora podemos passar estes setenta anos - se chegarmos a tal idade, porque podemos não viver senão alguns dias, algumas horas - no desgosto, no ódio, ou na alegria e no amor; podemos viver com a consciência de estar fazendo o mal, ou bem, de realizar, ainda imperfeitamente, o que podemos crer que seja nosso dever.
" - Andai preparados, andai preparados, andai preparados" - dizia, aos homens, João Batista.
" - Andai preparados" - dizia o Cristo.
" - Andai preparados" - diz a voz de Deus, tanto como a voz da consciência e da razão.
Entretanto, distingamos as nossas ocupações, cada um dos nossos prazeres, e perguntemos a nós mesmos: fazemos o que devemos, ou gastamos inutilmente nossa vida, (...)
Bem sei que basta uma vista de olhos, como um cavalo que faz voltear uma roda; nos parece impossível deter-nos para refletir um instante, dizendo:
"Nada de tantas reflexões; atos sim".
E outros afirmam:
"Não é preciso, cada um pensar em si mesmo, em nossos desejos, quando a obra, a cujo serviço nos achamos, é a nossa família, a arte, a ciência, a sociedade, tudo pelo interesse geral".
Outros garantem:
"Tudo está pensado e experimentado há muito tempo e ninguém encontrou algo melhor; sigamos, pois, nossa vida e nada mais".
Outros, enfim, pretendem:
"Refletir ou não refletir, tudo é a mesma coisa; vive-se e depois se morre; o melhor é, pois, viver para o prazer. Quando se quer refletir, vê-se que a vida é pior do que a morte e atenta-se sobre os seus próprios dias. Assim, basta de reflexões, vivamos como pudermos".
Não ouçais essas vozes; para todos aqueles raciocínios, responderei simplesmente:
"Atrás de mim vejo a eternidade, tempo em que eu ainda não existia; diante de mim pressinto a mesma noite infinita na qual a morte pode, repentinamente tragar-me. Agora vivo e posso, eu sei que posso, fechar voluntariamente os olhos para uma existência cheia de misérias; mas sei que abrindo-os para olhar em redor de mim, posso escolher o melhor e o que é mais belo. Assim, digam o que quiserem as vozes, sejam quais forem as seduções que me atraem, forçado que esteja à obra que tenha começado e arrastado pela vida que me rodeia; eu me detenho, examino e reflito".
Eis o que eu tinha de lembrar aos meus semelhantes antes de passar para o infinito...
Léon Tolstoi
Publicado por Caibar Schutel na Revista Internacional de Espiritismo de 15 de abril de 1936
Eu não poderia me deter nem contemporizar mais. É inútil vacilar e pensar mais sobre o que tenho que dizer. A vida não espera. Minha existência declina e de repente posso desaparecer. Se me é dado ainda prestar alguns serviços aos homens, se posso fazer-me perdoar os meus pecados, minha vida ociosa e material, não será seão fazendo saber aos homens meus irmãos o que me foi dado compreender mais claramente que eles; o que me tortura e martiriza o coração há muitos anos.
Todos os homens sabem, como eu, que nossa vida não é o que deveria ser e que nos fazemos mutuamente desgraçados.
Sabemos que para ser felizes e fazer ditosos os outros, é preciso amar o nosso próximo como a nós mesmos; se nos é impossível fazer ao nosso semelhante o que quiséramos que ele nos fizesse, pelo menos não lhe façamos o que não queremos que ele não nos faça.
É isto que ensinam as religiões de todos os povos; é o que mandam que façamos, a nossa razão e a nossa consciência.
A morte do invólucro corporal que nos ameaça a cada instante, recorda-nos o caráter efêmero dos nossos atos; assim, a única coisa que podemos fazer e que pode levar-nos à felicidade e à serenidade, é obedecer a cada instante o que nos ordenam a nossa razão e consciência, se não crermos na revelação ou no ensino do Cristo.
Em outros termos: se não podemos fazer ao nosso próximo o que quiséramos que ele nos fizesse, ao menos não lhe façamos o que não desejamos para nós.
Embora todos conheçamos há muito tempo esta verdade, em vez de realizá-la, os homens se matam, roubam, violentam. E assim, em vez de viverem na alegria, na tranqüilidade, no amor, sofrem, penam e não sentem senão ódio e medo uns dos outros. Por toda a parte, em toda a superfície da Terra, os homens tratam de dissimular sua vida insensata, esquecerem-se de si mesmos, sofrear seu sofrimento, sem poderem conseguir; o número dos desgraçados que perdem a razão e se suicidam aumenta todos os anos, porque é superior às suas forças suportar uma vida contrária à natureza humana.
Mas, dir-se-á, talvez, é necessário que a vida seja assim; é necessária a existência dos imperadores, dos reis, dos governos, dos parlamentos que mandam milhões de homens, providos de fuzis e de canhões, atirarem-se uns sobre os outros; necessárias as fábricas e os estabelecimentos que produzem objetos inúteis e prejudiciais, e onde milhões de homens, mulheres e crianças são transformadas em máquinas, sofrendo 10,12 e 15 horas por dia; necessário o despovoamento crescente das cidades e a invasão das mesmas com asilos noturnos, seus refúgios de crianças, seus hospitais; necessário o aprisionamento de milhares de homens.
Acaso é necessário que a doutrina do Cristo, que ensina a concórdia, o perdão das ofensas, o amor ao próximo, ao inimigo; seja inculcada aos homens por sacerdotes de várias e numerosas seitas em luta contínua, e sob fórmulas de fábulas estúpidas e imorais sobre a criação do mundo e do homem, sobre seu castigo e sua redenção pelo Cristo, e sobre tal ou qual rito, tal ou qual sacramento? Talvez, semelhante estado de coisas seja natural ao homem, como é natural às formigas e às abelhas viverem em seus formigueiros e em suas colmeias em contínua luta e sem outro ideal. Assim, de fato, é que dizem muitos.
Mas o coração humano não quer crer. Sempre se sobrelevou contra a vida mentirosa e tem sempre convidado aos homens a se deixarem levar pela razão e pela consciência; e nos nossos dias faz tal chamamento mais urgente do que nunca.
Já sabemos demasiadamente que nossa vida não abarca séculos, milhares de anos, uma eternidade, e entretanto, nos achamos na Terra vivendo, pensando, amando, gozando a vida...
E agora podemos passar estes setenta anos - se chegarmos a tal idade, porque podemos não viver senão alguns dias, algumas horas - no desgosto, no ódio, ou na alegria e no amor; podemos viver com a consciência de estar fazendo o mal, ou bem, de realizar, ainda imperfeitamente, o que podemos crer que seja nosso dever.
" - Andai preparados, andai preparados, andai preparados" - dizia, aos homens, João Batista.
" - Andai preparados" - dizia o Cristo.
" - Andai preparados" - diz a voz de Deus, tanto como a voz da consciência e da razão.
Entretanto, distingamos as nossas ocupações, cada um dos nossos prazeres, e perguntemos a nós mesmos: fazemos o que devemos, ou gastamos inutilmente nossa vida, (...)
Bem sei que basta uma vista de olhos, como um cavalo que faz voltear uma roda; nos parece impossível deter-nos para refletir um instante, dizendo:
"Nada de tantas reflexões; atos sim".
E outros afirmam:
"Não é preciso, cada um pensar em si mesmo, em nossos desejos, quando a obra, a cujo serviço nos achamos, é a nossa família, a arte, a ciência, a sociedade, tudo pelo interesse geral".
Outros garantem:
"Tudo está pensado e experimentado há muito tempo e ninguém encontrou algo melhor; sigamos, pois, nossa vida e nada mais".
Outros, enfim, pretendem:
"Refletir ou não refletir, tudo é a mesma coisa; vive-se e depois se morre; o melhor é, pois, viver para o prazer. Quando se quer refletir, vê-se que a vida é pior do que a morte e atenta-se sobre os seus próprios dias. Assim, basta de reflexões, vivamos como pudermos".
Não ouçais essas vozes; para todos aqueles raciocínios, responderei simplesmente:
"Atrás de mim vejo a eternidade, tempo em que eu ainda não existia; diante de mim pressinto a mesma noite infinita na qual a morte pode, repentinamente tragar-me. Agora vivo e posso, eu sei que posso, fechar voluntariamente os olhos para uma existência cheia de misérias; mas sei que abrindo-os para olhar em redor de mim, posso escolher o melhor e o que é mais belo. Assim, digam o que quiserem as vozes, sejam quais forem as seduções que me atraem, forçado que esteja à obra que tenha começado e arrastado pela vida que me rodeia; eu me detenho, examino e reflito".
Eis o que eu tinha de lembrar aos meus semelhantes antes de passar para o infinito...
Léon Tolstoi
14 agosto 2010
EQUILÍBRIO E PRECE
"No circuito de forças estabelecido com a oração, a alma não apenas se predispõe a regenerar o equilíbrio das células físicas viciadas ou exaustas, através do influxo das energias renovadoras que incorpora, espontaneamente, assimilando os raios da Vida Mais Alta a que se dirige, mas também reflete as sugestões iluminativas das Inteligências desencarnadas de condição mais nobre, com as quais se coloca em relação." André Luiz
É indispensável compreender que a Inteligência encarnada conta com múltiplos meios de preservar o corpo físico em que se demora.
Além dos inestimáveis serviços da pele e da mucosa intestinal que o defendem das intromissões indébitas de elementos físicos e químicos, prontos a lhe arruinarem a estabilidade, o homem consegue mobilizar todo um sistema de quimioterapia bacteriana, atualmente em plena evolução para mais ampla eficiência, com a antibiose ou atuação bacteriostática levada a efeito por determinadas unidades microbianas sobre outras, na vanguarda dos processos imunológicos.
É possível, então, coibir, com relativa segurança, a febre tifóide, as disenterias, a tuberculose, as riquetsioses, a psitacose, as infecções pulmonares e urinárias, etc.; entretanto, não acontece o mesmo, quando nos reportamos à atmosfera psicológica em que toda criatura se submerge na vida social do Planeta.
Visto a distância, o homem, na arena carnal, pode ser comparado a um viajor na selva de pensamentos heterogêneos, aprendendo, por intermédio de rudes exercícios, a encontrar o seu próprio caminho de libertação e ascese. Mentalmente exposto a todas as influ6encias psíquicas, é imperioso se eduque para governar os próprios impulsos, aperfeiçoando-se moral e intelectualmente, para que se lhe aprimorem as projeções.
No que tange à saúde e manutenção do corpo e no que se refere à aquisição de conhecimentos, utiliza a consulta a médicos e nutricionistas, professores e orientadores diversos. É natural, dessa forma, se valha da prece para angariar a inspiração de que precisa, a fim de afinizar-se com as diretrizes superiores.
No circuito de forças estabelecido com a oração, a alma não apenas se predispõe a regenerar o equilíbrio das células físicas viciadas ou exaustas, através do influxo das energias renovadoras que incorpora, espontaneamente, assimilando os raios da Vida Mais Alta a que se dirige, mas também reflete as sugestões iluminativas das Inteligências desencarnadas de condição mais nobre, com as quais se coloca em relação.
PRECE E RENOVAÇÃO - Na floresta mental em que avança, o homem frequentemente se vê defrontado por vibrações subalternas que o golpeiam de rijo, compelindo-o à fadiga e à irritação, sejam elas provenientes de ondas enfermiças, partidas dos desencarnados em posição de angústia e que lhe partilham o clima psíquico, ou de oscilações desorientadas dos próprios companheiros terrestres desequilibrados a lhe respirarem o ambiente. Todavia, tão logo se envolva na vibrações balsâmicas da prece, ergue-se-lhe o pensamento aos planos sublimados, de onde recolhe as ideias transformadoras dos Espíritos benevolentes e amigos, convertidos em vanguardeiros de seus passos, na evolução.
Orar constitui a fórmula básica da renovação íntima, pela qual divino entendimento desce co Coração da Vida para a vida do coração.
Semelhante atitude da alma, porém, não deve, em tempo algum, resumir-se a simplesmente pedir algo ao Suprimento Divino, mas pedir acima de tudo, a compreensão quanto ao plano da Sabedoria Infinita, traçado para o seu próprio aperfeiçoamento, de maneira a aproveitar o ensejo de trabalho e serviço no bem de todos, que vem a ser o bem de si mesma.
(Mecanismos da Mediunidade, XXV, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)
É indispensável compreender que a Inteligência encarnada conta com múltiplos meios de preservar o corpo físico em que se demora.
Além dos inestimáveis serviços da pele e da mucosa intestinal que o defendem das intromissões indébitas de elementos físicos e químicos, prontos a lhe arruinarem a estabilidade, o homem consegue mobilizar todo um sistema de quimioterapia bacteriana, atualmente em plena evolução para mais ampla eficiência, com a antibiose ou atuação bacteriostática levada a efeito por determinadas unidades microbianas sobre outras, na vanguarda dos processos imunológicos.
É possível, então, coibir, com relativa segurança, a febre tifóide, as disenterias, a tuberculose, as riquetsioses, a psitacose, as infecções pulmonares e urinárias, etc.; entretanto, não acontece o mesmo, quando nos reportamos à atmosfera psicológica em que toda criatura se submerge na vida social do Planeta.
Visto a distância, o homem, na arena carnal, pode ser comparado a um viajor na selva de pensamentos heterogêneos, aprendendo, por intermédio de rudes exercícios, a encontrar o seu próprio caminho de libertação e ascese. Mentalmente exposto a todas as influ6encias psíquicas, é imperioso se eduque para governar os próprios impulsos, aperfeiçoando-se moral e intelectualmente, para que se lhe aprimorem as projeções.
No que tange à saúde e manutenção do corpo e no que se refere à aquisição de conhecimentos, utiliza a consulta a médicos e nutricionistas, professores e orientadores diversos. É natural, dessa forma, se valha da prece para angariar a inspiração de que precisa, a fim de afinizar-se com as diretrizes superiores.
No circuito de forças estabelecido com a oração, a alma não apenas se predispõe a regenerar o equilíbrio das células físicas viciadas ou exaustas, através do influxo das energias renovadoras que incorpora, espontaneamente, assimilando os raios da Vida Mais Alta a que se dirige, mas também reflete as sugestões iluminativas das Inteligências desencarnadas de condição mais nobre, com as quais se coloca em relação.
PRECE E RENOVAÇÃO - Na floresta mental em que avança, o homem frequentemente se vê defrontado por vibrações subalternas que o golpeiam de rijo, compelindo-o à fadiga e à irritação, sejam elas provenientes de ondas enfermiças, partidas dos desencarnados em posição de angústia e que lhe partilham o clima psíquico, ou de oscilações desorientadas dos próprios companheiros terrestres desequilibrados a lhe respirarem o ambiente. Todavia, tão logo se envolva na vibrações balsâmicas da prece, ergue-se-lhe o pensamento aos planos sublimados, de onde recolhe as ideias transformadoras dos Espíritos benevolentes e amigos, convertidos em vanguardeiros de seus passos, na evolução.
Orar constitui a fórmula básica da renovação íntima, pela qual divino entendimento desce co Coração da Vida para a vida do coração.
Semelhante atitude da alma, porém, não deve, em tempo algum, resumir-se a simplesmente pedir algo ao Suprimento Divino, mas pedir acima de tudo, a compreensão quanto ao plano da Sabedoria Infinita, traçado para o seu próprio aperfeiçoamento, de maneira a aproveitar o ensejo de trabalho e serviço no bem de todos, que vem a ser o bem de si mesma.
(Mecanismos da Mediunidade, XXV, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)
13 agosto 2010
NOSSO LAR
NOSSO LAR
"A essa altura, atingíramos uma praça de maravilhosos contornos, ostentando extensos jardins. No centro da praça, erguia-se um palácio de magnificente beleza, encabeçado de torres soberanas, que se perdiam no céu..."
"Decorridas algumas semanas de tratamento ativo, saí, pela primeira vez, em companhia de Lísias.
Impressionou-me o espetáculo das ruas. Vastas avenidas, enfeitadas de árvores frondosas. Ar puro, atmosfera de profunda tranqüilidade espiritual. Não havia, porém, qualquer sinal de inércia ou de ociosidade, porque as vias públicas estavam repletas. Entidades numerosas iam e vinham. Algumas pareciam situar a mente em lugares distantes, mas outras dirigiam-me olhares acolhedores. Incumbia-se o companheiro de orientar-me em face das surpresas que surgiam ininterruptas. Percebendo-me as íntimas conjeturas, esclareceu solícito:
- Estamos no local do Ministério do Auxílio. Tudo o que vemos, edifícios, casas residenciais, representa instituições e abrigos adequados à tarefa de nossa jurisdição. Orientadores, operários e outros serviçais da missão residem aqui. Nesta zona, atende-se a doentes, ouvem-se rogativas, selecionam-se preces, preparam-se reencarnações terrenas, organizam-se turmas de socorro aos habitantes do Umbral, ou aos que choram na Terra, estudam-se soluções para todos os processos que se prendem ao sofrimento.
- Há, então, em "Nosso Lar", um Ministério do Auxílio? - perguntei?
- Como não? Nossos serviços são distribuídos numa organização que se aperfeiçoa dia a dia, sob a orientação dos que nos presidem os destinos.
Fixando em mim os olhos muitos lúcidos, prosseguiu:
- Não tem visto, nos atos da prece, nosso Governador Espiritual, cercado de setenta e dois colaboradores? Pois são os Ministros de "Nosso Lar". A colônia, que é essencialmente de trabalho e realização, divide-se em seis Ministérios, orientados, cada qual, por doze Ministros. Temos os Ministérios da REGENERAÇÃO, do AUXÍLIO, da COMUNICAÇÃO, do ESCLARECIMENTO, da ELEVAÇÃO e da UNIÃO DIVINA. Os quatro primeiros nos aproximam das esferas terrestres, os dois últimos nos ligam ao plano superior, visto que a nossa cidade espiritual é zona de transição. Os serviços mais grosseiros localizam-se no ministério da Regeneração, os mais sublime no da União Divina. Clarêncio, nosso chefe amigo, é um dos Ministros do Auxílio.
Valendo-me da pausa natural, exclamei, comovido:
- Oh! nunca imaginei a possibilidade de organizações tão completas, depois da morte do corpo físico!...
- Sim - esclareceu Lísias -, o véu da ilusão é muito denso nos círculos carnais. O homem vulgar ignora que toda manifestação de ordem, no mundo, procede do plano superior. A natureza agreste transforma-se em jardim, quando orientada pela mente do homem, e o pensamento humano, selvagem na criatura primitiva, transforma-se em potencial criador, quando inspirado pelas mentes que funcionam nas esferas mais altas. Nenhuma organização útil se materializa na crosta terrestre, sem que seus raios iniciais partam de cima.
- Mas "Nosso Lar" terá igualmente uma história, como as grandes cidades planetárias?
- Sem dúvida. Os planos vizinhos da esfera terráquea possuem, igualmente, natureza específica. "Nosso Lar" é antiga fundação de portugueses distintos, desencarnados no Brasil, no século XVI. A princípio, enorme e exaustiva foi a luta, segundo consta em nossos arquivos no Ministério do Esclarecimento. Há substâncias ásperas nas zonas invisíveis à Terra, tal como nas regiões que se caracterizam pela matéria grosseira. Aqui também existem enormes extensões de potencial inferior, como há, no planeta, grandes tratos de natureza rude e incivilizada. Os trabalhos primordiais foram desanimadores, mesmo para os espíritos fortes. Onde se congregam hoje vibrações delicadas e nobres, edifícios de fino lavor, misturavam-se as notas primitivas dos silvículas do país e as construções infantis de suas mentes rudimentares. Os fundadores não desanimaram, porém. Prosseguiram na obra, copiando o esforço dos europeus que chegavam à esfera material, apenas com a diferença de que, por lá, se empregava a violência, a guerra, a escravidão, e, aqui, o serviço perseverante, a solidariedade fraterna, o amor espiritual.
A essa altura, atingíramos uma praça de maravilhosos contornos, ostentando extensos jardins. No centro da praça, erguia-se um palácio de magnificente beleza, encabeçado de torres soberanas, que se perdiam no céu.
- Os fundadores da Colônia começaram o esforço, partindo daqui, onde se localiza a GOVERNADORIA - disse o visitador.
Apontando o palácio, continuou:
- Temos, nesta praça, o ponto de convergência dos seis ministérios a que me referi. Todos começam da Governadoria, estendo-se em forma triangular.
E, respeitoso, comentou:
- Ali vive o nosso abnegado orientador. Nos trabalhos administrativos, utiliza ele a colaboração de três mil funcionários; entretanto, é ele o trabalhador mais infatigável e o mais fiel que todos nós reunidos. Os Ministros costumam excursionar noutras esferas, renovando energias e valorizando conhecimentos; nós outros gozamos entretenimentos habituais, mas o Governador nunca dispõe de tempo para isso. Faz questão que descansemos, obriga-nos a férias periódicas, ao passo que, ele mesmo, quase nunca repousa, mesmo no que concerne às horas de sono. Parece-me que a glória dele é o serviço perene. Basta lembrar que estou aqui há quarenta anos e, com exceção das assembléias referentes às preces coletivas, raramente o tenho visto em festividades públicas. Se pensamento, porém, abrange todos os círculos de serviço, sua assistência carinhosa a tudo e a todos atinge.
Depois de longa pausa, o enfermeiro amigo acentuou:
- Não faz muito, comemorou-se o 114o. aniversários da sua magnânima direção.
Calara-se Lísias, evidenciando comovida reverência, enquanto eu a seu lado contemplava, respeitoso e embevecido, as torres maravilhosas que pareciam cindir o firmamento..."
(Do livro "Nosso Lar", cap. 8, André Luiz/Chico Xavier, FEB)
"A essa altura, atingíramos uma praça de maravilhosos contornos, ostentando extensos jardins. No centro da praça, erguia-se um palácio de magnificente beleza, encabeçado de torres soberanas, que se perdiam no céu..."
"Decorridas algumas semanas de tratamento ativo, saí, pela primeira vez, em companhia de Lísias.
Impressionou-me o espetáculo das ruas. Vastas avenidas, enfeitadas de árvores frondosas. Ar puro, atmosfera de profunda tranqüilidade espiritual. Não havia, porém, qualquer sinal de inércia ou de ociosidade, porque as vias públicas estavam repletas. Entidades numerosas iam e vinham. Algumas pareciam situar a mente em lugares distantes, mas outras dirigiam-me olhares acolhedores. Incumbia-se o companheiro de orientar-me em face das surpresas que surgiam ininterruptas. Percebendo-me as íntimas conjeturas, esclareceu solícito:
- Estamos no local do Ministério do Auxílio. Tudo o que vemos, edifícios, casas residenciais, representa instituições e abrigos adequados à tarefa de nossa jurisdição. Orientadores, operários e outros serviçais da missão residem aqui. Nesta zona, atende-se a doentes, ouvem-se rogativas, selecionam-se preces, preparam-se reencarnações terrenas, organizam-se turmas de socorro aos habitantes do Umbral, ou aos que choram na Terra, estudam-se soluções para todos os processos que se prendem ao sofrimento.
- Há, então, em "Nosso Lar", um Ministério do Auxílio? - perguntei?
- Como não? Nossos serviços são distribuídos numa organização que se aperfeiçoa dia a dia, sob a orientação dos que nos presidem os destinos.
Fixando em mim os olhos muitos lúcidos, prosseguiu:
- Não tem visto, nos atos da prece, nosso Governador Espiritual, cercado de setenta e dois colaboradores? Pois são os Ministros de "Nosso Lar". A colônia, que é essencialmente de trabalho e realização, divide-se em seis Ministérios, orientados, cada qual, por doze Ministros. Temos os Ministérios da REGENERAÇÃO, do AUXÍLIO, da COMUNICAÇÃO, do ESCLARECIMENTO, da ELEVAÇÃO e da UNIÃO DIVINA. Os quatro primeiros nos aproximam das esferas terrestres, os dois últimos nos ligam ao plano superior, visto que a nossa cidade espiritual é zona de transição. Os serviços mais grosseiros localizam-se no ministério da Regeneração, os mais sublime no da União Divina. Clarêncio, nosso chefe amigo, é um dos Ministros do Auxílio.
Valendo-me da pausa natural, exclamei, comovido:
- Oh! nunca imaginei a possibilidade de organizações tão completas, depois da morte do corpo físico!...
- Sim - esclareceu Lísias -, o véu da ilusão é muito denso nos círculos carnais. O homem vulgar ignora que toda manifestação de ordem, no mundo, procede do plano superior. A natureza agreste transforma-se em jardim, quando orientada pela mente do homem, e o pensamento humano, selvagem na criatura primitiva, transforma-se em potencial criador, quando inspirado pelas mentes que funcionam nas esferas mais altas. Nenhuma organização útil se materializa na crosta terrestre, sem que seus raios iniciais partam de cima.
- Mas "Nosso Lar" terá igualmente uma história, como as grandes cidades planetárias?
- Sem dúvida. Os planos vizinhos da esfera terráquea possuem, igualmente, natureza específica. "Nosso Lar" é antiga fundação de portugueses distintos, desencarnados no Brasil, no século XVI. A princípio, enorme e exaustiva foi a luta, segundo consta em nossos arquivos no Ministério do Esclarecimento. Há substâncias ásperas nas zonas invisíveis à Terra, tal como nas regiões que se caracterizam pela matéria grosseira. Aqui também existem enormes extensões de potencial inferior, como há, no planeta, grandes tratos de natureza rude e incivilizada. Os trabalhos primordiais foram desanimadores, mesmo para os espíritos fortes. Onde se congregam hoje vibrações delicadas e nobres, edifícios de fino lavor, misturavam-se as notas primitivas dos silvículas do país e as construções infantis de suas mentes rudimentares. Os fundadores não desanimaram, porém. Prosseguiram na obra, copiando o esforço dos europeus que chegavam à esfera material, apenas com a diferença de que, por lá, se empregava a violência, a guerra, a escravidão, e, aqui, o serviço perseverante, a solidariedade fraterna, o amor espiritual.
A essa altura, atingíramos uma praça de maravilhosos contornos, ostentando extensos jardins. No centro da praça, erguia-se um palácio de magnificente beleza, encabeçado de torres soberanas, que se perdiam no céu.
- Os fundadores da Colônia começaram o esforço, partindo daqui, onde se localiza a GOVERNADORIA - disse o visitador.
Apontando o palácio, continuou:
- Temos, nesta praça, o ponto de convergência dos seis ministérios a que me referi. Todos começam da Governadoria, estendo-se em forma triangular.
E, respeitoso, comentou:
- Ali vive o nosso abnegado orientador. Nos trabalhos administrativos, utiliza ele a colaboração de três mil funcionários; entretanto, é ele o trabalhador mais infatigável e o mais fiel que todos nós reunidos. Os Ministros costumam excursionar noutras esferas, renovando energias e valorizando conhecimentos; nós outros gozamos entretenimentos habituais, mas o Governador nunca dispõe de tempo para isso. Faz questão que descansemos, obriga-nos a férias periódicas, ao passo que, ele mesmo, quase nunca repousa, mesmo no que concerne às horas de sono. Parece-me que a glória dele é o serviço perene. Basta lembrar que estou aqui há quarenta anos e, com exceção das assembléias referentes às preces coletivas, raramente o tenho visto em festividades públicas. Se pensamento, porém, abrange todos os círculos de serviço, sua assistência carinhosa a tudo e a todos atinge.
Depois de longa pausa, o enfermeiro amigo acentuou:
- Não faz muito, comemorou-se o 114o. aniversários da sua magnânima direção.
Calara-se Lísias, evidenciando comovida reverência, enquanto eu a seu lado contemplava, respeitoso e embevecido, as torres maravilhosas que pareciam cindir o firmamento..."
(Do livro "Nosso Lar", cap. 8, André Luiz/Chico Xavier, FEB)
08 agosto 2010
CETICISMO
Ceticismo é uma pretensa atitude do espírito que erige a dúvida em norma geral, segundo a qual nenhuma certeza está ao nosso alcance, nem no domínio experimental, nem no campo racional. A rigor, o ceticismo não deveria tomar parte no debate do problema do conhecimento, visto que ele mesmo, pela posição que sustenta, adotando a epochè, elimina-se do terreno da disputa. É, assim, uma espécie de intruso nos problemas críticos da verdade, da certeza científica e da objetividade do conhecimento. Hoje, praticamente, tal doutrina não recruta mais adeptos, pelo menos na sua forma radical, seja o ceticismo universal, absoluto.
Podemos resumir os argumentos do ceticismo assim:
1º) Qual a garantia objetiva de que o mundo, no qual se desenvolve o nosso pensamento, seja de consistência diferente do ilusório, que construimos os nossos sonhos? Ora, quando sonhamos, acreditamos na realidade desse mundo sonhado, mas quando despertamos reconhecemos o nosso evidente erro. E como saber se o mundo real é de natureza diferente do ilusório, ou seja, do por nós sonhado? Quem sabe se um dia não despertaremos do nosso sonho atual relativo à concepção do mundo real e não perceberemos o erro secular em que temos sucessivamente incorrido?!... Os nossos devaneios, então, poderão ser naturalmente diluidos, desfeitos!
2º) Pretendendo demonstrar a impossibilidade do pensamento, raciocinam os céticos ainda assim: ora, para distinguir o que é certo do que é errado, recorremos ao testemunho da razão, isto é, ao nosso árbitro supremo, ao nosso juiz infalível: a razão. Muito bem. Mas quem é que vai julgar esse juiz? E quem pode garantir que não seja esse suposto juiz a fonte de todos os enganos, de todas as mistificações? Acontece que não dispomos de um tribunal no qual se faça submeter a razão. E nesse caso, a razão pode ser juíza de si mesma, apresentando-se, por isso mesmo, sem títulos, sem credenciais no debate sustentado. Com efeito, os dogmáticos, que admitem a certeza e o valor da razão como instrumento hábil de conhecer, se esquecem de que, justamente, é a razão que está sendo levada à barra do Tribunal como ré, sentando-se no banco próprio e fazendo-a juíza de si mesma! Logo, o dogmatismo comete um erro fundamental, logicamente chamado de “Petitio principie”. Está num círculo vicioso. É o argumento do Dialelo e que Montagne sintetiza nesta frase histórica: “Nous sommes au rouet” voltamos sempre ao ponto de partida. “Curiosa justiça” – assinala ainda Montagne – “que um rio delimita”; não há crime que no decorrer dos séculos não tivesse seu lugar na história da justiça. Verdade aquém dos Pirineus e erro dos Pirineus! Francisco Sanches – o filósofo brancarense – seguiu-lhe as pegadas, tentando inutilmente invalidar o dogmatismo filosófico. Suas idéias estão impregnadas dum ceticismo superado.
O Ceticismo às vezes se apresenta mitigado sob a denominação de probabilismo. A verdade, segundo esta doutrina, não está ao nosso alcance, mas por falta dela, podemos pelo menos vislumbrar, conhecer o verossímil!
E podemos agora argumentar que o Ceticismo é uma doutrina verdadeiramente insustentável, estribado nos próprios argumentos dos seus defensores. Vejamos: os céticos afirmam que “nunca afirmam nada e que, mesmo afirmando, o que não afirma, nada afirmam”! Ora, esta frase nada mais é que uma justaposição de palavras que não exprime nenhum pensamento, que nada tem de inteligível. Pois, que significa a frase “mesmo afirmando eu nada afirmo?”. Frase sem correspondência no pensamento, que o espírito não pode realizar e que, no fundo, constitui uma violação do princípio de identidade, que tem como caracteres a evidência, a necessidade e a universalidade. Assim é que, afirmando, afirmo, e, não afirmando, nada afirmo. É crucial e lógico. Aliás, em primeiro lugar, o ceticismo, na sua modalidade radical, na realidade, nunca prevaleceu e não pode prevalecer jamais. Pois, como observa Aristóteles, só um vegetal poderia realizar as condições exigidas pelo verdadeiro ceticismo, das quais a primeira e principal consiste em não pensar. Mas pelo menos o vegetal – acrescenta, irônico, Aristóteles – nada diz: ele permanece calado!... Aliás – observa ainda o Estagirita – gostaria de saber porque os céticos, no momento de almoçar, não se lançam num abismo! Esta atitude dos chamados céticos, pelo menos, revela uma coisa e que eles sabem distinguir perfeitamente um almoço de um abismo! Tem razão o mestre de Teofrasto.
Não há um pensamento que não pense nem um saber que não saiba. Assim, o ceticismo será um novo sistema sofístico ou um corolário dele.
Em segundo lugar, o outro argumento dos céticos – “Petitio principie” – parece voltar-se contra o próprio ceticismo, pois que rejeita o valor do conhecimento, especialmente o racional, mas é justamente raciocinando que ele rejeita o valor do raciocínio, já que é em nome dele que ele o repudia. É raciocinando que ele prova, também, não acreditar no próprio raciocínio. Aliás, a frase de Montagne “Nous sommes au rouet”, repousa num erro lógico que esse fideísta ou cético moderado atribui ao dogmatismo. Realmente, para o ceticismo, só é possível aderir ao valor da razão depois da demonstração desse valor. Ora, sendo isso impossível, “nous sommes au rouet”! Mas aí é que está o erro, pois resta saber se tudo deve ser demonstrado, isto é, por exemplo, se aderimos ao princípio de identidade em conclusão de uma demonstração preliminar. Não é verdadeiro somente o demonstrável. A propósito, já sabiamente sentenciava Aristóteles: “O princípio de uma demonstração não é uma demonstração”. Quer dizer que na série de raciocínios e preposições que forma um encadeamento de uma preposição, chegamos sempre ao demonstrável.
Quanto ao probabilismo, já Santo Agostinho fez, em termos conscienciosos, uma crítica desta doutrina. Como admitir – pergunta Santo Agostinho – o verossímil, isto é, o que parece verdade? Como se pode falar de uma semelhança com aquilo que, por definição, não podemos saber? Logo, pelo exposto, fica provada e explicada a ausência do ceticismo na discussão do problema crítico, desaprovando a atitude de alguns autores, insistindo em fazer intervir o ceticismo no problema gnosiológico. O Ceticismo aconselha o epochè – a suspensão do juízo, mas julga, ao negar possibilidade do conhecimento. A escola cética procurou demonstrar a ataraxia ou tranqüilidade do espírito, que é condição de felicidade (princípio da indiferença universal). Pretendia que nada fosse certo!
HISTÓRIA DO CETICISMO
Tivemos Enesidemo de Creta, que teve escola em Alexandria e criticou a noção de causalidade. Sexto Empírico é ainda o cético ligado ao pensamento grego, tendo escrito as “Hypotiposes Pirrónicas” e “Contra Matemáticos”.
Ceticismo prático (Timão) – ao probabilismo (Academia Nova), segundo Brochart, em sua obra “Os Céticos Gregos”. O mais radical dos céticos, no entanto, é Pirro, que em muitos passos de sua doutrina, lembra Sócrates. Disse muito e escreveu pouco. Contribuições posteriores foram acumuladas à obra pessoal de Pirro. Platão já argumentava: “Tu sabes o que dizes ou não sabes. Se sabes tens conhecimento; se não sabes então és um insensato”. É um argumento contra o ceticismo, total. Os sofistas foram precursores do movimento cético. Era, ou o relativismo (Protágoras) ou niilismo (Górgias). A rigor, o ceticismo tinha, em geral, um caráter mitigado e não radical. O ceticismo é um sistema que nega à inteligência a possibilidade de atingir a verdade. É, ou universal, ou particular. O absoluto é o Pirrônico. O mitigado é o acadêmico de Carnéades e Argesiláu. Existe o ceticismo particular ou agnosticismo. O ceticismo positivista é um ceticismo particular. A atitude de destruir o dogmatismo já é uma posição insustentável. O cético radical tem que suspender o julgamento, isto é, fazer a epochè Daí a impossibilidade da discussão. Os céticos apresentaram dez tropes (aporias), mais tarde reduzidas a cinco por Enesídimo:
1.A diversidade dos animais;
2.As diferenças entre os homens;
3.As diversidades do sentido;
4.As circunstâncias;
5.As situações, a distância, os lugares;
6.As misturas;
7.As variações quantitativas;
8.Relação;
9.A freqüência e a rareza;
10.Os costumes, as leis e as opiniões.
Essas são as razões pelas quais a verdade não é possível para o cético. O Ceticismo vai sofrer a reação do célebre bispo de Hipona.
Husserl, com a sua fenomenologia, adota a epochè, e por isso mesmo, sua posição é a de um cético moderado, pondo a existência entre parêntesis. Heiddeger, seu discípulo, de quem se separa, vai ao plano das existências. Daí a fenomenologia existencialista.
Convém não confundir a epochè com a dúvida crítica de Kant nem com a dúvida metódica de Santo Agostinho e Descartes. Kant, provisoriamente, estuda a possibilidade da razão, (CRÍTICA DA RAZÃO PURA), para conceber a verdade. A dúvida cartesiana é a instrumental e provisória. Com esta espécie de dúvida estão noventa e nove por cento dos filósofos de todos os tempos, podendo incluir-se nesse número o célebre Claud Bernard.
Heráclito, por se recusar a aceitar o testemunho dos sentidos, é apontado como partidário do ceticismo absoluto, embora essa posição não seja assinalada por muitos autores. Evidentemente, afirmava o efesino: “Tudo escorre, tudo flui, nada pára; nada é, tudo está sendo. O universo é como um rio: ninguém se banha duas vezes nas águas do mesmo rio”! O que existe de constante é a mutabilidade, a transformação.
Parmênides – o antípoda intelectual de Heráclito – quando negava o movimento, pregava o ceticismo. Também negava o testemunho evidente dos sentidos. E daí a reação sofística contra ambos. Mas os sofistas, conquanto demolidores, provocaram a maravilha da reação socrática. Sem eles, Sócrates não seria compreendido!...
Carlos Bernardo Loureiro
Podemos resumir os argumentos do ceticismo assim:
1º) Qual a garantia objetiva de que o mundo, no qual se desenvolve o nosso pensamento, seja de consistência diferente do ilusório, que construimos os nossos sonhos? Ora, quando sonhamos, acreditamos na realidade desse mundo sonhado, mas quando despertamos reconhecemos o nosso evidente erro. E como saber se o mundo real é de natureza diferente do ilusório, ou seja, do por nós sonhado? Quem sabe se um dia não despertaremos do nosso sonho atual relativo à concepção do mundo real e não perceberemos o erro secular em que temos sucessivamente incorrido?!... Os nossos devaneios, então, poderão ser naturalmente diluidos, desfeitos!
2º) Pretendendo demonstrar a impossibilidade do pensamento, raciocinam os céticos ainda assim: ora, para distinguir o que é certo do que é errado, recorremos ao testemunho da razão, isto é, ao nosso árbitro supremo, ao nosso juiz infalível: a razão. Muito bem. Mas quem é que vai julgar esse juiz? E quem pode garantir que não seja esse suposto juiz a fonte de todos os enganos, de todas as mistificações? Acontece que não dispomos de um tribunal no qual se faça submeter a razão. E nesse caso, a razão pode ser juíza de si mesma, apresentando-se, por isso mesmo, sem títulos, sem credenciais no debate sustentado. Com efeito, os dogmáticos, que admitem a certeza e o valor da razão como instrumento hábil de conhecer, se esquecem de que, justamente, é a razão que está sendo levada à barra do Tribunal como ré, sentando-se no banco próprio e fazendo-a juíza de si mesma! Logo, o dogmatismo comete um erro fundamental, logicamente chamado de “Petitio principie”. Está num círculo vicioso. É o argumento do Dialelo e que Montagne sintetiza nesta frase histórica: “Nous sommes au rouet” voltamos sempre ao ponto de partida. “Curiosa justiça” – assinala ainda Montagne – “que um rio delimita”; não há crime que no decorrer dos séculos não tivesse seu lugar na história da justiça. Verdade aquém dos Pirineus e erro dos Pirineus! Francisco Sanches – o filósofo brancarense – seguiu-lhe as pegadas, tentando inutilmente invalidar o dogmatismo filosófico. Suas idéias estão impregnadas dum ceticismo superado.
O Ceticismo às vezes se apresenta mitigado sob a denominação de probabilismo. A verdade, segundo esta doutrina, não está ao nosso alcance, mas por falta dela, podemos pelo menos vislumbrar, conhecer o verossímil!
E podemos agora argumentar que o Ceticismo é uma doutrina verdadeiramente insustentável, estribado nos próprios argumentos dos seus defensores. Vejamos: os céticos afirmam que “nunca afirmam nada e que, mesmo afirmando, o que não afirma, nada afirmam”! Ora, esta frase nada mais é que uma justaposição de palavras que não exprime nenhum pensamento, que nada tem de inteligível. Pois, que significa a frase “mesmo afirmando eu nada afirmo?”. Frase sem correspondência no pensamento, que o espírito não pode realizar e que, no fundo, constitui uma violação do princípio de identidade, que tem como caracteres a evidência, a necessidade e a universalidade. Assim é que, afirmando, afirmo, e, não afirmando, nada afirmo. É crucial e lógico. Aliás, em primeiro lugar, o ceticismo, na sua modalidade radical, na realidade, nunca prevaleceu e não pode prevalecer jamais. Pois, como observa Aristóteles, só um vegetal poderia realizar as condições exigidas pelo verdadeiro ceticismo, das quais a primeira e principal consiste em não pensar. Mas pelo menos o vegetal – acrescenta, irônico, Aristóteles – nada diz: ele permanece calado!... Aliás – observa ainda o Estagirita – gostaria de saber porque os céticos, no momento de almoçar, não se lançam num abismo! Esta atitude dos chamados céticos, pelo menos, revela uma coisa e que eles sabem distinguir perfeitamente um almoço de um abismo! Tem razão o mestre de Teofrasto.
Não há um pensamento que não pense nem um saber que não saiba. Assim, o ceticismo será um novo sistema sofístico ou um corolário dele.
Em segundo lugar, o outro argumento dos céticos – “Petitio principie” – parece voltar-se contra o próprio ceticismo, pois que rejeita o valor do conhecimento, especialmente o racional, mas é justamente raciocinando que ele rejeita o valor do raciocínio, já que é em nome dele que ele o repudia. É raciocinando que ele prova, também, não acreditar no próprio raciocínio. Aliás, a frase de Montagne “Nous sommes au rouet”, repousa num erro lógico que esse fideísta ou cético moderado atribui ao dogmatismo. Realmente, para o ceticismo, só é possível aderir ao valor da razão depois da demonstração desse valor. Ora, sendo isso impossível, “nous sommes au rouet”! Mas aí é que está o erro, pois resta saber se tudo deve ser demonstrado, isto é, por exemplo, se aderimos ao princípio de identidade em conclusão de uma demonstração preliminar. Não é verdadeiro somente o demonstrável. A propósito, já sabiamente sentenciava Aristóteles: “O princípio de uma demonstração não é uma demonstração”. Quer dizer que na série de raciocínios e preposições que forma um encadeamento de uma preposição, chegamos sempre ao demonstrável.
Quanto ao probabilismo, já Santo Agostinho fez, em termos conscienciosos, uma crítica desta doutrina. Como admitir – pergunta Santo Agostinho – o verossímil, isto é, o que parece verdade? Como se pode falar de uma semelhança com aquilo que, por definição, não podemos saber? Logo, pelo exposto, fica provada e explicada a ausência do ceticismo na discussão do problema crítico, desaprovando a atitude de alguns autores, insistindo em fazer intervir o ceticismo no problema gnosiológico. O Ceticismo aconselha o epochè – a suspensão do juízo, mas julga, ao negar possibilidade do conhecimento. A escola cética procurou demonstrar a ataraxia ou tranqüilidade do espírito, que é condição de felicidade (princípio da indiferença universal). Pretendia que nada fosse certo!
HISTÓRIA DO CETICISMO
Tivemos Enesidemo de Creta, que teve escola em Alexandria e criticou a noção de causalidade. Sexto Empírico é ainda o cético ligado ao pensamento grego, tendo escrito as “Hypotiposes Pirrónicas” e “Contra Matemáticos”.
Ceticismo prático (Timão) – ao probabilismo (Academia Nova), segundo Brochart, em sua obra “Os Céticos Gregos”. O mais radical dos céticos, no entanto, é Pirro, que em muitos passos de sua doutrina, lembra Sócrates. Disse muito e escreveu pouco. Contribuições posteriores foram acumuladas à obra pessoal de Pirro. Platão já argumentava: “Tu sabes o que dizes ou não sabes. Se sabes tens conhecimento; se não sabes então és um insensato”. É um argumento contra o ceticismo, total. Os sofistas foram precursores do movimento cético. Era, ou o relativismo (Protágoras) ou niilismo (Górgias). A rigor, o ceticismo tinha, em geral, um caráter mitigado e não radical. O ceticismo é um sistema que nega à inteligência a possibilidade de atingir a verdade. É, ou universal, ou particular. O absoluto é o Pirrônico. O mitigado é o acadêmico de Carnéades e Argesiláu. Existe o ceticismo particular ou agnosticismo. O ceticismo positivista é um ceticismo particular. A atitude de destruir o dogmatismo já é uma posição insustentável. O cético radical tem que suspender o julgamento, isto é, fazer a epochè Daí a impossibilidade da discussão. Os céticos apresentaram dez tropes (aporias), mais tarde reduzidas a cinco por Enesídimo:
1.A diversidade dos animais;
2.As diferenças entre os homens;
3.As diversidades do sentido;
4.As circunstâncias;
5.As situações, a distância, os lugares;
6.As misturas;
7.As variações quantitativas;
8.Relação;
9.A freqüência e a rareza;
10.Os costumes, as leis e as opiniões.
Essas são as razões pelas quais a verdade não é possível para o cético. O Ceticismo vai sofrer a reação do célebre bispo de Hipona.
Husserl, com a sua fenomenologia, adota a epochè, e por isso mesmo, sua posição é a de um cético moderado, pondo a existência entre parêntesis. Heiddeger, seu discípulo, de quem se separa, vai ao plano das existências. Daí a fenomenologia existencialista.
Convém não confundir a epochè com a dúvida crítica de Kant nem com a dúvida metódica de Santo Agostinho e Descartes. Kant, provisoriamente, estuda a possibilidade da razão, (CRÍTICA DA RAZÃO PURA), para conceber a verdade. A dúvida cartesiana é a instrumental e provisória. Com esta espécie de dúvida estão noventa e nove por cento dos filósofos de todos os tempos, podendo incluir-se nesse número o célebre Claud Bernard.
Heráclito, por se recusar a aceitar o testemunho dos sentidos, é apontado como partidário do ceticismo absoluto, embora essa posição não seja assinalada por muitos autores. Evidentemente, afirmava o efesino: “Tudo escorre, tudo flui, nada pára; nada é, tudo está sendo. O universo é como um rio: ninguém se banha duas vezes nas águas do mesmo rio”! O que existe de constante é a mutabilidade, a transformação.
Parmênides – o antípoda intelectual de Heráclito – quando negava o movimento, pregava o ceticismo. Também negava o testemunho evidente dos sentidos. E daí a reação sofística contra ambos. Mas os sofistas, conquanto demolidores, provocaram a maravilha da reação socrática. Sem eles, Sócrates não seria compreendido!...
Carlos Bernardo Loureiro
04 agosto 2010
FEIJÕES OU PROBLEMAS ?
Reza a lenda que um monge, próximo de se aposentar, precisava encontrar um sucessor. Entre seus discípulos, dois já haviam dado mostras de que eram os mais aptos, mas apenas um o poderia. Para sanar as dúvidas, o mestre lançou um desafio, para por a sabedoria dos dois à prova: ambos receberiam alguns grãos de feijão, que deveriam colocar dentro dos sapatos, para então empreender a subida de uma grande montanha.
Dia e hora marcado, começa a prova. Nos primeiros quilômetros, um dos discípulos começou a mancar. No meio da subida, parou e tirou os sapatos. As bolhas em seus pés já sangravam, causando imensa dor. Ficou para trás, observando seu oponente sumir de vista.
Prova encerrada, todos de volta ao pé da montanha, para ouvir do monge o óbvio anúncio. Após o festejo, o derrotado aproxima-se e pergunta como é que ele havia conseguido subir e descer com os feijões nos sapatos:
- Antes de colocá-los no sapato, eu os cozinhei.
Carregando feijões, ou problemas, há sempre um jeito mais fácil de levar a vida. Problemas são inevitáveis. Já a duração do sofrimento, é você quem determina.
Autor desconhecido
Dia e hora marcado, começa a prova. Nos primeiros quilômetros, um dos discípulos começou a mancar. No meio da subida, parou e tirou os sapatos. As bolhas em seus pés já sangravam, causando imensa dor. Ficou para trás, observando seu oponente sumir de vista.
Prova encerrada, todos de volta ao pé da montanha, para ouvir do monge o óbvio anúncio. Após o festejo, o derrotado aproxima-se e pergunta como é que ele havia conseguido subir e descer com os feijões nos sapatos:
- Antes de colocá-los no sapato, eu os cozinhei.
Carregando feijões, ou problemas, há sempre um jeito mais fácil de levar a vida. Problemas são inevitáveis. Já a duração do sofrimento, é você quem determina.
Autor desconhecido
03 agosto 2010
SANTO CAPITALISTA ?
Kleber Matias
Os três movimentos sociais mais importantes do Brasil, o messianismo, o banditismo e o fanatismo, coincidentemente, tiveram à sua frente, pessoas polêmicas. E porque não dizer, extremamente polêmicas. O primeiro é representado por Antônio Conselheiro, da guerra de Canudos (revolucionário ou louco?). O segundo, tem como figura mais expressiva, Lampião (herói ou bandido?) e o terceiro, o Padre Cícero (embusteiro ou santo?). Esses três personagens, que por sinal, foram contemporâneos, dominam até hoje o imaginário do povo nordestino.
Li e reli dezenas de livros sobre a história brasileira dessa época, (1844-1944), que me deram o prazer de conhecer o Padre Ibiapina, o beato José Lourenço, líder do Caldeirão e ainda, entender melhor, mais claramente, a importância político-social da Coluna Prestes, da guerra do Paraguai e do Contestado. Li, sobretudo, vários livros sobre o Padre Cícero. Dentre estes, apenas um me pareceu equilibrado: Milagre em Joazeiro, justamente a tese de pós-graduação em história latino- americana, do historiador Ralph Della Cava da Universidade de Columbia (EUA). Os demais, que me perdoem os autores, são de uma ingenuidade impressionante. Uma metade foi escrita por fanáticos ou apaniguados. A outra, por inimigos declarados do padre; que por sinal, comemora-se hoje, a data dos 76 anos de sua morte.
A meu ver, o grande problema da vida do Padre Cícero, foi sem dúvida acreditar piamente na beata Maria de Araújo. A sua crença no chamado Milagre da Hóstia acabou por levá-lo à presença dos Cardeais Inquisidores em Roma. Estes, por sua vez, impuseram-lhe uma mordaça. Não podia mais rezar missas, batizar, casar. Com a perda do poder eclesiástico, o padre partiu em busca do poder econômico e político. Alicerçado no passado, ostentando a imagem do homem bom e decente que fora até então, não teve dificuldades em subjugar e fanatizar o povo alienado, analfabeto, necessitado. Ao longo dos anos, com a ajuda de doações em nome da Igreja, conseguiu acumular uma verdadeira fortuna. Em 1910 era um homem rico. Possuía inúmeras fazendas, gado, imóveis e até uma mina de cobre.
Mas o padre Cícero não se satisfazia. Nesse mesmo ano, com sua anuência, a vila de Joazeiro tornou-se independente do Crato e proclamou-se cidade. Começa sua escalada política. Foi seu prefeito durante onze anos, depois deputado federal e vice-presidente da província do Ceará. Considerado um dos latifundiários mais influentes daquele estado, não tardou a aparar as arestas dos políticos locais. Propôs o célebre Pacto dos Coronéis e conseguiu apaziguar o cenário político durante vários anos.
Por volta de 1926, “Pade Ciço” era mais político que religioso, posicionando-se como um anticomunista ferrenho. Aproveitando a fidelidade de Lampião à sua pessoa, o pároco juntou-se a amigos fazendeiros e doaram-lhe armas e munições para que atacasse o revoltoso Luiz Carlos Prestes e sua famosa “Coluna”. Para tanto, por sua articulação, o bandoleiro recebeu também a patente de Capitão das Forças Patrióticas.
Recentemente foi lançada uma biografia extensa e minuciosa sobre o Patriarca do Ceará, do jornalista Lira Neto: Poder, Fé e Guerra no Sertão. O livro chega no momento em que o Vaticano se apressa em anistiar o padre Cícero e está em vias de canonizá-lo. O processo está sendo conduzido pessoalmente pelo papa Bento XVI com o objetivo claro de deter o avanço das igrejas evangélicas no Brasil. Para isto não podia contar com aliado melhor, um ícone popular que até hoje leva mais de 2,5 milhões de peregrinos todos os anos ao Joazeiro do Norte.
Ora, convenhamos! Não é necessário ser religioso para perceber que esse perfil não corresponde exatamente àquele de um santo. Por que não viabilizar a canonização de pessoas sabidamente corretas, íntegras, ilibadas, como Dom Helder Camara, Irmã Dulce ou Chico Xavier; que apesar de não ser padre (condição sine qua non), era um cristão fervoroso. Pensem sobre isso!
Os três movimentos sociais mais importantes do Brasil, o messianismo, o banditismo e o fanatismo, coincidentemente, tiveram à sua frente, pessoas polêmicas. E porque não dizer, extremamente polêmicas. O primeiro é representado por Antônio Conselheiro, da guerra de Canudos (revolucionário ou louco?). O segundo, tem como figura mais expressiva, Lampião (herói ou bandido?) e o terceiro, o Padre Cícero (embusteiro ou santo?). Esses três personagens, que por sinal, foram contemporâneos, dominam até hoje o imaginário do povo nordestino.
Li e reli dezenas de livros sobre a história brasileira dessa época, (1844-1944), que me deram o prazer de conhecer o Padre Ibiapina, o beato José Lourenço, líder do Caldeirão e ainda, entender melhor, mais claramente, a importância político-social da Coluna Prestes, da guerra do Paraguai e do Contestado. Li, sobretudo, vários livros sobre o Padre Cícero. Dentre estes, apenas um me pareceu equilibrado: Milagre em Joazeiro, justamente a tese de pós-graduação em história latino- americana, do historiador Ralph Della Cava da Universidade de Columbia (EUA). Os demais, que me perdoem os autores, são de uma ingenuidade impressionante. Uma metade foi escrita por fanáticos ou apaniguados. A outra, por inimigos declarados do padre; que por sinal, comemora-se hoje, a data dos 76 anos de sua morte.
A meu ver, o grande problema da vida do Padre Cícero, foi sem dúvida acreditar piamente na beata Maria de Araújo. A sua crença no chamado Milagre da Hóstia acabou por levá-lo à presença dos Cardeais Inquisidores em Roma. Estes, por sua vez, impuseram-lhe uma mordaça. Não podia mais rezar missas, batizar, casar. Com a perda do poder eclesiástico, o padre partiu em busca do poder econômico e político. Alicerçado no passado, ostentando a imagem do homem bom e decente que fora até então, não teve dificuldades em subjugar e fanatizar o povo alienado, analfabeto, necessitado. Ao longo dos anos, com a ajuda de doações em nome da Igreja, conseguiu acumular uma verdadeira fortuna. Em 1910 era um homem rico. Possuía inúmeras fazendas, gado, imóveis e até uma mina de cobre.
Mas o padre Cícero não se satisfazia. Nesse mesmo ano, com sua anuência, a vila de Joazeiro tornou-se independente do Crato e proclamou-se cidade. Começa sua escalada política. Foi seu prefeito durante onze anos, depois deputado federal e vice-presidente da província do Ceará. Considerado um dos latifundiários mais influentes daquele estado, não tardou a aparar as arestas dos políticos locais. Propôs o célebre Pacto dos Coronéis e conseguiu apaziguar o cenário político durante vários anos.
Por volta de 1926, “Pade Ciço” era mais político que religioso, posicionando-se como um anticomunista ferrenho. Aproveitando a fidelidade de Lampião à sua pessoa, o pároco juntou-se a amigos fazendeiros e doaram-lhe armas e munições para que atacasse o revoltoso Luiz Carlos Prestes e sua famosa “Coluna”. Para tanto, por sua articulação, o bandoleiro recebeu também a patente de Capitão das Forças Patrióticas.
Recentemente foi lançada uma biografia extensa e minuciosa sobre o Patriarca do Ceará, do jornalista Lira Neto: Poder, Fé e Guerra no Sertão. O livro chega no momento em que o Vaticano se apressa em anistiar o padre Cícero e está em vias de canonizá-lo. O processo está sendo conduzido pessoalmente pelo papa Bento XVI com o objetivo claro de deter o avanço das igrejas evangélicas no Brasil. Para isto não podia contar com aliado melhor, um ícone popular que até hoje leva mais de 2,5 milhões de peregrinos todos os anos ao Joazeiro do Norte.
Ora, convenhamos! Não é necessário ser religioso para perceber que esse perfil não corresponde exatamente àquele de um santo. Por que não viabilizar a canonização de pessoas sabidamente corretas, íntegras, ilibadas, como Dom Helder Camara, Irmã Dulce ou Chico Xavier; que apesar de não ser padre (condição sine qua non), era um cristão fervoroso. Pensem sobre isso!
02 agosto 2010
PASCOA , FESTIVIDADE CRISTÃ?
A palavra Páscoa vem do aramaico pashã, cujo sentido original é muito discutido. Pode significar "saltar".
No hebraico pesah (pessach) significaria originariamente "dança cultual", ou conforme alguns, a passagem do sol pela constelação do carneiro ou da lua pelo seu ponto mais alto. No livro bíblico de Êxodo, a palavra toma o sentido de "passagem".
Originariamente, o pesah e a festa dos ázimos eram duas festas distintas. A primeira dessas festas tinha relação com a vida dos nômades, a segunda com a dos agricultores sedentários.
Como ambas as festas caíam na primeira lua cheia da primavera, foram mais tarde unidas, e celebradas em memória do êxodo dos judeus, porque, conforme a tradição, esse se dera na primavera.
Os ritos para a comemoração da Páscoa foram se transformando, ao longo dos anos. Ao tempo de Jesus, a refeição pascal era tomada em grupos de dez a vinte convivas, em casas particulares.
Os cordeiros, para a ceia, eram mortos no Templo, no dia 14 de Nisan, (ou Abib), que corresponde ao nosso mês de abril (talvez dia 6 ou 7), entre 14h30min e 17h., mas comido depois do pôr-do-sol.
A festa tomou verdadeiramente o caráter de comemoração da libertação do Egito, o que explica os ritos da festa, pela pressa com que os israelitas saíram, o que os obrigou, naquela oportunidade, a usar a massa que estava na masseira, antes que pudesse levedar.
Além do cordeiro e do pão ázimo (sem fermento) utilizavam-se ainda o "charoset", isto é, um prato de frutas desfeitas em vinagre, formando uma pasta cor de tijolo, que servia para recordar a argamassa que os filhos de Israel empregavam nos trabalhos do cativeiro egípcio. Ervas amargas recordavam as agruras da escravidão.
As ervas eram mergulhadas no "charoset" e comidas, em meio a preces de gratidão a Deus. O pão ázimo era distribuído em pequenas parcelas, a fim de recordar a antiga escassez de víveres. O vinho era indispensável, misturado com água: 4 cálices ao todo, servidos pelo chefe de família e seguidos, um a um, de explicações a respeito da simbologia daquela comemoração especial e de entusiásticos louvores dos Salmos. As famílias que não o pudessem adquirir, deveriam buscá-lo no Templo, de forma gratuita, especialmente entregue para a ocasião que era imprescindível de ser celebrada por todos os varões de Israel. As mulheres poderiam participar, se o desejassem, não sendo a isto obrigadas.
De acordo com os Evangelhos, a prisão, condenação, flagelação e a morte de Cristo coincidiram com a festa em que os judeus comemoravam a libertação do cativeiro egípcio, a sua Páscoa. É por este motivo que, posteriormente, se ligou o episódio da ressurreição de Jesus à Páscoa, tendo a liturgia Católica a adotado em seu calendário.
Quanto aos símbolos da Páscoa, responsabiliza-se os teutônicos pelo ovo de Páscoa. Antes eram ovos mesmo, símbolo da vida e da fertilidade, provavelmente proibidos como alimentos durante a Quaresma (liturgia católica) e reaparecendo no cardápio do domingo da ressurreição.
Contudo, o costume de oferecer ovos como presente nessa época, remonta aos antigos egípcios. Entre nós, esse costume foi trazido por missionários que visitaram a China. Só que, antigamente, eram ovos mesmo, de pata ou de galinha, coloridos e enfeitados. A partir do século XVIII, incorporou-se o ovo de chocolate como símbolo da Páscoa, admitindo-o como indicativo de fertilidade e renovação. No Brasil, os ovos de chocolate foram introduzidos entre os anos 1913/1920, por imigrantes alemães.
O coelho, outro símbolo ligado à Páscoa, conforme a Liturgia Católica expressa a capacidade da Igreja em reproduzir novos discípulos. Alguns historiadores associam isso a antigos ritos de fertilidade, o que se justifica, pois o coelho é o animal que mais se reproduz.
Com tais explicações, observamos que a comemoração da Páscoa não encontra respaldo na Doutrina Cristã e recordamos a exortação do espírito André Luiz, na obra "Conduta Espírita", cap. 37:
"Dispensar sempre as fórmulas sociais criadas ou mantidas por convencionalismos ou tradições que estanquem o progresso.
Toda complexidade atrasa o relógio da evolução."
"O espírita não se prende a exterioridades."
Fonte
* SAULNIER, Christiane e ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus, Edições Paulinas.
* VAN DEN BORN, A. Dicionário enciclopédico da Bíblia, Editora Vozes.
* XAVIER, Francisco Cândido/André Luiz. Sinal verde. Comunhão Espírita Cristã.
No hebraico pesah (pessach) significaria originariamente "dança cultual", ou conforme alguns, a passagem do sol pela constelação do carneiro ou da lua pelo seu ponto mais alto. No livro bíblico de Êxodo, a palavra toma o sentido de "passagem".
Originariamente, o pesah e a festa dos ázimos eram duas festas distintas. A primeira dessas festas tinha relação com a vida dos nômades, a segunda com a dos agricultores sedentários.
Como ambas as festas caíam na primeira lua cheia da primavera, foram mais tarde unidas, e celebradas em memória do êxodo dos judeus, porque, conforme a tradição, esse se dera na primavera.
Os ritos para a comemoração da Páscoa foram se transformando, ao longo dos anos. Ao tempo de Jesus, a refeição pascal era tomada em grupos de dez a vinte convivas, em casas particulares.
Os cordeiros, para a ceia, eram mortos no Templo, no dia 14 de Nisan, (ou Abib), que corresponde ao nosso mês de abril (talvez dia 6 ou 7), entre 14h30min e 17h., mas comido depois do pôr-do-sol.
A festa tomou verdadeiramente o caráter de comemoração da libertação do Egito, o que explica os ritos da festa, pela pressa com que os israelitas saíram, o que os obrigou, naquela oportunidade, a usar a massa que estava na masseira, antes que pudesse levedar.
Além do cordeiro e do pão ázimo (sem fermento) utilizavam-se ainda o "charoset", isto é, um prato de frutas desfeitas em vinagre, formando uma pasta cor de tijolo, que servia para recordar a argamassa que os filhos de Israel empregavam nos trabalhos do cativeiro egípcio. Ervas amargas recordavam as agruras da escravidão.
As ervas eram mergulhadas no "charoset" e comidas, em meio a preces de gratidão a Deus. O pão ázimo era distribuído em pequenas parcelas, a fim de recordar a antiga escassez de víveres. O vinho era indispensável, misturado com água: 4 cálices ao todo, servidos pelo chefe de família e seguidos, um a um, de explicações a respeito da simbologia daquela comemoração especial e de entusiásticos louvores dos Salmos. As famílias que não o pudessem adquirir, deveriam buscá-lo no Templo, de forma gratuita, especialmente entregue para a ocasião que era imprescindível de ser celebrada por todos os varões de Israel. As mulheres poderiam participar, se o desejassem, não sendo a isto obrigadas.
De acordo com os Evangelhos, a prisão, condenação, flagelação e a morte de Cristo coincidiram com a festa em que os judeus comemoravam a libertação do cativeiro egípcio, a sua Páscoa. É por este motivo que, posteriormente, se ligou o episódio da ressurreição de Jesus à Páscoa, tendo a liturgia Católica a adotado em seu calendário.
Quanto aos símbolos da Páscoa, responsabiliza-se os teutônicos pelo ovo de Páscoa. Antes eram ovos mesmo, símbolo da vida e da fertilidade, provavelmente proibidos como alimentos durante a Quaresma (liturgia católica) e reaparecendo no cardápio do domingo da ressurreição.
Contudo, o costume de oferecer ovos como presente nessa época, remonta aos antigos egípcios. Entre nós, esse costume foi trazido por missionários que visitaram a China. Só que, antigamente, eram ovos mesmo, de pata ou de galinha, coloridos e enfeitados. A partir do século XVIII, incorporou-se o ovo de chocolate como símbolo da Páscoa, admitindo-o como indicativo de fertilidade e renovação. No Brasil, os ovos de chocolate foram introduzidos entre os anos 1913/1920, por imigrantes alemães.
O coelho, outro símbolo ligado à Páscoa, conforme a Liturgia Católica expressa a capacidade da Igreja em reproduzir novos discípulos. Alguns historiadores associam isso a antigos ritos de fertilidade, o que se justifica, pois o coelho é o animal que mais se reproduz.
Com tais explicações, observamos que a comemoração da Páscoa não encontra respaldo na Doutrina Cristã e recordamos a exortação do espírito André Luiz, na obra "Conduta Espírita", cap. 37:
"Dispensar sempre as fórmulas sociais criadas ou mantidas por convencionalismos ou tradições que estanquem o progresso.
Toda complexidade atrasa o relógio da evolução."
"O espírita não se prende a exterioridades."
Fonte
* SAULNIER, Christiane e ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus, Edições Paulinas.
* VAN DEN BORN, A. Dicionário enciclopédico da Bíblia, Editora Vozes.
* XAVIER, Francisco Cândido/André Luiz. Sinal verde. Comunhão Espírita Cristã.
01 agosto 2010
IR E ENSINAR
Portanto, ide e ensinai..."
Jesus. MATEUS. 28:19
Estudando a recomendação do Senhor aos discípulos - ide e ensinai -, é justo não olvidar que Jesus veio e ensinou.
Veio da Altura Celestial e ensinou o caminho de elevação aos que jaziam atolados na sombra terrestre.
Poderia o Cristo haver mandado a lição por emissários fiéis... Poderia ter falado brilhantemente esclarecendo como fazer...
Preferiu, contudo, para ensinar com segurança e proveito, vir aos homens e viver com eles, para mostrar-lhes como viver no rumo da perfeição.
Para isso, antes de tudo, fez-se humilde e simples na Manjedoura, honrou o trabalho e o estudo no lar e, em plena atividade pública, foi o irmão providencial de todos, amparando a cada um, conforme as suas necessidades.
Com indiscutível acerto, Jesus é chamado o Divino Mestre.
Não porque possuísse uma cátedra de ouro...
Não porque fosse o dono da melhor biblioteca do mundo...
Não porque simplesmente exaltasse a palavra correta e irrepreensível...
Não porque subisse ao trono da superioridade cultural, ditando obrigações para os ouvintes...
Mas sim porque alçou o próprio coração ao amor fraterno e, ensinando, converteu-se em benfeitor de quantos lhe recolhiam os sublimes ensinamentos.
Falou-nos do Eterno Pai e revelou-nos, com o seu sacrifício, a justa maneira de buscá-Lo.
"Ide e ensinai!"
Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier. Livro: Fonte Viva
Jesus. MATEUS. 28:19
Estudando a recomendação do Senhor aos discípulos - ide e ensinai -, é justo não olvidar que Jesus veio e ensinou.
Veio da Altura Celestial e ensinou o caminho de elevação aos que jaziam atolados na sombra terrestre.
Poderia o Cristo haver mandado a lição por emissários fiéis... Poderia ter falado brilhantemente esclarecendo como fazer...
Preferiu, contudo, para ensinar com segurança e proveito, vir aos homens e viver com eles, para mostrar-lhes como viver no rumo da perfeição.
Para isso, antes de tudo, fez-se humilde e simples na Manjedoura, honrou o trabalho e o estudo no lar e, em plena atividade pública, foi o irmão providencial de todos, amparando a cada um, conforme as suas necessidades.
Com indiscutível acerto, Jesus é chamado o Divino Mestre.
Não porque possuísse uma cátedra de ouro...
Não porque fosse o dono da melhor biblioteca do mundo...
Não porque simplesmente exaltasse a palavra correta e irrepreensível...
Não porque subisse ao trono da superioridade cultural, ditando obrigações para os ouvintes...
Mas sim porque alçou o próprio coração ao amor fraterno e, ensinando, converteu-se em benfeitor de quantos lhe recolhiam os sublimes ensinamentos.
Falou-nos do Eterno Pai e revelou-nos, com o seu sacrifício, a justa maneira de buscá-Lo.
"Ide e ensinai!"
Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier. Livro: Fonte Viva